O QUANTIFICADOR TODO-ALL É UM NÚCLEO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

May 27, 2017 | Autor: H. Guerra Vicente | Categoria: Syntax-Semantics Interface
Share Embed


Descrição do Produto

O QUANTIFICADOR TODO-ALL É UM NÚCLEO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

Helena GUERRA VICENTE (UnB)

1 INTRODUÇÃO

O objeto de estudo deste artigo são construções contendo “todo(a)(s)” (doravante todoall), elemento conhecido na literatura como um “quantificador flutuante” 1: (1) a. (Todos) os meninos (todos) viram (todos) o filme. O objetivo do trabalho é argumentar a favor da hipótese de que esse elemento é um núcleo no português brasileiro. O caminho percorrido no artigo é o seguinte: primeiro, são apresentadas algumas das principais propostas para o fenômeno da flutuação de quantificadores (Q-float), divididas em três grandes grupos, a saber: (i) análises pré-Kayne (1994), pioneiras – sendo uma delas do próprio Kayne (1973) –, com movimento do quantificador para a direita (KAYNE, 1973; POSTAL, 1974); (ii) análises pressupondo uma associação, em algum momento da derivação, do quantificador e do DP por ele modificado (SPORTICHE, 1988; BOŠKOVIĆ, 2004); e (iii) análises que consideram o quantificador um elemento adverbial (BALTIN, 1995; BOBALJIK, 1995). Em seguida, argumenta-se que a análise de Sportiche (1988), com “encalhe” do quantificador, é a que mais se aproxima de uma explicação para os fatos do PB, e testes de constituintes análogos aos de Shlonsky (1991, para o hebraico) demonstram a propriedade nuclear desse elemento. Por fim, é apresentada uma análise mais recente para o PB (GUERRA VICENTE; QUADROS-GOMES, 2013; GUERRA VICENTE; LUNGUINHO; QUADROS-GOMES, em preparação), em que se analisa todo-all não como um “quantificador” ou “intensificador”, mas como um modificador de grau.

2 A LITERATURA SOBRE Q-FLOAT 2.1 Análises pioneiras, com movimento para a direita

1

A literatura tem utilizado a expressão “quantificador flutuante” para se referir a palavras como all, both e each. Este trabalho se debruça sobre a primeira. 1

Análises pioneiras, como as de Kayne (1973) e Postal (1974), tomavam como pressuposta a posposição, ou “flutuação”, do quantificador para a direita. Esses trabalhos, apesar de obsoletos, já que pressupunham movimentos para a direita, introduziram fatos interessantes que seriam resgatados por análises posteriores. Kayne (1973) argumenta que as posições

ocupadas

pelo

quantificador

posposicionado

coincidem

com

posições

potencialmente ocupadas por advérbios. Essa descrição é retomada, por exemplo, em trabalhos como Baltin (1995) e Bobaljik (1995), que ressaltam a natureza adverbial desse elemento. Postal (1974), por sua vez, observa que a posposição de certos quantificadores a objetos é restrita a pronomes (I called them all/both versus *I called the cops all/both) – raciocínio retomado por Koopman (1999), para evidenciar a hipótese de que pronomes e DPs lexicais ocupariam diferentes posições na estrutura.

2.2 Análise “clássica” de Sportiche (1988): deslocamento do DP com “encalhe” do Q

De acordo com Sportiche (1988), a flutuação para a direita pressuposta em análises anteriores não passa de uma “ilusão de ótica”. De forma simplificada, a estrutura em (2) ilustra a proposta do autor – a de que é o DP que se move para a esquerda, deixando o Q encalhado na posição em que é gerado: (2) [DP Les enfants] ont tous tDP vu ce film. Para o autor, a análise de Kayne (1973) peca no sentido de que nada é dito acerca das propriedades anafóricas que deveriam ser levadas em conta nas estruturas com Q-float. Já a proposta com encalhe levaria em consideração duas condições impostas pela relação antecedente-anafórico: (i) a de que o Q deve ser c-comandado pelo DP movido e (ii) a de que a relação entre o DP movido e o Q tem de ser local. A base da proposta é a hipótese de que quantificadores flutuantes assinalam vestígios de argumentos, somente podendo ocorrer adjacentes a uma posição da qual um DP tenha se deslocado. Isso indica que um quantificador flutuante tem de poder ocorrer adjacente a uma posição de vestígio de DP. Entretanto, a análise, quando estendida para o inglês, apresenta um grave problema: a agramaticalidade, nessa língua, de construções passivas e inacusativas contendo quantificadores flutuantes em posições pós-verbais (problema apontado pelo próprio Sportiche) e com object-shift (problema identificado em BOŠKOVIĆ, 2004) – justamente construções em que se espera a ocorrência de um vestígio pós-verbal:

2

(3) a. *The children were seen all. as crianças foram vistas todas ‘As crianças foram vistas todas.’ b. *The children have arrived all. as crianças têm chegado todas ‘As crianças chegaram todas.’ c. *Mary hates the students all. Maria detesta os alunos todos ‘Maria detesta os alunos todos.’ A solução proposta por Sportiche tem por base o pressuposto de que todo XP tem uma posição de especificador autorizada a conter um DP. Sendo assim, o [Spec, VP] das passivas e inacusativas poderia conter um DP. O papel-theta que seria atribuído ao complemento de V passa a ser atribuído a esse elemento nominal na posição de [Spec, VP]. Essa “emenda” nunca foi de todo aceita por análises posteriores. Como reações ilustres, temos as de Baltin (1995) e Bobaljik (1995), que propõem uma análise adverbial para o Q flutuante, e a de Bošković (2004), que propõe “salvar” a proposta de Sportiche (1988), introduzindo a generalização de que o Q não pode flutuar (i.e., “estar encalhado”) em posições temáticas. A seguir, apresentase um resumo dessas propostas.

2.3 Análise adverbial, sem deslocamento do DP ou “encalhe” do Q

A análise de Bobaljik (1995) fundamenta-se nas seguintes críticas a Sportiche (1988): (i) a proposta faz previsões erradas para o inglês, no que diz respeito às passivas e inacusativas, conforme reconhece o próprio Sportiche; (ii) a proposta não prevê que quantificadores flutuantes podem ocorrer em posições onde não haveria possibilidade de vestígio e (iii) a proposta não prevê que quantificadores flutuantes podem tomar como antecedente um DP com o qual não poderiam formar um constituinte único em nenhum nível de representação. Em suma, Bobaljik (1995) argumenta que qualquer proposta para quantificadores flutuantes envolvendo vestígios é insustentável. Uma das observações mais interessantes da proposta de Bobaljik (1995) é a de que all flutuante somente pode aparecer à direita de um VP quando há um PP, predicado secundário, ou material similar, seguindo esse VP (fenômeno mencionado em primeira mão por MALING, 1976 apud BOBALJIK, 1995), como se vê abaixo: (4) a. * The magicians disappeared all. a’. The magicians disappeared all [PP at the same time]

3

os mágicos desapareceram todos ao mesmo tempo b. * The voters arrived all. b’. The voters arrived all [PP exactly at six] os eleitores chegaram todos exatamente às seis c. * The votes were cast all. c’. The votes were cast all [PP in alphabetical order] os votos foram registrados todos em ordem alfabética Apresentados os problemas da proposta de Sportiche (1988), a questão passa a ser: como manter a relação sintático-semântica entre o Q e o DP por ele modificado, já que, nessa proposta, a relação entre os dois não é local? Bobaljik (1995, p. 201) argumenta que essa associação se dá por meio de uma regra interpretativa que diz que a adjunção de all a um predicado torna-o “máximo” com respeito a um argumento desse predicado, que denota grupo ou massa: (5) Quantifier-Floating Construal (QFC) - all Adverbial all adjoined to a predicate causes that predicate to be maximal distributive with respect to a group (or mass) argument of that predicate, if • that argument is in an A-position • and that argument c-commands all.

Dessa maneira, a análise de Bobaljik (1995) parece ser uma alternativa viável à proposta de Sportiche (1988), mas, por outro lado, precisa lançar mão de uma regra interpretativa que associe o Q ao DP que modifica. Também Baltin (1995, p. 210) sustenta, seguindo a observação de Maling (1976, apud BALTIN, 1995), que os quantificadores flutuantes do inglês devem fazer parte do constituinte que os segue: (6) a. *Mom found the boys all. mamãe achou os meninos todos. b. Mom found the boys all so dirty when they got home, that she made them (all) take a bath. mamãe achou os meninos todos tão sujos quando eles chegaram em casa, que ela fez eles (todos) tomarem banho. No entanto, a crítica mais severa a Sportiche (1988) diz respeito à agramaticalidade, no inglês, de construções passivas e inacusativas com all flutuante pós-verbal. Para Baltin, a solução dada por Sportiche (a de que o [Spec, VP] das passivas e inacusativas poderia abrigar um DP) não levaria em conta uma distinção entre dois tipos de passivas – adjetivas e verbais, que, segundo Levin & Rappaport (1986, apud BALTIN, 1995, p. 230), seriam derivadas de

4

maneiras distintas. Passivas adjetivas seriam derivadas de uma operação sobre formas lexicais, entre as quais se estabelece uma relação de localidade na estrutura argumental; já as passivas verbais seriam derivadas a partir do movimento de um DP para uma posição nãotemática: (7) Passivas adjetivas a. Fred was unknown. Fred era desconhecido b. The bed was unmade. a cama estava desfeita (8) Passivas verbais a. Fred was known to be a criminal. Fred era conhecido ser um criminoso a'. *Fred was unknown to be a criminal. Fred era desconhecido ser um criminoso b. Headway was made. progresso foi feito b'. *Headway was unmade. progresso foi desfeito Como se observa, o prefixo negativo un- (em oposição ao un- reversativo) somente é aceito por adjetivos. Em suma, Baltin (1995) conclui que a proposta de Sportiche (1988), definitivamente, não pode ser aceita. 2.4 “Salvando” a proposta de Sportiche (1988): Bošković (2004) O objetivo de Bošković (2004) é claro: trata-se de resolver os problemas acarretados à proposta de Sportiche (1988) pelo fato de o Q não poder ficar encalhado na posição em que se originam os sujeitos das passivas e inacusativas. A essas construções, o autor acrescenta ainda as que contêm objeto movido (object-shift) e deixam, por consequência, um vestígio em posição pós-verbal. A hipótese defendida pelo autor é a de que Qs não podem flutuar, isto é, estar encalhados, em posições temáticas. Para dar suporte à sua afirmação, ele apresenta evidências empíricas do inglês e de outras línguas, como o japonês, o espanhol e o sueco, entre outras. O autor apresenta os seguintes testes de fronteira, com o objetivo de determinar se all (e suas contrapartes nas outras línguas) se encontra dentro ou fora do VP (âmbito temático): (9)

Inglês e espanhol: advérbios baixos versus sentenciais a. The students all completely understood. os alunos todos completamente entenderam

5

b. *The students completely [VP all understood]. …os alunos completamente todos entenderam. c. The students obviously all understood. os alunos obviamente todos entenderam d. The students all obviously understood. os alunos todos obviamente entenderam e. ?Los estudiantes entenderán todos completamente (...) os estudantes entenderão todos completamente (...) f. *Los estudiantes entenderán completamente todos (...) os estudantes entenderão completamente todos (10) Sueco: verbos auxiliares de orações encaixadas não se deslocam na sintaxe aberta Jag undrar varför studenterna inte (alla) har (*alla) läst boken. eu me pergunto por que os alunos não (todos) têm (*todos) lido os livros (11) Inglês: verbos principais não se movem na sintaxe aberta a. They are all being noisy. eles estão todos sendo barulhentos b. *They are being all noisy. eles estão sendo todos barulhentos (12) Japonês:quantificadores ocorrem acima da posição de objeto a. *Gakusee-ga hanbaagaa-o 3-nin tabeta. estudantes-nom hambúrguer-acus 3-cl comeram b. Gakusee-ga 3-nin hanbaagaa-o tabeta. estudantes-nom 3-cl hambúrguer-acus comeram A fim de implementar a sua proposta, Bošković (2004) adota os seguintes pressupostos teóricos: (i) quantificadores flutuantes são adjungidos ao DP que modificam (SPORTICHE, 1988); (ii) não há adjunção a argumentos, já que esta interfere na atribuição de papéis-temáticos (CHOMSKY, 1986, ideia atribuída a JOHNSON, apud BOŠKOVIĆ, 2004) e (iii) adjuntos podem ser inseridos na estrutura aciclicamente (isto é, tardiamente) (LEBEAUX, 1988 apud BOŠKOVIĆ, 2004). A derivação de uma sentença como The students were all arrested, segundo esse modelo, passaria pelos passos em (13), representados abaixo de forma simplificada. Note-se que o quantificador é inserido tardiamente, na posição em que ocorre na superfície: (13)

The students were all arrested. a. [V’ arrested the students] b. the students [V’ arrested t] c. all the students [V’ arrested t] c. the students were all t [V’ arrested t] os alunos foram todos presos Uma das várias consequências teóricas apresentadas pelo autor é a necessidade da

postulação de uma estrutura oracional mais articulada do que a proposta em Chomsky (1995), em que há apenas o TP acima do VP no qual o sujeito é theta-marcado:

6

(14) The students all left. The studentsi [all ti] [VP ti left] Seria necessário verificar se o modelo atual com VP-shells é eficiente no sentido de abarcar análises como a de Bošković (2004).

3 UMA PROPOSTA PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO: GUERRA VICENTE (2006) A questão motivadora da análise de Vicente (2006) foi a constatação de que os problemas verificados na proposta de Sportiche (1988) para o inglês não se verificam no PB. O que explicaria a assimetria em (15)-(16) (GUERRA VICENTE, 2006)? (15)

Português a. A Maria detesta os alunos todos. b. Os alunos chegaram todos. c. Os votos foram contados todos.

(16)

Inglês a. * Mary hates the students all. b. * The students have arrived all. c. * The votes have been counted all.

Os fatos em (16b-c) são os casos problemáticos apontados na proposta com encalhe (SPORTICHE, 1988), relativos às construções inacusativas e passivas; em (16a) temos o problema das construções com movimento do objeto, acrescentado por Bošković (2004). Outra restrição importante e que diz respeito ao inglês é aquela apontada por Maling (1974, apud BALTIN, 1995; BOBALJIK, 2005), dizendo respeito à possibilidade de o Q all ocorrer em posição pós-verbal, desde que esteja adjungido a material à direita, como um PP, por exemplo: (17) a. b. (18) a. b.

*The magicians disappeared all. The magicians disappeared all [PP at the same time] Os mágicos desapareceram todos. Os mágicos desapareceram todos ao mesmo tempo.

Para esse caso, verifica-se, novamente, uma assimetria nos dados do inglês e do PB, por conta da possibilidade, no PB, de o Q “todos” ocorrer em posição pós-verbal, mesmo que não haja material à sua direita.

7

Em vista das assimetrias apontadas acima, Guerra Vicente (2006) adota o raciocínio em Sportiche (1988), de que a flutuação de quantificadores consiste no movimento de um DP para a esquerda, deixando o Q para trás, em posição mais baixa na estrutura. É provável que outros fatos da língua expliquem o porquê de as sentenças em (15) e (18) serem licenciadas no português, como, por exemplo, a estrutura interna do DP e a possibilidade de ordem VS no português (cf. GUERRA VICENTE, 2006) para uma descrição mais detalhada). Em relação à assimetria entre (15a) e (16a), pressuponho, na esteira de Kato e Nascimento (1996), que os elementos que constituem a sequência [Q DP] podem reordenar-se internamente ao DP/QP para derivar a sequência [DP Q], altamente produtiva no PB. Como veremos a seguir, Guerra Vicente (2006) adota, na esteira de Shlonsky (1991, para o hebraico), o raciocínio de que a relação entre o Q e o DP modificado é uma de complementação, e não uma de adjunção. Q tampouco se trata de um especificador. Q é um núcleo que seleciona um DP, como também se observa na análise do hebraico.

3.1 Alguns testes de constituência e a simetria entre o PB e o hebraico

Testes de constituência parecem confirmar a ideia de que algumas línguas (como o PB e o hebraico, mas não o inglês) apresentam a possibilidade de ter o QP/DP como um constituinte sintático. Vejamos os testes abaixo, para o hebraico (SHLONSKY, 1991): (19) [Q DP] e [DP Q] em posição de sujeito a. Kol ha-yeladim ohavim le-saxek all the-children like to-play b. Ha-yeladim kul-am ohavim le-saxek the-children all-[3MPL] like to-play ‘(Todas) as crianças (todas) gostam de brincar.’ (20) [Q DP] e [DP Q] em posição de objeto a. Katafti et kol ha-praxim bi-zhirut. (I) picked acc all the-flowers with-care b. Katafti et ha-praxim kul-am bi-zhirut. (I) picked acc the-flowers all-[3MPL] with-care ‘Eu colhi (todas) as flores (todas) cuidadosamente.’ (21) Coordenação de sujeito a. etmol zarku štei banot ve-kol ha-banin yesterday threw two girls and-all the-boys avanim al ha-mora. stones on the-teacher b. ? etmol zarku štei banot ve-ha-banim kul-am yesterday threw two girls and-the-boys all-[3MPL] avanim al ha-mora. stones on the-teacher 8

‘Ontem duas meninas e (todos) os meninos (todos) jogaram pedras no professor.’ (22) Topicalização a. Kol ha-yeladim, ani batu ax še-zorkim avanim. all the-children I sure that-throw stones ani batu ax še-zorkim b. Ha-yeladim kul-am, the-children all-[3MPL] I sure that-throw avanim. stones ‘(Todas) as crianças (todas), tenho certeza de que jogam pedras.’ (23) Objeto de preposição a. Dan himer al kol ha-kesef. Dan gambled on all the-money b. Dan himer al ha-kesef kul-o. Dan gambled on the-money all-[3MS] ‘Dan apostou (todo) o dinheiro (todo).’ (24) Adjuntos preposicionados a. Dan sixek im kol xatulei-ha-rexov. Dan played with all cats-the-street b. Dan sixek im xatulei-ha-rexov kul-am. Dan played with cats-the-street all-[3MPL] ‘Dan brincou com (todos) os gatos de rua (todos).’ Quando aplicados aos fatos do PB, os testes apresentam os mesmos resultados observados para o hebraico: (25) a. Perguntas e respostas com extração do sujeito A: Quem detesta a Maria? ‘Who hates Mary?’ B: (Todas) as mulheres (todas). All the women (*all). b. Perguntas e respostas com extração do objeto A: Quem a Maria detesta? ‘Who Mary hates?’ B: (Todas) as mulheres (todas). All the women (*all) (26) a. Coordenação de sujeito (Todos) os alunos (todos) e a Maria foram ao cinema. All the students (*all) and Mary have been to the movies. b. Coordenação de objeto Ontem nós vimos (todos) os alunos (todos) e a Maria no cinema. Yesterday we saw all the students (*all) and Mary at the movies. (27) Topicalização (Todos) os alunos (todos), eu vi. (?All) the students (*all), I saw. (28) Objeto de preposição Te falei dos dramas todos da minha vida pessoal.

9

I told you about all my (personal)dramas (*all). (29) Clivagem Foram (todas) as crianças (todas) que jogaram pedras. It was all the children (*all) who threw stones. Pseudoclivagem Quem jogou pedras foram (todas) as crianças (todas). Those that threw stones are all the children (*all). (30) Adjuntos preposicionados A Anne já pregou as etiquetas nos livros todos. Anne has already put the labels on all the books (*all). Os testes acima corroboram a hipótese de que o Q e o DP a ele associado devem ter formado um constituinte sintático no momento inicial da derivação no hebraico e no PB, ao contrário do que ocorre no inglês. Essa assimetria deve ser uma das causas para a possibilidade de ocorrência, no PB, mas não no inglês, do Q em posição pós-verbal em construções passivas, inacusativas e com movimento do objeto (questão motivadora de GUERRA VICENTE, 2006).

3.2 Qs são núcleos no português brasileiro

Acerca da relação entre Q e DP, conforme dissemos, adota-se o raciocínio de Shlonsky (1991, para o hebraico), de que essa relação envolve complementação, e não adjunção; o Q tampouco é um especificador de uma projeção nominal, mas um núcleo que seleciona o DP (GUERRA VICENTE, 2006; LACERDA, 2012), conforme ilustrado em (31). Em (32), ilustra-se o movimento interno ao QP/DP do DP-associado.

(31)

(32)

10

QP | Q’ 2 Q0 DP 2006, p. 99) QP 3 DP Q’ 4 2 [os alunos]i Q DP todos 4 2006, p. 98) ti

(GUERRA

VICENTE,

(GUERRA VICENTE,

Lacerda (2012) assume a hipótese ilustrada em (31), de que o Q é um núcleo que toma o DP como complemento, mas propõe a presença de mais material entre o Q encalhado e o DP movido para a esquerda. De acordo com o autor, a estrutura em (32) violaria Anti-localidade. Sua solução é postular uma camada adicional de foco (FP) à esquerda de QP; os alunos se moveria para o [Spec, FP] para checar um traço de foco. A seguir, é apresentada, de forma sintética, a proposta de uma estrutura mais articulada, na interface sintático-semântica (e não sintático-pragmática, como a de LACERDA, 2012; GUERRA VICENTE; QUADROS-GOMES, 2013; GUERRA VICENTE; QUADROSGOMES; LUNGUINHO, em preparação).

4 TODO-ALL QUANTIFICADOR E INTENSIFICADOR: EM DIREÇÃO A UMA ANÁLISE SINTÁTICO-SEMÂNTICA DA MODIFICAÇÃO DE GRAU

Constituem o objeto de estudo de Guerra Vicente, Quadros-Gomes e Lunguinho (em preparação) 2 as construções contendo o quantificador flutuante todo-all, em suas diferentes leituras – quantificacional e intensificacional –, ilustradas abaixo: (33) (Todos) os meninos (todos) gritaram (todos). (34) (Todos) os meninos (todos) gritaram (todos) animados. O exemplo (33) ilustra uma construção que apresenta exclusivamente a leitura quantificacional. Em (34), temos ilustrada uma construção que é ambígua entre as leituras de quantidade e intensidade na configuração em que todo-all ocupa a posição adjacente ao adjetivo (ressaltada em negrito); nas demais posições, o elemento sempre indica quantidade. De acordo com Guerra Vicente e Quadros-Gomes (2013, p. 2), “não é privilégio da língua portuguesa essa aparente flutuação categorial de um item entre os papéis de quantificador/determinante e os de intensificador”. No inglês, por exemplo, são também produtivas sentenças com todo-all com leitura de intensidade, como em (35), e de sentenças ambíguas entre as leituras de quantidade e de intensidade, como em (36), exatamente como ocorre no PB: 3 (35) a. My mom is all mad at me.

Interpretação de que a mãe está irritada ao extremo, em grau máximo.

2

Uma versão mais completa, com todos os pressupostos teóricos e, ainda, algumas consequências da adoção dessa proposta, encontra-se em preparação. 3 Exemplos em inglês extraídos de Rickford et al. (2007). 11

b. Do you feel all goofy? (36) The players were all sexy.

Interpretação de que a pessoa se sente “pateta” ao extremo, em grau máximo. Interpretação de que todos os jogadores eram sexy e interpretação de que os jogadores eram sexy ao extremo, em grau máximo.

O objetivo de Guerra Vicente, Quadros-Gomes e Lunguinho (em preparação) é o de fornecer a sintaxe para a argumentação semântica de que não há dois todo-all homófonos – um intensificacional e outro quantificacional (GUERRA VICENTE; QUADROS-GOMES, 2013). Trata-se de um item só, um ajustador de relações de predicação (BACH; KRATZER; PARTEE, 1987), um modificador de grau, que tanto pode ter escopo sobre o complexo [evento + argumento participante de evento] quanto sobre o complexo [propriedade + argumento portador daquela propriedade]. As diferentes leituras são obtidas a partir da ocorrência desse elemento em distintas configurações sintáticas. Assumir, semanticamente, que todo-all tem escopo sobre tais complexos equivale a dizer, sintaticamente, que todo-all tem de c-comandar as projeções que denotam tais complexos. No caso da leitura quantificacional, argumentamos que todo-all é um modificador de grau (QUADROS-GOMES, 2009) que modifica a escala de participação de um argumento em um evento, retornando a ideia de que 100% daquela extensão nominal em posição argumental toma parte em um evento; no caso da leitura intensificacional, todo-all é um modificador de grau que modifica a escala de aplicação de uma propriedade a um argumento, retornando a ideia de que é máximo o grau de aplicação dessa propriedade à extensão nominal em posição argumental. Adotamos a proposta com encalhe do Q (SPORTICHE, 1988) no sentido de que o Q e a expressão nominal modificada são inseridas adjacentemente na estrutura, com movimento subsequente dessa expressão nominal para uma posição mais alta na estrutura. Contudo, diferentemente da proposta clássica, assumimos, à la Valmala-Elguea (2008), para o espanhol, e Lacerda (2012), para o PB, que todo-all não é um elemento inerte, podendo mover-se para posições mais altas na estrutura.

4.1 Derivando a leitura quantificacional

O Programa Minimalista (CHOMSKY, 1993 e trabalhos subsequentes) pressupõe uma estrutura sintagmática em que o âmbito temático – VP, em modelos anteriores – estende-se e desdobra-se em camadas, denominadas VP-shells (LARSON, 1988; HALE; HEYSER, 1993; CHOMSKY, 1995), correspondendo a um VP e um vP: 12

(37)

[CP [C’ C [TP [T’ T [vP [v’ v [VP [V’ V]]]]]]]]

Nesse modelo, VP é o local em que o verbo lexical e seu argumento interno são mergidos; 4 vP, uma projeção mais alta, é o local destinado à inserção do argumento externo e à checagem de traço de Caso acusativo. Neste trabalho, assume-se que vP, bem como VP, podem associar-se a uma projeção funcional, periférica, 5 dedicada à expressão do grau, se um modificador de grau estiver incluído na numeração da sentença: (38)

[DegP [Deg’ deg [vP [v’ v [DegP [Deg’ deg [VP [V’ V]]]]]]]]

Nessa abordagem, todo-all e seu associado nominal são sempre inseridos adjacentemente, ou como o DP-complemento de V ou como o DP-especificador de vP, por razões de Concord. 6 Abaixo, apresentam-se os passos iniciais da derivação de “Os meninos comeram toda a pizza” e “Todos os meninos comeram a pizza”: (39)

...[VP [V’ V [toda a pizza]]]

(40)

[vP [Todos os meninos] [v’ v [VP [V’ comer [a pizza]]]]]

all-FEM-SING the- FEM-SING pizza- FEM-SING all-MASC-PL the- MASC-PL boys

Após sofrer Concord, todo-all estabelece uma relação de Agree com d, um núcleo de grau, que pode ser projetado acima de VP ou de vP: (41) (42)

[DegP [Deg’ d [VP [V’ comer [toda a pizza]]]]] [DegP [Deg’ d [vP [Todos os meninos] [v’ v [VP [V’ comer [a pizza]]]]]]] A operação Agree é motivada pela necessidade de se valorar o d como universal,

gerando a interpretação em que o grau de participação da extensão do DP associado a todo-all no evento é total. Essa operação somente envolve movimento manifesto de todo-all para o âmbito do DegP se d tem um traço EPP (ver (43)). Caso contrário, a valoração pode ocorrer in situ e todo-all e seu associado nominal podem deslocar-se juntos para o [Spec, TP] (ver (44)) ou, ainda, permanecer in situ (ver (45)). (43) Os meninos comeram todos a pizza. [TP[DPOs meninos]k[T’ comeramj[DegP[Deg’ [todosq+d(+EPP)][vP[tqtk][v’ tj[VP[V’ tj[DP a 4

“Concatenados”, em algumas traduções. Procuramos evitar essa tradução, pois há, também, na literatura, uma operação denominada Concatenate (Hornstein, 2009). 5

Cf. também outras propostas que pressupõem projeções funcionais periféricas: QR - Quantifier Raising (May, 1977); periferia do VP (Belletti, 2004); periferia do vP (Su, 2012). 6 Pressupõe-se, com Obata e Epstein (2001), a possibilidade de uma cisão de traços. No momento da inserção de todo-all e seu associado nominal, seriam checados apenas traços de concordância (gênero e número no PB).

13

pizza]]]]]]]]] (44) (Todos) os meninos (todos) comeram a pizza. [TP[DP[todosq [os meninos]k][T’ comeramj[DegP[Deg’ d(-EPP)[vP[tqtk][v’ tj[VP[V’ tj[DP a pizza]]]]]]]]]] (45) Os meninos comeram (toda) a pizza (toda). [TP[DP Os meninos]k[T’ comeramj[vP tk[v’ tj[DegP[Deg’ d(-EPP)[VP[V’ tj[DP[toda[a pizza]]]]]]]]]]] 4.2 Derivando a leitura intensificacional 7

De modo análogo ao que vimos no subitem anterior, o sintagma adjetival, AP, deve associar-se a uma projeção funcional, periférica, dedicada à expressão do grau, se um modificador de grau estiver incluído na numeração da sentença. (46)

[DegP [Deg’ d [AP [DP todo o João] [A’ cansado]]]]

(47)

[DegP [Deg’ d [AP [DP toda a carne] A’ crua]]]]

Para fins de representação, pressupõe-se, como Foltran (1999), que predicados secundários orientados para o sujeito adjungem-se à projeção máxima IP (TP), e que predicados secundários orientados para o objeto adjungem-se à projeção máxima VP (ou vP). 8 Assim, para efeito de representação da derivação de “O João chegou todo cansado” e “O menino comeu a carne teríamos (em negrito, os pontos de adjunção): (48) O João chegou todo cansado. [TP[TP[DP O João]k[T’ chegouj[VP[V’ tj[DP tk]]]]][DegP [Deg’ [todoq+d(+EPP)][AP[DP [tq tk]][A’ cansado]]]]] (49) O menino comeu a carne toda crua. (com leitura intensificacional) [TP[DP O menino]k [T’ comeuj [vP [DP tk] [v’ tj [VP[VP[V’ tj[DP a carnem]]][DegP[Deg’[todaq+d(+EPP)][AP[DP [tqtm]][A’ crua]]]]]]]]] 4.3 Por fim, as construções ambíguas

Pelo raciocínio apresentado, supõe-se que, se as diferentes leituras associadas a todo-all são construídas sintaticamente, não havendo dois itens lexicais diferentes, um para a leitura quantificacional e outro para a leitura intensificacional, então, cada uma dessas interpretações é o resultado de diferentes derivações sintáticas. Retomemos o exemplo (34), agora em (50): 7

Para uma análise semântica do fenômeno, ver, também, Pires de Oliveira (2003). A análise também é compatível com propostas que assumam uma categoria vazia adjacente a ‘todo’ [todo ec] no [Spec, AP]. Esse tipo de proposta, no entanto, implica propor algum tipo de mecanismo interpretativo para estabelecer a relação entre a categoria vazia e o nominal a ela associado, gerado em uma projeção mais alta (âmbito do VP). 8

14

(50)

Os meninos gritaram todos animados.

Há duas leituras possíveis para a sentença acima. Em uma delas, entende-se que os meninos gritaram em seu nível máximo de animação (leitura intensificacional); em outra, entende-se que 100% dos meninos gritaram, animados (leitura quantificacional). (51)

(52)

Leitura quantificacional Os meninos gritaram todos animados. [TP[TP[DP Os meninos]k[T’ gritaramj[DegP[Deg’[todosq+d(+EPP)][vP[DP [tqtk]][v’ tj[VP[V’ tj]]]]]]]][AP[DP[tqtk]][A’ animados]]] Leitura intensificacional Os meninos gritaram todos animados. [TP[TP[DP Os meninos]k [T’ gritaramj [vP tk [v’ tj [VP [V’ tj]]]]]][DegP[Deg’[todosq+d(+EPP)][AP[DP tqtk][A’ animados]]]]]

Concluindo, essa abordagem na interface sintaxe-semântica tem como diferencial e contribuição o fato de ser capaz de unificar os dois usos de todo-all, além de resgatar intuições de propostas anteriores, tais como a natureza do encalhe do modificador e a natureza A’ desse elemento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi o de argumentar a favor da hipótese de que todos-all é um núcleo no português brasileiro. Após a apresentação de parte da literatura sobre o fenômeno de Q-float, passou-se à análise de Guerra Vicente (2006) para o PB, motivada pela observação de uma assimetria na distribuição de todo-all no PB e no inglês. Nesse trabalho, a autora adota o cerne da proposta com encalhe de Sportiche (1988) e apresenta testes de constituintes análogos aos do hebraico (SHLONSKY, 1991), chegando à conclusão de que o quantificador, também no PB, é um núcleo. Também se buscou apresentar, de forma sucinta, a análise mais recente de Guerra Vicente, Lunguinho e Quadros-Gomes (em preparação), em que se pressupõe a possibilidade de movimento do Q para posições mais altas na estrutura. Seu escopo se daria não mais somente sobre um elemento nominal (substantivo ou adjetivo), mas sobre complexos do tipo [evento + argumento participante de evento] quanto sobre o complexo [propriedade + argumento detentor daquela propriedade]. No primeiro caso, gera-se a leitura de quantidade; no segundo, a de intensidade. Pressupor, no nível da semântica, que todo-all tem escopo sobre tais complexos, ou, melhor, sobre tais relações de predicação, equivale a dizer, no nível da sintaxe, que todo-all tem de c-comandar (i) a projeção que denota o evento e contém o 15

argumento que participa desse evento ou, ainda, (ii) a projeção que contém a propriedade e o argumento detentor de tal propriedade. As representações das derivações de construções quantificacionais e intensificacionais na seção 4 procuraram ilustrar os diferentes pontos de inserção do Sintagma de Grau (DegP).

REFERÊNCIAS

BACH, Emmon; KRATZER, Angelika; PARTEE, Barbara. Quantification: a cross-linguistic investigation. University of Massachusetts at Amherst, 1987. Manuscrito. BALTIN, Mark. R. Floating Quantifiers, PRO and predication. Linguistic Inquiry 26.2, 1995, p.199-248. BELLETTI, Adriana. Aspects of the low IP area. In: RIZZI, Luigi. (Ed.). The Structure of CP and IP. Oxford University Press, 2004. BOBALJIK, Jonathan David.

Morphosyntax: the syntax of verbal inflection. Tese de

doutorado. Cambridge, Mass.: MIT, 1995. BOŠKOVIĆ, Zeljko. Be Careful Where You Float Your Quantifiers. Natural Language and Linguistic Theory, 22, 2004, p.681-742. FOLTRAN, Maria José. As construções de Predicação Secundária no Português do Brasil: aspectos sintáticos e semânticos. Tese de doutorado, São Paulo: USP, 1999. GUERRA VICENTE, Helena; QUADROS-GOMES, Ana Paula. Um tratamento unificado de grau para o quantificador flutuante e o intensificador ‘todo’. Linguíʃtica, v. 9, n. 1, 2013, p. 112132. GUERRA VICENTE, Helena; LUNGUINHO, Marcus; QUADROS-GOMES, Ana Paula. Uma análise sintático-semântica de grau para todo-all no português brasileiro. Em preparação. HORNSTEIN, Norbert. A theory of syntax: minimal operations and Universal Grammar. New York: Cambridge University Press, 2009. KATO, Mary; NASCIMENTO, Milton. A representação da estrutura sentencial do português e a posição dos aspectuais e quantificadores. Boletim da ANPOLL, 19, p. 944-966. KAYNE, Richard. French Syntax: the transformational cycle. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1973. _____. The antisymmetry of syntax. Cambridge, Mass.: MIT, 1994. KOOPMAN, Hilda. The internal and external distribution of pronominal DPs. In: JOHNSON, Kyle; ROBERTS, IAN, (Eds.). Beyond Principles and Parameters. Netherlands: Kluwer, 1990. 16

LACERDA, Renato. Structure-dependent quantifier floating in Brazilian Portuguese. Artigo apresentado no Going Romance, 2012. Manuscrito. MAY, Robert. The grammar of quantification. Tese de doutorado, Cambridge, Mass.: MIT, 1977. OBATA, Miki. & EPSTEIN, S. Feature-splitting internal merge: improper movement, intervention, and the A/A’ distinction. Syntax 14(2), 2011, p. 122-147. PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. O menino tá todo triste: uma reflexão sobre a quantificação universal no PB. Revista Letras, Curitiba, n. 61, edição especial, 2003, p. 191-210. POSTAL, Paul. On Raising: one rule of English grammar and its theoretical implications. Cambridge, Mass.: MIT Press, 1974. QUADROS-GOMES, Ana Paula. O efeito grau máximo sobre os domínios: como ‘todo’ modifica a relação argumento-predicado. Tese de doutorado, São Paulo: USP, 2009. RICKFORD, John; BUCHSTALLER, Isabelle; WASOW, Tom; ZWICKY, Arnold; TRAUGOTT, Elizabeth. Intensive and quotative all: something old, something new. American Speech 82(1), 2007, p. 3– 31. SHLONSKY, Ur. Quantifiers as functional heads: a study of quantifier float in Hebrew. Lingua, 84, p. 159-180, 1991. SPORTICHE, Dominique. A theory of floating quantifiers and its corollaries for constituent structure. Linguistic Inquiry, 19 (3), 1988, p. 425-449. SU, Julia. The syntax of functional projections in the vP periphery. Tese de doutorado, University of Toronto, 2012. VALMALA-ELGUEA, Vidal. Topic, focus and quantifier float. In: ARTIAGOITIA, Xabier; LAKARRA, Joseba (Ed.). Gramatika Jaietan: papers in honour of Professor Patxi Goenaga. Donostia: Supplements of ASJU, 2008, p. 837-857. VICENTE, Helena Guerra. O quantificador flutuante ‘todos’ no português brasileiro e no inglês: uma abordagem gerativa. Tese de doutorado, Brasília: UnB, 2006.

17

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.