O que é exclusão social sob ótica psicológica

July 4, 2017 | Autor: Harley Pacheco | Categoria: Desigualdades Sociales, Exploração, Exclusão social
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O que é exclusão social sob ótica psicológica What is it Social Exclusion under psychological perspective

Harley Pacheco de Sousa

Harley Pacheco de Sousa Graduado em Psicologia pela Universidade São Marcos. Rua Vicente Siebra, 2336 – Itapipoca – Ceará. E-mail: [email protected] Resumo: O presente artigo pretende demonstrar o conceito de exclusão social e apontar novas compreensões acerca deste. Para cumprir o objetivo faz uma analítica investigação de autores que tratam especificamente de fatores inerentes à exclusão. Deseja fomentar estudos mais profundos sobre o tema, além de ser um facilitador no processo de reflexão e o desenvolvimento de práticas societárias mais amplas. Palavras Chaves: Exclusão Social. Exploração. Desigualdade Social. Abstract: This paper aims to demonstrate the concept of social exclusion and point to new understandings about the phenomenon. To fulfill the objective makes an analytical investigation of authors who deal specifically with factors inherent in the exclusion and want to encourage further study on the subject, in addition to being a facilitator in the process of reflection and the development of broader societal practices. Key Words: Social Exclusion. Exploration. Social inequality.

A questão da exclusão social no Brasil é um tema recorrente na literatura cientifica em diversas disciplinas. Por conta da sua abrangência territorial e por todas as questões intimamente ligadas a esse fenômeno como o não acesso a educação, a não possibilidade de usufruir do consumo, não ter acesso a moradias entre outros, estudos nesse sentido mostram sua relevância social. O presente artigo de modo geral à medida que enseja ser um facilitador no processo de reflexão pretende também, fomentar estudos que culminem em práticas efetivamente mais inclusivas e mais especificamente se propõe a demonstrar o conceito de exclusão social, além de argumentar sobre o que se pode fazer para combatê-la. A pesquisa anual da (PNAD)1 do (IBGE)2 demonstrou que em 2011 o Brasil atingiu o menor nível de desigualdade social, desde o inicio das séries históricas, em 1960. Mesmo diante dessa melhoria aparente a desigualdade brasileira está entre as mais altas do mundo. A diminuição da desigualdade é medida pelo coeficiente de (GINI)3 que passou de 0,594 em 2001, para 0,518 em 2009 e 0,501 em 2011, exibido pelo (IBGE). Nesse índice quanto mais perto de zero, menor a desigualdade entre os ricos e pobres. É perceptível uma melhora, mas ainda não uma solução. Em 2011 o (IDH) Índice Desenvolvimento Humano brasileiro divulgado anualmente através do Relatório Do Desenvolvimento Humano (RDH) do (PNUD) Programa das Nações Unidas era de 0,719 com isso o Brasil ficou na delicada 84ª posição entre 187 países. Em 2009 o Brasil alcançou a menos desagradável 75ª posição com 0,813, mas em 2010 o Brasil regrediu e se situou em 85ª colocação, por isso o Brasil é considerado um país mediano em desenvolvimento humano. 1

Pesquisa Anual por Amostra de Domicílios. Instituto Brasileiro De Geografia E Pesquisa. 3 É o método para mensuração das desigualdades sociais que quando aponta um numero próximo à zero propõe que a desigualdade está próxima de zero. 2

No Brasil a população mais rica soma-se 10% do todo e a renda média dessa minoria é de aproximadamente 28 vezes a renda média da população mais pobre, essas informações colocam o Brasil em situação deselegante no índice de desigualdade de renda mundial segundo Barros, Henriques e Mendonça, (2001). Abranches et. col. (1989) defendeu que o conceito de exclusão social é oriundo da desigualdade de renda existente entre as pessoas de uma sociedade. Sendo assim, o Brasil pode ser considerado em vias de fato um entre os países mais desiguais do mundo. O termo exclusão social tem sua gênese na frança em publicações de René Lenoir (1974 apud Oliveira 2004), ainda que não houvesse fundamentações teóricas convergentes com atual concepção dos termos. O Brasil segundo Ribeiro (1995) nasceu e floresceu sob condições de exploração e espoliação, mas somente na década de 80 segundo Nascimento (1993) por conta do regime político e os ciclos econômicos recessivos que as questões sociais tiveram seu eco amplificado. Nascimento (1993) argumentou que foi nessa época que os sinais evidentes da piora nas condições de vida dos brasileiros chamaram atenção de estudiosos daí emergiu a necessidade de estudos e soluções acerca desta problemática. O conceito de exclusão social amplifica as dimensões analíticas da pobreza e desigualdades, além de amplificar uma diversidade mais ampla de problemas como violência urbana e demasiada população de rua. Portanto, compreender o conceito de exclusão social é de suma importância para o desenvolvimento de atuações efetivamente mais inclusivas e que combatam efusivamente os problemas a esse fenômeno inerente. Exclusão Social Gershman e Irwin (2000, p. 16) defenderam que exclusão social é: “o processo pelo qual indivíduos ou grupos são total ou parcialmente excluídos de participarem integralmente da sociedade em que vivem”. Contextualizando tal argumento no presente cenário brasileiro é possível perceber analisando o mapa da exclusão social elaborado por Sposati (2000) que mesmo sob alegação dos governantes acerca das soluções para esse problema a real solução para esse impasse está longe de ser cumprido. Ribeiro (1995) defendeu que o povo brasileiro sofreu um processo profundo de degradação do caráter de homem, que esse fenômeno acentuou-se no período de abolição da escravatura, pois a população antes escravizada foram amargamente condenados à dignidade de lutadores por melhores condições enquanto os senhores condenados ao opróbrio de lutadores pela manutenção da desigualdade e da opressão, sendo essa cultura de povo explorado e espoliado sendo gradativamente legitimada e naturalizada por isso sobrevivendo até atualidade. Diante desse contexto podemos perceber que Escorel (1999) enquadra-se com perfeição nos moldes de exclusão brasileira. Escorel (1999, p. 75) definiu exclusão como: Processos de vulnerabilidade, fragilização ou precariedade e até ruptura dos vínculos sociais em cinco dimensões da existência humana em sociedade: ocupacionais e de rendimentos, familiares e sociais proximais, políticas ou cidadania, culturais e no mundo da vida onde se inserem os aspectos relacionados com a saúde.

No cenário de relações entre pessoas no Brasil notam-se facilmente as desigualdades entre as classes sociais. Podemos perceber que alguns privilegiados participam de certas regalias enquanto que a maioria da população vive refém de uma sociedade pobre, violenta e reprimida muito a quem do que realmente necessita para despojar minimamente da vida. A exclusão social consiste na ausências de regalias financeiras, mas tem como uma das questões mais centrais alguns de seus produtos finais como a concentração de critérios sociais de discriminação, estigmatização e exclusão de certos grupos cotidianos necessários como a universidade por exemplo. Popey et. col. (2008, p. 36) argumentou que exclusões sociais: Produzem uma distribuição injusta de recursos e acessos desiguais a capacidade e direitos de: criar as condições necessárias para que todas as populações tenham e possam ir além das necessidades básicas, garantir a paz e os direitos humanos e sustentar sistemas ambientais.

Portanto, necessitamos pensar em meios para combater a exclusão social. Como combatê-la Para tais órgãos e grupos poderiam focar-se em preocupações voltadas a ações em favor de grupos excluídos em situações extremas, desconsiderando os processos causais e preconizando políticas focalizadas. Entretanto, sem esquecer-se das causas dos processos que germinam as exclusões. Popey et. col. (2008, p. 37) argumentou que podemos nos centrar nas relações de poder, na mediação e intervenção atuando nas consequências, além de agir sobre a gênese das questões multidimensionais e intersociais fornecendo novas compreensões sobre as determinantes nos quesitos saúde, políticas e relações propondo não apenas ações reparadoras, mas também ações focadas nas causas. Considerações Finais Defendemos que os excluídos sejam vistos não apenas como rejeitados física, geográfica ou materialmente, mas como riquezas espirituais, de experiência e vivência, de valores e conhecimento. Sejam vistos não como sujeitos excluídos, mas como pessoas que podem agregar a sociedade com seus saberes e que tenham acesso à educação, saúde e a todas as condições necessárias para participar das atividades da sociedade, sem rótulos, estigmas próprios de excluídos, mas como cidadãos donos de seus próprios destinos e possuidores do direito de usufruir todas as regalias que o capital e a harmonia das relações podem oferecer. Referências ABRACHES, S. H, et. col. (1989). Política Social e Combate a Pobreza. 2ª ed. Zahar. Rio de Janeiro. IBGE (2011). Pesquisa Nacional de Amostra de Domicilio 2011, acesso em 13 dez de 2012 em:http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticias_visualiza.php?id_noticia =2222&id_pagina=1 .

BARROS, R.P, HENRIQUES, R. E MENDONÇA, R.A, (2001). A Estabilidade Inaceitável: Desigualdade E Pobreza No Brasil. IPEA. ESCOREL, S. Vidas Ao Léu: Trajetórias De Exclusão Social. Fiocruz. Rio de Janeiro. GERSHMAN, J E IRWIN, A. (1995) Gettinh A Grip On The Global Economy. In Irwin, A & Gershman, J. Dying For Growth; Global Inequality And The Helth Of The Poor. Cambridge. IDH – (2011) Relatório de Desenvolvimento http://www.pnud.org.br/IDH/DH.aspx

Humano



acessado

em:

OLIVEIRA, A. R, (2004) Sobre o alcance teórico do conceito “exclusão”, Civitas, 4, nº1, acessado em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/viewFile/52/1726 POPEY, J. et.col (2008) Understand And Talckling Social Exclsion. Final Report to the who commission on social determinants of health from the exclusion knowledge. RIBEIRO, D (1995). Brasis: O Povo Brasileiro: A Formação e o Sentido do Brasil in Darcy Ribeiro (orgs.), Classe, Cor e Preconceito. 2º ed. Companhia das letras. São Paulo. SPOSATI, A. (2000). Mapa da Exclusão Social, em:http://www.dpi.inpe.br/geopro/exclusao/oficinas/mapa2000.pdf

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