O retrato do Portugues da epoca dos grandes descobrimentos geograficos.

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O retrato do Português da época dos Grandes Descobrimentos Geográficos

The portrait of Portuguese of the age of the Great Geographical Discoveries Elżbieta Dolińska

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Portugal do século XV e XVI, um país nos confins da Europa. País de economia e agricultura atrasada comparativamente com a Europa central daquele tempo, torna-se surpreendente no virar do século XV e XVI, graças aos Descobrimentos, os quais vieram alterar muitos dos padrões de vida tradicionais dos Europeus e de todo o mundo. Deram origem a um movimento de expansão colonial e imperial da civilização europeia. Pode-se dizer que foram os percursores do processo de globalização da economia do mundo. Como foi tudo isso possível? Quais eram as características no perfil do povo português para tal alcance? Nesta monografia apresentarei, com base na análise de documentos históricos da época, as características dos portugueses que lhes permitiam chegar à posição de líderes no mundo comercial e globalizante. Parafraseando: Navigare necesse; vivere non est necesse – latim, frase de Pompeu, general romano, 106-48 a. C., dita aos marinheiros, amedrontados, que recusavam viajar durante a guerra, cf. Plutarco, in Vida de Pompeu.

Portugal of the centuries XV and XVI, the country on the end of Europe. The country, comparing with Central Europe, of backward economy and agriculture, changes surprisingly at the turn of the centuries XV and XVI, reshaping many traditional samples of life in Europe and in the whole world, initiating, simultaneously, colonial expansion and imperialism of European civilization. It can be said, that the Portuguese became the progenitors of the globalization process of the world economy. How could it be possible? Which were the characteristics of the Portuguese people, which made possible such achievements? This monograph will present, on the base of historical documents of the age, the characteristics of the Portuguese which let them achieve the foremost position in the world trade and in the globalization. Paraphrasing: Navigare necesse; vivere non est necesse – Latin, sentence of Pompeu, romans general, 106-48 BC, said to terrified sailors, who refused to travel during the war (Plutarch, Life in Pompeu).

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Portret Portugalczyka epoki Wielkich Odkryć Geograficznych Portugalia XV i XVI wieku, państwo na krańcach Europy. Kraj, w porównaniu z Europą centralną, o zacofanej gospodarce i rolnictwie, zmienia się niespodziewanie na przełomie XV i XVI wieku, dzięki Odkryciom geograficznym, przekształcając wiele tradycyjnych wzorców życia w Europie i na świecie, zapoczątkowując, jednocześnie, ekspansję kolonialną i imperializm cywilizacji europejskiej. Można powiedzieć, że Portugalczycy stali się prekursorami procesu globalizacyjnego gospodarki światowej. Jak do tego doszło? Jakie były cechy charakterystyczne narodu portugalskiego, które umożliwiły takie osiągnięcia? Niniejsze opracowanie zaprezentuje, na podstawie dokumentów historycznych epoki, cechy charakterystyczne Portugalczyków, które pozwoliły im osiągnąć czołową pozycję w handlu światowym i w globalizacji. Parafrazując: Navigare necesse; vivere non est necesse – łacina, zdanie Pompejusza, generała rzymskiego, 106-48 p.n.e., wypowiedziane do przerażonych marynarzy, którzy odmówili podróżowania podczas wojny, (Plutarch, Życie w Pompei)

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Conteúdo 1. Introdução 2. Fundo histórico 2.1. Crise europeia, situação política, social e económica na Europa nos Séculos XV e XVI 2.2. Grandes navegações 2.3. Navegações dos portugueses e os grandes descobrimentos geográficos 3. Análise dos documentos históricos 3.1. Pessoas que aparecem nos documentos e as suas características básicas 3.2. Características físicas e culturais dos portugueses 3.3. Características dos portugueses quanto à religião 3.4. A ideia do messianismo nacional 3.5. Características quanto à relação com os outros, desconhecidos 3.6. Características quanto à relação com os bens materiais 3.7. Tecnologia e exploração 3.8. Características históricas e sociológicas 4. Conclusão 5. Bibliografia

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1. Introdução O retrato é uma forma especial de descrição, que tem por objetivo a representação de uma pessoa ou personagem. Para além da tradicional apresentação através de uma fotografia ou pintura, também podemos descrever alguém através de palavras. O retrato pode resultar de uma caracterização direta quando é referido pelas palavras do narrador ou das personagens e de uma forma explícita: os traços, qualidades ou defeitos de uma personagem. As características indiretas são aquelas em que o perfil da personagem é deduzido pelas reações, atitudes e comportamentos que apresenta. Temos dois tipos de retrato: o físico e o psicológico; juntos criam o retrato completo de uma personagem. Então, o retrato de um homem é uma obra complexa, composta por características físicas e psicológicas. Ao criar um retrato não se deve esquecer uma influência do contexto histórico e sociológico em que vive a personagem retratada. Um bom observador pode ler do nosso corpo, das nossas declarações e do nosso comportamento quase tudo, também as coisas das quais nós não tomamos consciência. Fala-se, neste caso, sobre as chamadas características dinâmicas de uma personagem que pode tratar diretamente a fisionomia ou motórica do corpo, mas também de modo indireto os costumes e poderes. São, por exemplo: a postura do corpo, a maneira de manter a cabeça e as mãos, a maneira de andar, de olhar, a voz, a gesticulação, a mímica, a maneira de se vestir, a maneira de tratar os outros (agressividade, arrogância, gentileza, hipergentileza) etc.. De grande importância são também as opiniões das outras pessoas que complementam o retrato. Neste trabalho vou tentar criar uma imagem dos portugueses da época dos grandes descobrimentos geográficos. A base para a criação desse retrato é a análise dos documentos textuais históricos, referentes, na sua maioria, ao descobrimento do Brasil e à viagem à Ìndia, escritos entre 1500 e 1561. Nesta monografia vou tomar em consideração particularmente os documentos da viagem de Pedro Álvares Cabral à Índia, como também os outros documentos posteriores, publicados entre 1551 e 1561. A análise dos textos que são na sua maioria: as cartas, fragmentos das crónicas, ordens, instruções, diários e relações, refere-se ao isolamento direto e indireto das características dinâmicas e psico-sociológicas de personagens aparecidas nos documentos, na base dos seus comportamentos, pensamentos, opiniões sobre os outros, análises de situações, modo de fazer descrições etc., e através do ponto de vista e avaliação de um homem contemporâneo com uma tentativa de entender a situação e os motivos em contexto histórico e sociológico da época. Para completar o retrato dos portugueses, mostrarei como eles se relacionavam com outras pessoas: quais as principais motivações, objetivos, desejos, aspirações, frustrações e preocupações. Tentarei encontrar nos textos as respostas para as seguintes perguntas: Quem é essa personagem? Consideração dos aspectos físicos (cor dos olhos, cabelo, pele, estatura, peso, porte), psicológicos (traumas, medos, segredos, atitude, personalidade, experiências) e culturais (roupas, hábitos, costumes, crenças). O que ela deseja? Quais são os seus objetivos? Qual é a sua motivação? Quais são as emoções que movem a personagem? O que está por trás do seu desejo? Que verdade sobre a personagem tal desejo revela? Do que é que ela está realmente em 5

busca? O que é que ela quer alcançar internamente? Que sensações? Que sentimentos? Quais são as suas maiores aspirações? Que impressão ele quer causar nos outros? Se ela tem as características universais? Muito importante parece, particularmente em contexto da última pergunta, a influência do fator histórico e sociológico como: a religião, a formação, a posição na hierarquia social, a relação na política e o traço nacional. 2. Fundo histórico Crise europeia, situação política, social e económica na Europa nos séculos XV e XVI. Trata-se de um período desde os fins do século XV até 1580, ano do início da União das Coroas de Portugal e da Espanha, também chamado o período da perda da independência nacional de Portugal. Naquele tempo surgiu o chamado “interminável Oceano dos Portugueses”1) que foi composto por terras em três continentes. Tudo graças à atuação do Reino Português no comércio do açúcar das Ilhas da Madeira e São Tomé, do açúcar e do pau-brasil da América e das especiarias, pérolas e seda provenientes do espaço do Oceano Índico e veiculados através do Cabo da Boa Esperança. O Império Português representava um sistema de escoamento muito complexo, no campo da economia mundial daquela época. A política de Portugal, no declínio do século XV tinha, sobretudo, por objetivo a descoberta de novas rotas comerciais do Oriente para a Europa, controlando ao mesmo tempo, as melhores fontes produtoras de especiarias, ouro, prata, marfim e outros artigos tão procurados no velho continente. Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI. Isso teve a ver com uma série de condições particulares que deixaram este país ganhar e manter o seu predomínio no comércio com o Oriente, como também abrir a nova era da troca mercantil com a América. Os portugueses possuíam, por exemplo, caravelas construidas com qualidade superior à de outras nações. As caravelas eram o principal meio de transporte marítimo e comercial do período. A caravela era um navio adaptado à exploração, era rápida com velas quadrangulares que aproveitavam melhor o vento e ganhavam velocidade, equipada por armadas. Estas caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. A origem da caravela portuguesa foi árabe, devido às embarcações pesqueiras no sul de Portugal. Não surpreende que os Portugueses não as quisessem partilhar com as outras nações, tal como não pretendiam partilhar os seus êxitos de cartografia. Eles possuíam a grande experiência em navegação, obtida principalmente da pesca do bacalhau, já possuíam as caravelas – navios que eram naquele tempo o milagre da técnica marítima e as perfeitas cartas de navegação. A cartografia, graças à invenção da navegação astronómica, pelo matemático português Pedro Nunes, permitiu aos portugueses ganharem uma grande preponderância no posicionamento das terras nas cartas de navegação e servia perfeitamente para as exigências das técnicas de navegar daquele tempo. Tudo isso foi fundamental para o estabelecimento de viagens regulares, intercontinentais e locais. Interessante e muito significativo foi o investimento de capital português na economia mundial, vindo da burguesia e da nobreza, interessadas, de forma vital, nos lucros deste negócio. De grande importância era, naquele tempo, a localização geográfica favorável de Portugal, com fácil acesso para o Atlântico e para o continente africano. Isso tornou-se importante 2.1.

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especialmente depois da queda de comércio oriental dos italianos, na bacia do Mar Mediterrâneo. O domínio dos muçulmanos nos territórios outrora pertencentes aos cristãos, refletia um antigo sonho português para os libertar e cumprir o seu papel do messiânico. Existia algo mais que estimulou os portugueses e outras nações a pesquisar um novo caminho para às Índias e ganhar acesso direto às fontes do comércio com o oriente, eliminando os italianos que possuíam o monopólio no comércio das especiarias no século XV. Um outro fator importante era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras onde se podia explorar metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Também a Igreja Católica teve interesse em conquistar novas terras e chamar a si novos fiéis. Os séculos XIV, XV e XVI foram o período das grandes transformações sociais, políticas, económicas e técnicas. Foi o período de crise feudal e de formação de uma classe mercantil mais dinâmica que a velha nobreza feudal. Através da influência árabe, a Europa atravessava um período de inovações técnicas. Pode-se notar também o desenvolvimento no plano intelectual. O homem começava a investigar e observar a natureza. Surgia o novo conceito do mundo – o Humanismo. O homem passou a ocupar um papel central na filosofia, nas artes e nas novas ideias sociais. No plano social, depois da Peste Negra, a qual matou quase um terço da população europeia, desorganizou a produção e provocou fome, por causa da sobre exploração do trabalho por parte dos senhores feudais e clero, explodiram as revoltas camponesas. Nas cidades cresciam as diferenças sociais entre os ricos e os mais pobres. Aparecia oposição entre os empreendedores proprietários e os trabalhadores não proprietários. No plano económico observa-se a expansão do comércio e do mercado – uma clara transição do Feudalismo para o Capitalismo. O enriquecimento da burguesia que administrava os grandes negócios mostrava uma incompatibilidade com o sistema feudal. O novo sistema monetário e procura de metais preciosos para a cunhagem de moedas, geraram o esgotamento das fontes de minas, levando a permanentes desvalorizações da moeda. No plano político, o mais importante foi a formação de uma nova estrutura político-económica organizada no interesse da burguesia que unificava o poder em grandes regiões, formando os Estados Nacionais como Portugal, França e Espanha. O apoio do rei foi fundamental naqueles Estados. Os grandes descobrimentos geográficos do século XV e XVI e a atividade mercantil só se tornaram possíveis graças à aliança entre o rei e a burguesia mercantil. Vale a pena considerar que o processo de transição do Feudalismo para o Capitalismo se iniciou no século XIV e XV, com o final só no século XVIII e por isso essa época foi tão interessante e importante na história da Europa, mesmo que nem sempre considerada. A Idade Média foi uma época de grande influência da religião e da Igreja Católica. O seu domínio, construído durante a Idade Média, consistia em estar presente na vida quotidiana das diferentes camadas sociais. Toda a vida quotidiana estava regulada pela religião e era saturada por pequenos rituais católicos. O homem medieval vivia ao ritmo da religião. Era a Igreja Católica que representava, pela sua função religiosa, a segurança para a população medieval atemorizada com a morte, esclarecendo o que pudesse ocorrer depois da morte. Era ela que moralizava e que diferenciava o Bem do Mal. Essa influência, a princípio puramente espiritual, passou a 7

estender-se para a política. O clero era constituído, na sua maioria, por indivíduos ricos, que nem sempre possuíam vocação religiosa para praticarem a fé. A carreira religiosa era vista como uma forma de enriquecimento fácil. Tal como a Igreja, também toda a sociedade medieval estava hierarquizada. Essa estrutura funcionava perfeitamente. Durante o período medieval, a Igreja Católica saiu vitoriosa, na maioria das vezes, de provas de diversos movimentos nascidos no seio da própria Igreja que tentavam reformar a Instituição. Isso mudou nos meados do século XVI, quando ocorreu o movimento da Reforma Protestante. Para o Estado era interessante fortalecer-se politica e economicamente através da posse de colónias e de metais preciosos; para a Igreja, ampliar o número de fiéis e impedir o avanço do protestantismo sobre as colónias e a burguesia visava aumentar o volume do comércio. Grandes navegações O homem medieval vivia aprisionado no seu pequeno mundo. As informações sobre os outros continentes eram muito limitadas e contraditórias. O quadro de conhecimento da realidade terrestre, ao dispor dos europeus, dos inícios do século XV era bastante estreito (em termos informativos) e profundamente incerto (em termos formativos). Os poucos dados seguros (na sua maioria mediterrânicos da antiguidade clássica e medievalidade cristã e árabe) surgiam constantemente envolvidos num falso imaginário que completavam o pouco conhecimento com a muita crença, regra geral, reforçadora do medo, criando anormalidades e diferenças não possíveis de vencer quer na ordem dos fenómenos naturais quer dos fenómenos humanos. Navegar, nos séculos XV e XVI, era um emprego muito arriscado, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Naquele tempo generalizouse o medo provocado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Acreditava-se que o mar podia ser habitado por monstros ou que a terra fosse algo plano e, portanto, ao navegar para o “fim” podia-se cair num grande abismo. A América não fazia parte dos mapas. Quem estava melhor informado sobre as desconhecidas civilizações da África e Ásia, entre toda a população, eram os mercadores. Mas os limites de compreender as diferenças das civilizações encontravamse na mentalidade da sociedade europeia que tudo tentava integrar dentro da ótica do cristianismo. As relações de viagens intercontinentais, tal como, por exemplo, as de Marco Polo, eram consideradas como as lendas ou histórias fantásticas sobre as terras longínquas, os homens monstruosos que habitavam os confins do mundo conhecido. Essas histórias, como a citada mais abaixo, foram, muitas vezes, consideradas através dos próprios desejos e ânsias mostrando a riqueza enorme e costumes estranhos. [...] O rei anda também todo nu, como os outros mas cobre a sua virilidade com um pano mais rico, e usa um colar de ouro, que é uma fiada de safiras, rubis, esmeraldas e outras pedras preciosas. Também usa posto no pescoço um cordão com 104 pérolas grandíssimas e rubis de grande valor. E são 104 pérolas e pedras, porque tem que dizer, todas as manhãs e todas as noites, 104 preces ou invocações aos seus ídolos. É que lhe mandam a fé e os costumes; assim o fizeram seus antepassados, e assim o faz ele, e é por isso que usa um tal colar [...] Contei vos tudo isto, mas no entanto ainda me fica uma coisa maravilhosa por dizer. Sabei que este rei tem quinhentas mulheres legítimas [...] 2). Os descobrimentos alteraram muitos dos padrões de vida tradicionais dos europeus e de todo o mundo. Eram também um fenómeno económico da máxima importância, porque aceleravam fortemente o movimento de expansão do capitalismo 2.2.

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mercantil. Graças aos descobrimentos e ao seu sistema colonial, a Europa tornou-se o pólo controlador e unificador da vida económica, política e cultural. Navegações dos portugueses e os grandes descobrimentos geográficos. Os descobrimentos são, antes de mais, um movimento de expansão colonial e imperial da civilização europeia. São o início da época do processo de globalização da economia do mundo. A génese daquela expansão e o grande impulso originário situavam-se na Península Ibérica - portugueses e espanhóis - porque aí se encontravam, naquela altura, as melhores condições de saída dos europeus e o seu berço civilizacional. Portugal e Espanha são geográfico-historicamente um dos pontos-chave, em que a Europa se comunica com o mundo, quer por terra - a África -, quer por mar - o oceano Atlântico. Os dois países são também os espaços onde existe uma melhor preparação tecnológica e científica marítima. Tanto Portugal como a Espanha tinham uma grande necessidade sociológica de expansão, devido à pobreza da sua própria situação no quadro económico-social da Europa. No ano 1498, as caravelas portuguesas comandadas por Vasco da Gama, chegaram às Índias. Chegando a Calicut, Portugal desfrutou de todos os benefícios do comércio europeu direto com o oriente, ficando como único intermediário. Outra importante expedição foi a de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. A partir daquele momento Portugal tornou-se a principal potência económica da época. 2.3.

3. Análise dos documentos históricos Durante a análise dos documentos da época, lendo as descrições diretas e indiretas, por vezes especulando um pouco, pode-se apresentar o retrato de um português da época dos grandes descobrimentos geográficos, que parece ter marcas características só para os portugueses, mas é principalmente o retrato que contém também as características do homem daquele tempo. Pessoas que aparecem nos documentos e as suas características básicas. Nos documentos aparecem sobretudo só homens, bem situados, fidalgos, pessoas cultas e de boas famílias. O mundo de navegação e de negócios era finalmente o mundo dos homens, não acessível às mulheres. É notável que a tripulação consistia de homens cuidadosamente escolhidos, desde o capitão até aos marinheiros. [...] E foram escolhidos para essa armada 1.500 homens.[...] 3) [...] nas quais iriam até 1.200 homens, entre marinheiros e gente de armas, toda gente mui lúcida e experimentada nas armas materiais.[...] 4). Os outros de classes sociais baixas, aparecem só mencionados, sem nenhuma descrição. Só temos notícia daqueles que sabiam do seu ofício e que recebiam os seus soldos. Eles eram carpinteiros que construiram a cruz na Terra de Santa Cruz, marinheiros que trabalhavam nas velas, barbeiros, estrinqueiros, bombardeiros e outros que criavam cada uma expedição dos portugueses absolutamente autárquica. [...] homens oficiais, a saber: em cada nau, dois calafates, dois carpinteiros, dois estrinqueiros, um despenseiro, um barbeiro sangrador, dois clérigos; [...] 5). Eram também os prisioneiros deixados nas terras descobertas para aprenderem a língua e conhecerem os costumes dos nativos. 3.1.

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[...] O capitão trazia 20 homens desterrados, por [serem] malfeitores. Acordou deixar ali dois deles, para que soubessem segredos da terra e apreendessem a língua [...] 6.) Isso parecia ser o costume, confirmando também que em Portugal, naquela altura, vivia pouca gente e que cada cidadão podia ser utilizado para a realização positiva das viagens intercontinentais daquele tempo. [...] Este rei pôs agora em uso uma determinação: todos os que no seu reino cometerem coisas dignas de grande pena, ou de morte, todos os que eles faz prender, não manda matar; conserva-os e com o tempo os manda a esses lugares e ilhas descobertos;[...] 7) [...] Ele trazia 20 homens condenados à morte pela justiça para deixá-los onde melhor lhe parecesse.[...] 8). Também não sabemos muito dos documentos analisados sobre os sacerdotes que viajavam em todas as expedições. Contudo, conhecemos alguns nomes mas não sabemos mais do que isso. Eles, portanto, estavam presentes em cada expedição e por regra ocupavam um lugar modesto dependendo com certeza da sua posição na hierarquia eclesiástica. Eram os homens da fé absolutamente convencidos sobre a sua grande missão quanto à divulgação da cristianidade no Novo Mundo. [...] Diz sua história que mandou prover das (arma) espirituais, e estas foram: oito religiosos da ordem de S. Fancisco, cujo guardião foi frei Henrique, o qual, depois, foi bispo de Ceuta e confessor do rei, varão de vida mui religiosa e grã prudência. Esse mesmo (rei) enviou oito capelães e um vigário para que administrassem os Santos Sacramentos numa fortaleza que o rei de Portugal mandava fazer;[...] 9). Entre as personagens do primeiro plano aparece o Rei de Portugal, D. Manuel, que mostra as características específicas para os homens de tal função e responsibilidade naquele tempo. Ele era um homem muito fiel e quanto à religião ele tinha a sua missão definida muito claramente, introduzir a cristianidade no mundo dos infiéis. Isso foi a sua cruzada pessoal. [...] El-Rei Dom Manuel, como era príncipe católico e que todas as suas coisas oferecia a Deus, por essa mercê que dele tinha recebido, dava-lhe muitos louvores, pois lhe aprouvera ser ele o instrumento por que quisera conceder um bem tão universal, como era abrir as portas do outro novo mundo de infiéis, onde o seu nome podia ser conhecido e louvado, e as chagas de seu precioso filho, Cristo Jesus, recebidas por fé e batismo, para redenção de tantas mil almas, como o demônio imperava naquelas partes da infidelidade. [...] 10). Ele possuia o bom sentido de planeamento estratégico das viagens marítimas muito bem apresentado nos documentos nos quais se descreve os problemas com o rei de Calicut, com as frotas de Meca e com os muçulmanos do mar Vermelho. Depois de todas as perturbâncias, D. Manuel mandou [...]...uma outra armada àquelas partes: foram 25 navios, 12 nossos e 13 de mercadores,...[...] 11) [...] Ordenei que seis dos ditos ficassem às portas do mar Vermelho, para não deixar nenhum navio sair; e que os outros fossem a Calicut e, sem condições de paz, fizessem aí todo o dano que pudessem; e tomassem carga em Cochim ou em Cananor, conforme melhor entendessem; e que em tempo oportuno nos enviassem dez dos ditos navios carregados, e o resto ficasse para fazer guerra a Calicut.[...] 12). É o planeamento muito complexo e previdente que mostra a grande capacidade combatil e para adaptação às novas situações da frota portuguesa e ao mesmo tempo confirma os lucros gigantescos. Os textos informam-nos sobre os vários tipos de ganho, como o resultado de comércio, danos, presentes e como despojo de guerra. Pode-se notificar 10

também que D. Manuel era um homem teimoso em sentido consequente, orgulhoso, ambicioso e vingativo. A mesma vingança também se pode ver no Capitão-mor da frota portuguesa, Pedro Álvarez Cabral, depois de ter sido atacado em Calicut como resposta a esse ataque, [...] Na noite seguinte, mandou que todos os navios que estavam junto à terra se pusessem ao largo. Na alvorada, começaram a bombardear a cidade – que não tem muralhas – onde produziram grandíssimos estragos, de modo que o rei se viu obrigado a abandonar suas casas. Em seguida, fizeram-se à vela; e mataram muita gente com a artilharia em um porto chamado Pandarane [...] 13). O Rei sofre sentimentos e comportamentos típicos de todos os homens, como ciúme, incerteza e procura de aceitação dos outros. Quanto à última carcterística, muito significante é, entre outros, a sua “Carta aos reis católicos”. D. Manuel, aparentado há gerações com as famílias reais do reino de Espanha, sentiu-se obrigado a informar Isabel de Castela e Fernão de Aragão, os seus sogros, sobre a segunda viagem do seu Capitão-mor, Pedro Álvares Cabral à Índia e do seu descobrimento da Terra de Santa Cruz (o Brasil). D. Manuel ao descrever os feitos do seu Capitão-mor sublinha [...] a força de nossa gente, navios e artilharia [...] 14), revela o seu orgulho na força da sua armada. É para louvar-se, mostrar-se mais poderoso e receber aceitação por parte das pessoas iguais. Foi também uma parte da sua política internacional, informar os reis dos outros estados e manter através disso controle sobre as informações. Os reis informados diretamente pelo Rei não se interessavam mais sobre o que se passava em Portugal. Nos documentos aparece também o povo de Lisboa como uma multidão colorida, com as cores dos seus senhores [...] Assim, serviam todos, com suas librés e bandeiras de cores diversas, que não parecia mar...[...] 15), sem outras marcas específicas, principalmente sem vontade, bem composto na hierarquia social, perfeitamente manipulado. O povo de Lisboa que veio no dia da festa para se despedir da armada de 13 velas, participou na grande missa celebrada pelo bispo de Ceuta e viu o Rei. Todos quiseram ver os heróis, escolhidos pelo Rei. Foi um espetáculo preparado na perfeição, nas praias e nos campos de Belém. O espírito da festa foi levantado por [...] trombetas, atabaques, sestros, tambores, flautas, pandeiros; e até gaitas – cuja ventura foi andar nos campos, no apascentar dos gados [...] 16). Todos os portugueses, uma nação do mar, contemplavam aquele momento da partida muito carateristicamente: [...] ...os homens buscavam tudo para tirar a tristeza do mar. Com essas diferenças, que a vista e ouvidos sentiam, o coração de todos estava entre prazer e lágrimas, por essa ser a mais formosa e poderosa armada que partira até aquele tempo para tão longe deste Reino.[...] 17). Isso foi já a segunda viagem depois da de Vasco da Gama. Apesar dos lucros evidentes e grandes louvores, todos estavam convencidos da clara Providência Divina e do papel messiânico que os portugueses tinham para cumprir o que nenhuma nação tinha tido na história. Mas os riscos que tal viagem marítima podia trazer consigo eram também conhecidos. [...] Eram três navios, com obra de 160 homens – quase todos /ficaram/doentes de novas doenças, de que muitos faleceram com a mudança de tão vários climas por quase passaram, diferença dos mantimentos que comiam, de mares perigosos, que navegavam, com fome, sede, frio e temor, que mais atormenta que todas as outras necessidades.[...] 18). 11

Os portugueses já tinham perdido os membros da familia e as disposições na sociedade podiam ser diferentes e não positivas para a organização da próxima expedição. D. Manuel mostrou-se naquela situação, por um lado gloriosa e por outro muito deprimente por causa das vítimas entre os homens e outras perdas, muito superior e atentamente em merecimento à sociedade para a segunda viagem, em que ele escreveu as cartas com informações [...] a todas as cidades e vilas notáveis do Reino, notificando lhes:a chegada de dom Vasco da Gama, os grandes trabalhos que tinha passado e o que aprouve a Nosso Senhor, que, no fim deles descobrisse; e encomendando-lhes que solenizassem tamanha mercê que este Reino tinha recebido de Deus, com muitas procissões e festas espirituais em seu louvor.[...] 19), tendo as informações da primeira viagem, já antes da chegada da armada de Gama. Visto os grandes lucros e ao mesmo tempo os problemas durante a viagem. Aquele gesto ganhou para ele a simpatia das gentes. [...] ...em tão novos casos, deixando aqueles que perderam, nessa viagem, pai, irmão, filho, ou parente, cuja dor não deixava julgara verdade do caso, toda a outra gente, una voce, era no louvor desse descobrimento.[...] 20) Ele [...] Finalmente assentou el-rei que, enquanto o negócio de si não dava outro conselho, o mais seguro e melhor era ir logo o poder naus e gente. [...] 21) e [...]segundo o negócio ficava suspeitoso, pelas coisas que dom Vasco da Gama passara – parecia que mais havia de obrar neles temor de armas que amor de boas obras.[...] 22.) Características físicas e culturais dos portugueses O português era uma pessoa branca, de cabelos longos e escorridos, principalmente não tinha barba. [...] senão longo e corredio, como o nosso [...] 23). Bem vestido, provavelmente na moda veneziana. Ele gostava de preciosidades diferentes e coisas de luxo em ouro ou prata, com pedras preciosas e pérolas, que eram para ele o símbolo de riqueza, poder e respeito. [...] O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira, bem vestido com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e [tinha] aos pés uma alcatifa por estrado. [...] 24). Para representação, usava as vestes brancas com uma cruz que simbolizava a cavalaria de Deus. 3.2.

Características dos portugueses quanto à religião Era um homem muito fiel. A sua vida, dia a dia, corria ao ritmo dos acontecimentos religiosos. Com prazer e de obrigação católica, participava na missa quase cada dia, demonstrando a sua fé profunda pelas marcas características para os cristãos, como o sinal da cruz, batimento no peito, estar de joelhos etc.. Pode-se observar neles o fanatismo religioso. Formado na crença que só a Fé Cristã era a única correta, eram levados a assassinar os infiéis. Quanto à sua fé eles eram absolutamente intolerantes. Viram-se como uns soldados divinos que combatiam por Deus e pela Fé Católica. [...] E, quando fôssem tão contumazes que não aceitassem essa lei de fé, negassem a lei de paz que se deve ter entre os homens, para concervação da espécie humana, e defendessem o comércio e comutação, que é o meio por que se consilia e trata a paz e amor entre todos os homens – por ser esse comércio o fundamento de toda a humana polícia humana, posto que os contratantes disseram em lei e crença de verdade que 3.3.

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cada um é obrigado ter e crer em Deus -, em tal caso lhes pusessem ferro e fogo e lhes fizessemcrua guyerra. E de todas essas coisas/a armada/ levava mui copiosos regimentos.[...] 25). A partir dessa convicção todos os infiéis deveriam ser exterminados ou convertidos e era Portugal que se sentia obrigado e apontado a divulgar o cristianismo no mundo a qualquer preço. Nos documentos repetem-se as relações e provas do fundamentalismo religioso da Igreja Católica que dominava em Portugal e na Espanha naquele tempo e que era comparável com o islamismo daquela época. O princípio era claro – nenhuma tolerância religiosa. A agitação dos católicos e dos islâmicos parecia mesmo, pela violência, guerra e pressão. [...], as converteríamos na furibunda e cruel ferocidade e no costume espuríssimo dos maometanos.[...] 26). Quase a obsessão na grande missão dos portugueses na história dos descobrimentos como também no combate contra infiéis e na divulgação do cristianismo dominou, ao lado dos lucros evidentes de comércio, as atividades dos portugueses. Por exemplo, a carta de D. Manuel ao rei de Calicut emanava a convicção muito forte que só o cristianismo era a única e verdadeira fé em todo o mundo e precisamente os portugueses eram aqueles que recebiam essa missão divina. [...] lhe aprouvera ser ele o instrumento por que quisera conceder um bem tão universal, como era abrir as portas do outro novo mundo de infiéis, onde o seu nome podia ser conhecido e louvado, e as chagas do seu precioso filho, Cristo Jesus, recebidas por fé e batismo, para redenção de tantas mil almas, como o demônio imperava naquelas partes da infidelidade. [...] 27). É muito interessante a aliança absoluta, na mentalidade do homem português, do comércio e da fé. O comércio é o corolário da religião. Só quem quer fazer comércio é um homem que quer viver em paz. Mas parece que só os cristãos queriam viver em paz. Então o homem português tinha de cumprir o dever importante em respeito a Deus. Ele tinha de converter os infiéis e gente idólatra com meios materiais e seculares. Caso os contratantes se recusassem a converter-se ao cristianismo, deveriam ser atacados e combatidos em nome de Deus cristão. 3.4.

A ideia do messianismo nacional A ideologia do messianismo caracterizou principalmente o reinado de D. Manuel. Mas o messianismo acompanha a nação portuguesa há centenas de anos, podese dizer, desde a formação do país, e tem a sua origem profunda na história de Portugal. Portugal é o país que tem um papel muito importante no mundo e na história da cristianidade. É o país onde vive uma nação grande, escolhida por Deus, para descobrir as novas terras e difundir lá o cristianismo. Tudo parece já estar planeado por Deus desde o início do mundo e os Portugueses só seguem o seu fado. [...] E estando desde o começo do mundo até agora, as gentes dessas terras tão arredadas destas, e sempre fora de toda a esperança, nem pensamento disto, que o Senhor Deus ora quis que acontecesse, espritando, há 60 anos, um nosso tio, vassalo nosso, chamado Infante dom Henrique, princípe de mui virtuosa vida e santos costumes; o qual, por serviço de Deus, tomou propósito, inspirado por Deus, de fazer essa navegação; e foi prosseguida até agora pelos reis nossos antecessores [...] 28) [...] Portanto, consideradas estas coisas e razões de tanta vontade e servico do meu alto Deus, por Ele mesmo que foi e é causa da nossa navegação e ida a vós, meu 13

afetuosamente, como irmão vos rogamos que vós queiras conformar-se com seu querer e vontade. [...] 29). Características quanto à relação com os outros, desconhecidos A sua referência aos homens das terras distantes e especialmente novamente descobertas é muito altiva. Ele não se pergunta porque é que os estrangeiros são tão diferentes, têm outros costumes, outras vestes ou nenhumas vestes, qual é a maneira de pensar deles, quais são os princípios da sua religião, se é que eles têm uma, etc.. Para ele era claro que todo o mundo devia ser reconstruído conforme aquele que ele conhecia e aceitava. Os portugueses sentiam-se dominantes. O comportamento deles era muito correto mas todo o tempo pareciam que faziam testes diferentes com os índios Tupiniquim e esperavam o mesmo da parte destes. Tudo foi contado para impressionar os índios a manter a dominação. De que outra maneira se pode explicar o comportamento dos portugueses: [...] O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira, bem vestido com um colar de ouro mui grande ao pescoço, e [tinha] aos pés uma alcatifa por estrado. [...],24) quando receberam, pela primeira vez, os nativos que [...] Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam cobrir nenhuma coisa, nem mostrar suas vergonhas: acerca disso, estão em tanta inocência como têm em mostrar o rosto. [...] 30). Um homem da fé cristã é um homem prezado por Deus. A riqueza e posse era uma marca que Deus favorecia àquele homem. Também parece que a amizade se referia às pessoas da mesma convicção. O cristão oferecia a sua amizade só a um outro cristão. Os infiéis eram os inimigos dos cristãos. Entre os cristãos existia uma profunda solidariedade com raízes na mesma fé, em Deus. O mundo dos cristãos parecia alimentar-se com a fé, com práticas religiosas, com coisas religiosas e relíquias. Os portugueses sentiam-se tão fortes na sua fé que propunham ensinar o povo do Samorim de Calicut sem saber se era isso que eles queriam e se a sua fé era possivelmente mais forte do que a dos Portugueses. Isso pode-se ler como um sinal de altivez e de certa arrogância. [...] E também mandamos pessoas religiosas e doutrinadas na fé e religião cristã, também ornamentos eclesiásticos, para celebrarem os ofícios divinos e sacramentos, para que possais ver a doutrina da fé cristã que temos – dada e instituída por Cristo Jesus, nosso Senhor, nosso Salvador,... [...] 31). Uma coisa muito específica quanto aos estrangeiros era a total falta de reciprocidade na confiança, especialmente aos mouros e infiéis. A desconfiança dos cristãos aos muçulmanos e infiéis era uma marca geral da época e uma causa principal da maioria dos conflitos militares. Os portugueses mostravam, portanto, conduzidos pelos seus interesses comerciais, as tentativas de evitar confrontos armados e resolver os conflitos pacificamente. 3.5.

Características quanto à relação com os bens materiais Mas nem só de coisas espirituais vivia esse homem. Ele era um grande materialista. Os bens materiais, como as coisas de comércio, apareciam em primeiro plano. Eram as coisas do seu desejo que deviam ser trocadas. Ele não rejeitava as possibilidades de enriquecer, receber funções de prestígio e privilégios diferentes. 3.6.

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Quanto ao ouro e prata, os portugueses viram o que desejavam. Era claro o que se esperava em Portugal: metais preciosos, [...] [Os nativos] entraram e não fizeram nenhuma menção de cortesia, nem de falar ao capitão, nem a ninguém. Porém, um deles pôs olho no colar do capitão e começou a acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizia que havia ouro em terra. Também viu um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que também [lá] havia prata. [...] 32), especiarias, contactos comerciais e novos crentes para a Igreja Católica. Os portugueses estavam naquele tempo interessados nos despojos materiais como recursos naturais da terra ou negócios comerciais. Na terra do Brasil não encontraram, naquele momento, nada interessante, nada que os pudesse enriquecer. Mas eles marcaram a terra deixando lá dois homens banidos e o símbolo da fé católica: a Cruz. Ele era ávido e procurava os bens da natureza, metais e pedras preciosas para se enriquecer. No contexto da falta de tolerância religiosa aparece o desejo muito forte da riqueza em combinação, muito perigosa, com a religião. [...] Tenho medo de que os portugueses sob pretexto de aumentar a fé cristão, despojem a Índia (oriental) do ouro, prata e especiarias que possuía, e de outras riquezas, e usurpem seus senhorios e liberdade dos reis naturais, tal como nós, castelhanos, procedemos para extirpar e assolar as nossas Índias.[...] 33). Tecnologia e exploração Dos documentos resulta que o português era um homem bem organizado. A experiência marítima em navegação era transferida de um capitão ao outro, para evitar os enganos. Em documentos, pode-se encontrar uma grande precisão na transferência da experiência prática navegadora por Vasco da Gama ao Capitão-mor Pedro Álvares Cabral. Isso era um procedimento básico dos portugueses, característico e praticado durante todo o período considerado. O criador daquele procedimento foi Pedro Nunes, o cosmógrafo-mor da Coroa Portuguesa que o tinha em conta muito sério porque isso garantia o sucesso das viagens. [...] tendo em vista a confecção, além de outros conteúdos, das “cartas-padrão” nas quais eram escritas os novos conhecimentos e atualizações “a bordo das naus nas viajens aos novos mundos” [...] 34). Também quanto aos mapas era dado um grande interesse, conhecimento, zelo e meticulosidadede em relatar tudo ao Rei. A precisão na descrição, passo a passo, de toda a viagem a partir de Lisboa até ao Cabo da Boa Esperança, mostra, apesar de um grande competência e conhecimento da navegação, um grande regime que existia na frota portuguesa, mas também consciência pessoal de objetivos e subordinação dos capitães à vontade do Rei. [...] E se for o caso – Nosso Senhor não queira – que algum nesses navios se perca do capitão, deve se ter de ló, quanto puder, para ver cabo e ir-se a aguda de São Brás. Esse for aí primeiro que o capitão, deve amarrar-se mui bem e esperá-lo. Porque é necessário que o capitão-mor vá aí para tomar sua água, para que daí em diante não tenha que fazer com a terra, mas arredar-se dela até Moçambique, por saúde da gente e não ter nela que fazer [...] 35). Como pessoa altiva na relação aos estrangeiros, o português mostrava, no entanto, uma característica muito interessante que o classificava como um homem sábio 3.7.

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em sentido de prática, interessante, analisadora, relativamente à utilização das coisas desconhecidas. Há bastantes exemplos nos documentos analisados que se referem às coisas desconhecidas que foram conquistadas durante os combates aos navios muçulmanos, que os portugueses transportavam para o Reino como algum dos nativos ou como uma pessoa que sabia o que era isso e como se podia utilizá-lo. Essa marca que parece ser muito útil, destaca os lusitanos naquela época e mostra que se dirigiam com grande entendimento, intelecto e consciência quanto à tecnologia desconhecida. Num dos documentos descreve-se que os portugueses encontraram o ganho da guerra com Calicut depois de terem descarregado alguns navios dos mouros, alguns aparelhos de astrologia que não conheciam. Eles trouxeram-nas para Portugal junto com um homem que vivia há algum tempo entre os mouros e que podia explicar aos portugueses para que serviam os aparelhos astrológicos. Também quanto à exploração, os portugueses não tinham tempo para fazer explorações científicas. Isso não estava na moda. Isso foi uma viagem de negócios, pago pelo Rei que esperava resultados comerciais na Índia. A aventura com o Brasil aconteceu por acaso e seria muito difícil acreditar que os portugueses, com tantos regimentos, com estratégias negociadoras e já com experiência em comércio e ideias do messianismo [...] ...e Ele, que por aqui nos trouxe, creio que não foi sem causa. [...] 36), quisessem só passar alguns dias nas praias do Brasil, fazendo férias. Negócio era negócio e portanto é mais difícil acreditar que os portugueses que visitaram o litoral do Brasil no ano de 1500 não pensavam nas possibilidades que essa terra podia dar. Naquele momento pareciam considerar essa situação sem agressividade porque até aí não encontraram nenhuma coisa preciosa que valesse a pena explorar e ganhar quer para si mesmo quer para o Rei. Nos documentos analisados confirma-se que os portugueses penetravam nos mares, naquele tempo, para descobrir todas as terras firmes e ilhas possíveis que o Tratado de Tordesilhas lhes dava. Isso significava que trabalhavam muito metódica e consequentemente. Como uma nação convencida da sua sorte e Providência Divina organizaram, com sucesso, as expedições muito distantes para o norte até ao continente americano, levando daí os homens “selvagens”. Confirma-se novamente que as viagens tinham por objetivo uma conquista e ganho dos novos territórios de exploração dos recursos naturais de vários tipos e da mão-de-obra. Pode-se também chamar a essa vontade, para a expansão e conquista das novas terras, a providência, avidez ou sentido de negócio. Essa actividade trouxe para Portugal lucros e naquele tempo isso era o mais importante. Características históricas e sociológicas O homem português vivia numa sociedade hierarquizada. Ele estava absolutamente subordinado dentro da sua camada e entre elas. Isso significa que como um bom cidadão, sujeito ao seu soberano e pago por ele, era leal e capaz de lutar em nome dele e dedicar a sua vida em defesa do Rei, do Reino e da religião. O português, quer fosse rei, quer fosse capitão, apresentava-se como uma pessoa rica, que possuía grande respeito. Às vezes mostrava vaidade, às vezes orgulho. Sempre importante parecia ser a manifestação da sua posição na hierarquia social. [...] Nós, dom Manuel, por sua divina graça, rei de Portugal e dos Algarves, d’aquém e d’além mar em África, Senhor de Guiné, etc., a vós enviamos muito saudar, como aquele que muito amamos e prezamos.[...] 37). 3.8.

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Estando naquela hierarquia ele sabia vender os seus serviços para ganhar as coisas privadas do seu interesse. Como era o caso de Pero Vaz de Caminha que tinha o seu assunto privado ao Rei e que o esperava resolver. Tratava-se do seu genro que vivia na Ilha de São Tomé, Jorge do Soiro e que ele queria que voltasse. [...] A Vossa Alteza peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha São Tomé Jorge do Soiro, meu genro, o que recebei como muita mercê de Vossa Alteza. [...] 38). Ele não possuia uma alma romântica. Tudo o que ele observava e descrevia, ele comparava com o seu mundo que conhecia e valorizava sob o ângulo da sua utilização. Isso mesmo se referia às coisas e à natureza como também aos homens desconhecidos, nas terras descobertas e desconhecidas. Ele era um bom observador especialmente quanto aos bens materiais. Porque quanto aos bens espirituais, em significado psicológico e behaviorista, a sua capacidade de valorizar e ordenar essas características objetivamente era muito influenciada pela religião. Os seus desejos criavam, às vezes, a realidade que efetivamente não existia, porque ele não podia pensar de outra maneira e sair de si próprio e do seu mundo conhecido, para fazer apenas uma tentativa para compreender os outros. As suas observações eram o resultado de desejos e ânsias. [...] [Os nativos] entraram e não fizeram nenhuma menção de cortesia, nem de falar ao capitão, nem a ninguém. Porém, um deles pôs olho no colar do capitão e começou a acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizia que havia ouro em terra. Também viu um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que também [lá] havia prata. [...] 32). Também o entendimento das línguas estrangeiras tinha só como objetivo fazer comércio. [...] El-rei entregou ao capitão-mor: Gaspar da Gama, o judeu, porque sabia falar muitas línguas,...[...] 39). Ele comovia-se com a bandeira portuguesa que era um símbolo de patriotismo e aderência a uma nação grande e muito importante para ele, trazendo-lhe prestígio. [...] Acabado esse ato, assim como estava arvorada com uma solene procissão de relíquias e cruzes, foi levada aquela bandeira – sinal de nossas vitórias espirituais e temporais – a qual el rei acompanhou até Pedro Álvarez com seus capitães. Na praia, beijaram-lhe a mão e despediram-se dele. [...] 40). O português era um homem honesto em negócios que, como já acima foi mencionado, fazia só com as pessoas que viviam em paz, o que significa: queriam fazer comércio com os portugueses e eram cristãos. O homem português não tinha confiança em nenhuns estrangeiros, particularmente e por regra em infiéis. Ele era um homem esperto, possuia uma capacidade de planear as estratégias e atuar conforme elas. Também quanto aos autores portugueses e sua formação pode-se diferenciar os documentos analisados. Alguns parecem escritos por pessoas cultas, outros menos. 4. Conclusão Depois da análise dos documentos da época e da tentativa de criar o retrato de um homem português do periodo dos grandes descobrimentos geográficos, pode-se, sem dúvida, dizer que o português foi um homem muito característico para a sua época. Ele aproveitou todas as possibilidades que lhe deram: - a sua posição geográfica; 17

predomínio técnico na construção dos navios mais rápidos do que os outros daquele tempo; - a experiência na navegação; - a posse dos mapas muito detalhados e instrumentos astrológicos úteis para a navegação. Também a situação estável na política interna do país e continuação histórica de consolidação nacional, mesmo que a política fiscal no Reino estivesse deitada no fundo desse sucesso e criasse as características úteis de um português. Não se pode, porém, esquecer da situação geral na economia e política na Europa naquele tempo, que principalmente apoiava o negócio. Uma queda de comércio veneziano no mar Mediterrâneo e ao mesmo tempo incapacidade técnica da frota veneziana a concorrer com os portugueses e espanhóis no oceano Atlántico, deu uma possibilidade aos outros. E aqueles outros foram os portugueses. Mas o que é verdadeiramente original no plano geopolítico e geoeconómico dos portugueses e, por isso, pioneiro, é um resultado de forma dupla que eles obtiveram – a criação do primeiro império oceânico em rede transcontinental e o tiro de partida da primeira vaga do que hoje chamamos de globalização. Pode-se então dizer, com toda a firmeza, que o papel de pioneiros da globalização, criando o primeiro sistema verdadeiramente global de comércio internacional e de projeção geopolítica, que justificou a obra Portugal – o Pioneiro da Globalização. Quanto à avaliação, essa situação, no contexto das características particulares dos portugueses daquele tempo, que lhes permitiu alcançar essa posição importante, não só na sua época mas também do ponto de vista dos acontecimentos posteriores até aos nossos tempos, mostram as marcas originais dos portugueses na sua Expansão intercontinental - flexibilidade e mobilidade. A matriz dos portugueses, duma nação que vivia longe do centro da Europa Quatrocentista e Quinhentista, não era europeia, nem atlântica. Era global. Hoje em dia, podíamos dizer que os portugueses na sua alma eram cosmopolitas através de vários contactos internacionais fora da Europa. Para os portugueses, graças à sua posição geográfica, o mundo não se concentrava na bacia do Mar Mediterrâneo. Já naquele tempo os portugueses no seu fundo e subconsciência viviam no mundo de carácter global. Isso também se pode ver na geometria variável, na projeção das rotas marítimas dos portugueses, também visíveis na correspondência entre os comerciantes italianos nos documentos analisados nesta monografia. Sabemos que naquele tempo, também os chineses e árabes já tinham feito os descobrimentos geográficos e alcançado o litoral da Austrália e América. Mas nenhuma daquela nação desenvolveu e estendeu a rede económica e política global no espaço intercontinental. As rotas marítimas dos portugueses foram desde o início multidirecionais e isso deixou-os ganhar o domínio e liderança. Os portugueses desenvolveram instintivamente um modelo de projeção em rede que suportava a sobre extensão de um império – bases, fortalezas ou cidades fortificadas – e que integrava as mais diversas soluções político-jurídicas todo o territorio monstruoso do império incluíndo espaços de extraterritorialidade e de estados vassalos. Também, quer o messianismo dos portugueses, quer a luta constante contra os muçulmanos na Península Ibérica, os empurrou para continuarem aquela tradição da cruzada. Os motivos religiosos pareciam ser muitas vezes utilizados pelos portugueses como justificação para objetivos económicos e políticos. No século XV, a religião fazia parte da vida diária e era inseparável de considerações políticas ou comerciais. Mas o significado do fator religioso parecia estar -

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naquilo que deu maior confiança e determinação ao expancionismo de Portugal. A intensidade das convicções religiosas dos lusitanos, a crença profunda numa missão de origem divina, levou os portugueses, e também os espanhóis, a aventuras marítimas que pelos outros estados europeus mais pragmáticos eram consideradas como temerárias e infrutíferas. Paradoxalmente, também o relativo atraso económico de Portugal e a persistência da tradição da cruzada na própria terra, assim como – tal como já foi referido - a localização geográfica, explicam porque foi esta região, mais do que qualquer outra na Europa, a pioneira do expansionismo ultramarino. Os portugueses eram capazes de aproveitar o elemento de surpresa, porque ninguém, na Europa, contava que uma nação pobre e relativamnete atrasada, existente fora do cadinho europeu, pudesse tão rápida e perfeitamente eliminar os grandes e poderosos do mundo do comércio daquela época. Todas as carcterísticas dos portugueses mostradas nos documentos analisados são absolutamente normais. Contudo, as existentes nas condições mais favoráveis tornavam-se em características extraordinárias levando os lusitanos ao sucesso.

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Notas ao texto 1) Universidade de São Paulo 3º Simpósio Iberoamericano da História da Cartografia, Retratos da colonização: os mapas dos Teixeira Albarnáz e a construção dos sentidos da América portuguesa seisentista. São Paulo, abril de 2010; 2) Marco Polo, Livro de maravilhas, Coleção L&PM Pocket, São Paulo, 1999; 3) Janaína Amado, Luiz Carlos Figueiredo, Brasil 1500 Quarenta documentos, Editora Universidade de Brasília, São Paulo, 2001, documento 33, página 406; 4) Ibidem, documento 35, História das İndias, página 433; 5) Ibidem, documento 36, Lendas da İndia, página 447; 6) Ibidem, documento 35, História das İndias, página 439; 7) Ibidem, documento 18, Carta de Cantino a Hércules D’Este, página 249; 8) Ibidem, documento 31, Carta Besicken, páginas 367-368; 9) Ibidem, documento 35, História das İndias, páginas 433-434; 10) Ibidem, documento 34, Décadas da Ásia, página 415; 11) Ibidem, documento 31, Carta Besicken, página 381; 12) Ibidem, página 382; 13) Ibidem, página 374-375; 14) Ibidem, documento 16, página 225; 15) Ibidem, documento 34, Décadas da Ásia, página 420; 16) Ibidem; 17) Ibidem; 18) Ibidem, documento 34, Décadas da Ásia, página 417; 19) Ibidem, página 416; 20) Ibidem; 21) Ibidem, página 418; 22) Ibidem; 23) Ibidem, documento 35, História das İndias, página 437; 24) Ibidem, documento 06, Carta de Pero Vaz de Caminha, página 83; 25) Ibidem, documento 34, Décadas da Ásia, páginas 422-423; 26) Ibidem, documento 35, História das İndias, página 436; 27) Ibidem, documento 34, Décadas da Ásia, página 415; 28) Ibidem, documento 05, Carta de D. Manuel ao Samorim de Calicut, página 65; 29) Ibidem, página 69; 30) Ibidem, documento 06, Carta de Pero Vaz de Caminha, página 81; 20

31) Ibidem, documento 05, Carta de D. Manuel ao Samorim de Calicut, Páginas 68-69; 32) Ibidem, documento 06, Carta de Pero Vaz de Caminha, página 83; 33) Ibidem, documento 35, História das İndias, página 435; 34) Ibidem, documento 02, página 25; 35) Ibidem, documento 02, página 28; 36) Ibidem, documento 06, Carta de Pero Vaz de Caminha, página 109; 37) Ibidem, documento 05, Carta de D. Manuel ao Samorim de Calicut, página 63; 38) Ibidem, documento 06, Carta de Pero Vaz de Caminha, páginas 116-117; 39) Ibidem, documento 36, Lendas da İndia, página 450; 40) Ibidem, documento 34, Décadas da Ásia, página 419.

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5. Bibliografia 1) Universidade de São Paulo 3º Simpósio Iberoamericano da História da Cartografia, Retratos da colonização: os mapas dos Teixeira Albarnáz e a construção dos sentidos da América portuguesa seisentista. São Paulo, abril de 2010; 2) Marco Polo, Livro de maravilhas, Coleção L&PM Pocket, São Paulo, 1999; 3) Janaína Amado, Luiz Carlos Figueiredo, Brasil 1500 Quarenta documentos, Editora Universidade de Brasília, São Paulo, 2001; 4) Jerzy Strzelczyk, Historia Powszechna Sredniowiecze, Wydawnictwo Poznanskie, Poznan, 2008; 5) Georges Duby, Atlas Historii Swiata od prehistorii do czasow wspolczesnych, Wydawnictwo RM, wyd. I, Warszawa, 2010; 6) Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda, Marina Baird Ferreira, Míni Aurélio o dicionário da língua portuguesa, 8º edição revista, Editora Positivo, Curitiba, 2012; 7) Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, 26º edição, Editora Schwarcz S.A., 2013; 8) Edmund Stephen Urbanski, Hispanoameryka i jej cywilizacje, Hispanoamerykanie i Angloamerykanie, PWN, Warszawa, 1981 [tradução Bronislaw Zielinski]; 9) A. H. de Oliveira Marques, Historia Portugalii, vol.1, PWN, Warszawa, 1987, [tradução Janina Z. Klave]; 10) A. S. Rodrigues, História de Portugal em datas, Temas e debates-actividades editoriais, Lda., Lisboa, 2007; 11) Domingos Magarinos (Epiága R.T.), Muito antes de 1500, Ensaios de Etnogenia Pré-histórica do Brasil, Madras Editora LTDA., São Paulo, 2005; 12) Charles C. Mann, Ameryka przed Kolumbem, Dom Wydawniczy REBIS Sp.z.o.o, Poznan, 2012 [tradução Janusz Szczepanski]; 13) Mário Domingues, D. Manuel I e a epopeia dos descobrimentos, Edição Romano Torres, 2ª edição, Lisboa, 1971; 14) Zinka Ziebell, Terra de canibais, Editora da Universidade do Rio Grande do Sul, 1ª edição, Porto Alegre, 2002; 15) José Manuel Garcia, Breve história dos descobrimentos e expansão de Portugal, Editorial Presença, 1ª edição, Lisboa, 1999; 16) Helio Vianna, História do Brasil, Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1950; 17) Barry Hatton, Os Portugueses. A história moderna de Portugal. O verdadeiro retrato de um povo único, fascinante e contraditório., Clube do Autor, 9ª edição, Lisboa, 2013; 18) Frei Vincente do Salvador, História do Brasil 1500-1627, Editora Etatiaia Limitada, Editora da Universidade de São Paulo, Belo Horizonte, 1982.

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