O RIO GRANDE DO SUL ATRAV\'ES DO TEMPO GEOL\'OGICO: PROP\'OSTA DIDATICA

June 13, 2017 | Autor: Carlos Pires | Categoria: Rio Grande do Sul
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E1-1.1T011

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X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA O RIO GRANDE DO SUL ATRAVÉS DO TEMPO GEOLÓGICO: PROPOSTA DIDÁTICA Fábio Marcelo BREUNIG; Matheus Oliveira PAZ; Luís Eduardo de Souza ROBAINA; Edgardo Ramos MEDEIROS; Carlos Alberto PIRES; Lucélia BRUM Curso de Geografia; Departamento de Geociências; Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Palavras chave: Ensino; geologia; Material Didático Eixo: 1.- Aplicação da geografia física ao ensino Sub-eixo: 1.1.- Ensino Fundamental e Médio

1.-INTRODUÇÃO O estudo geográfico de uma região estaria incompleto sem o estudo de sua estrutura geológica, base de sustentação do relevo, fator condicionante para inúmeros outros elementos de uma paisagem como a vegetação e hidrografia. Além disso, é um fator determinante para inúmeras atividades econômicas ligadas à exploração de recursos naturais, portanto, caracterizando geograficamente um espaço. Dentro da estrutura educacional vigente, os alunos do Ensino Fundamental e Médio tem contato com o estudo da Geologia através das disciplinas de Ciência e Geografia, entretanto muito restrito, tendo em vista a carga horária prevista para este componente curricular e, a quase total ausência de pesquisa cientifica nestes níveis de ensino. Este lapso acaba negando aos estudantes um embasamento teórico, que faria com que compreendessem melhor a verdadeira e fascinante dinâmica da natureza a partir de suas metamorfoses.

2.-PROCEDIMENTOS E OBJETIVOS O trabalho foi realizado a partir de uma ampla revisão bibliográfica, discussões em grupo, trabalhos de campo e a partir do conhecimento empírico. Como resultado destes estudos apresenta-se um livreto explicativo onde faremos uma viagem por um Rio Grande do Sul quase desconhecido, a partir das várias paisagens nele já configuradas, fruto da ação combinada de forças internas e externas que moldaram e ainda continuam transformando o espaço em que vivemos. Ciente das dificuldades do entendimento, dada a abstração da discussão procuramos abordar o tema de forma simples, mas que não deixe de ser uma linguagem cientifica. Através deste trabalho, propomos um instrumento didático que permita uma disseminação do conhecimento geológico, especialmente porque este tipo de estudo proporciona uma melhor compreensão da dinâmica das paisagens, fato que vem de encontro às bases propostas pela Educação Ambiental. 3.-DINÂMICA DO PLANETA E O TEMPO GEOLÓGICO O planeta em que vivemos possui uma história evolutiva, na qual ocorreram transformações físicas, químicas e biológicas. Desvelar essa história evolutiva é objetivo da geologia, ciência que estuda a Terra e auxilia outras ciências, como a geografia. Para decifrar os mistérios da natureza e suas transformações ao longo de milhões de anos, a geologia se apóia em registros geológicos (rochas, fósseis e estruturas), possibilitando, dessa forma, que se estabeleça uma relação entre o passado e o presente. A geologia também estuda os recursos que a natureza oferece e preocupase com suas transformações que podem gerar desenvolvimento ou degradação. 3.1.-Tempo geológico Muitas vezes não temos a noção exata da magnitude do tempo, na escala geológica, pois não consideramos que o ser humano é pequeno no espaço-tempo. Segundo os estudiosos, a Terra tem aproximadamente 4,55 bilhões de anos enquanto a espécie humana possui pouco mais de dois milhões de anos. Para entender melhor o lugar do homem na história do nosso planeta, podemos utilizar a seguinte comparação: Um ano do nosso calendário, equivaleria ao tempo de existência da Terra, então a existência do homem se daria no último segundo do dia 31 de dezembro. A organização dos registros geológicos e a colocação dos fenômenos em ordem temporal passaram por diversas etapas nos últimos 350 anos. Até o século XVII a explicação Bíblica era preponderante; já no século XVIII, Hutton acreditava em uma Terra quase eterna, sem começo nem fim, e na segunda metade do século XIX até o início do século XX tivemos a influência de Lorde Kelvin, quando surgiram modelos mais precisos que já admitiam uma idade para a Terra. Com a descoberta da correlação fossilífera e da sucessão biótica, tornou-se possível a colocação de rochas em ordem cronológica pelo seu conteúdo fóssil. Portanto sendo possível estabelecer uma datação relativa, e ordenar as principais sucessões geológicas em uma escala de Tempo Geológico, com as divisões em Eras, Períodos e Épocas. Mas a datação absoluta só foi possível com o surgimento dos métodos de datação radiométrica, que evoluíram no decorrer do século XX, quando foi estabelecida a idade da Terra.

3.2.-As rochas As rochas são registros que servem de apoio para a Geologia e fazem parte da constituição da crosta terrestre. A rocha é um agregado natural, formado por um ou mais minerais e, podem ser classificadas, de acordo com o seu modo de formação na natureza, em ígneas, sedimentares e metamórficas. As rochas ígneas ou magmáticas, se originam do resfriamento e consolidação do magma. Elas podem ser intrusivas, chamadas de plutônicas, quando se formam no interior da crosta terrestre, ou seja, quando o resfriamento do magma ocorre antes deste chegar a superfície. Ou podem ser extrusivas, também chamadas de vulcânicas, formadas quando o magma extravasa na superfície da crosta, por uma fissura ou erupção central. A rocha plutônica mais comum e mais abundante na crosta terrestre é o granito e a vulcânica mais abundante é o basalto. As rochas sedimentares são formadas a partir da destruição de outras rochas préexistentes (ígneas, metamórficas e até sedimentares mais antigas). A formação destas rochas obedece ao Ciclo Sedimentar, onde temos os processos de intemperismo, erosão, transporte, deposição e litificação. Neste ciclo, os fragmentos produzidos pelo intemperismo na rocha pré-existente, são transportados e depositados, sendo compactados e cimentados, passando de material inconsolidado a rocha sedimentar. As rochas sedimentares mais comuns são os arenitos, lamitos e calcários. Para entender a formação das rochas metamórficas, primeiro devemos entender o que é o processo de metamorfismo e no que ele implica. O processo de metamorfismo implica em mudanças físicas (estruturais) e/ou químicas (minerais). Essas mudanças são provocadas pelo aumento da pressão e temperatura associados a presença de fluidos. Para que um mineral mude sua estrutura e mineralogia não é necessário que a rocha mude de estado sólido para liquido. Antes mesmo da rocha se fundir, os átomos se movimentam, gerando transformações (Metamorfismo) e formando as rochas ditas metamórficas. São rochas metamórficas os xistos, gnaisses, mármores e quartzitos. 3.3.-Planeta em movimento Muitas rochas e feições fisiográficas são geradas em conseqüência da colisão e do afastamento das Placas Tectônicas, Estas constituem a Litosfera, parte externa do Planeta Terra, formada pela crosta e pelas rochas do manto superior. A crosta terrestre é formada pela crosta continental, com predomínio de rochas graníticas e pela crosta oceânica, contendo rochas basálticas. As forças que causam os movimentos das placas tectônicas, tem origem no interior aquecido da Terra e chegam até a superfície através das correntes de convecção do manto. Todos os processos são explicados pela Teoria Moderna da Tectônica de Placas. A origem da Tectônica de Placas está no século XX, com o cientista alemão, Alfred Wegener, que imaginou os continentes unidos em uma determinada época, sendo posteriormente separados. Surgiu o termo Pangea, designado de supercontinente, que teria começado a se fragmentar há cerca de 200 milhões de anos, dividindo-se em dois continentes, ao norte a Laurásia e ao sul o Gondwana. Reunindo as suas evidências, Wegener estabeleceu a Teoria da Deriva Continental. Mas ele não conseguiu explicar que forças seriam responsáveis pelo movimento dos blocos continentais e como que

duas crostas rígidas, como a oceânica e a continental, deslizariam uma sobre a outra sem que se quebrassem com o atrito. Na década de 40, o fundo dos oceanos começou a ser conhecido, devido a utilização dos sonares e outros equipamentos. O fundo do Oceano Atlântico foi mapeado, constatando-se a presença de uma cadeia Meso-Oceânica , onde ocorre uma forte atividade sísmica e vulcânica dividindo a crosta submarina em duas partes, o que evidencia a deriva continental. Já na década de 60, Hess propôs a expansão do assoalho oceânico pelos processos de convecção no interior da Terra. Os continentes estariam fixos em uma placa, movimentando-se na medida em que o fundo oceânico se afastava. Foi ele, também, que trouxe o termo Zona de Subducção, local onde a crosta oceânica mergulharia para o interior da Terra, atingindo condições de pressão e temperatura favoráveis para sofrer fusão e ser incorporada ao manto. 4.- CONHECENDO A PAISAGEM GAÚCHA ATRAVÉS DO TEMPO GEOLÓGICO O Estado do Rio Grande do Sul nem sempre se localizou entre as atuais coordenadas,ocorrendo uma movimentação da crosta fruto da atividade convectiva do manto da Terra. A movimentação dos continentes durante a história do Planeta chamamos de tectônica global. Portanto, nosso Estado já esteve entre maiores e menores latitudes e diferentes longitudes. Conforme migrava, mudavam os ambientes climáticos, que agem na Zdenudação das rochas. Atualmente o Rio Grande do Sul é dividido em quatro compartimentos geológicos: O escudo, o planalto, a depressão periférica e a planície costeira.

Figura 1-Os compartimentos geomorfológicos do Rio Grande do Sul Fonte: Atlas ambiental de Porto Alegre e adaptado pelos autores

4.1.-A formação do escudo A cerca de um bilhão de anos existiam dois antigos continentes ancestrais da América do Sul e África respectivamente, o cráton Rio de La Plata e o cráton Kalahari. Entre esses dois continentes existia o oceano Adamastor, onde se desenvolveram depósitos sedimentares marinhos e continentais como calcários e arenitos. Por volta de 800 milhões de anos atrás ocorreu o choque destes dois continentes originando o

soerguimento de uma enorme cadeia de montanhas. Esta cadeia de montanhas foi desgastada devido à ação da erosão, expondo áreas de seu interior. Este ambiente está representado, principalmente, por rochas ígneas e metamórficas e em menor proporção por rochas sedimentares no escudo. 4.1.1.-As rochas plutônicas do batólito de Pelotas ou escudo Sul-rio-grandense O batólito de Pelotas é um tipo de afloramento de rochas plutônicas, provocado pela erosão, em grande escala, apresentando aproximadamente 400 Km de comprimento e 80 Km à 120 Km de largura. Essas rochas plutônicas se formam quando há uma intensa atividade orogênica, o que aconteceu no RS, mais especificamente na região leste do escudo Sul-rio-grandense. Essas rochas plutônicas que constituem o batólito são a raiz de uma enorme cadeia de montanhas que existia há milhões de anos, conhecida como cadeia Dom Feliciano que originaram diferentes tipos de rochas graníticas.

Figura 2- Origem dos batólitos

Fonte: The earth’s dynamic systems

4.1.2.-As Rochas metamórficas A formação do Escudo Cristalino sul-rio-grandense provocou o metamorfismo das rochas e sedimentos que existiam na superfície terrestre, gerando xistos e gnaisses. Outras rochas formadas foram o mármore, que encontramos em Caçapava do Sul, Pântano Grande, etc, que é fruto do metamorfismo do calcário, provavelmente originado de algas marinhas e o quartzito, que se originou da transformação de arenitos quartzosos, formando as elevações que vemos em Santana da Boa Vista.

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B Foto 1 e 2- A) Crista de quartzito em Santana da Boa Vista B)Mineração de mármore em Caçapava do Sul Fonte: Foto tirada pelos autores

4.1.3.-As rochas sedimentares do escudo/Bacia do Camaqua A bacia do Camaqua situa-se no centro do escudo sul-rio-grandense. Tem como base rochas ígneas e metamórficas e é constituída de rochas vulcano-sedimentares do escudo. Representa as bacias intermontanas.

Um dos depósitos sedimentares

bastante conhecidos desta bacia formam os morros e guaritas de Caçapava do Sul. Representam seqüências fluviais e secundariamente depósitos desérticos. Os depósitos de ambientes fluviais de alta energia se caracterizam por serem compostos de blocos métricos, cascalhos, areias, seixos, etc... . Estes detritos são trazidos pelos rios de alta energia, conhecidos como rios entrelaçados. Esses rios possuem grande potencial erosivo e de transporte, propiciando o deslocamento de grandes quantidades de detritos no fundo de seu canal. À medida que o rio segue em direção a jusante, passa a depositar seus sedimentos e a transportar apenas material mais fino, isso em função de sua perda de energia. 4.2.-A depressão periférica/ A Bacia do Paraná A depressão periférica é formada de rochas sedimentares da Bacia do Paraná. A bacia do Paraná é uma bacia gerada no interior dos continentes. Sua origem é polemica, mas cresce a aceitação da teoria que vincula sua origem a subsidência intercratonica causada por flexuras litoféricas relacionada a empurrões devido à orogênese na borda da placa. As seqüências sedimentares que encontramos na bacia do Paraná se formam inicialmente por sucessivas transgressões e regressões marinhas pelo Oeste. No Eopermiano (280 Ma), dentro da tendência de expansão progressiva da área deposicional, uma sedimentação extensiva chega pela primeira vez a porção gaúcha da bacia, região que era até então mantida acima do nível de base. A Bacia do Paraná evolui para um mar raso representado pela Formação Palermo e finalmente para mares isolados de circulação restrita representados pelos sedimentos da Formação Iratí. As camadas de carvão do Estado, da formação Rio Bonito, formaram-se nessa fase de transgressão, por ocasião da evolução de um sistema de lagunas-barreiras, caracterizando-se como deltas e planícies costeiras. 4.2.1-O Carvão mineral O carvão mineral tem seus primeiros registros de uso a cerca de 2000 anos, mas a

sua maior importância foi atingida a partir da Revolução Industrial, com o desenvolvimento das máquinas a vapor, quando era a principal fonte de energia. Foi largamente utilizado durante a Segunda guerra mundial e durante a crise do petróleo, quando a produção de recursos energéticos alternativos foi incentivada. Atualmente, a produção de carvão no Brasil, na sua maioria, é para consumo das termoelétricas, usinas que transformam calor em energia elétrica. O carvão é uma rocha sedimentar orgânica combustível que se forma a partir do soterramento e compactação de matéria orgânica, é um processo lento, de dezenas de milhões de anos. Os ambientes propícios para a formação de depósitos de carvão são bacias rasas, deltas, estuários ou ambientes pantanosos, relativamente mal oxigenados (anaeróbico). Esses depósitos ocorrem em regiões de repetidas transgressões e regressões marinhas, sendo que quando o mar recua, ha um avanço da vegetação, que em seguida é soterrada por sedimentos ou por uma nova invasão marinha. Isto explica a ocorrência, numa mesma região, de diversas camadas de carvão intercaladas por sedimentos. As condições para a formação do carvão do RS foram estabelecidas no período Permiano, ha 280 milhões de anos, quando o primitivo continente da Gondwana migrou rumo ao hemisfério norte, amenizando o clima e assim possibilitando o surgimento de vegetais. Com a invasão do mar pelo oeste, quando ainda não existiam os Andes, a água se infiltrou por entre as montanhas e formou grandes deltas. Estes são invadidos pela vegetação, que passa a ser soterrada pelos sedimentos. Com o aumento da pressão e da temperatura este material orgânico se transforma em uma rocha sedimentar orgânica (carvão mineral).

Figura 3- Processo de formação do carvão Fonte: The Earth`s Dynamic Systems

A proporção de formação do carvão sul-rio-grandense é de 20-1, ou seja, 20 metros de matéria orgânica para 1 de carvão. A espessura dos depósitos gaúchos

é em média de 1,8 metros sendo encontrado principalmente na bacia sedimentar do Paraná, a. depressão central.

Foto 3- Extração de carvão mineral em Charqueadas Fonte: Foto tirada pelos autores

4.2.2.-Os fósseis do Rio Grande do Sul Com o arrefecimento do ciclo de subsidência Neopermiano e existindo alguns efetivos impedimentos fisiográficos a ligações com o oceano a oeste, a bacia do Paraná passa a uma definitiva continentalização, em um clima árido interior do Gonwana Mesozóico. O pacote mesozóico do RS é bem representado na cidade de Santa Maria, chamando atenção pelos achados paleontológicos, fósseis de vertebrados encontrados em rochas sedimentares que representam depósitos lacustres junto à planície de inundação de antigos rios, formando as rochas sedimentares da Formação Santa Maria de idade Triássico Médio-Superior. Outras significativas ocorrências são os troncos fósseis associados ao Arenito Mata, que são comuns nos municípios de Mata e São Pedro.. Esses troncos são silicificados e estão inclusos em rochas sedimentares interpretadas como de antigos rios.

Figura 4- Ambientes de formação de fósseis Fonte: Atlas Ambiental de Porto Alegre

Para se formar um fóssil é necessário que este seja soterrado rapidamente por um material bem fluido (argila, silte, cinza vulcânica, âmbar,etc...) e que não entre mais em contato com o ar (ambiente anaeróbico). Com o passar de milhões de anos as moléculas desse corpo serão substituídas uma a uma por sílica e outros minerais.

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5 Foto 4 e 5- Fósseis do Rio Grande do Sul5 Fonte da foto 4:http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/datas/paleontologo/anhanguera.html Fonte da foto 5:http://www.riogrande.com.br/turismo/mata.htm

4.2.3-O grande deserto do Botucatu No Rio Grande do Sul já tivemos um enorme deserto no final do Jurássico- Início do Cretáceo, o deserto Botucatu. A prova deste ambiente desértico são as feições geológicas como as grandes dunas, representadas pelos arenitos que são usados na construção civil e que hoje equivalem ao aqüífero Botucatu. Os processos de denudação, transporte e deposição realizados pelo vento são chamados de processos eólicos. Entre as formações geomorfológicas produzidas pela deposição eólica, estão as dunas, que formam camadas sobrepostas. Numa duna é interessante e importante saber a diferença entre barlavento e sotavento. O barlavento, é a parte da duna que recebe o vento e o sotavento é a parte da duna que esta protegida do vento. Transformando uma duna em uma figura geométrica, podemos equivale-la a um triângulo, onde a base da duna equivale a hipotenusa, o barlavento ao cateto maior e o sotavento ao cateto menor. O termo ¨mares de areia¨ (ergs) é utilizado para designar grandes áreas cobertas de areia, que formam paisagens no Estado como os que ocorrem hoje na Arábia Saudita, na Austrália e Ásia.

Figura 5 e foto 6- A) Disposição das camadas de arenito; B) Extração de arenito Fonte da figura: Depositional Sedimentary Environments ; Fonte da foto: Foto tirada pelos autores

4.2.4.-Os processos erosivos avançados do sudoeste no Rio Grande do Sul No sudoeste do Rio Grande do Sul, registra-se processos avançados de voçorocamento e arenização. As rochas sedimentares expostas aos agentes intempéricos, formam solos espessos mas com baixa fertilidade, por serem muito quartzosas. Desta forma a vegetação tem seu desenvolvimento prejudicado, que serviria de agente mantenedor. A falta de vegetação, a alta pluviosidade, entre outros, são responsáveis pelos processos erosivos na região. Estes processos são intensificados pelos agentes antrópicos, representados pelo mau uso do solo, como área de agricultura extensiva e pastagens. A erosão gerando areias desenvolve-se em amplas áreas onde as areias tomam conta das colinas criando o que foi denominado de “desertos do sul”.

Foto 7 e 8- A)Areal do Jacaquá no município de Alegrete; B) Voçoroca de Caciqui Fonte: Fotos tiradas pelos autores

Outro processo que se verifica são as voçorocas. Representam grandes sulcos no solo que evoluem até o lençol freático. Em linhas gerais, as voçorocas têm sua gênese ligada ao fluxo sub-superficial e superficial. A principio forma-se um fluxo superficial que provoca o ravinamento. Quando o fluxo superficial encontra o nível de escoamento subterrâneo da se início ao processo de voçorocamento. Os prejuízos deste processo estão registrados na perda de solos, bem como no assoreamento dos rios, criando áreas de risco, entre outros problemas. 4.3.-O Planalto Sul-Rio-Grandense - O vulcanismo no Mesozóico A ruptura dos continentes se apresenta associada no tempo e no espaço com extensos pacotes de lava, que constituem o chamado vulcanismo de Platô, representando manifestações espetaculares e de evolução muito rápida. No RS, mais da metade da área do estado é recobertos por uma pilha vulcânica de derrames de lava, constituindo a formação Serra Geral de idade Cretácea (138-128 Ma.). Para entender a estrutura de um derrame de lava é mister antes saber algumas coisas sobre vulcanismo. O vulcanismo é todo e qualquer processo ou evento que leva material magmático até a superfície terrestre, este material pode apresentar-se sob forma liquida, sólida ou gasosa. A formação de edifícios vulcânicos se da geralmente em áreas de orogênese. O tipo de edifício mais comum é do tipo estrato-vulcão, que se constitui de uma abertura afunilada (cratera) e, esta está ligada a câmara magmática, formando o duto do magma. Os edifícios vulcânicos podem atingir milhares de metros de altura e, ainda podem ser do tipo fluido ou explosivo.No entanto, o derrame que ocorreu no Rio Grande do Sul foi do tipo fissural, que é aquele em que o magma penetra por fissuras. Caracteriza-se pela sua grande dimensão. A estrutura de um derrame de lava é formada de quatro partes ou zonas, que de acordo com a velocidade de resfriamento se dispõem de forma distinta. Pode ser dividido da seguinte maneira: A base, a zona de diáclase horizontal, a zona de diáclase vertical e a zona vesicular. A base de um derrame é constituída de um material vítreo, formado a partir do rápido resfriamento da lava em contato com a superfície fria. Por sobre a base vítrea, se forma uma camada de basaltos microcristalinos, que se dispõem de forma horizontal, formando uma espécie de grandes chapas devido as diáclases horizontais. Nesta zona pode ocorrer a formação de vesículas mais alongadas horizontalmente, porém são em pequeno número. No centro do duto/canal de lava as diáclases são verticais, constituídas de um basalto mais grosseiro. Essa disposição vertical se deve a seu lento resfriamento. No topo do derrame se forma a zona vesicular, que é uma faixa caracterizada pela presença de vesículas amigdalóides. Estas vesículas se formam porque os gases não conseguem escapar por causa do rápido resfriamento da lava. Podem aparecer sob formas e tamanhos deferentes e podem estar preenchidas por zeólita, ágata e cristais. A faixa vesicular e a de diáclase horizontal são mais frágeis quando se trata de decomposição, isso porque retém maior quantidade de água. Por este motivo é nestas zonas que afloram as fontes de água e se desenvolvem as vegetações.

Figura 6 e foto 9: Estruturas de derrame de lava; Derrame em Cambara do Sul; Fonte da figura: Geologia geral; Fonte da foto: Foto tirada pelos autores

4.4.-A planície costeira 4.4.1.-Abertura do Atlântico e a Bacia de Pelotas A borda do continente no Estado do Rio Grande do Sul é formada por rochas sedimentares da Bacia de Pelotas que vêm se acumulando desde a separação da América do Sul e da África e apresenta registros de todas as fases da abertura do Oceano Atlânticas Sul, produzidas pela fragmentação do ancestral continente Gondwana. A porção mais superficial e proximal do pacote sedimentar desta Bacia encontra-se exposto na Planície Costeira do Rio Grande do Sul que se constitui na mais ampla planície Costeira do litoral brasileiro. A morfologia atual da costa foi modelada por sucessivos eventos de subida e descida do nível do mar e de alterações climáticas, durante os últimos 60 milhões de anos, no Período Terciário. Ocorreram quatro ciclos de transgressão e regressão marinha que definiram as atuais feições da Planície Costeira.

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11 Figuras 7;8;9;10;11- Evolução geológica da planície costeira Fonte: Atlas Ambiental de Porto Alegre

5.-CONSIDERAÇÕES FINAIS Na expectativa de que este trabalho venha a suprir em parte o conhecimento dos leitores, no que se refere a geologia do Estado do Rio Grande do Sul, concluímos este trabalho. A consulta bibliográfica, trabalhos de campo e discussões com professores é que possibilitaram a elaboração deste trabalho. O leitor poderá contemplar neste trabalho uma rápida explicação sobre a evolução geológica do Estado e explicações das diferentes paisagens e feições. 6.-BIBLIOGRAFIA CONSULTADA DIAS, G.F. Educação Ambiental: Princípios e práticas. São Paulo:Gaia, 1992 GEOMINERAIS. Silicatos. Santa Maria-RS. Disponível http://www.geominerais.hpg.ig. com.br/silica.html. Acesso em 17 de junho. 2003.

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