“«O que me adivinha o coração»: dizer o futuro em Lágrimas Abençoadas e Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco”

May 24, 2017 | Autor: Ricardo Nobre | Categoria: Romanticism, Portuguese Literature, Prophecy, Camilo Castelo Branco
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Axioma – Publicações da Faculdade de Filosofia

“O que me adivinha o coração”: dizer o futuro em Lágrimas Abençoadas e Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco RICARDO NOBRE Universidade de Lisboa, Centro de Estudos Clássicos

Abstract The article explains how the Portuguese writer Camilo Castelo Branco depicts female characters with premonitory skills in his novels Lágrimas Abençoadas and Amor de Perdição. After placing divination in a broad historical and cultural context since Ancient times, where prediction was part of Religion itself, and in Portuguese linguistic practice, we realise that, in Camilo’s work, the heart is the main organ by which Maria dos Prazeres feels her own future in advance and by which Mariana foresees Simão’s disgrace. However, this ability does not allow these young women to prevent the future from happening nor that they can scape negative fate; so it means that these characters suffer even more and that Romantic love has its procedures. Keywords: fiction characters, premonition, Camilo Castelo Branco, Lágrimas Abençoadas, Amor de Perdição.

1. É muito antiga a ideia de que os deuses conhecem o futuro e que aos homens não é permitido sabê-lo senão por meio de sinais que podem ser adequadamente interpretados, sendo essa diferença a causa de um profundo desnível entre eles (o céu, o divino) e nós (a terra, o profano)1. Com efeito, desde a tradição mesopotâmica até à Alta Antiguidade é possível acompanhar um intenso e rico debate sobre a validade de oráculos, presságios, augúrios, da astrologia, aruspicina, piromancia – cada um destes termos constituindo a análise daqueles sinais em suportes diversos: das vísceras de animais às chamas do fogo. E cada povo tem a sua tendência favorita: Cícero testemunha que os Assírios preferiam interpretar os astros, enquanto os Cilícios eram hábeis a explicar o voo das aves; por seu lado, 1 Platão, O Banquete, 202e-203a; cf. A República, 364a-365a. Na bibliografia deste artigo, indicam-se traduções recentes (infelizmente nem sempre para português) em que se podem ler as obras clássicas referidas no corpo do ensaio.

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os Gregos gostavam de consultar o Oráculo de Delfos2. A adivinhação parece, muitas vezes, confundir-se com a própria religião3, motivo por que a Antiguidade Greco-Romana oferece uma sólida base teórica sobre o assunto: além de Platão e Cícero, sobre formas de prever o futuro escreveram, entre outros, Heródoto, Luciano, Plutarco, os estóicos4 – e até Tucídides5 e Tácito6. Será relativamente fácil alargar a lista de menções e alusões antigas, colher exemplos na literatura clássica, que, plasmando ideias dos seus autores e leitores, lhe faz referência, de que são exemplo a ode em que Horácio persuade Leoconóe a não procurar conhecimentos ilícitos, a aproveitar o dia presente e a não se angustiar com o incerto amanhã7, várias tragédias gregas8 e de Séneca9, ou ainda a experiência iniciática da Sibila de Cumas por que passa Eneias, antes de descer aos Infernos10. Na língua portuguesa, a mesma ideia encontra-se cristalizada em expressões correntes como “o futuro a Deus pertence” e “não se sabe o que o dia

Cícero, Sobre a Adivinhação, 1.1. A discussão dos termos utilizados e a sua contextualização histórica e cultural são feitas por Wardle in Cicero (2006: 90-ss). 3 Uma síntese recente sobre a adivinhação na Grécia antiga foi feita por Johnston (2008). 4 A lista não está, nem pretende estar, completa. Heródoto, em vários momentos das Histórias, refere o uso da adivinhação para conhecer o futuro (e. g. 9.37 e 94-95); devem, todavia, salientar-se os livros II (49-57: origens egípcias dos ritos de adivinhação na Grécia) e IV (67-70: descrição de ritos na Cítia). Luciano é autor do opúsculo Alexandre ou o falso profeta, em que a adivinhação é vista como uma charlatanice (v. especialmente os caps. 8, 11, 19, 22-23, 28-29; cf., do mesmo autor, o 16.º dos Diálogos dos Deuses, entre Hera e Latona). Plutarco testemunha em diversas vidas a importância dada à adivinhação pelos biografados (e. g. Vida de Coriolano, 24 e 32; Vida de Publícola, 13; Vida de Cícero, 32; Vida de Galba, 23). Dos estóicos, sobressaem as observações de Séneca, Questões Naturais, 2.32-38 (cf. 2.59.2). 5 Rhodes (2009: xliii-xlv) tem uma síntese (e indicação de passos pertinentes da História da Guerra do Peloponeso) do pensamento de Tucídides sobre o futuro (as coisas acontecem por acaso). 6 O historiador (Anais 6.22) faz notar a sua dúvida sobre se é o destino ou o acaso que determinam o futuro do homem, fazendo assim menção das doutrinas estóica e epicurista, respectivamente. 7 Horácio, Odes, 1.11. 8 O próprio conceito de tragédia se funda, em grande parte, no conhecimento ou desconhecimento do passado, do presente e do futuro, ou seja, do destino. 9 Em particular aquelas em que Cassandra, filha de Príamo e sacerdotisa de Apolo, é personagem (Ésquilo, Agamémnon, Eurípides, As Troianas; Séneca, Agamémnon e mencionada em As Troianas). 10 Virgílio, Eneida, início do livro VI. 2

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de amanhã nos virá trazer”11 – ao passo que os homens hão-de resignar-se eternamente com o desconhecimento do que está para vir. Dito em antonímia relacional (Chaves 2013: 199), aos homens apenas é possível saber o que se passou, sendo comum a crença ou ilusão de que esse conhecimento permite antever ou antecipar o futuro12. Estas relações podem ser observadas num domínio puramente de linguagem, como na dilucidação do sentido e da história da palavra adivinhar, em que ressoa o verbo latino divino (procedente de divinus, ou seja, “pertencente a deus”, divus), que significa “perceber ou interpretar aquilo que está escondido dos sentidos; praticar a adivinhação”. Também significa “saber por inspiração ou intuição” e “adivinhar” (no sentido de “supor por intuição”). Daqui se extrai a relevante teoria de que o homem somente poderia aceder ao conhecimento por meio dos seus sentidos: o que vê, prova, cheira e toca é aquilo que sabe – uma perspectiva certamente autorizada por um Alberto Caeiro. Para saber o futuro, portanto, seria preciso procurar o conhecimento fora dos cinco sentidos, motivo por que, deste ponto de vista empírico e sem metafísica, é impossível saber o futuro. A etimologia permite alargar estas reflexões a outras palavras, que partilham com adivinhar o mesmo domínio conceptual: profecia (o equivalente grego de predição em latim) é o que se diz antes de acontecer; premonição é um aviso que está à frente do tempo; pressentimento é o que se sente antes de acontecer; previsão é ver algo antes de se concretizar; presságio é sentir uma coisa com antecedência (liga-se a sagacidade13); presunção é o gozo de algo por antecipação mental (em retórica é a antecipação de argumentos do adversário); prognóstico é um saber anterior ao acontecimento. Em comum, na sua origem estas palavras partilham prefixos latinos como pre, prae e ante ou o grego pro, designativos de uma posteridade em relação ao momento da enunciação. Falta lembrar que a própria palavra futuro é gramaticalmente muito significativa por

Expressão corrente e conhecidas últimas palavras de Fernando Pessoa (“I know not what tomorrow will bring”), traduzidas por Saramago (2014b: 129) em As Intermitências da Morte. 12 A propósito da Grécia antiga, Políbio (Histórias, 6.3) nota que é fácil descrever factos passados e é simples prever o futuro com base nesse passado; a complexidade que caracteriza a constituição do sistema governativo de Roma, por seu lado, mal permite descrevê-lo no presente e, como não se conhecem bem as suas origens, é muito difícil antever o futuro. 13 Ernout-Meillet (2001: s. v. sagus) citam Cícero, Sobre a Adivinhação, 1.31.65: sagire sentire acute est (…) futurum ante sentire. 11

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se tratar do particípio futuro do verbo sum: o que vai ser – mas não é; mas não foi. Num sentido afim ao agora referido, parece possível afirmar que o futuro, na sua própria natureza, não aconteceu no passado nem está a acontecer no presente, eixo temporal a partir do qual o sujeito se posiciona no enunciado. Neste sistema de contrastes (de antonímia relacional, como atrás disse), o futuro existe porque existe um passado e um presente em relação aos quais ele se autonomiza. Ora, saber o futuro é uma disforia que colide com a ordem natural do mundo empírico e do senso comum. Talvez seja por isso que, no âmbito da literatura, personagens que sabem além do sensorial sejam capazes de aceder ao conhecimento metafísico em circunstâncias de excepção14 ou em que não participam a razão nem o senso comum; é em situações em que se verifica um abrandamento ou cancelamento da consciência, muito particularmente em sonhos, na experiência de uma sensação física, transe dos deuses ou de Deus – próximo do entusiasmo socrático-platónico que potencia a criação poética, ela mesma fora da razão pelo transporte divino15: se quisesse continuar a malha lexical convocaria agora os verbetes vaticínio e vaticinar, ou seja, “proceder como vate”, unidade lexical que designa à uma poeta e adivinho. Quando a salvo da consciência, as personagens proféticas participam de uma condição especial que lhes permite antecipar (etimologicamente: “captar antes”, ante+capio) o futuro. Uma formulação literária destas ideias é apresentada no romance que José Saramago publicou em 2002. Durante a noite, Helena, personagem de O Homem Duplicado, intui a presença de alguém em casa: “Não há ninguém, pensou, não é possível que esteja alguém aí fora, são imaginações minhas, às vezes acontecem saírem os sonhos do cérebro que os sonhava, então chamamos-lhes visões, fantasmagorias, premonições, advertências, avisos do além, quem respira e anda aí pela casa, quem há pouco se sentou no meu sofá, quem está escondido atrás da cortina da janela, não é aquele homem, é a fantasia que tenho dentro da cabeça” (Saramago 2014a: 193-194). No excerto sugere-se um salto para fora da consciência e da racionalidade ou, em expressão metonímica, do órgão que a materializa: o cérebro. Será, portanto, noutro domínio que estas personagens podem estabelecer uma ligação directa com o futuro ou o desconhecido: a intuição ou, sustentando-me na etimologia do vocábulo, o olhar para dentro de si, reflectindo-se como num espelho – conceito que imaginação e fantasia no texto citado solidificam. Ainda no passo trans-

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Como a Blimunda em jejum, estando lua de feição, em Memorial do Convento. Cf. Platão, Íon, 534a-534b

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crito de O Homem Duplicado, deve realçar-se a circunstância pouco fortuita de as reflexões serem feitas por (ou a respeito de) uma mulher. O mesmo José Saramago havia resolvido essa singularidade com uma explicação física, quando, em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Maria de Magdala sentencia ao protagonista: “As mulheres têm outros modos de pensar, talvez seja por o nosso corpo ser diferente” (Saramago 1991: 405). As vozes narrativas de Saramago não são, portanto, independentes de uma antiquíssima linha de pensamento que confere à mulher o primado da sublime característica da emoção e do sentimento, em forte contradição com o intelecto materialista do homem. 2. Dificilmente terá havido uma época em que essa dualidade (não obstante todas as reservas que reduções nucleares devem suscitar) foi tão evidente como no século XIX; na literatura portuguesa, nenhum autor repercutiu melhor o papel do sentimento como motor da acção feminina do que Camilo Castelo Branco. Por sua vez, no conjunto da novela camiliana, a representação da mulher compreende algumas particularidades que se distanciam da imagem romântica estereotipada, que varia quase maniqueisticamente entre o bem da mulher anjo (projecção terrena da Nossa Senhora16) e o mal da mulher fatal (projecção de Eva17). No entanto, será na dependência da primeira que se prefiguram personagens como as mulheres proféticas, pelos motivos atrás expostos. Na obra de Camilo Castelo Branco, têm especial insistência situações em que momentos de sofrimento se acumulam até ao ponto em que a narrativa se resolve com a expiação dos pecados, sob a forma de penitência. O martírio resulta quase sempre da forma de viver o amor, que pode ser correspondido, permitido pela família – ou não, sendo ainda possível que o casal se conforme com a decisão dos pais e aceite casar. Não obstante, é fundamental notar-se que os pares amorosos sofrem em qualquer destes cenários, ou seja, tanto quando os pais não aceitam a sua ligação (algo que sucede em Amor de Perdição, 1862) como quando a patro-

Considere-se que, no Romantismo português, mulheres capazes de fazer a ligação entre o profano da terra e o sagrado do céu, são sobretudo heroínas de romances, amadas dos protagonistas, como Hermengarda (em Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano) ou Joaninha (em Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett). 17 A mulher fatal, demoníaca e dominadora que seduz o homem, é um verdadeiro tópico comum da literatura romântica (cf., e.g., a viscondessa em Memórias dum Doido, de A. P. Lopes de Mendonça). 16

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cinam18. Um dos poucos exemplos desta circunstância é a obra de 1857 Lágrimas Abençoadas19. Depois da extinção das ordens religiosas, a pobre família de um coronel (“que vos importa o nome?!…”, perguntará o autor textual) das lutas liberais recebe em casa Frei António dos Anjos, que passa a ter grande ascendente sobre a sobrinha Maria dos Prazeres, uma menina que desde o baptismo beneficia da protecção da Nossa Senhora e que com sete anos pressentira a chegada do tio com “calefrios de um entusiasmo juvenil” (Castelo Branco, 1878: 23). Ouvindo a história da vida do frade, Maria sentenciava: “meu tio pode fazer que os homens sejam bons” (Castelo Branco, 1878: 29); e com efeito, um dia, Frei António é desafiado para converter Álvaro da Silveira à virtude (Castelo Branco, 1878: 49), obtendo sucesso quase imediato20. Quando Álvaro conhece Maria, enamora-se da rapariga e, pouco depois, os jovens manifestam intenção de se casar. A mãe e o tio incentivam o enlace, mas o pai dela expressa dúvidas quanto à sinceridade da conversão do moço. Maria dos Prazeres interpreta a oposição do pai (Castelo Branco, 1878: 115) como agenciadora dos sofrimentos que ela tinha pressagiado21 e transformado em poema22 (Castelo Branco, 1878: 57-58), que o narrador anunciara como “a adivinhação do futuro”. Nessa ocasião, Maria tinha confessado a Frei António: “não sei porque estou triste. O meu coração não mo diz, e a minha tristeza nasce-me do coração” (Castelo Branco, 1878: 58)23.

18 No terceiro grupo, pode citar-se Estrelas Funestas, obra em que as personagens Gonçalo e Maria das Dores, apesar de amarem outras pessoas, aceitam o casamento decidido pelos pais. 19 Editada em volume apenas nesse ano, foi redigida em 1852, quando começou a ser publicada. Uso a 3.ª ed, de 1878 (Porto: Cruz Coutinho). 20 A caracterização libertina de Álvaro da Silveira é circunstanciada no cap. IV do livro II, com contornos bastante negativos. 21 “Maria sentiu a desdita que pressentira, um ano antes; compreendeu a significação amarga daqueles singelos versos que fizera nascer uma música triste, filha da sua imaginação” (Castelo Branco, 1878: 117). 22 Nos capítulos iniciais da novela, a mãe da protagonista também antecipa o sofrimento da filha (o narrador emprega termos como pressentimento, presságio e o verbo vaticinar: Castelo Branco, 1878: 11), parecendo adivinhar-se a orfandade e a viuvez (cap. V do Livro I), mas não é isso que acontece. 23 Cf. Castelo Branco, 1878: 78 (“Estou triste (…). Eu adivinho alguma infelicidade”) e p. 99 (“Maria, quando uma vez escrevera uma poesia intitulada PRESSENTIMENTO, dissera tudo quanto podia dizer, vira o futuro quanto podia vê-lo (…). É que o seu poema fora uma profecia de lágrimas nunca represadas”).

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Apesar de o pai da menina vir a autorizar o casamento24, Maria não fica livre do sofrimento, pois engana-se ao considerar a oposição do pai como a causadora da sua infelicidade futura. Cedo, porém, Álvaro se desinteressa da esposa25 e reincide nos vícios do passado26 (Castelo Branco, 1878: 120). Os receios do coronel tornam-se realidade – e o pressentimento de Maria também. Todavia, neste adivinhar do futuro há uma diferença assinalável, que ajuda na distinção entre homem-razão e mulher-intuição: o coronel antecipou o que ia acontecer porque cedo se identificou com Álvaro, tendo percebido pelo seu próprio exemplo que o interesse pela filha seria passageiro, ou seja, tirou o modelo para o que viria a acontecer27. Maria, figura singular que faz a ponte entre o céu e a terra28, apenas pressentiu a desgraça no coração (cf. Castelo Branco, 1878: 11). Além de consistir no centro sentimental do ser humano, o coração funciona, assim, como órgão que potencia a adivinhação feminina29. A figura de Camilo

24 “Casem embora, e queira o céu que eu me arrependa mil vezes de ter agourado mal deste casamento” (Castelo Branco, 1878: 118). 25 Álvaro admite: “Maria não é a mulher, que eu devia procurar. Enganei-me. Foi um desencontro, uma desgraça, uma horrível ilusão! Eu não sou digno dela. (…) O demónio venceu. Sinto-me enfastiado; tenho o gelo da indiferença na alma, violento este sentimento amargo a confessar as virtudes de minha mulher: (…) não posso, ao pé dela, passar um quarto de hora sem fastio” (Castelo Branco, 1878: 125); cf. Castelo Branco, 1878: 126-127. 26 É um gesto semelhante ao que se lê no Romance dum Homem Rico: no capítulo XVI, depois da morte de Miguel, Leonor reincide no comportamento que havia corrigido. 27 A antecipação de eventos por causa da experiência surge com alguma frequência na obra camiliana desde Anátema: “poderia adivinhá-lo quem, por dorida experiência de infortúnios, criasse um método de explicação entre o coração e o terror, o pressentimento e o futuro” (Castelo Branco, 2003: 144). 28 O narrador diz dela: “aos doze anos, mostrava singular desenvolvimento de compreensão. Não se lhe dificultavam as entidades ideais da metafísica, e leccionava seus irmãos na arte de pensar, como se ao seu espírito descessem do céu revelações das que encaminham a razão direita ao alvo das verdades eternas” (Castelo Branco, 1878: 48). É chamada anjo na p. 66, e, mesmo quando confessa o tédio que a mulher lhe provoca, Álvaro diz: “reconheço que é um anjo” (Castelo Branco, 1878: 125). 29 A. Paula Guimarães (1994) analisa como o coração de Simão simboliza o sentimento (cf. Mergulhão, 2011), sem fazer menção particular de corações femininos proféticos. Mais recente, o conjunto de textos Representações do Feminino em Camilo Castelo Branco, abordando o tema sob diversas perspectivas, também não menciona o fenómeno “profético”. Oxalá o presente estudo desperte a curiosidade de outros investigadores para o aprofundamento desta questão, não só na obra de Camilo Castelo Branco. Com efeito, coração/pressentimento parece tratar-se de uma associação eminentemente romântica

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Castelo Branco em que esse poder é mais evidente é Mariana, personagem da obra-prima do Romantismo português, Amor de Perdição30 (1862). A filha de João da Cruz surge na história no momento em que Simão se encontra na casa do ferrador antes de ir uma segunda vez a Viseu ver Teresa. A primeira menção do narrador a Mariana concentra nela características físicas que se repetirão ao longo da obra – “formas bonitas, um rosto belo e triste”31. Antes de lhe reportar o discurso, o narrador descreve a forma como Mariana observa Simão, que a interroga sobre “a causa daquele olhar melancólico com que ela o fitava”. Corando, com “um sorriso triste”, a jovem responde oracularmente: “Não sei o que me adivinha o coração a respeito de Vossa Senhoria. Alguma desgraça está para lhe suceder…” (Castelo Branco, 2006: 135). Estas palavras contribuem de modo muito eficaz para caracterizar a personagem com vincos que fazem dela uma mulher profética. Esses contornos virão a ser repetidos, com variações, ao longo da narrativa, devendo notar-se a insistência do vocabulário empregue, em particular o coração de Mariana, que adivinha a desgraça futura de Simão32. Por conseguinte, pode afirmar-se que é o coração que diviniza a mulher, legitimando que nele se observe a capacidade de adivinhação que excede os sentidos, ou seja, a existência de um sexto sentido, ausente nos homens. Antes da saída de Simão para Viseu, tal como no resto do romance, Mariana, sem impedir a acção do protagonista, pergunta-lhe se “sempre é certo ir” e, à firmeza da resposta, ela encomenda-lhe que “Nossa Senhora vá na sua companhia” (Castelo Branco, 2006: 140). Depois disto, retira-se “para esconder as

(isso mesmo admite Maria de Noronha, na segunda cena do acto II de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett). 30 Sobre a personagem, v. Castro (2006: 54-62; cf. ainda pp. 67 e 71). Consultar Sousa (2015: 33-37) para um “estado da arte” das opiniões sobre Mariana. O autor explica, numa visão psicanalítica (quase clínica), o comportamento da personagem literária, opondo-se à perspectiva geralmente positiva com que a crítica camiliana (Jacinto do Prado Coelho, Luciana Stegagno Picchio, Aníbal Pinto de Castro, Luís Amaro de Oliveira) a tem interpretado. Na citação de Amor de Perdição, utilizo a ed. Caixotim (v. bibliografia). 31 Castelo Branco, 2006: 135. Por seu lado, Teresa é apenas “regularmente bonita” (Castelo Branco, 2006: 108). O carcereiro, sobre Mariana dirá: “Esta é bem mais bonita que a fidalga!” (Castelo Branco, 2006: 212); Rita, a irmã de Simão, em carta, diz ela é uma “bela moça” (Castelo Branco, 2006: 217); o irmão de Simão “tinha reparado em Mariana, e da beleza da moça inferira para formar falsos juízos” (Castelo Branco, 2006: 254). 32 Mariana parece partilhar com João da Cruz este sentido premonitório: “há bocadinho que eu ouvi estar meu pai a dizer a meu tio (…) que tinha suas razões para saber que alguma desgraça lhe estava para acontecer (…) [p]or amor duma fidalga de Viseu” (Castelo Branco, 2006: 136).

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lágrimas”. São estas breves manifestações que anunciam previamente os acontecimentos da narrativa: ao fugaz encontro entre Simão e Teresa (o único em que eles estão efectivamente juntos) segue-se uma retirada em que Simão é alvejado (Castelo Branco, 2006: 148), revelando que o coração de Mariana estava certo33. Nesta ocasião, João da Cruz mata os dois criados de Baltasar. Hospedado na casa do ferrador, Simão é tratado por Mariana, por meio de quem fica a saber os rumores sobre os mortos da noite anterior. Simão confessa “o mau encontro”, e Mariana diz: “E Deus queira que seja o último!… Tanto tenho pedido ao Senhor dos Passos que lhe dê remédio a essa paixão!… O pior futuro eu que ainda está por passar…”; Simão recusa o vaticínio e promete regressar a Coimbra enquanto Teresa “fica em sua casa”. Para que isto venha a acontecer, Mariana admite já ter prometido “dois arráteis de cera ao Senhor dos Passos”, mas confessa, como que antecipando a matéria diegética da obra: “não me diz o coração que vossa senhoria faça o que diz…” (Castelo Branco, 2006: 172). Ainda durante a convalescença de Simão, Mariana revela que o conhece desde o célebre episódio das bilhas quebradas na fonte, mas apenas o voltou a ver quando ele regressou de Coimbra com o arrieiro, irmão de João da Cruz. Nesse instante, Mariana declara: “já sabia que vinha para esta desgraça, porque tinha tido um sonho, em que via muito sangue, e eu estava a chorar”. Simão desvaloriza, e Mariana insiste: “eu nunca sonhei nada que não acontecesse. Quando meu pai matou o almocreve, tinha eu sonhado que o via a dar um tiro noutro homem; antes de minha mãe morrer, acordei eu a chorar por ela, e mais ainda viveu dois meses… A gente da cidade ri-se dos sonhos, mas Deus sabe o que isto é…” (Castelo Branco, 2006: 173). As palavras de Mariana, que instituem o sonho (um dos processos de cancelamento da consciência racional) como meio privilegiado de prever o futuro34, concretizam-se na sequência imediata deste diálogo, com a chegada da notícia de que “O pai arrastou Teresa ao convento” (Castelo Branco, 2006: 174). Simão, num acesso de fúria, redige a Teresa uma carta cheia de animosidade, manifestando a imperiosa necessidade de a arrancar daquele

Por contraste, no dia a seguir ao acidente, Teresa não pressente que alguma desgraça tenha acontecido a Simão (“Deus permita que tenhas chegado sem perigo a casa dessa boa gente”), afirmando desconhecer “o que se passa”, admitindo porém que “há coisa misteriosa que eu não posso adivinhar”, facto induzido porque Tadeu de Albuquerque esteve “toda a manhã fechado com o primo, e a mim não me deixa sair do quarto”. Teresa atribui à vontade de Nossa Senhora a casualidade de ter sido possível enviar a carta por intermédio da pobre a quem ela dá esmola (citações de Castelo Branco, 2006: 156). 34 Plutarco entendia que era a forma mais antiga de adivinhação (Banquete dos Sete Sábios, 159a). 33

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local (Castelo Branco, 2006: 174-175). O ferimento, porém, impede-o para já de agir. Finalmente, também no período em que Simão esteve instalado na sua casa, João da Cruz e a filha apercebem-se de que ele está sem dinheiro e arranjam um estratagema para lhe entregar mais de onze moedas sem que ele as recusasse. Isto implica que o ferrador se ausente algum tempo, causando estranheza ao doente, que pergunta se João da Cruz estaria preso. Mariana responde com informação já conhecida: “Não mo diz o coração, e o meu coração nunca me engana”. É o momento de Simão aproveitar para perguntar: “E que lhe diz o coração a meu respeito, Mariana? Os meus trabalhos ficarão aqui?” Mariana hesita na resposta, mas à insistência de Simão acaba por revelar: “O meu coração diz-me que os seus trabalhos ainda estão no começo… / Simão ouviu-a atentamente, e não respondeu” (Castelo Branco, 2006: 181). A estada de Teresa num convento de Viseu era uma “retenção temporária” (Castelo Branco, 2006: 158), até vir a ingressar no convento de Monchique, no Porto. A menina avisa Simão da impossibilidade de comunicar com ele por causa da transferência (Castelo Branco, 2006: 186). A essa notícia, descontrolado pela fúria, Simão determina atacar a comitiva e capturar Teresa (Castelo Branco, 2006: 187); resolvido ao assalto, há uma ocasião em que a correspondência entre os amantes se faz por via de Mariana35, que chegará com a notícia de que nessa noite Teresa viajará para Monchique, acompanhada do primo Baltasar36. É essa informação que desencadeia a cólera de Simão. Momentaneamente chamado à razão por João da Cruz, o ímpeto do jovem parece ceder (Castelo Branco, 2006: 195); nessa noite, Simão escreve nova carta a Teresa, mas as lágrimas impediram-no de terminar, no instante em que aparece Mariana, que, “em voz abafada, como se a si mesma somente o dissesse”, adianta (Castelo Branco, 2006: 197): – É a última vez que ponho a mesa ao senhor Simão em minha casa! – Porque diz isso, Mariana? – Porque mo diz o coração.

35 Sobre o que Mariana sentiria por Simão para ser mensageira entre ele e Teresa, o narrador exclama: “Que anjo te fadou o coração para a santidade desse obscuro martírio!” (Castelo Branco, 2006: 187). 36 “É impossível fugir, e vou muito acompanhada. Vai o primo Baltasar e as minhas primas, e meu pai, e não sei quantos criados de bagagem e das liteiras. Tirar-me no caminho é uma loucura com resultados funestos” (Castelo Branco, 2006: 192).

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Desta vez, o académico ponderou supersticiosamente os ditames do coração da moça, e com o silêncio meditativo deu-lhe a ela a evidência antecipada do vaticínio.

Tal como na noite em que Simão foi ferido, Mariana tenta demovê-lo da empreitada; sem que tal seja possível, ela encomenda-o a Deus. Pouco depois, para que João da Cruz não arriscasse segui-lo, Simão mente ao ferrador, dizendo não sairá ao encontro de Teresa: “Mariana, submissa sempre ao que o seu coração lhe bacorejava, duvidou da mudança” (Castelo Branco, 2006: 198) e, quando Simão sai furtivamente, Mariana despede-se e roga para ele, mais uma vez, protecção divina: “Eu fico pedindo a Nossa Senhora que vá na sua companhia”. O narrador direcciona a atenção para o interior do protagonista: “ouviu a voz íntima que lhe dizia: – «O teu anjo-da-guarda fala pela boca daquela mulher, que não tem mais inteligência que a do coração, alumiada pelo seu amor»” (Castelo Branco, 2006: 198). Como se apontou, desde o início que Mariana vem adivinhando que Simão caminhava para a perdição, deste modo assegurando a unidade temática da obra em torno do sofrimento experimentado pelas três personagens centrais. No entanto, só a partir deste ponto da diegese os presságios de Mariana (praticamente reduzidos a anúncios agourentos) começam a tornar-se realidade: o momento da mudança é aquele em que Simão assassina Baltasar. Condenado ao degredo, até à partida, permanece preso na cadeia da Relação do Porto, com o amparo providencial de Mariana, a quem chama anjo (Castelo Branco, 2006: 254 e 297), característica que, uma vez mais, a aproxima da divindade37. Quando João da Cruz38 é assassinado, Mariana está na cadeia a servir Simão. É a tia dela quem escreve a dar a notícia. Antes de abrir o sobrescrito, Mariana empalidece e faz uma pergunta que é igualmente indicativa do seu pressentimento: “Meu pai morreria?” (Castelo Branco, 2006: 265). A partir daqui, a acção precipita-se rapidamente para o fim: todas as personagens que tiveram algum protagonismo na obra encontram a morte. Sem pai, Mariana oferece-se para ir como acompanhante de Simão para a Índia, apesar da advertência de que ele não poderia amá-la: “O espírito de Mariana não podia altear-se à expressão do preso; mas o coração adivinhava-lhe as ideias” (Castelo Branco, 2006: 270).

Embora em dado passo, João da Cruz afirme, mas não sem humor, que a rapariga é “da pele de Satanás” (Castelo Branco, 2006: 249). 38 Esta personagem também adivinha a proximidade do momento da morte (capítulo XVII), com evidentes sintomas somáticos. 37

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No capítulo XX, Simão está de partida da barra do Douro e, diante do convento, “viu um rosto e uns braços suspensos das reixas de ferro; mas não era Teresa aquele rosto: seria antes um cadáver que subiu da clausura ao mirante, com os ossos da cara inçados ainda das herpes da sepultura”. Mariana confirma que se trata de Teresa, que expira nesse momento; o narrador acrescenta de imediato que a filha de João da Cruz ouviu “o seu coração dizer-lhe que a alma do condenado iria breve no seguimento daquela por quem se perdera” (Castelo Branco, 2006: 286). Como sempre, o coração de Mariana não mentiu nem se enganou. No capítulo de “Conclusão”, muito doente, Simão deixa descair a cabeça no seio de Mariana e declara: “O Anjo da compaixão sempre comigo!” (Castelo Branco, 2006: 295), vindo a morrer ao largo de Gibraltar, cumprindo-se o último pressentimento do coração de Mariana. Para concluir, parece fundamental observar que este poder de Mariana não é considerado por nenhuma personagem nem pelo narrador como profecia ou vaticínio. Na verdade, este vocabulário está quase ausente do romance, excepto quando se referem, a propósito do futuro de Teresa e Simão, “os vaticínios das profetisas” do convento de Monchique, que antecipavam o futuro em termos que não se vão realizar: “Simão sairia da cadeia, Tadeu de Albuquerque morreria de velhice e de raiva, o casamento seria um acto indisputável, e o céu dos desgraçados principiaria neste mundo” (Castelo Branco, 2006: 272). No Romance dum Homem Rico, este tipo de adivinhação, próxima da bisbilhotice e por isso não se confunde com os pressentimentos de Mariana, também é referida ironicamente: “como fosse notório e vulgar o amor de Álvaro a Leonor, já diziam os arúspices, atarefados em prognosticar a vida alheia, que as segundas núpcias da morgada pobre com o filho único do banqueiro Macedo seriam espectáculo de pouca delonga e muita graça” (Castelo Branco 1992: 162). Em termos narrativos, as intervenções divinatórias de Mariana, bem como os pressentimentos de Maria dos Prazeres, a qual mudaria o nome para Maria dos Anjos39 (concretizando a ligação ao divino) de Lágrimas Abençoadas, constituem indícios que conferem ao relato uma coerência, pois insistem no tópico da desgraça e infelicidade das personagens, criando uma verdadeira retórica do sofrimento: trata-se de um processo de repetição muito eficaz que reitera solidamente o pathos romântico (Ferraz, 2011). Assim, importa sublinhar que, nas obras mencionadas mas não só, o conhecimento antecipado do futuro não impede 39 A mudança é assim referida pelo narrador: “Maria dos Prazeres, ou dos Anjos como a crismaram no convento, para que o sobrenome não fosse uma falsidade, saiu do convento para uma pequena casa, onde seu marido a esperava com a face inundada de lágrimas felizes” (Castelo Branco, 1878: 156).

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o sofrimento; antes pelo contrário – ele constitui um reforço dessa penitência por significar o que a linguagem corrente designa por sofrer por antecipação, a que se junta a angústia por tentar evitar esse destino, como Lágrimas Abençoadas demonstrou. O coração de mulheres como Maria dos Prazeres ou Mariana é uma tentativa de resposta humana à infinita incerteza que é o amanhã. Por meio delas, Camilo Castelo Branco define futuro como “o presente perpétuo da Divindade” (Castelo Branco, 1878: 61). Referências Castelo Branco, Camilo (1878). Lágrimas Abençoadas. 3.ª ed., Porto: Cruz Coutinho. Castelo Branco, Camilo (1979). Estrelas Funestas, ed. Maria Emília Palma Martins. 4.ª ed., Lisboa: Parceria A. M. Pereira. Castelo Branco, Camilo (1992). O Romance dum Homem Rico, ed. Maria de Lourdes A. Ferraz. Lisboa: Livros Cotovia. Castelo Branco, Camilo (2003). Anátema, pref. Ernesto Rodrigues. Porto: Edições Caixotim. Castelo Branco, Camilo (2006). Amor de Perdição, pref. Aníbal Pinto de Castro. Porto: Caixotim. Castro, Aníbal Pinto de (2006). “Prefácio”. In Castelo Branco (2006: 9-75). Chaves, Rui P. (2013). “Organização do Léxico”. In Gramática do Português. Vol. I, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 185-212. Cicero (2006). On Divination. Book 1, trad. introd. e coment. David Wardle. Oxford: Clarendon Press. Ernout, Alfred e Antoine Meillet (2001). Dictionnaire étymologique de la langue latine: histoire des mots. Paris: Klincksieck. Ésquilo (1998). Oresteia: Agamémnon. Coéforas. Euménides, introd. e trad. Manuel de Oliveira Pulquério. Lisboa: Edições 70. Eurípides (2014). As Troianas, trad. Maria Helena da Rocha Pereira. Lisboa: Edições 70. Ferraz, Maria de Lourdes A. (2011). “Camilo e o Romantismo: a retórica do sentimento”. Ensaios Oitocentistas. Porto: Caixotim, pp. 155-171. Garrett, Almeida (1844). Frei Luís de Sousa. Lisboa: Imprensa Nacional.

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