O RISCO DE GUERRA ENTRE ESTADOS UNIDOS E COREIA DO NORTE

May 22, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: International Relations, War Studies, Political Science
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O RISCO DE GUERRA ENTRE ESTADOS UNIDOS E COREIA DO NORTE Fernando Alcoforado* Entre 1950 e 1953 ocorreu a Guerra da Coreia que foi um conflito armado entre Coreia do Sul e Coreia do Norte. Esta guerra se inseriu na disputa geopolítica entre Estados Unidos e União Soviética. Foi o primeiro conflito armado da Guerra Fria, causando apreensão no mundo todo, pois houve um risco iminente de uma guerra nuclear em função do envolvimento direto entre as duas superpotências militares da época. É oportuno observar que após o fim da Segunda Guerra Mundial com a rendição e retirada das tropas japonesas, o norte passou a ser aliado dos soviéticos, enquanto o sul ficou sob a influência norte-americana. Esta divisão gerou conflitos entre as duas Coreias. Após diversas tentativas de derrubar o governo sul-coreano, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul em 25 de junho de 1950. As tropas norte-coreanas conquistaram Seul (capital da Coreia do Sul). Logo após a invasão norte-coreana, as Nações Unidas enviaram tropas para a região a fim de expulsar os norte-coreanos e devolver o comando de Seul para os sul-coreanos. Os Estados Unidos entraram na guerra ao lado da Coreia do Sul, enquanto a China (aliada da União Soviética) enviou tropas para a zona de conflito para apoiar a Coreia do Norte. Em 1953, a Coreia do Sul, apoiada pelos Estados Unidos e outros países capitalistas, obteve várias vitórias militares. Sangrentos conflitos ocorreram em território coreano, provocando a morte de aproximadamente 4 milhões de pessoas, sendo que a maioria era composta por civis. Em julho de 1953, o governo norteamericano ameaçou usar armas nucleares contra a Coreia do Norte e a China caso a guerra não fosse finalizada com a rendição norte-coreana. Em 28 de março de 1953, Coreia do Norte e China aceitaram a proposta de paz das Nações Unidas. Com o fim da guerra, as duas Coreias permaneceram divididas e os conflitos geopolíticos continuaram, embora não houvesse o enfrentamento militar. Atualmente a Coreia do Norte permanece com o regime comunista, enquanto a Coreia do Sul segue no sistema capitalista. No momento atual, Estados Unidos e Coreia do Norte estão a um passo da guerra cujo conflito pode começar a qualquer momento. Após uma semana de trocas de ameaças entre Estados Unidos e Coreia do Norte, uma guerra pode começar a qualquer momento na região. Em uma eventual guerra entre Estados Unidos e Coreia do Norte não haverá vencedores. A tensão entre Estados Unidos e Coreia do Norte existe há anos, mas se intensificou desde que Donald Trump assumiu a Casa Branca, em janeiro deste ano. Donald Trump mantém uma gestão mais combativa do que a de seu antecessor, Barack Obama, e ameaça atacar o país asiático caso o regime de Pyongyang continue com seus testes militares. Ontem, Trump ordenou o lançamento de uma bomba contra o Afeganistão para atingir alvos terroristas do Estado Islâmico. O explosivo tinha quase 11 toneladas de TNT e é considerada a bomba mais potente, atrás apenas da nuclear. Especialistas viram no ataque uma tentativa de Washington demonstrar para seus inimigos seu poder militar. A Rússia, também, demonstrou preocupação com a situação e está acompanhando os fatos. Um dos maiores aliados dos Estados Unidos na Ásia, o Japão já começou a analisar as possibilidades de uma guerra. As Forças Armadas norte-coreanas 1

anunciaram que estão dispostas a adotar as medidas mais duras contra os Estados Unidos, caso o governo de Donald Trump continue com as provocações. Os historiadores supõem que sempre existiram guerras porque no registro documentado da história humana, que remonta há 6.000 anos, houve apenas 292 anos de relativa paz entre os povos. Esse período de tempo de 55 séculos, porém, é apenas uma partícula do tempo total da presença humana na Terra. Pode-se afirmar que a humanidade evoluiu até o presente momento do estágio de selvageria ao de barbárie. Selvageria é um estágio característico das sociedades ou povos primitivos. O termo barbárie tem dois significados distintos, mas ligados entre si: falta de civilização e crueldade de bárbaro. Nos últimos 150 anos, a barbárie tem aumentado permanentemente. Ano a ano, década a década, a violência e o desprezo pelo ser humano têm aumentado parecendo não haver um limite para este fenômeno. Algo muitíssimo pior: os homens e mulheres se acostumaram com a barbárie já não existindo espanto, estranheza, nem horror frente aos atos desumanos. O grande desafio da era contemporânea é fazer a humanidade evoluir do estágio de barbárie em que se encontra no momento atual ao de civilização. Civilização é considerada o estágio mais avançado de determinada sociedade humana. Existem alguns elementos geralmente aceitos por todos sobre o que tornaria uma sociedade civilizada: 1) oferecer segurança garantida para todos os cidadãos que não devem temer a perda de suas vidas ou ter danos físicos; 2) prover assistência médica da melhor qualidade possível para todos os membros da sociedade; 3) conceder acesso à comida e água para todos os cidadãos de modo que nenhuma pessoa passe fome ou sede; 4) prover as condições básicas de habitação para todos os cidadãos; 5) possuir um sistema legislativo democrático cujas leis sejam estabelecidas para preservar o bemestar da população; 6) prover um sistema educacional que garanta igualdade de acesso à educação de alto nível para todas as pessoas visando tornar sua população altamente educada; 7) assegurar para a população a liberdade de pensamento, crença, religião, afiliação e expressão; e, 8) garantir o direito da população de participar das decisões de governo. É chegada a hora de a humanidade se dotar o mais urgentemente possível de instrumentos necessários a ter o controle de seu destino e colocar em prática uma governança democrática do mundo. Este é o único meio de acabar com as guerras e o terrorismo e, em última instância, sustar a decadência em curso da humanidade. Uma governança democrática do mundo é extrememente necessária porque não existe nenhum outro meio capaz de construir um mundo no qual cada mulher, cada homem de hoje e de amanhã tenham os mesmos direitos e os mesmos deveres, e nos quais os interesses do planeta e de todas as nações, de todas as formas de vida e das gerações futuras, sejam enfim levados em conta. O papel fundamental da governança democrática do mundo seria o da conquista e manutenção da paz mundial e de construção da governabilidade da economia e do meio ambiente global. Por seu intermédio, seria perseguida a defesa dos interesses gerais do planeta. Ela zelaria no sentido de cada Estado respeitar os direitos de cada cidadão do mundo buscando impedir a propagação dos riscos sistêmicos mundiais de natureza econômica e ambiental. Ela evitaria o império de um só e a anarquia de todos. A preservação da paz é a primeira missão de toda nova forma de governança mundial. Uma governança com essas características só pode resultar do consenso entre todos os povos e nações do mundo. Este seria o caminho que possibilitaria evitar as guerras e o 2

terrorismo e promover a convergência de todos os povos do mundo em torno de um objetivo comum. Hoje, o mundo se defronta com uma débâcle humanitária. A humanidade tem de entender que tem tudo a ganhar se unindo em torno de uma governança democrática no mundo representativa dos interesses das nações, incluindo a mais poderosa, controlando o mundo em sua totalidade, no tempo e no espaço. A nova ordem mundial a ser edificada deve organizar não apenas as relações entre os homens na face da Terra, mas também suas relações com a natureza. É preciso, portanto, que seja elaborado um contrato social planetário que possibilite o desenvolvimento econômico e social e o uso racional dos recursos da natureza em benefício de toda a humanidade. A edificação de uma nova ordem mundial baseada nesses princípios é urgente. *Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia SustentávelPara o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: [email protected].

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