O que é a Nova Leitura de Marx?

October 6, 2017 | Autor: Joelton Nascimento | Categoria: Marxism, Value Theory, Wertkritik, Hans-Georg Backhaus, Helmut Reichelt, Hans-Jurgen Krahl
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O QUE É A NOVA LEITURA DE MARX? Joelton Nascimento1 The skyisfalling Humanracethatwerun It left me crawling Staringstraightatthesun [O céu está caindo A corrida humana que corremos Me deixou rastejando Encarando diretamente o sol] Josh Homme, Nick Oliveri (Queens ofthe Stone Ages)

INTRODUÇÃO Neste artigo temos a pretensão de apresentar em linhas gerais a ruptura e, ao mesmo, o desenvolvimento da crítica marxiana que encontramos em O Capital, naquela que ficou conhecida como a “Nova Leitura de Marx”. A vertente desta releitura peculiar da obra de Marx, de matiz notadamente alemã, produziu uma série de outros ganhos e avanços teóricos para o anticapitalismo que ainda não foram devidamente avaliados e, por isso, ampliados. Comecemos por explicitar o que entendemos por “anticapitalismo”. Como todo “anti”, o anticapitalismo se define por aquilo contra o que ele se opõe. Uma teoria anticapitalista, portanto, só pode ser assim considerada como tal quando for possível a definição elementar do que seja a realidade social que se encontra sob a denominação de capitalismo. A palavra “capitalista” começa a ser utilizada pela primeira vez no século XVIII por economistas, para designar a figura do detentor de bens e valores que os emprega para obter lucros. Foi usado nesse sentido por Adam Smith (1723-1790) e por Anne Turgot (1727-1781), por exemplo. Se nos restringíssemos à definição dada por estes autores capitalismo significaria o sistema econômico que tem em seu centro a figura do capitalista. Anticapitalismo, neste contexto, seria apenas a teoria e a prática que combateriam a figura do capitalista. Esta definição, todavia, seria extremamente problemática, uma vez que para muitos dos autores deste período, como François Quesnay (1694-1774) e o próprio Turgot, o representante mais exemplar de capitalista é o 1

Professor Adjunto no Departamento de Sociologia e Ciência Política da UFMT. Mestre em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT e Doutor em Sociologia pela UNICAMP. E-mail: [email protected]

fazendeiro e não o empreendedor da indústria (JESSUA, 2011). Seria preciso uma ideia consistente sobre o que é o capitalismo para que sua crítica intelectual e prática possa ter também consistência. É neste sentido que dizemos que a teoria anticapitalista consistente nasceu junto com o trabalho e a prática de Karl Marx (1818-1883) e seus colaboradores. E isto pela simples razão de que antes dele ainda não era possível vislumbrar com nitidez os contornos do que seria “capitalismo”. Do ponto de vista descritivo, a princípio, poderíamos considerar o capitalismo como a grande indústria, movimentada pela economia monetária do trabalho assalariado, regulada pelo estado-nação. Poder-se-ia dizer que bem antes de Marx já havia ideias comunistas rondando a modernidade, como as do publicista francês François NoëlBabeuf. É perfeitamente possível considerar Babeuf um comunista (ainda que um comunista “primitivo” ou “proto-comunista”) pois é com ele que pela primeira vez se torna claro um programa político e social de igualitarismo de tipo comunista (VOVELLE, 2000); trata-se de um político e intelectual que se junta à longa corrente daqueles que fizeram de suas próprias vidas uma batalha pela justiça e pela equidade. Contudo, dificilmente poderíamos chamá-lo de anticapitalista, uma vez que a ordem social erguida pela grande indústria, movimentada pela economia monetária do trabalho assalariado e regulada pelos estados-nação, ainda não tinha se desenvolvido a ponto de delinear suas feições mais básicas. Talvez ele pudesse ser considerado anticapitalista no sentido que a palavra “capitalista” tinha para Quesnay, isto é, no sentido de um sistema econômico centrado na figura do capitalista individual, cujo exemplar mais típico é o fazendeiro. E, de fato, a mais contundente das teses de Babeuf é contra a propriedade privada da terra, que, segundo ele, deveria ser inteiramente nacionalizada e redistribuída equitativamente; imposta apenas como propriedade coletiva. A propriedade privada, todavia, não é um princípio capaz de abarcar nenhum dos pilares principais do capitalismo mencionados em nossa descrição do capitalismo dada acima. Com Marx nasce uma teoria anticapitalista como delineamento de uma prática comunista concreta, para além de objeções morais e de idealizações acerca de uma sociedade futurista. 1. ELEMENTOS CENTRAIS DO MARXISMO TRADICIONAL Ajudado pelo afastamento histórico, Ingo Elbe (2013)2 resumiu de modo formidável as leituras da teoria marxiana centrais até então realizadas. Segundo ele, depois dos escritos de Marx, 2Todas as citações deste artigo de Elbe foram traduzidas pelo autor deste artigo.

temos em nosso acervo crítico o marxismo, ou o marxismo tradicional, isto é, as interpretações dos escritos de Marx ligados primariamente aos partidos políticos e representativos de trabalhadores. Temos, ainda, os marxismos, ou modos dissidentes de leitura dos textos de Marx. O marxismo tradicional é fundamentalmente aquele canonizado nas obras de Engels e Kautstky e que serviram de base para o assim chamado marxismo-leninismo. Esta leitura se acostumou e se adaptou inteiramente aos esquemas canônicos de leitura voltados para as camadas “exotéricas” das obras de Marx, isto é, os textos do filósofo e líder operário que serviam sobretudo para a divulgação e para a agitação política3. Os marxismos dissidentes, em especial o denominado marxismo ocidental e a Nova Leitura de Marx (a neue Marx-Lektüre), se detiveram em uma leitura do Marx “esotérico”, isto é, nos textos marxianos com maior densidade e alcance analítico e crítico. Outrossim, os marxismos dissidentes se desenvolveram amiúde fora dos partidos e mesmo de grandes instituições de pesquisa (exceção é a Escola de Frankfurt) na condição sobretudo de um marxismo underground. Ainda segundo Elbe, o marxismo tradicional tem como um de seus cânones mais importantes a obra Anti-Dühring[1877] (1976) de Engels. Kautsky nunca escondeu o fato de que todos os intelectuais à sua volta liam O Capital de Marx pelas lentes deste livro de Engels; em grande medida pode-se dizer que o marxismo tradicional é um “engelsianismo” (2013, p. 2/13). Três são os pilares do marxismo tradicional, segundo Elbe: 1) a tendência ao determinismo ontológico; 2) a interpretação historicista do método formal-genético e 3) a crítica do estado restrita ao conteúdo. Veremos a seguir rapidamente cada um destes pilares. 2.1 A tendência ao determinismo ontológico A tendência ao determinismo ontológico é fruto bastante direto da busca engelsiana de forjar a dialética como um método para se compreender, inclusive em termos de determinação de causa e efeito, tanto os fenômenos da natureza quanto os fenômenos de ordem social e histórica. A dialética é dividida drasticamente em “dois conjuntos de leis”, a partir de onde se pode concluir que o pensamento ou a consciência é entendida como uma imagem mental passiva do mundo externo. São pelo menos três os desvios – e pode-se dizer, distorções – da concepção marxiana de práxis

3Segundo Marcel Van der Linden (1997, p. 448) o primeiro a propor a distinção entre um Marx “exotérico” e um Marx “esotérico” foi Stefan Breuer (1977). Distinção esta que exerceu um papel crucial em Robert Kurz ([1998], 2005) e nos demais autores da NCV.

realizadas pelo engelsianismo e que são fundadores do marxismo tradicional. 1)

Segundo Marx, não só o objeto mas também a observação do objeto é historicamente

e praticamente mediada, e portanto não é externa ao modo de produção. Engels, por seu turno, enfatiza que a observação da natureza tal e qual já constitui uma observação “materialista”. “O realismo ingênuo da teoria do reflexo sistematizada por Lenin e outros – que resta presa à aparência reificada do imediação daquilo que é socialmente mediado, do fetichismo de um em-si daquilo que existe apenas em uma estrutura de atividade humana historicamente determinada – recebe seus fundamentos já nos escritos de Engels” (ELBE, 2013, p. 2/13). Assim, uma visão pseudomaterialista relaciona crua e não-mediadamente pensamento e ser, consciência e realidade material. 2)

Em A Ideologia Alemã (1845-46), junto com Marx, Engels expressou o conceito de

derivação natural [Naturwüchsigkeit] como algo negativo, isto é, ali eles enunciaram a ideia de superação das noções e leis sociais que permaneciam ocultas no inconsciente dos agentes coletivos como se naturais fossem. Já no Engels de Ludwig Feuerbach e o fim da filosofia clássica alemã (1886) desaparece este caráter negativo, para ele agora era preciso apenas aplicar conscientemente no mundo social as “leis gerais de movimento” do mundo externo. 3)

Se nas Teses sobre Feuerbach (1845) Marx dizia que “Todos os mistérios que

orientam a teoria para o misticismo encontram sua solução racional na prática humana e na compreensão desta prática” (MARX, 1990, p. 34), Engels reduziu praxis à atividade experiental das ciências naturais. De modo geral, “Engels embrulhou junto [do marxismo] o cientificismo de sua época, pavimentando o caminho para concepção mecanicista e fatalista do materialismo histórico, mudando o enfoque de uma teoria social da práxis para uma doutrina, uma teoria-reflexão contemplativa do desenvolvimento” (id.). Reduzida ainda mais às “três leis da dialética” e aos “cinco modos de produção”, a doutrina engelsiana do desenvolvimento foi elevada à categoria de doutrina oficial de estado pelo stalinismo. A potência do estado soviético era constantemente proclamada como advinda da capacidade de seus dirigentes de “aplicar conscientemente” e de “acelerar” os movimentos da história com base no conhecimento de suas “leis”, em um misto paradoxal de voluntarismo e determinismo: a vontade tudo pode na medida em que se conhece e aplica o conhecimento sobre as leis de movimento da realidade objetiva independente dos agentes envolvidos nesta. 2.2

A interpretação historicista do método formal-genético

Segundo Ingo Elbe, neste tópico o marxismo-leninismo é, ainda mais explicitamente, engelsianismo. A interpretação de Engels da simultaneidade histórica e lógica do livro 1 de O Capital é a dominante nos cem anos que sucederam a primeira publicação deste livro. Contra o pano de fundo de sua concepção de reflexo, Engels interpreta o primeiro capítulo de O Capital como uma apresentação simultaneamente lógica e histórica da “produção simples de mercadorias” que se desenvolve no sentido das relações de trabalho assalariado capitalista, “apenas despido de sua forma histórica e desviando das ocorrências casuais”. O termo “lógico” neste contexto não significa basicamente nada além de “simplificado” (ELBE, 2013, p. 5/13)4.

A interpretação engelsiana da crítica da economia política marxiana como uma obra fundamentalmente histórica, apenas refletindo “logicamente” o desenvolvimento histórico é o fundamento da tese de Hilferding de que “de acordo com o método dialético, a evolução conceitual corre em paralelo com a evolução histórica” (HILFERDING apud ELBE, 2013, p. 5/13). Mesmo um dos marxismos dissidentes, o chamado marxismo ocidental, seguiu em grande medida esta tese de Engels-Hilferding. O principal resultado desta tese é a visada ao passado com categorias e conceitos próprios das sociedades capitalistas. Toda a história humana passa a, indiferentemente, ser uma história da apropriação do trabalho alheio. Entretanto, a especificidade das categorias valor e dinheiro são inteiramente subestimadas e a distinção marxiana entre valor e forma valor fica inteiramente obscurecida5. Até os anos 60, os teoremas de Engels continuam a ser transmitidos sem disputas. Junto com sua fórmula (uma vez mais tirada de Hegel) da liberdade como sendo a consciência da necessidade, e os paralelos esboçados entre as leis naturais e os processos sociais, eles deram sustentação para um “conceito de emancipação” sócio-tecnológico de acordo com a seguinte premissa: a necessidade social (sobretudo a lei do valor), que opera anarquicamente e descontroladamente no capitalismo será, por meio do marxismo como ciência das leis objetivas da natureza e da sociedade, gerenciadas e aplicadas de acordo com um plano. Não o desaparecimento das determinações de forma capitalistas, mas, antes, seu uso alternativo é o que caracteriza este “socialismo de adjetivos” (termo de Robert Kurz) e esta “economia política socialista” (ELBE, 2013, p. 5/13).

2.3 A crítica do estado restrita ao conteúdo 4 As aspas indicam citações de Engels de sua resenha à Contribuição à Crítica da Economia Política (1859) de Marx. 5 A observação de Marx em uma nota de O Capital (1996, p. 205, n. 119) contra Smith e Ricardo, caberiam, pois, como uma luva para o próprio Engels e seus seguidores.

Observações engelsianas sobre o estado também encontramos em Anti-Dühring, Ludwig Feuerbache Origens da família, da propriedade privado e do Estado (1884). Estes trabalhos são os cânones do marxismo tradicional a respeito do tema, sendo tanto tomados como chaves da leitura para os textos do próprio Marx quanto amalgamados indiferentemente com estes6. Em Ludwig FeuerbachEngels afirma que o fato de todas as necessidades nas sociedades de classe serem articuladas através da vontade do estado é “o aspecto formal do tema – aquele que é autoevidente”. A questão principal para uma teoria materialista do estado, entretanto, é “qual é o conteúdo desta vontade meramente formal?” A resposta desta questão, baseada puramente baseada em conteúdo, concernente à vontade do estado é para Engels o reconhecimento de “que na história moderna a vontade do estado é, como um todo, determinada pelas necessidades cambiantes da sociedade civil, em face da supremacia desta ou daquela classe, em última análise pelo desenvolvimento das forças produtivas e das relações de troca” (ELBE, 2013, p. 5/13)7.

GertSchäfer (1990, p. 99) já havia compreendido bem os limites desta concepção engelsiana: Mais tarde [em relação a 1886, JN] Engels assegurou que “nós todos” colocamos e tínhamos que colocar “o acento principal na dedução das ideias políticas, jurídicas e semelhantes, bem como nas ações mediadas através destas ideias, a partir das relações econômicas básicas”. “E ao fazer isto descuidamos do lado formal em benefício do conteúdo: o modo como estas ideias, representações, etc., surgem”. Engels considerou esta falta de mediação entre conteúdo e forma (“sempre dei por esta falta post festum”) como um dos “lados da coisa, a qual... todos nós descuidamos, muito mais do que ela merecia” (Engels a Franz Mehring, 14/07/1893).

Retomando as observações de Schäfer, Elbe percebe que, para Engels, o estado e seus desdobramentos políticos e jurídicos passam a ser explicados quase que inteiramente pelo seu respectivo poder e pertencimento de classe. “A partir deste modo de considerar o estado históricouniversalmente fixado no conteúdo, pode-se deduzir que Engels perde de vista a questão realmente interessante, nomeadamente, sobre o porquê do conteúdo de classe no capitalismo tomar a forma específica da autoridade pública” (2013, p. 5/13).

6 Para um estudo marxológico que separa cuidadosamente as considerações de Marx das de Engels a respeito do estado, cf. TamyPogrebinschi (2009), para um estudo confrontando os textos de Marx e os de Engels, cf. Norman Levine (1975). 7 As aspas indicam citações de Engels de Ludwig Feuerbach.

O resultado mais importante desta visão estreita do marxismo tradicional é que ele concebe o planejamento econômico estatal e a socialização direta como equivalentes. A tarefa do movimento operário passaria a ser “comandar” o poder centralizador, planejador e monopolizador advindo do desenvolvimento mesmo do capitalismo, alterando-lhe somente o conteúdo classista, que, ademais, seria uma consequência natural da “obsolescência” da classe burguesa. E aqui novamente, caberia uma longa mas crucial observação de GertSchäfer: Engels (também Hilferding e Lenin) confunde a sociabilidade específica da produção capitalista de mercadorias e o seu modo característico de planejamento com a produção imediatamente social. A “produção” capitalista “privada” não desaparece pelo simples fato de ser um capital da sociedade, “produção para a conta associada de muitos” capitalistas. Não se elimina a “inexistência de planificação” no capitalismo a partir do momento em que os trusts e outras formas semelhantes de organização do capital passam a conceber planos em larga escala. De fato, Engels tinha empregado um conceito de produção privada que se referia àquilo que hoje chamamos de capitalismo do empresário, e a “falta de planejamento” era entendida por ele num sentido limitado; no seu entender, o fim da “falta de planejamento” dar-se-ia através do controle de mercados tal como é exercitado nos trusts, o qual permite um planejamento de vendas, das quantidades e dos preços, o que coloca em cheque a ideia de que a livre concorrência constitui a forma única e absoluta de movimentar o capital. Entretanto, Engels passou ao largo do problema decisivo, que é o da relação da lei do valor com as novas formas assumidas pela monopolização e pela intervenção estatal; e mais tarde Lenin identificou falsamente a “anarquia” do modo capitalista de produção com a efetividade desenfreada da “anarquia do mercado”, com o assim chamado capitalismo da concorrência (SCHÄFER, 1990, p. 132-133).

O estado, concebido apenas por intermédio de uma fixação de conteúdo, passa a ser determinado inteiramente pela classe social que tem dominância sobre seu aparelhos, sendo as classes, por sua vez, determinadas sobretudo pela propriedade privada dos meios de produção; sendo esta última determinação, não obstante, inelutavelmente jurídica ela própria. Lenin escrevia com toda clareza em 1917 que para ele “transição socialista” significava que “todos os cidadãos se tornam empregados e operários de um só truste universal de Estado”, e assim, a “sociedade inteira não será mais do que um grande escritório e uma grande fábrica, com igualdade de trabalho e igualdade de salário” (LÊNIN, 2011, p. 153). Este pode ser visto como um desenvolvimento político-prático da “crítica” engelsiana do estado. 2. ELEMENTOS CENTRAIS DOS MARXISMOS DISSIDENTES

Os anos 20 do século XX assistiram a uma forte retomada criativa da crítica anticapitalista e, no seu ensejo, de leituras mais próximas dos textos de Marx e que abririam novas chaves para sua leitura. Quatro obras se destacam como representativas deste momento: História e Consciência de Classe (1923) de GeogLukács, Marxismo e Filosofia (1923) de Karl Korsch, A Teoria Geral do Direito e o Marxismo, de EvgenyPachukanis (1924) e A Teoria Marxista do Valor (1924) de IsaakIlitch Rubin. As duas primeiras obras, do jovem Lukács e a Korsch foram fundadoras daquilo que Merleau-Ponty chamou de “marxismo ocidental” (2006)8. A redescoberta das duas últimas obras nos anos 60 foram propulsoras de outra vertente de marxismo dissidente, a Nova Leitura de Marx que, por seu turno, recebeu forte influência do marxismo ocidental. Intelectuais como Georg Lukács (1895-1971), Ernst Bloch (1885-1977), Karl Korsch (1886-1961), Antonio Gramsci (1891-1937), Max Horkheimer (1895-1973), Theodor Adorno (1901-1969), Herbert Marcuse (1889-1979), Alfred Sohn-Rethel (1899-1990), Lucio Coletti (19242001), Henri Lefebvre (1901-1991), Galvano Della Volpe (1895-1968) e Louis Althusser (19181990) têm em comum o fato de que propuseram novas leitura e fronteiras para o pensamento anticapitalista que iam além dos cânones do marxismo-leninismo. Gramsci, por exemplo, criticava a uso da Revolução Russa de Outubro como paradigma de revolução para o ocidente. Lukács esclareceu em grande medida a real posição teórico-crítica de Marx a respeito da dialética e do materialismo, para além de algumas das distorções e reduções do engelsianismo, tarefa também que se deu Karl Korsch. Alguns importantes aspectos do marxismoleninismo, porém, permaneceram no chamado “marxismo ocidental”, como por exemplo, em Lukács e Gramsci a centralidade do papel revolucionário para o proletariado fabril (ELBE, 2013, p. 6/13). Para Elbe, entretanto, o marxismo ocidental pode ser caracterizado também pelo que ele silenciou sobre: A característica geral desta formação marxista – sua sensibilidade para o legado hegeliano e o potencial crítico-humanista da teoria de Marx, a incorporação de abordagens “burguesas” contemporâneas para elucidar a grande crise do movimentos dos trabalhadores, a orientação para a metodologia, a sensibilização para os fenômenos psicossociais e culturais em conexão com a questão referente às 8 A expressão “marxismo ocidental”, como lembra Elbe, parece ter vindo logo que História e Consciência de Classe foi publicado. Ela serve como referência geral mas já foi bastante e acertadamente criticada como referência a um conjunto de teses ou uma “escola”. O uso da expressão foi consagrado por Perry Anderson (1976)

razões para a falha da revolução no “ocidente” - provê a estrutura para um novo tipo de exegese restrita de Marx. Esta se caracteriza essencialmente pela negligência em relação aos problemas da política e da teoria do estado, uma seletiva recepção da teoria do valor de Marx, e a predominância de uma “ortodoxia silenciosa” concernente à crítica da economia política. (…) Até meados dos anos 60 parece que nenhum marxista ocidental extendeu seu debate com as tradicionais interpretações de Marx para o domínio da teoria do valor (ELBE, 2013, p. 6/13).

De acordo com o competente estudo panorâmico realizado pela revista/coletivo Endnotes, das retomadas da leitura de Marx, em especial de O Capital nos anos 609, se destacam aquelas realizadas pela Nova Leitura de Marx [neue Marx-Lektüre] na Alemanha. As principais razões para a vantagem da releitura alemã de Marx, segundo Endnotes é que: … o grande recurso cultural que Marx usava na crítica da economia política – o idealismo clássico alemão – não estava sujeito aos mesmos problemas de recepção do pensamento hegeliano que em outros países. Assim, enquanto na Itália e na França as novas leituras de Marx tendiam para um preconceito anti-Hegel como reação em face dos modismos hegelianos anteriores e contra o “marxismo hegeliano”, os debates alemães conseguiram esboçar um quadro mais matizado e informado do vínculo Marx-Hegel. Um fato crucial foi que eles viram que ao descrever a estrutura lógica da totalidade real das relações capitalistas, Marx em O Capital ficou em dívida não tanto com a concepção de Hegel de história dialética, mas com a dialética sistemática da Lógica. Assim, o novo marxismo crítico, algumas vezes denominado depreciativamente de Kapitallogik tinha menos em comum com o marxismo crítico anterior de Lukács e de Korsch do que com o de Rubin e Pachukanis. A Nova Leitura de Marx não era uma escola homogênea mas uma abordagem crítica envolvendo sérios argumentos e discordâncias que não obstante compartilhavam um certo direcionamento (ENDNOTES, 2010, p. 5/17)

Três são os autores mais expressivos deste primeiro momento da Nova Leitura de Marx: Hans-Jürgen Krahl10 (1943-1970) cujos escritos mais importantes foram recolhidos em Constituição e Luta de Classes ([1971], 2008), Hans-Georg Backhaus, cuja obra principal, que foi gestada desde esses anos é Dialética da forma-valor ([1997], 2011) e Helmut Reichelt, o mais conhecido deles, cuja obra Sobre a estrutura lógica do conceito de capital em Karl Marx (2013) , pode ser apontada como a mais importante da primeira “rodada” de debates da Nova Leitura de Marx. Krahl, Backhaus e Reichelt significam tanto uma ruptura quanto um desenvolvimento da reflexão

9Outras releituras importantes deste momento foram as de Tronti e do obreirismo na Itália e a do estruturalismo de Althusser na França, que, todavia, estão mais próximas das tentativas de releitura de Marx do marxismo ocidental e de seus limites. 10Curiosamente, Krahl foi um dos líderes do movimento estudantil antiautoritário que interrompeu uma aula de Adorno em protesto, e Adorno, em resposta, chamou a polícia em um polêmico episódio que antecedeu sua morte em 1969. Krahl morreu em um acidente de carro no ano seguinte.

filosófico-crítica da Escola de Frankfurt. Mais ainda: a Nova Leitura de Marx rompeu definitivamente com os limites engelsianos que comprimiam a leitura dos textos de Marx e as críticas do capitalismo delas derivadas. Nos debates alemães, e subsequentemente internacionais, a autoridade de Engels – assim como do marxismo tradicional que dela dependiam – foi compreensivamente desafiada. A Nova Leitura de Marx argumentava que nem a interpretação engelsiana, nem qualquer uma das modificações a ela propostas fez justiça ao movimento por trás da ordem e do desenvolvimento das categorias em O Capital. Em lugar de um avanço partindo de um estágio não-capitalista, ou um modelo simplificado hipoteticamente da produção mercantil simples até chegar a uma etapa posterior, ou um modelo mais complexo de produção capitalista de mercadorias, era preciso captar o movimento de O Capital como uma apresentação da totalidade capitalista desde o princípio, que se movia do abstrato ao concreto. Em Sobre a estrutura lógica do conceito de capital de Karl Marx Helmut Reichelt desenvolveu uma concepção que, de um modo ou outro, agora é fundamental para os teóricos da dialética sistemática: que a “lógica do conceito de capital” como processo autodeterminado corresponde a ir para além de si do conceito da Lógica de Hegel. De acordo com este ponto de vista o mundo do capital pode ser considerado como objetivamente idealista: por exemplo, a mercadoria como uma coisa “suprassensível ainda que sensível”. A dialética da forma-valor mostra como, partindo da forma-mercadoria mais simples, os aspectos materiais e concretos do processo da vida social estão dominados pelas formas sociais abstratas e ideais do valor (ENDNOTES, 2010, p. 6/17).

Saído diretamente do debate aberto pela Nova Leitura de Marx, o assim chamado “debate derivacionista” recolocou em questão o problema do estado, de um modo profundamente divergente do modo engelsiano-leninista. O modo distinto conforme o qual Pachukanis colocou o problema foi redescoberto. Lembremos da proposição pachukaniana: O conceito de direito é aqui [em Plekhanov] considerado exclusivamente do ponto de vista de seu conteúdo; a questão da forma jurídica enquanto tal não é colocada. Contudo não há dúvida de que a teoria marxista não deve apenas examinar o conteúdo concreto dos ordenamentos jurídicos nas diferentes épocas históricas, mas fornecer também uma explicação materialista do ordenamento jurídico como forma histórica determinada. Se renunciarmos à análise dos conceitos jurídicos fundamentais, obteremos apenas uma teoria jurídica explicativa da origem do ordenamento jurídico a partir das necessidades materiais da sociedade e, consequentemente, do fato de que as normas jurídicas correspondem aos interesses de tal ou qual classe social. Mas o próprio ordenamento jurídico permanece sem ser analisado enquanto forma, apesar da riqueza do conteúdo histórico que introduzimos neste conceito (PASUKANIS, 1988, p. 18-19).

Ainda que não se mostre consciente disso, Pachukanis colocou as premissas engelsianas

em cheque, de um modo muito semelhante àquele de Isaak Rubin (1980) ao tratar dos problemas da crítica da economia política11. É por esta picada que avançam os autores dos debates derivacionistas, dentre os quais se destaca Joachim Hirsch (1990, 2010)12. Baseando-se na obra pioneira de Pachukanis, os participantes do debate da derivação do estado captaram a separação entre o “econômico” e o “político” como elemento próprio da dominação capitalista. Isto implicava que, longe de ser considerada como o estabelecimento de uma economia socialista e de um estado obreiro, como preconizava o marxismo tradicional, a revolução devia ser entendida como destruição tanto da “economia” como do “Estado”. Apesar do caráter abstrato (e as vezes acadêmico) destes debates, começamos a ver agora como na Alemanha o retorno crítico a Marx sobre a base das lutas do final dos anos sessenta teve consequências concretas (e muito radicais) para a forma que concebemos a superação do modo de produção capitalista (ENDNOTES, 2010, p. 7/17)

CONSIDERAÇÕES FINAIS O debate aberto pela Nova Leitura de Marx, que pode ser caracterizado pelo recurso à dialética sistemática da forma valor se espalhou a seguir por vários países, sem que necessariamente possamos encontrar nisso uma relação de influência direta, mas de simultaneidade. Diversos autores mais ou menos ligados a movimentos sociais e mais ou menos acadêmicos, se detiveram nas questões postas pela crítica marxiana das formas sociais do valor. Estes autores podem ser relacionados aqui no que segue (de modo não exaustivo): Roman Rosdolsky (2001), Cristopher Arthur (2004), Alfredo Saad-Filho (2002), Werner Bonefeld (1992), Michael Eldred (2010), Michael Heinrich (2004), Patrick Murray (2005), GeertReuten (2005), Fred Moseley (2004), FeltonShortall (1994), Ruy Fausto (1983, 2002), Tony Smith (1993), Claudio Napoleoni (1980, 1988), Jean-Marie Vincent (1987), Ingo Elbe (2010, 2013), Massimo De Angelis (2007), e, a nosso juízo, em destaque: Slavoj Žižek (2012, 2013), MoishePostone (2006, 2014), John Holloway (2003, 2013) e KojinKaratani (2003, 2014), além da Nova Crítica do Valor, com autores como Robert Kurz (1993, 1997, 2003, 2004, 2005a, 2005b) e AnselmJappe (2006, 2013) para nomear apenas dois.

11 Como faz notar Endnotes (2010, p. 16/17, n. 51), Rubin pouco influenciou os debates alemães inicialmente. 12 Para materiais sobre o debate derivacionista cf. (HOLLOWAY & PICCIOTO, 1978).

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Comunización

y

teoría

de

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RESUMO Neste artigo temos a pretensão de apresentar em linhas gerais as teses defendidas pela Nova Crítica do Valor (NCV), além de referências sobre alguns de seus precursores. Pela designação NCV entendemos uma frente da batalha de ideias anticapitalistas, que surgiram e se desenvolvem em torno de coletivos teóricos que se apresentam publicamente sobretudo por intermédio de publicações abertas, em especial as revistas alemãs Krisise Exit!. Palavras-chave: Crítica do valor, crítica do trabalho, pós-marxismo. ABSTRACT In this article we claim to present an overview of the theses defended by the New Critique of Value (NCV), and references to some of their precursors. By NCV we mean a field of the battle for anti-capitalist ideas that emerged and developed around theoretical groups that present

themselves publicly through open publications, in particular the German journals Krisis and Exit!. Key-words: Critique ofValue, critique of labor, post-Marxism.

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