O roteiro turístico dos engenhos da cidade de Ceará Mirim-RN: subsídios das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa

June 3, 2017 | Autor: C. Rn | Categoria: Cultural Studies, Políticas Públicas, Turismo, Economia Criativa
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES. DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS

O roteiro turístico dos engenhos da cidade de Ceará Mirim-RN: subsídios das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa

DAVI DE ASSIS SILVA

Natal /RN 2015

DAVI DE ASSIS SILVA

O roteiro turístico dos engenhos da cidade de Ceará Mirim-RN: subsídios das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Gestão de Políticas Públicas em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz

Natal /RN 2015

UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Catalogação da Publicação na Fonte

Silva, Davi de Assis. O roteiro turístico dos engenhos da cidade de Ceará Mirim-RN: subsídios das políticas públicas de fomento da economia criativa. / Davi de Assis Silva. – Natal, RN, 2015. 39 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Manuel Rocha da Cruz. Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso de Gestão de Políticas Públicas. 1. Economia criativa – Monografia. 2. Políticas Públicas – Monografia. 3. Turismo – Monografia. I. Cruz, Fernando Manuel Rocha da. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM

CDU 330.3

DAVI DE ASSIS SILVA

O roteiro turístico dos engenhos da cidade de Ceará Mirim-RN: subsídios das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Gestão de Políticas Públicas em cumprimento às exigências legais como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Gestão de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Aprovado em: 04 de dezembro de 2015

BANCA EXAMINADORA

Professor Doutor Fernando Manuel Rocha da Cruz Orientador

Professora Doutora Winifred Knox Membro

Professor Doutor Fernando Bastos Costa Membro

DEDICATÓRIA E AGRADECIMENTOS

Dedico esta monografia, em primeiro lugar a Deus que sempre está comigo, iluminando todos os meus caminhos e me abençoando. Aos meus pais Francisca de Assis Silva e Damião Francisco da Silva, como também a minha esposa Euzébia de Lima Nobre e minha filha Ester Nobre de Assis, que sempre estão presentes, me incentivando a estudar para conseguir meus objetivos. Aos meus colegas de curso e amigos Igor César, Zélio Cunha e Jair Júnior, que me ajudaram e colaboraram para que eu conseguisse concluir meu curso. Ao meu orientador Professor Doutor Fernando Manuel Rocha da Cruz que muito colaborou tirando minhas dúvidas e me orientando sempre que o procurei, desde a construção do meu projeto de TCC, até a conclusão da minha monografia.

RESUMO

A Economia Criativa é considerada uma nova maneira de fomentar a economia local e desta forma contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da mesma, estando fundamentada na criatividade humana e na cultura. Pensando nisto, o presente trabalho tem como área de estudo o município de Ceará Mirim no Rio Grande do Norte, que concentra uma forte cultura popular. A figura do Barão de Ceará Mirim surge como um agente promotor e empreendedor da Economia Criativa no estado, e o roteiro dos engenhos de cana de açúcar e centro histórico como “produto” cultural. Para a realização deste trabalho, optamos pela metodologia qualitativa, com a participação (participante) efetiva no roteiro turístico, e a aplicação de entrevistas semiestruturadas aos principais envolvidos no turismo e gestão local. Dessa forma, procuramos entender a forma como o patrimônio cultural dos Engenhos e a arquitetura do centro histórico fomentam o desenvolvimento local; demonstrar a partir da ação dos agentes a viabilidade e potencial de desenvolvimento socioeconômico; interpretar os resultados através das Políticas Públicas de fomento da Economia Criativa. Em termos de conclusão, percebemos que a falta de políticas públicas específicas para a cidade, pode ser compensada pelo empreendimento de seus agentes culturais.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura. Ceará Mirim. Economia Criativa. Políticas Públicas. Turismo.

ABSTRACT The Creative Economy is considered a new way of promoting the local economy and thus contribute to the socioeconomic development of the same, being grounded in human creativity and culture. With this in mind, the present work is to study the area of the city of Ceará Mirim in Rio Grande do Norte, which concentrates a strong popular culture. The figure of Ceará Mirim Baron emerges as a promoter and entrepreneur Creative Economy in the state, and the script of the sugar cane plantations and the historic center as "product" cultural. For this work, we chose the qualitative methodology, with the participation (participant) effective on the tourist route, and the application of semi-structured interviews with key players in tourism and local management. Thus, we seek to understand how the cultural heritage of the Mills and the architecture of the historic center foster local development; show from the action of the agents the feasibility and socio-economic development potential; interpret the results through the promotion of the Creative Economy of Public Policy. To conclude, we realized that the lack of specific public policies for the city, can be compensated by the enterprise of its cultural agents. KEY WORDS: Culture. Ceará. Mirim. Creative Economy. Public Policy. Tourism.

LISTA DE FIGURAS E DO QUADRO

Figura 1: Região metropolitana de Natal com destaque para o município de Ceará Mirim .... 21 Figura 2: Produto Interno Bruto Valor Adicionado de Ceará Mirim ....................................... 22 Figura 3: Mercado Público ....................................................................................................... 26 Figura 4: Casarão da Família Rocha, datado por volta de 1860. Estilo Eclético ..................... 27 Figura 5: Casarão da Família Correa, construído pelo Major da Guarda Nacional Pedro Correa. Estilo Art Nouveau ...................................................................................................... 27 Figura 6: Palácio Antunes. Estilo Neoclássico ......................................................................... 28 Figura 7: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição ......................................................... 28 Figura 8: Casa Grande do Engenho Trigueiro .......................................................................... 29 Figura 9: Casa Grande do Engenho São Leopoldo .................................................................. 30 Quadro 1: Setores criativos segundo a organização da SEC no Brasil .................................... 16

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

RN

Rio Grande do Norte

EC

Economia Criativa

SEC

Secretaria da Economia Criativa

UNCTAD

United Nations Conference on Trade and Development

IBGE

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDHM

Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

PNDR

Política Nacional de Desenvolvimento Regional

PIB

Produto Interno Bruto

SUMARIO

1. Introdução......................................................................................................................................... 11 2. Economia Criativa e Cidade Criativa. Definições e conceitos ............................................ 14 2.1- O que é Economia Criativa? ......................................................................................... 14 2.2- A Cidade Criativa .......................................................................................................... 18 3. Percepções da Economia Criativa no Roteiro Turístico dos Engenhos e Centro Histórico da Cidade de Ceara Mirim ....................................................................................................................... 20 3.1-Caracteristicassocioeconômicas da cidade de Ceará Mirim ...................................................... 20 3.2- Ceará Mirim: Economia Criativa e cultura no roteiro dos engenhos e centro histórico da cidade ......................................................................................................................................................... 23 3.3- A contribuição da Economia Criativa para o fomento da economia local e o papel das políticas públicas para o seu desenvolvimento e divulgação da imagem da cidade na esfera estadual ......... 24 4. Considerações Finais ........................................................................................................................ 34 Referências bibliográficas ................................................................................................................... 35 Apêndice ................................................................................................................................................ 37 Anexos ................................................................................................................................................... 40

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1- Introdução Com o desenvolvimento de novas tecnologias que viabilizaram o progresso da economia em diversas partes do mundo e com isto, a forma como entendemos as relações de trabalho. O século XX foi notadamente o período em que a sociedade ficou mais sensível às alterações que a tecnologia nos proporcionou. De modo que, as sociedades passaram a valorizar o trabalho humano ligado à sua intelectualidade e também a necessidade de valorizar a criatividade humana, a cultura, os saberes e práticas inerentes aos seres humanos, que faz com que a economia floresça e a cidade. É em consequência destas novas práticas e formas de entendimento sobre economia que surge o conceito de Economia Criativa, prática que valoriza o saber humano e sua cultura para o fomento da economia local e o desenvolvimento do ambiente em que ele está localizado. Percebemos a Economia Criativa quando em um determinado ambiente ou espaço, a cultura, a música ou o patrimônio arquitetônico, por exemplo, são o alicerce para o desenvolvimento econômico e sustentável daquela região. Vemos com isto que a Economia Criativa atua em “mão dupla”. Ela atua como elemento de sustentabilidade local e promove também a divulgação destes espaços. Da mesma maneira, para o desenvolvimento da temática do trabalho em questão, faz-se necessário abordar o conceito de Cidade Criativa, pois é através deste conceito que compreenderemos como a cidade de Ceará Mirim, no estado do Rio Grande do Norte, que é o objeto de nosso estudo, se enquadra nesta dinâmica que envolve a cultura e a criatividade, enquanto contribui para o desenvolvimento econômico e sustentável local. A cidade deve ser criativa por completo, ou seja, estabelecer estreitas relações entre os agentes propulsores da criatividade e sua estrutura material. O presente trabalho de conclusão de curso aborda o tema referido tomando como objeto de estudo a cidade de Ceará Mirim, que está localizada na área metropolitana de Natal, no estado do Rio Grande do Norte. Sendo assim, iniciamos nossos estudos a partir do seguinte questionamento: Que setores da Economia Criativa estão presentes no Roteiro turístico da cidade de Ceará Mirim? Nesse sentido, definimos como objetivo geral da pesquisa compreender de que forma a Economia Criativa se faz presente no roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim e perceber como este contribui para o desenvolvimento local e disseminação da imagem da cidade no âmbito estadual. Como objetivos específicos, definimos os seguintes: analisar os principais conceitos relativos à Economia Criativa, bem

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como suas políticas e setores; entender de que forma o patrimônio cultural dos Engenhos e a arquitetura do centro histórico da cidade tem fomentado o desenvolvimento local; demonstrar a partir da ação dos agentes a viabilidade e potencial de desenvolvimento socioeconômico a partir da Economia Criativa. O recorte espacial é o município de Ceará Mirim localizada na área metropolitana de Natal no estado do Rio Grande do Norte, pois percebemos nela um ambiente propicio à criatividade e à cultura por se tratar de uma cidade com estruturas arquitetônicas ligadas ao seu passado Colonial (no caso dos Engenhos) e Imperial (no caso do centro histórico). A metodologia escolhida para o desenvolvimento do trabalho é a pesquisa qualitativa, ou seja, não se busca respostas objetivas para o caso, mas pretende-se fazer uma relação da realidade com o objeto de estudo. Dessa forma, a natureza da pesquisa qualitativa se expressa pela, (...) complexidade de determinado problema, sendo necessário compreender e classificar os processos dinâmicos vividos nos grupos, contribuir no processo de mudança, possibilitando o entendimento das mais variadas particularidades dos indivíduos. (DIEHL apud DALFORO; LANA; SILVEIRA, 2008, p. 7)

A pesquisa dessa forma nos permite apreender aspectos que não seria possível apenas pela análise de dados quantitativos, pois os dados humanos e sua implicação social são mais profundos e implicam em uma análise que abranja tanto dados quantitativos quanto qualitativos. Pois as informações coletadas podem perfeitamente serem cruzadas com outras informações que não se expressam em palavras, não é rígida ou estática, assumindo múltiplas leituras conforme pode ser observada na pintura, fotografia, desenhos, filmes, vídeos ou trilhas sonoras. Tem uma natureza flexível, focando a interpretação. Nesse sentido, procura-se o entendimento e não um objetivo pré-determinado, o contexto é algo muito valorizado, se reconhecendo que o pesquisador pode exercer influência sobre o entrevistado. Entendendo todas as características e implicações que a pesquisa qualitativa exerce sobre o trabalho em questão, a mesma é de fundamental importância para a realização do mesmo, visto que o próprio tema carrega em si uma abordagem focada na criatividade de um agente que produz a partir de sua iniciativa o fomento da economia local, ou seja, o trabalho em si parte do entendimento de como a ação de um indivíduo pode transformar o meio em que vive fazendo com que a conjuntura socioeconômica local seja impactada pela sua ação.

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Para se chegar ao objetivo dessa pesquisa será realizada uma pesquisa exploratória, com o intuito de compreender o que é a economia criativa e a cidade criativa através de pesquisa bibliográfica, conceituando e descrevendo a partir de publicações em livros, artigos, dissertações e teses, como esse novo modelo de economia pode fomentar o turismo e a economia local, Como técnicas de pesquisa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com alguns atores envolvidos diretamente no turismo e a parte cultural da cidade, como também a análise de conteúdo do roteiro turístico e a forma como o Barão atua no mesmo, bem como o registro fotográfico do roteiro turístico feito pelo guia da cidade. Ainda que este método qualitativo seja passível de críticas (dado a sua natureza subjetiva) pretende-se através do cruzamento de diversas técnicas de pesquisa diminuir esse grau de subjetividade. Desta forma, pretende-se chegar ao objetivo final do trabalho, utilizando a técnica de pesquisa qualitativa e aplicando-a diretamente à análise dos registros fotográficos e das entrevistas que serão realizadas. O trabalho está dividido em duas partes: na primeira parte traremos a discussão teórica sobre o tema em questão, fazendo o uso de dissertações, teses, artigos, monografias que abordaram o tema. Portanto definiremos na primeira parte o que é Economia Criativa e Cidade Criativa e em que setores da Economia Criativa se enquadra o roteiro turístico da cidade de Ceará Mirim. Na segunda parte do trabalho, faremos a caracterização socioeconômica da cidade de Ceará Mirim e analisaremos as respostas obtidas com o roteiro de entrevista feitas aos principais atores responsáveis pela divulgação do passeio turístico pela cidade referida, como Francisco Ferreira, o Barão de Ceará Mirim (Guia responsável pelo passeio), o Sr. Waldeck Moura(Presidente da Fundação Nilo Pereira e Secretário Adjunto de Cultura), e o Sr. Neto Coutinho(Secretário de Turismo ). Com isso, pretendemos perceber e entender qual o papel desses indivíduos para a externalização da imagem da cidade e como o setor público atua nesta dinâmica.

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2- Economia Criativa e Cidade Criativa. Definições e conceitos. 2.1- O que é Economia Criativa? O conceito de Economia Criativa foi desenvolvido a partir da segunda metade do século XX para designar atividades econômicas fundamentadas na criatividade e na capacidade dos indivíduos de gerar renda e riqueza para a sua região a partir de ideias inovadoras. Trata-se de uma nova maneira de perceber o potencial econômico de cada região no que tange aos seus aspectos culturais e materiais. A Economia Criativa diz respeito às atividades que utilizam o fator humano, o intelecto e a criatividade para o fomento de atividades lucrativas. Com o desenvolvimento da sociedade pós-fordista, floresceu o interesse da sociedade em torno da cultura e a crescente influência na economia, a chamada Terceira Revolução Industrial, ou seja, o desenvolvimento de atividades econômicas cuja base e centralidade estão diretamente associadas à cultura, à criatividade e ao capital humano. A sociedade passou a valorizar cada vez mais a criatividade como meio gerador de riquezas para uma região e também a percebeu como esse fator torna se um dos principais elementos agregadores de valor para uma atividade. Dessa forma: A economia criativa trata dos bens e serviços baseados em textos, símbolos e imagens e refere-se ao conjunto distinto de atividades assentadas na criatividade, no talento ou na habilidade individual, cujos produtos incorporam propriedade intelectual e abarcam do artesanato tradicional às complexas cadeias produtivas das indústrias culturais. (MIGUEZ, 2007, p. 97-98)

E devido à sua abrangência, que engloba desde atividades ligadas ao artesanato, à moda, à música, à literatura, aos jogos eletrônicos entre outros, a Economia Criativa é um dos setores mais dinâmicos da economia global, fato observado em diversos relatórios de agências internacionais, cujo Banco Mundial estima que a economia criativa responda por cerca de 7% do PIB mundial. (MIGUEZ, 2007. p. 97) Dessa forma, para que uma atividade econômica seja classificada como criativa, ela deve necessariamente gerar riqueza, mas também deve estar intrinsicamente ligada a fatores culturais. Como bem observa Cruz: Assim, propomos que a economia criativa seja definida pelas atividades econômicas que têm objeto acultura e a arte, ou que englobam elementos culturais ou artísticos de modo a alterar o valor do bem ou serviço prestado. Deste modo, compreendemos o ciclo econômico de criação, produção, distribuição, difusão, consumo, fruição de bens e serviços que têm por objeto a arte e a cultura ou que incorporam elementos culturais ou artísticos. Afastamos desta concepção as atividades culturais e artísticas que não têm intuito econômico. (CRUZ, 2014, p.3)

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Por se tratar de um conceito relativamente novo, a discussão em torno de sua definição ainda está em construção. Inicialmente, o termo ganhou notoriedade no âmbito mundial a partir do trabalho do autor John Howkins, (2001), em que mostra como as pessoas podem transformar ideias criativas em dinheiro. (Costa; Santos, 2011, p.3). Essa nova maneira de pensar a economia e a geração de lucros tem como cerne a criatividade, pois é através da mesma que o indivíduo pensa o meio em que vive e traça estratégias para modificar e melhorar esse espaço. A criatividade é, portanto, o fio condutor de novas oportunidades para o desenvolvimento sócio econômico. Para Landry: A essência da criatividade é uma engenhosidade multifacetada e a habilidade de avaliar e encontrar soluções para circunstâncias ou problemas inesperados, inusitados e desafiadores. Também é um processo de descobrir e possibilitar que o potencial se concretize. É imaginação aplicada, usando qualidades como inteligência, inventividade e aprendizado ao longo do tempo. Isso significa que a criatividade pode se manifestar em qualquer campo, do social ao político, do organizacional ao cultural, do tecnológico ao econômico. (LANDRY, 2011, p.11)

A Economia Criativa valoriza as manifestações culturais, os elementos simbólicos que conferem legitimidade a uma determinada prática econômica. Ela se distancia da ideia de gerar lucros apenas através da produção e distribuição de bens de consumo, tal como o Fordismo/Taylorismo do início da Revolução Tecnológica. Cruz, afirma que essa nova maneira de pensar as relações econômicas pode ser vista como uma “profissionalização de atividades culturais e artísticas, assim como o reconhecimento do valor econômico dos elementos culturais e artísticos incorporados em outras atividades econômicas como a gastronomia, a arquitetura ou os games.” (CRUZ, 2014, p.3) Nesse contexto, percebemos a importância da atuação de políticas públicas que incentivem e favoreçam atividades econômicas que têm como base a cultura e a criatividade. Em termos nacionais, a economia criativa ganhou espaço a partir do Plano Nacional de Cultura (PNC) pela da Lei 12.243 de 02/12/2010. A partir desta lei foi “definida a compreensão da cultura a partir das dimensões simbólica, cidadã, e econômica, esta última, construída a partir da promoção do desenvolvimento socioeconômico sustentável” (BRASIL, 2011, p. 39). A partir desta Lei, foi criada a Secretaria da Economia Criativa (SEC) pelo decreto 7743, de 1° de junho de 2012. A partir de então, a SEC estabeleceu como objetivos principais:

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Propor, conduzir e subsidiar a elaboração, implementação para o desenvolvimento da economia brasileira; Planejar, promover, coordenar e implementar ações necessárias ao desenvolvimento da economia brasileira; Fomentar a identificação, a criação e o desenvolvimento de polos, cidades e territórios criativos com o objetivo de gerar e potencializar novos empreendimentos, trabalho e renda dos setores criativos; Planejar, propor, formular e apoiar ações voltadas à formação de profissionais e empreendedores criativos e à qualificação de empreendimentos dos setores criativos. (BRASIL, 2012, p. 45)

O quadro a seguir demonstra de forma sintética as categorias culturais nas quais estão inseridos os setores criativos no Brasil: Quadro 1 – Setores criativos segundo a organização da SEC no Brasil Categorias Culturais

Setores Patrimônio Material Patrimônio Imaterial

No campo do Patrimônio Arquivos Museus Artesanato Culturas Populares

No Campo das Expressões Culturais

Culturas Indígenas Culturas Afrobrasileiras Artes Visuais Arte Digital Dança Música

No campo das Artes de Espetáculo Circo Teatro No campo do Audiovisual/ do livro, da Leitura e da Literatura.

Cinema e vídeo

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Publicações e mídias impressas Moda No campo das Criações Culturais e Funcionais

Design Arquitetura

Fonte: BRASIL (2012)

Quando a SEC foi estabelecida, foram traçados os conceitos fundamentais e os princípios norteadores ajustados às especificidades brasileiras. Entretanto, como os estudos acerca da economia criativa têm sua origem na literatura estrangeira (países anglo-saxões), percebeu-se que o termo inglês “creative industries” foi traduzida no Brasil literalmente para “indústrias criativas”, mas que o termo que melhor se enquadraria na tradução seria o de “ setores criativos”, o que mostra que não se trata de indústrias, em um sentido de fábrica. (BRASIL, 2011, p. 21). Então foi estabelecido no Plano da SEC que no Brasil se adotaria o termo “setores criativos” para designar as atividades que estejam fundamentadas na criatividade e cultura conforme mostra o Quadro nº 1, cujos princípios que o fundamentam são: inclusão social, sustentabilidade, inovação e diversidade cultural brasileira. (BRASIL, 2011, p.21). Para a SEC, os setores criativos são, “(...) aqueles cujas atividades produtivas têm como processo principal um ato criativo gerador de um produto, bem ou serviço, cuja dimensão simbólica é determinante do seu valor, resultando em produção de riqueza cultural, econômica e social”. (BRASIL, 2011, p.23) Percebemos desta maneira que a Economia Criativa, apesar de nova, nasceu de uma necessidade social, de uma necessidade de se perceber que através da música, do patrimônio, da arte, do artesanato, dos museus é possível gerar riquezas ao mesmo tempo em que se preserva a memória e a cultura de uma região, pois os valores imbuídos nesta atividade vão além de um modismo que muitas vezes entra em desuso em pouco tempo. Pela Economia Criativa, buscase no mais antigo e nas práticas sociais, motivos de permanência, pois a cultura de uma região quando trabalhada sistematicamente por seus agentes, permanece perenemente na memória, tanto daqueles que exercem tais práticas, como naqueles que recebem esses valores.

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2.2- A Cidade Criativa No momento em que se pensava a Economia Criativa no mundo, também se pensavam as cidades de forma criativa, pois se na Economia Criativa tem-se a cultura e o intelecto humano como meio gerador de riquezas, este mesmo indivíduo está inserido em um determinado espaço geográfico. A Cidade Criativa é o meio pelo qual as atividades e criações humanas afloram, mas ela pode ser considerada como um organismo vivo, pois é dinâmica e mutável, se desenvolvendo de acordo com a necessidade e se adaptando ao novo. Para Landry, uma cidade para ser criativa, “estimula a inserção de uma cultura de criatividade, no modo como se participa da cidade” (LANDRY, 2011, p.13). Uma Cidade Criativa não é apenas formada pela sua materialidade, ela agrega o seu patrimônio material ao intelectual, existe nela um ambiente que atrai pessoas altamente qualificadas e que percebem na cidade condições favoráveis à sua permanência. Segundo Landry: As características desses espaços tendem a incluir: tomada de riscos calculados; liderança ampla; sensação de ter uma direção; ser determinado, mas não determinista, tendo a força para ir além do ciclo político; e, fundamentalmente, ter princípios estratégicos e táticas flexíveis. Para maximizar isso, é necessária uma mudança de mentalidade, de percepção, de ambição e de vontade. Para ser criativa, a cidade requer milhares de mudanças de mentalidade, criando as condições para que as pessoas possam se tornar agentes de mudança, ao invés de vítimas dela, vendo a transformação como uma experiência vivenciada, não como um evento que não irá se repetir. (LANDRY, 2011, p.14)

Uma das características da cidade criativa é o seu ambiente criativo, que pode ser um prédio, uma rua ou outro espaço onde a criatividade e a renovação tecnológica sejam latentes. Dessa forma, “o ambiente que permite o desenvolvimento da criatividade é o meio social suficientemente estável que admite a continuidade, mas suficientemente diversificado e aberto para alimentar a criatividade em todas as demonstrações de insubmissão aos princípios estabelecidos” (FLORIDA, 2011, p.22). Outra característica da cidade criativa é a existência de uma classe criativa, que é formada por profissionais altamente qualificados que escolhem morar na cidade devido ao seu potencial de gerar riquezas, pois o seu ambiente tem uma atmosfera de criatividade no qual esses profissionais enxergam grandes oportunidades de crescimento profissional, ou seja, a cidade criativa é convidativa e o seu ambiente além de ser criativo é promissor. Dessa maneira: (...) Para estes profissionais, o interesse no êxito profissional é maior do que o de encontrar um bom primeiro emprego. Buscam assim, um mercado laboral que lhes ofereça inúmeras oportunidades de trabalho. Para este autor, a classe criativa está se dirigindo para centros criativos favorecidos economicamente. Estas regiões se

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caracterizam pela forte concentração da classe criativa, pelos elevados resultados econômicos que advêm de inovações, pelo dinamismo do setor de alta tecnologia e pelo crescimento da taxa populacional e da taxa de emprego. À heterogeneidade do ambiente de trabalho, acresce os indícios de abertura, tolerância e meritocracia da comunidade. (FLORIDA. 2011a, p. 218-227)

A criatividade deve ser analisada como elemento essencial constitutivo do corpo da cultura, pois será a partir dela que os agentes criativos das cidades irão se apropriar de suas práticas, ritos e tradições para desenvolver o seu trabalho. A memória é outro fator preponderante na construção da cultura, visto que determinadas práticas, rituais e conceitos com o passar do tempo, sofrem alterações. Dessa forma, entende-se a cultura como o constructo do homem para a consolidação e legitimação de uma identidade coletiva. Diante disto: Reconhecer a cultura como recurso pode ser uma vantagem econômica, já que cada cidade ou espaço tem histórias ou potencialidades a serem descobertas que podem ser utilizados positivamente para fins urbanos. Os recursos culturais foram incorporados nas habilidades e no talento das pessoas. Também os símbolos, as atividades, o repertório e os gostos locais estão cada vez mais presentes nas atividades econômicas enquanto ativos econômicos. (LANDRY, 2008, p. 7-9; apud CRUZ, 2014, p. 41-42)

Considerando o conjunto de ideias, percebemos que Cidade Criativa, ambiente criativo, classe criativa e cultura formam um mesmo organismo, que se complementam entre si, uma cidade é criativa quando oferece meios para o estabelecimento de uma classe criativa, mas esta classe só se instala nela porque percebe o seu ambiente criativo. Para uma análise do ambiente criativo, considerando além dos aspectos culturais e sua propensão ao surgimento de atores criativos, será levado em consideração quatro dimensões: a população, a cultura urbana, redes locais/conexões e políticas públicas. (CRUZ, 2014, p.92) A população e a cultura urbana são dimensões que nos permitem analisar o crescimento da população, sua cultura e sua história e através disto, entender o surgimento de novas ideias e o desenvolvimento de sua identidade. Já as políticas públicas, são os elementos que podem fomentar o desenvolvimento do ambiente criativo e na falta delas, estagnar ou fazer retroceder a criatividade e por último serão analisadas as redes locais e suas conexões, pois as redes locais, estaduais e nacionais, bem como suas conexões podem, igualmente com as políticas, fomentar ou restringir o desenvolvimento de novas ideias.

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3- Percepções da Economia Criativa no roteiro turístico dos engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim Neste capítulo, passaremos a abordar quais os setores da Economia Criativa, seguindo o plano da SEC, se fazem presentes no Roteiro Turístico dos Engenhos e Centro histórico da cidade de Ceará Mirim e como estes setores têm contribuído para o desenvolvimento econômico da cidade e também para a divulgação da cidade na esfera estadual.

3.1- Características socioeconômicas da cidade de Ceará Mirim O município de Ceará Mirim está localizado no estado do Rio Grande do Norte e faz parte da região metropolitana da cidade de Natal, conforme a lei estadual Complementar nº 152, de 16 de janeiro de 1997. Sua área territorial é de 724,380 Km2, possuindo uma população de 72.374 habitantes (estimativa para 2014) e densidade demográfica de 94,07 hab./km2. O total da população residente é de 68.141 hab., sendo que 35.494 residem na área urbana enquanto que 32.647 na área rural. (IBGE, 2014) O IDHM é de 0,616, o que situa o município na faixa de Desenvolvimento Humano Médio (IDHM entre 0,600 e 0,699), que considera fatores como Longevidade, Renda e Educação, o que faz com que ocupe a 63º posição no estado. (ATLAS..., 2010)

Fig. 1 - Região Metropolitana de Natal, com destaque para o município de Ceará Mirim.

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Fonte: IBGE, 2010, Adaptado.

Historicamente, a cidade de Ceará Mirim se desenvolveu próximo ao rio de mesmo nome. As terras férteis proporcionaram o surgimento de uma economia baseada na cana de açúcar, haja vista a quantidade de engenhos que são encontrados na região o que conferia à cidade destaque entre as outras vilas da capitania do Rio Grande do Norte. Com o tempo, a economia canavieira entrou em decadência e com ela o poderio da cidade. Hoje, o Produto Interno Bruto (PIB) da mesma está baseado no setor de serviços, conforme a figura abaixo:

Fig. 2 – Produto Interno Bruto Valor Adicionado de Ceará Mirim

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PRODUTO INTERNO BRUTO VALOR ADICIONADO CEARA MIRIM-RN

SERVIÇOS INDUSTRIA AGROPECUARIA

Variável

Ceará - Mirim

SERVIÇOS

346.463mil reais

INDÚSTRIA

48.775 mil reais

AGROPECUARIA 33.729 mil reais

Fonte: IBGE, 2014, adaptado.

Sendo o maior município da área metropolitana de Natal, a importância de Ceará Mirim, no âmbito da economia criativa, está no seu passado. Ela foi a maior produtora de cana de açúcar do estado do Rio Grande do Norte no período colonial e esta riqueza pode ser observada ainda no centro histórico da cidade, pois a elite colonial foi responsável pela construção de inúmeros casarões como forma de diferenciação social e imposição de poder. Possui, por isso, um importante conjunto arquitetônico que remetem ao período colonial e ao início do século XIX, com estilos variados, como o Neoclássico e Art Nouveau. A rota dos antigos engenhos de cana de açúcar, sua cultura e história a transformaram em um importante polo turístico do estado.

3.2- Ceará Mirim: Economia criativa e cultura no roteiro dos engenhos e centro histórico da cidade.

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Considerando os conceitos de economia criativa e cidade criativa, discutidos no capítulo anterior deste trabalho, percebemos que a cidade de Ceará Mirim, com seus atrativos históricos, se enquadra em ambos, pois, através de seu patrimônio arquitetônico, a cidade proporciona aos seus habitantes ricas oportunidades de desenvolverem atividades lucrativas que estão ligadas diretamente à criatividade de seus agentes e também à cultura do próprio espaço da cidade. Consideremos também, que na cidade podemos encontrar dois setores da economia criativa destacados na SEC, que são: 

Patrimônio Material, contido no campo do Patrimônio;



Artesanatos e Culturas Populares, contidos no campo das

Expressões Artísticas. No campo do Patrimônio Material, a própria existência dos antigos casarões do período Imperial e de seus antigos engenhos de cana de açúcar do período Colonial, transformaram a cidade em um polo de atração turística. Pessoas de diversas partes do estado são atraídas pela história da cidade, pela sua cultura e pelo conjunto patrimonial que ela comporta. Atraindo leigos, estudantes do ensino fundamental e médio, passando pelos mais variados cursos de graduação. Outro setor presente é o de Artesanato e Culturas Populares, o ambiente criativo da cidade proporciona o desenvolvimento do artesanato popular da região, no centro da cidade onde se encontra a maior parte dos casarões. Há um espaço reservado para a exposição dos trabalhos dos artistas e artesãos locais que podem comercializar seus produtos de forma segura e os visitantes podem ao mesmo tempo conhecer a estrutura do prédio comprando algum souvenir para dar de presente. Já o setor Cultura Populares, fica a cargo da ação do próprio agente de turismo, conhecido como Barão de Ceará Mirim, pois o trabalho do mesmo, não consiste em apenas fazer uma caminhada pelos monumentos da cidade, visto exercer importante trabalho de divulgação das lendas da cidade, mostrando sua cultura e folclore, além do que, o Barão faz todo o trajeto vestido como um autêntico representante da elite colonial brasileira. Assim, quando nos debruçamos sobre o ambiente de Ceará Mirim, no tocante à sua estrutura material, cultura e ação de seus agentes, percebemos nela, potenciais para o desenvolvimento da economia criativa, pois esta se fundamenta nas ações criativas e empreendedoras dos seus agentes que são capazes de gerar riqueza e agregar valor aos produtos e serviços oferecidos por ela. Neste contexto, a cidade criativa proporciona através de sua

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cultura, ideias que serão tomadas pelos agentes econômicos para desenvolverem suas ações. Dessa forma: A Economia Criativa se caracteriza pela criação, produção e distribuição de produtos e serviços que utilizam a criatividade, o ativo intelectual e o conhecimento como recursos produtivos. Estas atividades econômicas combinam a criatividade com técnicas e/ou tecnologias, transferindo valor intelectual. Incorporando elementos tangíveis e intangíveis providos de valor simbólico, se torna simultaneamente um ativo cultural e um produto ou serviço comercializável. (CAIADO, 2011, p. 15)

A cultura é um fator marcante durante todo o trajeto do passeio, em todo o momento em que são feitas as paradas para o registro e apreciação dos monumentos da cidade bem como seus engenhos. São também repassadas aos visitantes informações concernentes aos proprietários daqueles lugares, como quem eram, se o imóvel ainda pertence a algum descendente da família, a importância destes para a formação da sociedade cearamirinense, etc. Também fica a cargo do Barão, a memória histórica daquele lugar, pois o mesmo ressalta a importância da cidade para a economia do Rio Grande do Norte no passado, ao mesmo tempo em que contribui para o fortalecimento do sentimento de pertencimento daquele lugar. Os moradores da cidade reconhecem no trabalho do Barão, uma maneira de manter as tradições locais vivas e também um meio de divulgar a cidade para o restante do estado.

3.3- A contribuição da Economia Criativa para o fomento da economia local e o papel das políticas públicas para o seu desenvolvimento e divulgação da imagem da cidade na esfera estadual A economia da cidade de Ceará Mirim está fundamentada no setor de serviços, e grande parte de seus moradores residem na área urbana, dessa forma, o seu potencial turístico devido ao seu passado histórico e também por boa parte de seus monumentos estarem ainda de pé (com exceção dos engenhos, que estão quase todos em péssimo estado de conservação), fornecem elementos para a ampliação do fluxo de visitantes à cidade, uma vez atraídos pela história da cidade e interessados em sua cultura. O comércio local como um todo seria beneficiado. Para Waldeck Moura: O roteiro dos engenhos é a possibilidade de preservar o passado e o caminho de prosperidade para os cearamirinenses através do ecoturismo. (Waldeck Moura, presidente da Fundação Cultural Nilo Pereira e Secretário adjunto de Cultura.).

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Indagado sobre a integração dos roteiros dos engenhos com os outros setores da economia local, o mesmo respondeu positivamente, pois a percepção sobre a correlação entre o passeio e os engenhos, com seu apelo cultural e o comércio da cidade, é percebido como um benefício para a cidade em todos os seus aspectos. Conforme fica claro em suas palavras: (...) quando recebemos visitantes, Ceará - Mirim oferece a hospitalidade, a culinária deliciosa do Mercado do Café. O artesanato rico compartilha seus encantos do vale e estes visitantes favorecem a economia local comprando nossos produtos. (Waldeck Moura, presidente da Fundação Cultural Nilo Pereira e Secretário adjunto de Cultura).

Sobre os valores culturais e potencialidades da cidade de Ceará Mirim, Waldeck, entende que: Ceará - Mirim testemunhou a força da economia do açúcar no Estado e oferece hoje, para quem quiser ver , o casario antigo com as ruínas de casas grandes, senzalas e chaminés de fogo morto que ainda resistem a ação do tempo . (Waldeck Moura, presidente da Fundação Cultural Nilo Pereira e Secretário adjunto de Cultura).

De fato, a cidade inteira respira história e cultura. A população entende e valoriza o seu passado, ainda que muito dos prédios antigos estejam se deteriorando rapidamente. Os que resistem contam a história daquela sociedade e seus habitantes têm consciência dessa importância. Isto fica claro quando tomamos o exemplo do Mercado Público da cidade, construído no período Imperial, inaugurado em 27 de dezembro de 1881.O prédio ainda é um dos locais mais frequentados da cidade. Moradores e visitantes fazem questão de provar os principais pratos da culinária local, que são tradicionalmente servidos no Mercado.

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Figura 3: Mercado Público de Ceara Mirim

Fonte: Autoria própria (2015).

Outro aspecto cultural da cidade é o fato das famílias tradicionais da cidade ainda manterem preservadas as antigas casas de residência, o que demonstra a importância que o passado tem sobre a cultura local.

Figura 4: Casarão da Família Rocha, datado por volta de 1860. Estilo Eclético

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Fonte: Autoria própria (2015).

Figura 5: Casarão da família Correa, construído pelo Major da Guarda Nacional Pedro Correa. Estilo Arte Nouveau

Fonte: Autoria própria (2015).

O Palácio Antunes é um dos mais bem preservados prédios da cidade e também é o local onde funciona a feira de artesanato. Foi construído pelo Coronel Antunes em 1888 como residência na cidade. Era o ponto de encontro das elites locais e hoje é a sede da prefeitura. Figura 6: Palácio Antunes. Estilo Neoclássico

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Fonte: Autoria própria (2015).

A igreja Matriz é um dos mais importantes monumentos da cidade, sendoa maior Matriz do estado e o seu porte demonstra a importância que a religião ainda tem para os habitantes de Ceará Mirim.O roteiro do passeio começa pela Igreja, percorre o centro histórico e segue para os engenhos.

Figura 7: Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição

Fonte: Autoria própria (2015).

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No Município de Ceará Mirim existiram cerca de 150 engenhos de cana de açúcar, que remetem ao período Colonial e Imperial, mas o estado de degradação dos mesmos devido à ausência de políticas públicas de preservação deixou a maioria no mais absoluto estado de abandono. Justamente o maior símbolo da sociedade açucareira do estado está fadado ao desaparecimento como consequência do descaso dos órgãos competentes, como no exemplo do engenho Guaporé que está em ruínas. Entretanto, aqueles que ainda estão em poder das famílias são os que estão preservados, como o caso do engenho São Leopoldo, que faz parte do passeio, em cujo interior é servido almoço com comidas típicas aos visitantes da cidade.

Figura 8: Casa Grande do Engenho Trigueiro

Fonte: Autoria própria (2015).

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Figura 9: Casa Grande do Engenho São Leopoldo

Fonte: Autoria própria (2015).

O abandono do patrimônio histórico do município pelos órgãos responsáveis é um dos fatores que contribuem para o desinteresse dos visitantes em retornar à cidade, visto que um dos encantamentos do passeio é poder “voltar no tempo” e tentar entender como se organizava aquela sociedade. Preservar o patrimônio é fundamental para a solidificação da cultura local. Pois: A visita e o patrimônio em si, são de extrema importância para o Rio Grande do Norte, porque os casarões de Ceará Mirim estando preservados irão demonstrar o poder que a cana de açúcar teve aqui no Rio Grande do Norte e mais ainda em Ceará Mirim, porque foi a principal cidade dessa economia, chegando a comandar sozinha 80% de economia do Rio Grande do Norte. Então ter esses casarões preservados é de extrema importância e infelizmente aqui no município de Ceará Mirim nem um dos 150 engenhos que foram construídos, nem um deles são tombados, o que é de extrema importância ao mesmo tempo em que passa totalmente despercebido com o descaso do poder público, tanto municipal como estadual. (Francisco Ferreira, Barão de Ceará Mirim)

Sendo um dos mais engajados na luta pela preservação do patrimônio histórico, o Barão sabe que a cidade como um todo ganha, como fica claro em suas palavras: (...) o roteiro dos engenhos hoje se trabalha na proposta de turismo de base local, onde eu agrego valor a tudo que nós fazemos, por exemplo, a gente chega aqui no engenho de São Leopoldo com os turistas e se faz necessário contratar o trabalho de umas 15 pessoas para fazer e servir almoço, puxar cavalo, charretes, prepara e servir o café e

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chá colonial com o barão. Então nós movimentamos a economia da cidade de maneira muito grande. O turista que anda comigo pela cidade, entra no mercado, compra os produtos locais, almoça, toma café, toma o caldo de cana, degusta as iguarias que ali existe, beneficiando os 32 quiosques existentes hoje no mercado público.Com isso, o vendedor de picolé vai ser beneficiado, o vendedor da feira vai ser beneficiado, o artesanato da cidade. As lojas que ficam no entorno do centro histórico também estão sendo beneficiadas e tudo isso é um impulso na economia muito grande, e que se houvesse incentivo por parte do poder público, nós estaríamos num estágio, num plano muito maior porque quanto mais as pessoas visitassem o roteiro, mais a economia da cidade iria girar. (Francisco Ferreira, Barão de Ceará Mirim)

Nesta mesma linha de pensamento, o secretário de turismo da cidade corrobora com o Barão e entende o quanto o município perde em não preservar sua arquitetura quando afirma: O município de Ceara Mirim possui uma das mais ricas diversidades históricas e culturais do RN. Destaca-se entre as principais cidades brasileiras por sua riqueza histórica e pela cultura canavieira vivenciada no período colonial, no auge da produção de açúcar no Brasil, com isso esse roteiro possibilita a integração entre o turismo e a cultura da cidade, disseminando essa imagem para todo Brasil e para o mundo através dos turistas que visitam a nossa cidade na busca de vivenciar esse passado histórico que está tão presente na nossa cidade. (Neto Coutinho, Secretário de Turismo de Ceará Mirim)

A figura do Barão pode ser tomada como exemplo de um indivíduo empreendedor que soube fazer uso das potencialidades da sua região, bem como teve a sensibilidade de perceber a cultura, as tradições locais e o patrimônio histórico como fonte principal de trabalho e geração de renda. Ele é desta forma, a materialização de como a Economia Criativa pode gerar renda, contribuir para o avanço social, já que todos ganham, e ainda suscitar debates acerca do descaso do poder público sobre o abandono do patrimônio do município, dando visibilidade à cidade na esfera estadual. Ele entende a importância que o seu tipo de trabalho tem na economia da local, pois: (...) Na realidade quando o trabalho do barão começou há sete anos. Ele começou com a intenção de movimentar o segmento do turismo da cidade, e com isso incentivar as pessoas a demonstrar seus produtos. O engenho de São Leopoldo é um exemplo disso. Quando nós começamos a servir almoço aqui, eu comecei a trazer os turistas, e hoje nós temos uma estrutura de um casarão de 205 anos totalmente voltado par o segmento do turismo, e uma casa museu, a casa grande que pertenceu ao coronel Câmara que hoje funciona como museu e também para servir almoço, ter os passeios a cavalo, a charretes, etc. Com isso nós agregamos valor ao produto, bem como em Ceará Mirim possuir um grupo de artesãos voltados apenas para produzir artesanato tipicamente da própria cidade, como as telas que são pintadas mostrando os monumentos históricos, e tudo isso vem a contribuir para que essas pessoas utilizem do produto já existente que é o Barão de Ceará Mirim, para poder também incentivar outros serviços do mesmo eixo de trabalho do meu. (Francisco Ferreira, Barão de Ceará Mirim)

Além de que, para Francisco Ferreira é importante que a renda gerada através do roteiro seja aplicada no município, como ele mesmo enfatiza:

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(...) nós fazemos parcerias, pra agregar valor aos produtos e a partir daí é gerado uma movimentação econômica, pois os produtos que são necessários para oferecer a estrutura do passeio, tudo é comprado aqui mesmo na cidade, e as pessoas que são contratadas são da própria comunidade, tudo isso movimenta a economia. (Francisco Ferreira, Barão de Ceará Mirim)

Percebemos desta forma que a Economia Criativa não é apenas um meio de acúmulo de capital da cidade, existe um trabalho cultural e artesanal por trás de tudo isso. De fato, a cidade cresce economicamente, mas o ganho social é ainda maior, já que a população tem a chance de desenvolver suas atividades na cidade em que nasceu e não precisar sair dela para poder se sustentar, além de que, fortalece o sentimento de pertencimento da população para aquela cidade. Então, pensando no ganho social, segundo as palavras do Secretário de Turismo Neto Coutinho, o roteiro turístico dos engenhos é importante por que:

(...) esse roteiro aquece o turismo da cidade, fazendo com que pessoas consigam adquirir fonte de renda através da comercialização de objetos ligados ao turismo. (Neto Coutinho, Secretário de Turismo de Ceará Mirim)

Sobre a atuação do poder público no roteiro dos Engenhos e centro histórico da cidade, Francisco Ferreira é enfático ao afirmar que não está presente atualmente. Não existe nenhum incentivo ao seu trabalho, e para ele, uma das medidas que o poder público deveria tomar para o melhor desempenho do trabalho seria: (...) elas devem primeiro, criar incentivos, fomentar o turismo, fazendo com que o município participe de feiras regionais, nacionais ou internacionais, criar a divulgação através de banners, folders, etc., tudo isso na divulgação, então o papel da política pública seria no tocante a fomentar e divulgar o segmento do turismo da cidade. (Francisco Ferreira, Barão de Ceará Mirim)

A afirmativa do Barão sobre como o poder público pode atuar no desenvolvimento regional vem ao encontro da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) que em termos gerais, tem por objetivo combater os níveis de desigualdades regionais existentes no Brasil, bem como explorar as potencialidades de cada região, respeitando seus valores constituídos. Ou seja, é o foco da PNDR,

Combater as profundas desigualdades de níveis de vida e dar oportunidades de desenvolvimento entre unidades territoriais ou regionais do país. Para isso, pretende atuar nos territórios que menos interessam aos agentes do mercado, promovendo nas políticas regionais as potencialidades regionais como diversidade social, econômica e cultural. (ARAÚJO, 2005, p.11-12; apud CRUZ, 2013, p. 20).

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Nesse sentido, a pobreza local pode ser combatida através da implementação de políticas sociais articuladas com as diretrizes da PNDR (ARAÚJO, 2005, p. 13 apud CRUZ, 2013, p. 20). Desta forma, analisando o papel e importância do roteiro dos engenhos para a economia da cidade, percebemos que a atuação do Barão mais o potencial da cidade, constituem um importante veículo de fomento tanto da economia quanto do desenvolvimento social daqueles que trabalham nela.

O papel de políticas públicas que viabilizem tanto o trabalho do Barão, como de qualquer outro que tenha como fonte de sobrevivência o artesanato, ou alguma atividade ligada às questões culturais, são de fundamental importância para o crescimento do comércio da cidade, como para a consolidação da imagem de Ceará Mirim no estado e também fora dele. Todas as atividades são divulgadas via internet e redes sociais, o que confere maior responsabilidade aqueles que o fazem como política local, pois o turista que vem conhecer a cidade também fará a “propaganda” da cidade para além de suas fronteiras e suas impressões dependem do aparato que encontra no município. O secretário de Turismo Neto Coutinho, entende essa importância quando afirma: A secretaria de Turismo procura na medida do possível fomentar o turismo local, com isso se faz necessário a implementação de políticas de valorização dessa riqueza local, e assim, nós estamos trabalhando para essa facilitação e ampliação dessa ideia de divulgação do roteiro dos engenhos. (Neto Coutinho, Secretário de Turismo de Ceará Mirim)

Então, como medidas de ações públicas que contribuiriam para o desenvolvimento da sua atividade, na visão de Francisco Ferreira, seriam:

O papel da política pública deve ser para preparar, qualificar mais pessoas para fazer com que essa questão do ‘‘Bem-vindo turista’’ seja agregado na nossa cidade. A divulgação em si é muito importante para isso. E, para isso deveria existir uma parceria entre política pública, junto à sociedade civil e aos órgãos privados, para poder fazer essa união, essa fusão para que com essa parceria, termos uma melhor efetividade no roteiro. (Francisco Ferreira, Barão de Ceará Mirim)

Também visando o desenvolvimento do turismo local e a promoção da cidade na esfera estadual a fim de atrair o maior número de turistas possível, Waldeck Moura traz como projetos:  Orquestra de violões e flautas “Enchendo de estrelas o céu do vale”.  Grupo de teatro.  Canto Coral.  Caravana cultural nas comunidades com palestras, apresentações culturais, música ao vivo. (Waldeck Moura, presidente da Fundação Cultural Nilo Pereira).

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Portanto, para que haja um efetivo fortalecimento da Economia Criativa na cidade de Ceará Mirim, deve haver uma articulação entre o poder público e os agentes criativos. A esfera pública é tão importante quanto a existência de indivíduos criativos pois estes não poderão se desenvolver satisfatoriamente sem a intervenção do estado através de ações que viabilizem o trabalho dos agentes, removendo os entraves burocráticos que amarrem quaisquer possibilidades de crescimento.

4- Considerações Finais: O conceito de Economia Criativa foi desenvolvido para abranger atividades ligadas ao saber humano, à criatividade, ao modo de fazer, valorizando a cultura e as práticas que se ligam a ela. Quando surge, chama a atenção para a economia do intangível e amplia os horizontes de cidades e locais com grande potencial de desenvolvimento. A cidade de Ceará Mirim com suas ruas e engenhos carregados de história tem suscitado em seus moradores o espírito empreendedor para os ramos da cultura e do artesanato e, um exemplo desses empreendedores é o Barão de Ceará Mirim, figura tão marcante na cidade que fica na lembrança, daqueles que a visitam. Dessa forma, a cidade oferece um grande potencial criativo, pois o conjunto de casarões antigos e seus engenhos constituem a marca da cidade, e seus moradores se orgulham desse passado imponente. Esse orgulho fica claro quando vemos a luta de algumas famílias em preservar os monumentos em que vivem, já que os mesmos não foram tombados como patrimônio histórico. Sendo este um dos grandes atrativos da cidade, podemos perceber que a lacuna deixada pelo poder público faz com que a cidade perca constantemente parte de seus prédios históricos para a construção de instalações mais modernas. A falta de políticas públicas de valorização da cultura e do patrimônio locais e o fomento de atividades ligadas à cultura são o principal motivo pelo qual a cidade alcançou os mesmos patamares de outras cidades históricas que exploram o mesmo tipo de atividade. Em consequência disso, a cidade se retraí e a população que seria a principal beneficiada não podem usufruir deste ganho, pois o número de visitantes tende a ser escasso. Os setores responsáveis pela implementação de políticas públicas que efetivamente veja a cultura como forma de crescimento econômico e desenvolvimento social, não conseguem de fato, estabelecer leis municipais que avancem nesse sentido.

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Por outro lado, iniciativas como a do Barão são fundamentais para o incentivo de atividades semelhantes. Sua atitude e empreendedorismo independentes de receber apoio dos órgãos públicos faz com que a cidade não caia no esquecimento, pois quando o mesmo recebe os visitantes e lhes apresenta a cultura local, seus casarões e engenhos, ele está de certa forma, ajudando a cidade a se manter de pé, além de que, a imagem da cidade é divulgada para outras cidades do estado e fora dela, já que um dos principais meios de divulgação são as redes sociais. Ceará Mirim com seus casarões, engenhos, cultura e arte, é um grande exemplo de como as atividades baseadas na criatividade e na cultura podem gerar riqueza, contribuir para o desenvolvimento social de seus habitantes e desta forma fazer perpetuar a cultura local, que depende, todavia de incentivos políticos para o seu fortalecimento.

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Encontro Internacional de Ciências Sociais: espaços públicos, identidades e diferenças, de 18 a 21 de novembro de 2014. Pelotas, RS: UFPel. 2014b. CRUZ, Fernando Manuel Rocha da. Subsídios da Arquitetura e Publicidade para repensar o fomento do Ambiente Criativo na cidade de Natal/RN (Brasil). In: Anais X ENECULT. Salvador: ENECULT – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Vol. 10. 2014c. Disponível em: . Acesso em 02 mai 2015. DALFOVO, Michael Samir; LANA, Rogério Adilson; SILVEIRA, Amélia. Métodos quantitativos e qualitativos: um resgate teórico. Disponível em Acesso em 31 mai 2015. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. LANDRY, Charles. Prefácio. In: REIS, Ana Carla Fonseca; KAGEYAMA, Peter (Orgs.). Cidades Criativas – Perspectivas. 1ª ed. São Paulo: Garimpo de Soluções & Creative Cities Productions. 2011. p. 7-15 . Disponível em: . Acesso em 01mai 2015.

MIGUEZ, Paulo. Economia Criativa: uma discussão preliminar. In.: Teorias & políticas da cultura. Visões multidisciplinares. Disponível em: Acesso em 05 jun2015

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Apêndice

Roteiro de entrevista para Francisco Ferreira – O Barão de Ceará Mirim 1- Quem é o barão de Ceará Mirim? 2- Em que consiste o roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim? 3- Qual a importância cultural e patrimonial do roteiro dos Engenhos para Ceará Mirim e para o estado do Rio Grande do Norte? 4- Recebe algum apoio financeiro por ser guia do roteiro dos Engenhos? 5- 5-Como é divulgado o roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim? 6- O roteiro dos Engenhos promove o desenvolvimento econômico e social da cidade de Ceará Mirim? 7- A sua iniciativa motiva outras pessoas a desenvolverem atividades semelhantes na cidade? Pode nos citar exemplos? 8- Que público demonstra maior interesse pelo seu trabalho? 9- O roteiro dos Engenhos tem alguma integração com os setores econômicos e culturais? 10- Qual o papel das Políticas Públicas na promoção do roteiro dos Engenhos? 11- Que medidas considera que deviam ser adotadas pelas Políticas Públicas para apoiar atividades como a do Roteiro dos Engenhos?

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Roteiro de entrevista para Waldeck Moura (Presidente da Fundação Cultural Nilo Pereira). 1- Qual a importância do roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim? 2- Qual a importância cultural e patrimonial do roteiro dos Engenhos para Ceará Mirim e para o estado do Rio Grande doNorte? 3- Como é divulgado o roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim? 4- O roteiro dos Engenhos promove o desenvolvimento econômico e social da cidade de Ceará Mirim? 5- O roteiro dos Engenhos motiva outras pessoas a desenvolverem atividades semelhantes na cidade? Pode nos citar exemplos? 6- Que publico demonstra maior interesse pelo roteiro dos Engenhos? 7- O roteiro dos Engenhos tem alguma integração com os setores econômicos e culturais? 8- Qual o papel das Políticas Públicas na promoção do roteiro dos Engenhos? 9- Que medidas considera que deviam ser adotadas pelas Políticas Públicas para apoiar atividades como a do Roteiro dos Engenhos? 10- Que projetos estão sendo desenvolvidos em Ceará Mirim tendo em vista seu potencial cultural e patrimonial?

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Para o secretário de turismo Neto Coutinho.

1- Qual a importância do roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim? 2- Qual a importância cultural e patrimonial do roteiro dos Engenhos para Ceará Mirim e para o estado do Rio Grande do Norte? 3- Como é divulgado o roteiro turístico pelos Engenhos e centro histórico da cidade de Ceará Mirim? 4- O roteiro dos Engenhos promove o desenvolvimento econômico e social da cidade de Ceará Mirim? 5- O roteiro dos Engenhos motiva outras pessoas a desenvolverem atividades semelhantes na cidade? Pode nos citar exemplos? 6- Que público demonstra maior interesse pelo roteiro dos Engenhos? 7- O roteiro dos Engenhos tem alguma integração com os setores econômicos e culturais? 8- Qual o papel das Políticas Públicas na promoção do roteiro dos Engenhos? 9- Que medidas considera que deviam ser adotadas pelas Políticas Públicas para apoiar atividades como a do Roteiro dos Engenhos? 10- Que projetos estão sendo desenvolvidos em Ceará Mirim tendo em vista seu potencial cultural e patrimonial?

Anexos

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Roteiro dos Engenhos e Centro Historico O roteiro começa pelo centro histórico da cidade de ceara mirim, tendo como ponto de partida a igreja matriz da cidade. Após apresentação, os participantes seguem em direção às ruas da área urbana onde podemos perceber a permanência do passado do município pela arquitetura dos prédios históricos que ainda estão preservados. Neste momento o roteiro segue a seguinte ordem de apresentação dos prédios mais significativos para o município: 1- Igreja Matriz ; 2- Mercado Público; 3- Solar dos Soares; 4Rua do Coronel Felismino Dantas; 5- casarões da rua da Aurora; 6- Solar da família Sá; 7Palácio Antunes; 8- Casarões da cidade baixa.

Roteiro dos Engenhos Visitamos os engenhos: carnaubal (foi o 1° de Ceara-Mirim funcionar com moendas importadas da Inglaterra); Guaporé, (onde encenamos lendas locais) foi a morada do 2° médico do RN, casa de veraneio do barão Manoel Varella; Trigueiro; Umburana; Verde Nasce; Cruzeiro e Mucuripe Fazemos uma trilha ao banho das escravas. O roteiro encerra-se com um almoço no Engenho São Leopoldo com passeio a cavalo e charretes.

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