O que os jornalistas pensam que os leitores pensam

September 4, 2017 | Autor: Adriana Santiago | Categoria: Jornalismo, Comunicação Social
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Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo VI Encontro Nacional de Pesquisadores em Jornalismo UMESP (Universidade Metodista de São Paulo), novembro de 2008

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O que o jornalista pensa que os leitores pensam: o efeito de terceira pessoa sobre os produtores da notícia Adriana Santiago1 Resumo: O artigo trata dos efeitos de terceira pessoa (ETP) nos produtores de notícias, questionando se o fenômeno pode influenciar na seleção das informações e, conseqüentemente, propiciar a censura e a espiral do silêncio. Os estudos mais recentes de efeito de terceira pessoa comprovam empiricamente uma tendência geral em julgar o outro mais influenciado pelos meios de comunicação da massa do que julgam serem influenciados a si mesmos. Com base nisto, esta pesquisa parte do questionamento se o mesmo acontece com jornalistas, responsáveis pela filtragem e pelo enquadramento das informações divulgadas pela mídia. Analisar o efeito de terceira pessoa sobre os indivíduos responsáveis por uma etapa tão importante da produção da notícia é uma tentativa de contribuir para os estudos de uma chamada Teoria do Jornalismo, uma corrente epistemológica recente. Palavras-chave: teoria do jornalismo, efeito de terceira-pessoa, censura, espiral do silêncio, newsmaking

Quando um jornalista se depara com uma informação, muitas são as motivações que o impelem a decidir se aquela será uma notícia, e se será publicada. “Não há como contar uma história se o narrador não sabe decidir o que é mais importante. E essa escolha gera os critérios para organizar os relatos. É a lógica da relevância”, como disse Manoel Chaparro2. Algumas destas motivações foram classificadas em pesquisas do campo da comunicação e, mais recentemente, na área dos estudos do jornalismo. Estudam o que Mauro Wolf (2003) chama de newsmaking como critérios de noticiabilidade, valores-notícia e influências organizacionais (linha editorial da empresa, relações econômicas, relações comerciais etc.). Estes e alguns outros estudos do jornalismo, ou da notícia, também são esboçados por Nelson Traquina (2005a, p.146) e Jorge Pedro de Sousa (2002a, 2002b, 2006), embora eles e o demais estudiosos do tema admitam que, para a área, o termo “teoria” seja discutível, porém incontestavelmente há uma linha de estudos emergente no jornalismo onde as perguntas mais freqüentes são “porque as notícias são como são” e “quais seus efeitos”. Nem todos os pesquisadores do jornalismo estão de acordo sobre um tópico vital: existe ou não conhecimento científico e reflexivo suficiente para se edificar uma teoria do jornalismo, centrada no processo de produção, circulação e efeitos da informação jornalística? (...) Uma teoria da notícia deve responder a cinco questões centrais, reduzíveis a duas: – Por que é que as

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Professora da Universidade de Fortaleza (Unifor) e mestranda no Programa de Pos-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Faculdade da Comunicação (Facom) da Universidade Federal da Bahia (UFBA). 2 Manoel Chaparro em entrevista ao Jornal Intercom Notícias, Vol. 3, Nº. 81 (2007)

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-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------notícias são como são e por que é que temos as notícias que temos? – Como circula a notícia, como é consumida e quais os seus efeitos? (Sousa, 2002)

Para Sousa, a resposta a estas perguntas delineia as duas áreas centrais no estudo do jornalismo: a da produção e circulação da notícia e do consumo da notícia, ou seja, dos efeitos da notícia. Assim, nada mais pertinente no momento do conhecimento do que a tentativa deste estudo em contribuir com este campo do conhecimento, pois traz à tona o efeito de terceira pessoa (ETP) e sua influência nos produtores da notícia, que pode intensificar a autocensura ou a espiral do silêncio3 a partir do próprio jornalista, fenômenos que se manifestam além da linha editorial ou dos interesses econômicos da empresa de comunicação. Esta aproximação entre o jornalismo e um dos principais estudos contemporâneos sobre os chamados efeitos ou impactos cognitivos e comportamentais dos meios de massa, os media effects (efeitos de mídia), é uma tentativa de contribuir para a consolidação dos estudos do jornalismo como ciência e a construção deste como campo do conhecimento. Nelson Traquina procura definir o campo jornalístico como “um conjunto de relações entre agentes especializados na elaboração de um produto específico conhecido como informação” (2001, p.20). A pesquisa se faz importante porque este efeito de mídia, ao ser identificado no profissional de jornalismo, o ‘agente especializado’ de Traquina, pode provocar o cerceamento do fazer jornalístico antes de estabelecer qualquer relação com os outros constrangimentos organizacionais, já citados por Wolf (2003). A censura ou a espiral do silêncio põe em risco uma das características mais cultivadas pela categoria, que é a isenção. Um exemplo recente deste apego à isenção está no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros4, aprovado em 2007. O artigo 4º traduz bem este preceito: “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação”. Ao profissional é lançado o desafio de expor a “verdade” nos relatos, o que se torna mais difícil ao considerar que pode estar sob influência dos

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Espiral do Silêncio é o fenômeno descrito por Elisabeth Noelle-Neumann (1984) e pressupõe que as pessoas tentam evitar o isolamento ao associarem-se às opiniões dominantes. Se mantiverem, por algum motivo, um ponto de vista minoritário, tendem a se recolher ao silêncio. 4 O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros foi reelaborado em 4 de agosto de 2007 e pode ser acessado no endereço http://www.fenaj.org.br/federacao/cometica/codigo_de_etica_dos_jornalistas_brasileiros.pdf

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efeitos de mídia5. No caso do jornalista sob o efeito de terceira pessoa a situação fica ainda mais difícil, pois este efeito de mídia é apontado por diversos estudos como um fenômeno facilitador da censura, que vai de encontro aos preceitos de liberdade de expressão e de imprensa. Antes de pertencer a uma categoria profissional, os jornalistas são indivíduos também suscetíveis aos efeitos de terceira pessoa. Mutz e Soss (1997) comprovaram que os meios de comunicação de massa podem influenciar as percepções do indivíduo do seu ambiente social e a percepção deste indivíduo sobre o que os outros acreditam dentro deste ambiente. Se os jornalistas fazem notícias com base no que pensam que o público quer ou pensa, as percepções de como os efeitos de mídia agem sobre si mesmo e sobre o outro pode funcionar como moderadora da produção noticiosa. Mas, até o momento, não há registros científicos de como estes efeitos influenciam os produtores da notícia e reflete a necessidade urgente de estudos que busquem entender os mecanismos de produção da notícia e seus fatores cognitivos, assim como essa notícia mediada chega ao público. A aproximação com o tema se faz necessária, justificando esta pesquisa que tem o objetivo de amadurecer o conhecimento e fornecer caminhos para, no futuro, se alcançar um método eficaz para mensurar este efeito nos jornalistas. Diante do exposto, essa pesquisa quer resgatar como a influência do efeito de terceira pessoa tem sido tratada nas recentes produções bibliográficas, sob a seguinte hipótese: os efeitos de terceira pessoa agem sobre os produtores de notícias influenciando na seleção das informações e, conseqüentemente, propiciando a censura e a espiral do silêncio?

Efeito de terceira pessoa, uma hipótese A hipótese do sociólogo W. Phillips Davison (1983), elaborada ao desenhar uma teoria de opinião pública, afirma que este efeito de mídia provoca ações naqueles que antecipam a reação por parte de uma terceira pessoa e não aos impactos persuasivos diretos da mensagem sobre eles. A idéia tem provocado inúmeros estudos desde então. O próprio autor, ao revisar a hipótese do efeito de terceira pessoa destacou que as necessidades humanas dependem da organização social e esta, mesmo na sua forma mais simples, carece de comunicação, pois defende que a personalidade humana

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Está-se desconsiderando, para efeito deste artigo, o debate histórico e ideológico sobre “o que é verdade”.

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depende da habilidade das pessoas de se comunicarem entre si. Essa mesma comunicação, para Davison (1996), possibilita coordenação, direção e controle destas organizações, assim como é a base para a formação da personalidade de cada um. Apesar de expostos às mesmas situações de comunicação, cada um terá sua reação individual. Esses mecanismos psicológicos complexos passam pelo processo de produção da notícia e vão além das pressões que as empresas jornalísticas ou as conjunturas política e econômica impõem sobre seus profissionais. Davison, três anos depois de elaborada a hipótese, retifica seu trabalho original ao afirmar que o efeito da terceira pessoa não é uma manifestação psicológica isolada, única, mas uma reação complexa que varia com o tipo de comunicação, com as características dos indivíduos e com as situações em que eles se encontram. Inclusive, afirma que o efeito de terceira pessoa é apenas um dos fenômenos de reação possíveis, pois há pesquisas que demonstram o efeito reverso sob determinadas condições específicas, ou seja, um efeito de primeira pessoa, eu sendo mais influenciado do que os outros. Davison reconhece correta a denominação dada por Perloff (1993), um dos revisores mais freqüentes dos estudos sobre a hipótese, que a chamou de “percepção de terceira pessoa”, visto que, ao afirmar que outra pessoa será mais afetada do que a si mesmo, esse julgamento se traduz em uma percepção da reação do outro, de terceiros, e não um efeito propriamente dito sobre ele. Perloff afirma que o efeito de terceira pessoa é a percepção de que uma comunicação persuasiva exercerá um maior impacto nos outros do que em si mesmo. “Como Davison (1983, p.3) observou, indivíduos expostos à típica mensagem mediada acreditam que a informação não terá maior efeito em ‘mim’ (a primeira pessoa) ou em ‘você’ (a segunda pessoa), mas ‘neles’ (a terceira pessoa)”. A hipótese de efeito de terceira pessoa prevê que os indivíduos são psicologicamente predispostos a superestimar os efeitos que as comunicações exercem sobre os outros. Nesta mesma revisão, Perloff mostra que Davison sustenta, assim como comprovado empiricamente por vários colegas posteriormente, que estas percepções promovem um impacto no comportamento, de apoio ou restrição. Por tudo isso, a hipótese do efeito de terceira pessoa tem contribuído significativamente para os estudos sobre as políticas comportamentais, opinião pública e nas áreas de censura, espiral do silêncio e de efeitos indiretos das políticas dos meios. Esta pesquisa, portanto, ainda quer que os estudos de

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efeito de terceira pessoa contribuam para o entendimento do processo de construção noticiosa. A pesquisa sobre diferenças individuais na percepção dos efeitos de terceira pessoa tem identificado, segundo Perloff (2002), auto-percepção de conhecimento, egoenvolvimento e auto-estima como potenciais moderadores dos efeitos de terceira pessoa. Mcleod et al (2001) corroboram ao afirmar que pessoas utilizam diferentes fatores para determinar percepções de efeitos observados em si mesmo comparados aos efeitos observados nos outros. Cada uma destas variáveis tem uma relação diferente com o fenômeno, indicando que o julgamento pode ser totalmente diferente dependendo se for sobre si mesmo ou sobre algum grupo generalizado de outros, sem identidade. A primeira interpretação catalogada por Perloff para os efeitos de terceira pessoa é que o indivíduo assume que é invulnerável aos efeitos de comunicação enquanto os outros são suscetíveis, assim preserva a boa imagem que tem de si mesmo e reafirma que acredita que é superior aos outros.

A segunda interpretação é que as pessoas

são motivadas a acreditar que precisam ter o controle dos eventos imprevisíveis da vida. Assumindo que não é influenciado pelos meios de comunicação de massa, o indivíduo pode passar seus dias no mundo dominado pela mídia, usufruindo dela, sem senti-la integrada em suas vidas. É como se passasse ao largo do “perigo”. A terceira envolve um processo psicodinâmico, pois o indivíduo, admitindo que os efeitos da mídia como uma ameaça ao seu senso de valor individual, admite que reduz a sua percepção de controle de eventos externos. Como resultado, a pessoa projeta os efeitos de mídia nos outros, talvez seja para manter uma distância defensiva de si mesmo diante das mensagens indesejáveis que os outros, mais receptivos, deveriam não absorver. A quarta, é que efeito de terceira pessoa é enfatizado cognitivamente com mecanismo motivacional. As pessoas, quando sentem os efeitos da mídia, dizem que somente existem em situações factuais, mas quando julgam os efeitos das mensagens nos outros acreditam que o comportamento destes tem deficiências, como a credulidade, e são governados por disposições de personalidade, e se rendem ao intento persuasivo das mensagens (Gunther, 1991). A quinta enfatiza as conspirações da mídia, pois o modelo hipodérmico do tempo midiático casa-se com a “passividade de ovelhas” do comportamento da audiência. A sexta procura o porquê de os indivíduos não perceberem os efeitos da mídia neles mesmos e nota que as pessoas carecem de

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compreender os seus próprios processos mentais ou não têm o episódio detalhado na memória para prevê um comportamento prévio. Os jornalistas, primeira pessoa no processo da construção da notícia, podem ser afetados pelo efeito de terceira pessoa das várias formas moderadoras já relatadas por pesquisas e sistematizadas por Perloff ou, ainda, não percebê-las. Na pesquisa em jornalismo, muitas são as hipóteses que explicam o processo de produção das notícias, segundo Jorge Pedro de Sousa (2002b), as duas áreas centrais no estudo do jornalismo são a produção da notícia e a circulação e consumo da notícia, ou seja, dos efeitos da notícia, que podem fazer interseção entre os estudos do newsmaking e do media effects. Walter Lippmann (1922), já afirmava no seu livro ‘Opinião Pública’ que os jornalistas precisavam buscar um método científico e nos procedimentos profissionais um “antídoto” para a subjetividade, que os jornalistas buscam uma isenção profissional idealística. Traquina, apesar de ressaltar a inconsistência da Teoria do Espelho - o jornalismo como reflexo da realidade - afirma que a ideologia jornalística dita, até hoje, uma relação epistemológica com a realidade e diz que o ethos dominante na profissão, como o papel de árbitro dado ao jornalista e os procedimentos identificados com o profissionalismo, faz com os membros da comunidade jornalística defendam que a sua credibilidade e legitimidade estão assentadas na crença social de que as notícias refletem a realidade e que os jornalistas são imparciais devido ao respeito às normas profissionais (2005a, p. 149). Essa característica profissional, só intensifica a distância social entre o jornalismo e os “outros”, no caso, seu público. Jorge Pedro de Sousa (2002), ao esboçar uma Teoria do Jornalismo, completa ao afirmar que os efeitos das notícias variam em função das pessoas, que são diferentes entre si e vivem rodeadas de diferentes “circunstâncias”, no caso, os efeitos de mídia. “Isto não significa que não haja circunstâncias comuns a várias pessoas ou que algumas pessoas não apresentem suficientes semelhanças entre si para os efeitos dos meios serem semelhantes, sobretudo quando se pensa em efeitos a grande escala”. Para ele, antes de centrar os efeitos em grande escala, é preciso observar os efeitos sobre cada pessoa, porque, em última instância, cada caso é um caso.

Distância social Em nova revisão da literatura sobre a hipótese em estudo, Perloff (1999) tenta saber o que se passa psicologicamente quando uma pessoa julga que os meios

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influenciam mais os outros do que a si mesmo. Diz ainda, em 2002, que a hipótese dos efeitos de terceira pessoa explica os diferentes mecanismos de avaliação de interesse nas motivações e cognição humanas. Ele percebe que as pessoas resistem a se verem influenciadas por mensagens da mídia a menos que percebam ser de alta qualidade, e com bons argumentos. Defende que as pesquisas destas questões têm que centralizar na distância corolária, no caso, a distância social entre o eu e o outro. Quando mais longe socialmente do indivíduo, mais ele percebe que as pessoas são mais suscetíveis aos efeitos midiáticos. Os outros podem ser percebidos pela distância social (Brosius e Engel, 1996; McLeod et al., 1997), porque são menos percebidas as diferenças entre si mesmo e os grupos similares (Eveland et al., 1999). E as pessoas tendem a perceber que os efeitos negativos da mídia são mais significativos nos “outros” do que entre as pessoas próximas (Brosius e Engel, 1996). Peiser e Peter (2000), ao pesquisar o fenômeno percepção de terceira pessoa no uso da televisão, comprovaram a existência de uma tendência geral em subestimar o nível educacional dos outros. As pessoas vêem os outros como inferiores em relação à educação, o mesmo que Perloff (2002) percebeu e chamou atenção para o fato da autopercepção de conhecimento, o ego-envolvimento e a construção de alto-estima serem moderadores do efeito de terceira-pessoa. Peiser e Peter, contudo, destacam a importância de considerar a variável da “distância social” uma vez que a maioria dos estudos detectou que o efeito de terceira pessoa é ampliado se os outros estão socialmente mais distantes. Pesquisas anteriores sugerem a existência de uma crença geral de superioridade por trás da tendência dos indivíduos em apresentar efeito de terceira pessoa. Pessoas que receberam uma educação melhor podem geralmente achar que são superiores aos “outros” e, por isso, tenderem a apresentar maior efeito de terceira pessoa. E como isso influencia a produção da notícia? Se ao jornalista historicamente foi dado o papel de árbitro e legitimidade para seu ofício e o seu ethos profissional o impele a selecionar, reelaborar a realidade, os estudos na área deveriam abranger essa perspectiva dos efeitos de mídia por quem faz a mídia, como se retroalimentasse essa cadeia de efeitos. Traquina (2005a, p.129) afirma, a partir da teoria democrática, que o jornalismo (identificado com a imprensa) deve ser um “veículo de informação para equipar os cidadãos com as ferramentas vitais ao exercício dos seus direitos e voz da expressão das suas preocupações”. O autor ainda cita Boyce (1978) para dizer que a “imprensa atuaria como um elo indispensável entre a opinião

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pública e as instituições governantes”. Assim, o jornalista é submetido ao processo cognitivo de ser um “guardião” do poder, construído socialmente como um “tipo ideal” esboçado no compromisso dos valores da profissão, como fiscalizador desinteressado do poder econômico e político. A partir dos efeitos de terceira pessoa, com ênfase na perspectiva da distância social comprovada por Peiser e Peter (2000), não se sentiria o jornalista naturalmente distanciado do restante da sociedade? A polêmica se o jornalismo é ou não uma atividade intelectual, além da própria característica recente dos estudos jornalismo, tem afastado a pesquisa desta perspectiva. Traquina (2005a), defensor do jornalismo como um campo do conhecimento, confronta Bourdieu (1997) e sua crítica severa sobre o monopólio do acesso ao público pelos jornalistas dentro do campo intelectual. Para Traquina “é uma atividade criativa, plenamente demonstrada, de forma periódica (...), pela construção do mundo em notícias” (2005a, p.22). Isso demonstra a “autoridade” depositada sobre o jornalista pela sociedade e atestada pelos pesquisadores, que é aceita pelo profissional, de que são superiores intelectualmente. Segundo a idéia defendida por Traquina, o jornalista, pode assim, por uma própria condição profissional, se sentir distanciado socialmente de seu público.

Censura Ainda segundo a revisão de Perloff (2002), a hipótese dos efeitos de terceira pessoa tem duas partes: a percepção que aponta para as pessoas que assumem que a comunicação influencia os outros mais do que a si mesmo; e o componente comportamental que sugere que a expectativa das pessoas de que o impacto da mídia é maior nos outros as leva a tomar atitudes, muitas vezes restritivas, talvez porque temam os efeitos previstos. Afirma em seus estudos, que as pessoas consideram uma mensagem aceitável quando percebem um potencial benefício social ou quando percebem que a mensagem coaduna com seus valores, quando a mensagem é consonante com as normas sociais. As pesquisas mostram ainda que os efeitos de terceira pessoa têm uma visão psicológica, uma vez que as pessoas projetam negativamente os efeitos nos outros. Assim, as conseqüências negativas dos efeitos de terceira pessoa são censura no conteúdo comportamental; influência nos estudos da espiral do silêncio, pois os efeitos de terceira pessoa podem influenciar a disposição para calar sobre as mensagens

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indesejáveis; e inferência da imprensa persuasiva. Os estudos na área ainda têm especulado que a percepção dos efeitos dos meios de comunicação de massa nos outros pode influenciar as percepções de opinião pública, talvez induzindo questões sobre os estudos da agenda-setting, espiral do silêncio, ou efeitos de comportamento social (Mutz e Soss, 1997; Tewksbury, Moy e Weis, 2004) Mcleod et al (2001) em artigo sobre os dois diferentes tipos de julgamentos de impacto da mídia, em si mesmo e nos outros, e sua conseqüente relação para o apoio da censura, classificam como erro fundamental de atribuição o fato de indivíduos usarem critérios diferentes para inferir causas do comportamento do outro daqueles que utilizam quando estão inferindo sobre o seu próprio comportamento. Sugere que, em um contexto de comportamento negativo, indivíduos tendem a incluir fatores situacionais e outras condições de contingências mais complexas quando explicam as razões por trás do seu próprio comportamento, ainda que dispense e ignore estes mesmos fatores quando avalia o comportamento dos outros. Em termos de suporte de censura, os dois maiores achados do estudo de Mcleod e seus colegas são que as atitudes paternalistas são relatadas positivamente para o apoio de censura e a exposição aos meios é relatada negativamente como suporte de censura para ambas as situações de estudo: eu e outros. Outra possibilidade de aproximação destes estudos com os do jornalismo é quando Mcleod et al consideram a teoria da proteção motivacional, que prevê que os julgamentos para ameaças são separados por um processo de estimativa que combina a forma de comportamento do indivíduo no que diz respeito ao controle dos perigos. É considerado perigo de acordo com o meu julgamento. É este efeito sobre o julgamento que também sofre o produtor da notícia que vai controlar os perigos para o seu público. Ou seja, a censura pode ser uma resposta adaptável – uma estratégia de segurança - para negociar com os danos apresentados pelos meios de comunicação de massa. Gunther e Hwa (1996), por sua vez, criticam a existência de poucos estudos para identificar o segundo componente do efeito de terceira pessoa, que é o suporte de censura, e tem produções misturadas ou ambíguas (Mutz e Soss 1997, Gunther 1991, Rojas et al. 1996). Rojas e os colegas (1996) estudaram que as atitudes favoráveis à censura em relação à mídia em geral, pornografia e violência aumentavam juntamente com discrepância de percepção do efeito de terceira pessoa em si e nos outros. Essa carência de estudos pode ser ampliada para os estudos do jornalismo, para entender como se dá a autocensura do profissional no processo de produção de notícias.

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Espiral do silêncio Elisabeth Noelle-Newmann (1974) ao cunhar o termo “Espiral do Silêncio” baseado na psicologia social, aproxima os temas dos meios de comunicação, da noção de opinião pública e da repercussão que eles terão nos indivíduos, no público. Afirma que a melhor forma para entender o comportamento não é a partir da informação coletiva que chega a cada pessoa, mas uma percepção individual que os outros acreditem. Daí define opinião pública como a visão que o indivíduo pode expressar seguramente em público. A partir do conceito de agendamento (agenda-setting), à época ainda recente, e do contexto da escola dos efeitos ilimitados da mídia, a autora constatou a onipresença e a eficiência modificadora e formadora de opinião a respeito da realidade. A autora alemã percebeu os efeitos da mídia e sugeriu que o indivíduo ao imaginarse em minoria diante de uma opinião pública ou que a sua opinião será recebida com menosprezo, seria menos propenso a expressá-la, o chamado de medo do isolamento social. “Para o indivíduo, o não-isolamento em si mesmo é mais importante que seu não-julgamento. Parece ser esta a condição da vida humana em sociedade; caso contrário, não será concretizada uma integração suficiente” (Neumann, 1974, p.118). Percebeu ainda uma tendência dos jornalistas produzirem o que ela chama de “consonância irreal quando relatam os acontecimentos” (Hohlfeldt, 1994), é o que chamaria de clima de opinião. Para Rangel (2005), um dos dois6 brasileiros que publicaram pesquisa empírica sobre o fenômeno no Brasil, tudo indica que o efeito de terceira-pessoa está vinculado à teoria da Espiral do Silêncio. Para ele, os indivíduos tentam evitar o medo do isolamento aderindo a proposições percebidas como prevalecentes. Ou seja, “as pessoas tendem a conciliar suas visões da realidade com o conjunto da opinião prevalecente se sentem que suas opiniões pertencem à minoria”. Desta forma, sugere que o fenômeno seja mais bem investigado “no âmbito das relações comunicativas em pesquisas no Brasil”, pois ele acredita que é necessário a pesquisa compreender melhor como as pessoas interagem com as mediações simbólicas e constroem suas opiniões. O pesquisador ainda sugere que se estude mais a maneira pela qual os efeitos da mídia se constituem em primeira e terceira pessoa.

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O outro foi DALMONTE, Edson Fernando. Dos efeitos fortes à hipótese de percepção do efeito de terceira pessoa: uma verificação empírica. Contemporânea (Salvador), v. 4, p. 51-72, 2006.

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Método Reunir o estudo dos efeitos de terceira pessoa e do que se esboça como uma Teoria do Jornalismo é um desafio teórico de primeira linha, pois exige uma aproximação de várias escolas e correntes da comunicação e do jornalismo e um exercício teórico e metodológico de fôlego. Diante do desafio abraçado, se optou por uma pesquisa exploratória, para saber como está sendo abordados os temas mais recentes, fazer a aproximação das categorias, no caso, efeito de terceira pessoa, newsmaking, distância social, censura e espiral do silêncio e tentar esboçar caminhos para futuras pesquisas empíricas. Neste processo foi realizada pesquisa exploratória através do Google Acadêmico, Scielo, Portal de Periódicos da Capes e Biblioteca On-line de Comunicação (www.bocc.ubi.pt) sob as palavras-chaves7: efeito de terceira pessoa, efeito de mídia, jornalismo, censura e espiral do silêncio. No período compreendido de 1983, quando Davison cunhou o termo, até 2008, com ênfase nos últimos anos. A revisão bibliográfica passou ainda, de forma mais livre, por artigos publicados nas revistas científicas nacionais como a Revista Brasileira de Comunicação, da Intercom; Estudos de Jornalismo, da Universidade de Santa Catarina (UFSC) e a Brazilian Journalism Review, da Sociedade Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (Sbpjor) e revistas internacionais como Journalism & Mass Communication Quarterly, Journalism Studies, Journal of Communication, International Journal of Public Opinion Research e Communication Research. Nesta pesquisa exploratória ainda houve a tentativa de aplicar um questionário preliminar com 100 jornalistas com o intuito de testar empiricamente a hipótese de terceira pessoa voltada para o nicho profissional com base nas pesquisas empíricas revisadas, mas não se confirmou como um instrumento metodológico eficiente devido à diferença de foco entre o que já foi produzido e a necessidade atual de ligar o efeito de terceira pessoa e a teoria do jornalismo. A pesquisa empírica fica, assim, para estudos posteriores, quando as aproximações teóricas estiverem mais amadurecidas. Este e muitos outros problemas ainda existem para serem resolvidos na hipótese analisada, principalmente na aproximação feita entre elas, mas estes problemas, como diz Perloff 7

As palavras-chave foram traduzidas para o inglês - third-person effect, journalism, censorship and spiral of silence

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(1999), têm que ser resolvidos neste estágio do conhecimento e se faz necessário encontrar um método definitivo para avaliar os efeitos de terceira pessoa, pois enquanto houver tantas variáveis e significações é perigoso afirmar que os efeitos de terceira pessoa

podem

influenciar

na

construção

da

auto-estima

das

pessoas

e,

conseqüentemente, influir nos efeitos de opinião pública. No caso, se torna ainda mais difícil quando se trata de uma categoria profissional em um processo que por si só tem uma dinâmica própria.

Conclusão O que se pode concluir nesta pesquisa é que há um universo a ser desvendado no que diz respeito aos estudos que aproximam o efeito de terceira pessoa e os estudos do jornalismo, principalmente no que diz respeito ao newsmaking. Perloff ao citar as seis formas de interpretação do ETP já dá indícios de como é possível tentar entender os efeitos cognitivos da mídia sobre os próprios produtores. Perloff (2002), ao falar de auto-percepção de conhecimento, ego-envolvimento e auto-estima como potenciais moderadores dos efeitos de terceira pessoa, também dá pistas para o entendimento do ethos do jornalista. Investir na auto-estima do profissional, passa pelo aceitar pleno da responsabilidade dada pela sociedade. Perloff também lista as seis interpretações dos estudos do ETP e dá pistas para excelentes estudos na área do newsmaking. Na primeira linha de estudo do ETP, quando fala que o indivíduo assume que é invulnerável aos efeitos de comunicação, traz à tona o processo de construção da autoestima do jornalista. A segunda interpretação é de que as pessoas são motivadas a acreditar que precisam ter o controle dos eventos imprevisíveis da vida, pode ser utilizada na perspectiva que ao jornalista cabe antever os fatos. A terceira, que estuda o efeito recebido como ameaça ao senso de valor individual, traz à tona o sentimento de isenção que, ao ser influenciado, o profissional perde sua capacidade de ser “objetivo” e compromete o fazer jornalístico. A quarta trata do efeito de terceira pessoa enfatizado cognitivamente com mecanismo motivacional, ou seja, só é admitido factualmente, pode ser ligado aos estudos dos constrangimentos organizacionais (Traquina, 2005a). A quinta, que enfatiza o modelo hipodérmico, que confunde a audiência com passividade, vai novamente ao estudo do ethos profissional onde cabe ao jornalista o papel contestador. A sexta interpretação dos estudos diz que as pessoas carecem de compreender os seus próprios processos mentais ou não têm o episódio detalhado na

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memória para prevê um comportamento prévio. Esta última, mais delicada, pode ser a chave para o estudo que se segue, a compreensão dos processos cognitivos que passam ao selecionar as notícias, pode ajudar o profissional a moderar ou, até mesmo, reprimir este efeito e, assim, melhorar a qualidade desta seleção e coibir a autocensura ou a espiral do silêncio. Ao combinar as teorias da espiral do silêncio e do efeito de terceira pessoa, Mutz e Soss (1997) avaliaram que a percepção de que a mídia influencia outros mais do que si mesmo pode alterar percepções de distribuição de opinião pública, que por sua vez pode influenciar a disposição de falar francamente em público ou, no caso, publicar uma notícia. Willnat (1996) alerta que é preciso avaliar com cuidado as evidências de efeitos de terceira pessoa porque todos os experimentos são conduzidos com somente um pequeno número de participantes e não há controle de variáveis padronizadas. A partir do amadurecimento desta aproximação entre ETP e estudos do jornalismo, é possível a identificação de variáveis mais consistentes, o que respalda a constatação de que é muito cedo para uma padronização, como quer Willnat, mas é um caminho, que ainda parece longo, para a comprovação empírica deste efeito de mídia na produção da notícia.

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