O Processo Criativo

July 27, 2017 | Autor: L. de Barros More... | Categoria: Architecture and Public Spaces
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O processo criativo, por analogia, é como uma pedra bruta, que se vai trabalhando, esculpindo, e polindo, até atingir a forma final. A mais bela de todas as formas.
A busca incessante pelo significado de belo e a sua relação directa com a forma, induz, quem concebe, quem projecta e quem executa, a um estado de ansiedade, que se por um lado é um desgosto profundo por nunca se estar satisfeito, por nunca sentirmos que está terminada ou que está perfeita, por outro lado, também nos leva a um prazer estremo, onde tudo gira em torno de um ponto, cheio de significado simbólico.
A imaginação torna-se numa fonte de energia, que irá alimentar todo o processo criativo, impulsionando o gesto e a expressão que dai advém.
É pois, neste gesto, que não é mais do que uma atitude intuitiva, atrevendo-me a dizer, que também é genética, pois é através dele, que julgamos impensado e espontâneo, que é transmitida a força do significado de beleza. A procura de um resultado final, Perfeito.
Na sua origem está o ponto, que em movimento, leva ao aparecimento da linha, dos planos e da forma final. É partir desta unidade mínima de significação, que tudo começa – A Partícula de Deus – girando, arrastando e deslizando suavemente sobre um movimento pictórico, emotivo e estético, que surge o inicio da forma, que ainda não é a final, a ultima, porque ainda levará uma enorme carga simbólica, que através das texturas e das cores, encontrará o polimento final, expressivo e veiculo fundamental para o seu entendimento.
A forma é expressa, como uma musicalidade gestual, que atinge uma satisfação, quase plena, quando se torna táctil. Será neste momento, numa perspectiva muito pessoal, que quem a concebe, entrará num campo de satisfação, quase comparada ao prazer que, por antítese, a insatisfação transmite. Ou seja, será esta insatisfação, que rubricará, todo o percurso do pensamento estético, e que, provavelmente é a energia, que necessitamos para chegar ao entendimento do que é a satisfação individual, pelas escolhas e opções tomadas, ao longo de todo o processo criativo.
Associar a musica à forma, não será provavelmente nenhuma novidade, mas interpretá-la, num modo virtual, sentindo-a como volume, peso e textura, é realmente uma experiência única, emotiva e gratificante.
A música como expressão artística, leva quem concebe, a viver experiencias estéticas, de mundos que não julgávamos ser possível, existirem.
Para a Arquitectura, que conforme as palavras escritas por Óscar Niemeyer, é uma arte não há forma de não a ser, a experiência estética, começa na "ignição" do processo criativo, na chama que dará luz a um sonho, que se tornará realidade nuns casos e utopia noutros.
Como arquitecto sinto a Musica como uma forma de expressão escultórica, com cheios e vazios, onde entramos e saímos, de claros e escuros. O eco revela vãos surpreendentes, despertando uma curiosidade imensa, por compreender a forma.
É através da forma que a nossa expressão plástica, individual, é revelada a quem a vai vivenciar. Este é sempre um momento expectante, onde a nossa adrenalina se encontrará ao rubro, com medo da incompreensão do seu significado e das nossas escolhas e opções.
Um gesto errado, poderá decretar a morte da arquitectura.
Vivemos tempos onde a importância que é dada ás artes em geral, implicam no afastamento da arquitectura desta área de pensamento, Hoje cada vez mais a arquitectura se tornou a pele que reveste uma estrutura, onde a falta de conceito, é evidente na generalidade das obras que vivenciamos. Os arquitectos, graças ao avanço tecnológico, estão cada vez mais técnicos e menos artistas. Surgem assim duas grandes correntes na formação dos arquitectos.
Ambas são plenas de valor, são pontos de vista. Mas numa opinião muito pessoal, antevejo a Arquitectura, associada ao Design e aos processos de construção mais tecnologicamente evoluídos, tornando-a, de novo, como uma forma de expressão artística.
A Arte, que junta Beleza e Sabedoria, aliada aos avanços tecnológicos, utilizando-os como ferramentas de trabalho, e aplicando-os como metodologias construtivas, de grande novidade.
Como professor, a música, associada à forma, julgo que revelará uma experiência estética, que será muito importante na construção do aluno, futuro arquitecto, como um profissional aberto a novas metodologias de trabalho e de expressão arquitectónica. Tornando este futuro profissional com capacidade de escolher e saber escolher o caminho para o seu próprio processo criativo, ajudando-o a identificar uma expressão própria, caracterizadora de uma imagem pessoal. Uma assinatura.
Moreira Pinto, Arquitecto
2 de Fevereiro de 2015






ARTIGO DE OPINIÃO –Luis Moreira Pinto, Fevereiro de 2015

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