O RAJA YOGA DE PATANJALI COMO MÉTODO PARA ALCANÇAR O ESTADO DE AUTORREALIZAÇÃO DESCRITO POR DATTATREYA NO TRIPURA RAHASYA

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O Raja Yoga de Patanjali como Método para Alcançar o Estado de Autorrealização Descrito por Dattatreya no Tripura Rahasya Universidade Federal de Campina Grande - UFCG Departamento de Sistemas e Computação - DSC Prof. Dr. Eanes Torres Pereira [email protected] Segundo é descrito no Markandeya Purana (DUTT, 1896) e apresentado por Feuerstein (1998), a esposa do brâmane Kausika era bastante dedicada a seu marido. Ao levá-lo doente nas costas, na escuridão da noite, tropeçou em um asceta que rogou-lhe praga para que ao nascer do dia eles morressem. A mulher aflita, pediu que o sol não nascesse. Por ser uma esposa casta, suas preces foram atendidas. Os devas ficaram preocupados pois os rituais realizados ao nascer do sol não poderiam mais ocorrer. Brahma sugeriu que apenas outra casta esposa poderia restaurar a ordem natural e que Anusuya fosse agradada para que rogasse a volta do nascer do sol. Perguntaram-lhe o que ela queria. Um de seus pedidos foi conceber como filhos Brahma, Vishnu e Shiva. Assim, o sol voltou a nascer e Vishnu nasceu como Dattatreya filho de Anusuya. Um dos textos mais conhecidos que apresenta ensinamentos de Dattatreya é o Tripura Rahasya (SARASWATHI, 2006) no qual afirma-se que a “ausência de perturbação” em todos os estados de consciência é a Autorrealização. Um fator muito importante contido no termo “ausência de perturbação” é sua conexão com a explicação clássica dada por Patanjali para o Yoga: “Yoga chitta vritti nirodha” (Yoga-Sutra I.2). Martins (2012) traduz essa frase como: “Yoga é o controle das atividades da mente”. Essa relação entre Raja Yoga e os ensinamentos de Dattatreya é detalhada no Markandeya Purana. Na metodologia proposta por Patanjali, há um subjconjunto de técnicas chamadas de Samyama (Pratyahara, Dhāran ṇā, Dhyāna e Samādhi), que permitem que o praticante progrida de um estado de concentração, passando por um estado de absorção meditativa, para atingir o estado de união (Samādhi). O Tripura Rahasya (SARASWATHI, 2006), embora sem mencionar a metodologia de Patanjali, fornece uma explicação bastante rica dos estados de consciência que devem ser treinados para que se atinja o estado ininterrupto de “ausência de perturbação”. Em termos gerais, a metodologia de Patanjali, em concordância com o descrito no Tripura Rahasya (SARASWATHI, 2006), propõe que o praticante deve iniciar por abster-se de todos os estímulos sensoriais. Um vez atingida a estabilidade do estado de não perturbação por estímulos externos, o praticante deve voltar seu foco de atenção para apenas um objeto ou sensação, diminuindo desta forma os estímulos internos (Dhāran ṇā). Do processo de foco específico, pode surgir um estado alterado de consciência em que a mente funciona de modo não usual (Dhyāna). O praticante não deve se deixar perturbar mesmo por esses estímulos sutis. Atingida a estabilidade de Dhyāna, o praticante deve treinar sua habilidade de parmanecer de modo ininterrupto em um estado de concentração extremo com o objeto de meditação de modo que ele e objeto tornam-se um só e o processo culmina com o estado de união que dá nome à prática, Samādhi. É por meio da prática habitual de Samādhi que o estado de “ausência de perturbação” enfatizado por Dattatreya pode ser alcançado. BIBLIOGRAFIA FEUERSTEIN, Georg. The Yoga Tradition: Its History, Literature, Philosophy and Practice. Hohm Press, 1998. p. 22-23. SARASWATHI, S. S. Ramanananda. Tripura Rahasya or The Mistery Beyond the Trinity. Seventh Edition, Sri Ramanasramam Tiruvannamalai, 2006. p. 137-149. MARTINS, Roberto de A. O Yoga tradicional de Patañjali. O Rāja Yoga segundo o Yoga-Sūtra e outros textos indianos clássicos. Shri Yoga Devi. 2012. DUTT, Manmatha, N. Markandeya Purana, Elysium Press. 1896. p. 73-75.

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