O que é Globalização

June 1, 2017 | Autor: B. Marinho da Mata | Categoria: Globalization
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O que é Globalização? A Globalização explanada no sentido prático que lhe atribuímos é o não reconhecimento imediato de qualquer constrangimento físico e/ou inerentemente cultural no acesso a um determinado produto e ao contacto com um determinado indivíduo ou grupo de indivíduos, ambos de origem geográfica variada e dispersa. Ou seja, temos num primeiro plano a integração económica global, que permite as “transacções de humanidade”1 fomentadas e intermediadas pelas leis da procura e da oferta desse novo mercado globalizado, traduzindo-se num crescente envolvimento sociocultural de per se das massas populacionais numa cultura de hábitos que ultrapassa as instituições seculares do local e do tradicionalmente herdado. A postura no mundo globalizado é adquirida A globalização quase nos reporta para a imagem das Feiras da região de Champanhe do século XIII em França que por força do fluxo comercial do elo norte-sul estabelecido entre as repúblicas mercantis do Norte de Itália como Veneza e Génova e a região da Flandres e Liga Hanseática uma proto-ecúmena de povos culturalmente diferentes com interesses comuns, culminando na difusão de uma cultura comercial europeia, a reabertura de portos fluviais e marítimos e na instituição de um câmbio comum (a letra de câmbio) e de um sistema financeiro fiduciário inspirador do contemporâneo. Na actualidade, toda esta dinâmica de cooperação extrapola o sequer imaginado na época pois a mobilidade entre antípodas se faz em cerca de vinte e quatro horas e a própria convivência entre indivíduos se baseia em códigos escritos de normas universais2 sob a égide de OI’s3, como a ONU4 e seus organismos reguladores das relações entre os estados e dos estados com os próprios indivíduos. Isto, porque se a “desterritorialização”5 é um fenómeno derivado do fenómeno maior que é a Globalização, o indivíduo supera a noção e importância do Estado enquanto corpo administrativo e representativo do colectivo histórico originário em que se inseria a partir do momento em que é consumidor e exerce a prerrogativa de globalizar, salvo a

Giddens (1990) in RODRIGUES, Teresa, “ Aula 2 -A Globalização. O conceito, as dinâmicas e os actores.”(PDF), FCSH-UNL, slide 9. 2 Por exemplo, a Carta Internacional dos Direitos Humanos e a jurisdição global, ressalve-se não universal, do Tribunal Penal Internacional. 3 Organizações Internacionais. 4 Organização das Nações Unidas 5 Scholte (2000) in RODRIGUES, Teresa, “ Aula 2 -A Globalização. O conceito, as dinâmicas e os actores.”(PDF), FCSH-UNL, slide 9 . 1

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expressão, ao consumir um produto cuja produção, transporte e entrega se faz transversalmente ao espaço físico e temporal. Por ironia e termino, se no século XIV foi essa rede de interdependência de capitais, bens e pessoas que contribuiu para que a tríade das fomes, guerras e epidemias condenasse a Europa a um século de devastação, os efeitos sistémicos da globalização comparados por força do poder necessariamente distribuído6 ultrapassarão em momentos de crise sistémica qualquer previsão e capacidade de resposta dos actores do sistema que continua baseado na esfera do internacional. Provas trágicas disso são a questão securitária consequente da guerra civil Síria e a questão sanitária levantada pelo vírus zika, ambas com implicações essencialmente globais. Bernardo Marinho da Mata 2 de Março de 2016 Bibliografia:   

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HAAS, R. The age of Nonpolarity: what will follow US dominance (PDF), Foreign Affairs, Vol. 87, nº 3, Maio-Junho de 2008, pp. 44-56; RODRIGUES, Teresa, Aula 2 -A Globalização. O conceito, as dinâmicas e os actores.(PDF), FCSH-UNL, 2016; PREM Economic Policy Group and Development Economics Group, Assessing Globalization (PDF), World Bank Briefing Papers, April 2000.

HAAS, Maio/Junho de 2008 , p.46

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