O Saber Impotente. Estudo da noção de ciência na obra infantil de Monteiro Lobato. Mestrado em Educação. Instituto de Estudos Avançados Em Educação (IESAE), Fundação Getúlio Vargas (FGV), Brasil. 1988

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o

SABER IMPOTENTE

Canlo~

Zillen

Camenie~zki

o SABER

IMPOTENTE

Estudo da noçao de ciência na obra

in~antil

de Monteiro Lobato

"Canlo~

Zillen

Camenie~zki

" Dissertação submetida a aprovaçao como "requisito parcial para a obtenção" ,"

>pau, ,de" Mestre em Educação

RIO DE JANEIRO FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÁO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÁO 1988

rr

do

,

.'

A Anmando e Philomena,

que

de~am

Lobato a

H~lia.

A H~lJ...a .e Meye~,

que de4am Lobato a

A

Edua~do

que

da~ão

e Simone, Lobato a Natália.

A Natália e ...

rrr

Edua~do.

PREFÁCIO

Este trabalho, antes de ser um acerto de contas com a minha pr6priainfincia, ~ 'um e~forço de caracterização de

urna

obra de grande importincia no panorama cultural brasileiro s~culo

xx.

do

A idenfificação de Monteiro Lobato com a figura tí-

pica do intelectual orginico (tal e qual definido por seu temporineo italiano) c6nfigura urna pesada te realizada em estudos recentes; o

ta~ef~

con-

ji parcialmen-

Sabe~ i~potente

busca apro-

fundar o exame do trabalho deste escritor no sentido de

encon-

trar as expressoes literirias de sua condição na sociedade paulista~

temit~ca

E por esta razão que se volta propriamente científica.

~

literatura infantil e

Neste t~rreno

~

encontram-se

elementos bastante expressivos para a consecuçao destes objetivos, sumariamente expostos acima . . ,

Assim, ap6s um resumo biogrifico,o trabalho se divide

em duas partes nitidamente diferenciadas.

Na primeira

exami-

nam-se as obras infantis, perseguindo as apresentações do

ele-

mento científico, procurando compreender o valor a ele atribuído no texto.

Expõem~se tr~s

momentos diferenciados, nos

quais

o autor empresta um significado nítido ao saber científico.

Fe

chando essa parte realiza-se uma exploração sumiria acerca

da

consci~ncia

do autor sobre as

tr~s

etapas identificadas.

Na segunda parte, busca-se na presença política e cul tural do

"G~upo

do E.6tado", um grupo político ao qual Lobato se

IV

vincula, a interpretação dos fatos literiribs registrados napar te anterior. registrar

Finalmente; considero de suma importincia

que tal trabalho apenas se. tornou viivel graças ao concurso .

do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior, do MCT e do MEC respectivamente, que custearam esse estudo desTambém cumprira~ papéis definidores os pro

de seus primórdios.

fessores EI ter Dias Maciel e Zilah.Xavier de Almeida, o primeiro por sua 'orientação inicial do trabalho, fornecendo lndicações metodológicas essenciais, e a professora pela orientação final e o espi .

~.

.

-

.

-

..

rito crltlco que marca seu notavel trabalho pedagoglco. Em espe cla1 agradeçD aos professores Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Maria da Conceição Pinto de Góes. e João Carlos Victor que me permitiram uma dedicação quase exclusiva nos mentos da elaboração desta dissert~ção.

Garcia,

~ltimos

mo-

Por fim, agradeço espe

cialmente a Isabel Cristina Alencar de Azevedo pela sua preciosa colaboração no início deste trabalho, e ao Professor Adriano da Gama Kury pela revisão dos originais.

V

ABREVIAÇOES DAS REFERENCIAS DOS LIVROS CITADOS DE MONTEIRO LOBATO (*) :

RN

Re.inaç.õe..6 de. Nanizinho

S

-

RF

- A Re.6 onma da Na:tune.za

PV

-

O Saci

O Poç.o do Vi.6 co nd e.

VC

Viag e.m ao Cêu

CT

A Chave. do Tamanho

,THl"

- 0.6 Voze. Tnaba.tho.6 de. Hên c u.t e..6 , -19 Vo.tum e.

TH2

- 0.6 Voze. Tnaba.tho.6 de. Hêncu.te..6,

TH3

-

0.6 Voze. T naba.t h 0.6 de. Hên c u.t e..6 , 39 Vo.tume.

BGl

-

~

BG2

'2.9 Vo.twn e.

Baltca de. G.t e. yn e. , 19 Vo.tum e.

A Banca de. G.te.yne., '2.9 Vo.tum e.

t"

.'

(*)As referências completas se encontram na bibliografia ao final deste Volume.

VI

RESUMO

A obra infantil de Monteiro Lobato apresenta cia de forma diferenciada em três fases.

a

ciên-

Na primeira, a ciência

é inútil e representa um empecilho no desenrolar das aventuras. Na segunda,ela é o pr6prio motor das hist6rias. vista como ferramenta

ma~

Na terceira,

utilizada pela civilização.

~

Monteiro

Lobato se vinculou a um grupo ontelectual de São Paulo cuja ação esti na base da formação do Partido Democritico na te.

A estrutura das fases identificadas na

responde ã trajet6ria política do grupo.

ob~a

d~cada devi~

infantil

Num primeiro momento,

ele luta por afirmar-se, por se estabelecer na política nal contra o conservadorismo do PRP.

Num

cor-

~egundo

regio-

momento

ele

se faz vitorioso, dirigindo o estado; finalmente ele é derrotado

p~lo.golpe

de 1937, se desagrega.

dos ou perseguidos.

Seus membros são

coopta-

Assim, a obra infantil de Lobato retrata a

saga do liberalismo oligirquico em são Paulo durante a Primeira República.

VII

A B- S T R A C T

The children r s books of Monteiro Lobato present Science in three phases.

In the first,

Science

is

represents an'obstacle to the unfolding of

useless the

and

adventures.

In thesecond, it is. the very power which drives the stories. In the third, it is seen as a tool civilization.

which

is

Monteiro Lobato joined a group of

from São Paulo who were involved in the

misu·sed

by

intellectuals

formation

of

the

Democratic party ·of the twenties. The structure of the phases identified in the children's books

corresponds

to

political direction followed by the group. -At first, struggles to assert itself, to estab1ish itse1f in politics against the conservatism of the

P~P.

the it

regional

In the second

period it is victorious, governing the state, and fina11y it is defea ted by the coup of 193.7,. and is disbanded. Its members areco-opted or persecuted. In this way, the chi1dren's books of Lobato portray the saga of oligarchic libera1ism in Paulo during the First Repub1ic.

- VIII -

São

5 U MÁ R I O Pago

1. INTRODUÇÃO

1

2. LOBATO 3. O SrTIO DO PICA-PAU

11 ~MRELO

E A CIENCIA

19 19

3.2

O PitO bl e.ma O Sab e.1t Inútil

3.3

O" S a b''-'1- Otil

32

3.4

O Sab e.1t Malve.lt.óado

40

3.5

O Autolt e.m óac.e. do Pltoble.ma

50

3.1

"4. O GRUPO DO ESTADO

23

55

4.1

Um GItUpO Libe.ltal

55

4.2

Uma ação c.ultultal

67

5. A TRAJETdRIA CULTURA DE UMA DERROTA "5.1 5.2

SItio e. o Blta.óil Palta além da Vi.óão Cie.ntI óic.a

73 73 80

NOTAS BIBLIOGRÁFICAS

83

BIBLIOGRAFIA

92

ANEXO

98

1. INTRODUÇÃO

José Bento Monteiro Lobato nao é um dos grandes nomes da Literatura Universal, tampouco o é da Litaratura Brasileira. Não, há especialista ou mesmo leitor dedicado que pl~iade

literária nacional.

o

inclua

na

Não se conhecem estudos comparati-

vos de seu trabalho com o de seus contemporineos.

Os melhores

manuais de estudos literários dedicam a ele pouco mais que duas ou

tr~s

páginas.

Os estudos individualizados de seu

trabalho

se resumem a uns poucos tft~los, em geral dissertações cas de

iniciante~

co~o

-

esta.

acad~mi

incl~i

Praticamente ninguém

Mog

teiro Lobato, no mesmo elenco que Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade; muito menbs no de Machado de

Assis,

José de Alencar, Castro Alves, Olavo Bilac, Lima Barreto. José Bento também nao é um dos grandes nomes de nossa ind~stria.

Sua~

Mauá e Matarazzo.

atividades empresariais nao o situam ao lado de Na polftica, Lobato nunca contou com a admi-

ração das gerações que o sucederam. uma pequena

praç~

de

sub~rbio

Virou, no máximo, nome

ou de uma ruela numa

ou

de

noutra

grande cidade brasileira. Entretanto, todos ou quase todos conhecem Monteiro Lo bato.

sincera

Salvo raras exceções, quem fala dele o faz com

admiração.

Não há, praticamente, brasileiro letrado que não

nha lido ao menos um livro 'de Lobato.

A razão dessa

t~

popularid~

de certamente não se localiza nas obras de literatura geral. Não é por

th6leo.

UhUp~~,

e por

por

Cidade~ MOhta~,

ou por O

E~candalo

do Pe-

conta daquela rrca~inha bhan~a, l~ no SItio do Pi

2

ca-Pau

Aman~fo,

ond~

mona uma

v~fha d~ mai~

d~ ~~~~~nta

ano~

"

que Monteiro Lobato ê amado e admirado pelas crianças já há qua tro gerações .. Sem dúvida, ê, nos textos do "SItio", nas

obras

de literatura infantil, que encontraremos as razões da popularidade do escri tor'.

Esses livros alcançam números incomuns de edi

çoes, em grandes tiragens.

:s

n~~di;ta­

ele próprio quem diz: "A

bi:e.idad~ do~ m~u~ fivno~ pana adufto~

e muito

m~non."

Atualmen

te, pouco se sabe de suas obras de literatura geral.

:s

suficiente pronunciar seu nome para que,

imediata-

mente, reapareçam na nossa lembrança as brincadeiras de ças.

crian-

Mesmo os mais sisudos intelectuais brasileiros falam

de

Monteiro Lobato comum certo carinho. Seus textos infantis agradam - e muito

"-

as crianças.

EleS se tornaram paradigmáticos na literatura de ficção til brasileira. ro.

...:s

infan-

Indiscutivelmente Lobato ê o Andersen brasilei

exatamente por isso que qualquer estudo da sua obra

fantil possui grande

in-

import~ncia.

Por essas razoes, nao ê totalmente desprovido, de sentido afirmar que este autor interferiu na formação de nossa cul tura. pel~

..

Mesmo ~erifericamente, m~smo sob a forma mais

limitada

qual um escritor possa contribuir para a cultura de um po-

vo, e justo reconhecer esse. papel a Lobato. Muito embora seja verdadeira a idéia de que o

leitor

recolhe da obra lida aquilo que lhe convém, nio se pode desprezar a importância da oferta.

Assim, se o que Loba to põe em seus

livros não ê. acolhido pelos leitores do jeito que ele pretendia,

3

. ao menos o fato de ter escrito segundo as opçoes assumidas nificativo e, certamente;

~

~si&

relevante na leitura que seu púb1i-

co faz.· asapar~ncias,

Malgrado

uma obra extensa como os. 1i-

. vros do "sLU. O" ~ um universo de complexas estruturas nas quais o,autor apresenta uma enorme profusão de elementos da brasileira de sua

~poca.

cultura

Este trabalho não opta por urna

de conjunto, escolhe um veio, um elemento singular para

visão perse-

guir, para idehtificar, relacionando-o com os demais traços característicos da obra. Em mei6 a

u~

verdadeiro mar de elementos este

lho persegue a coisa científica.

Escolhe a forma peculiar

Lobato apresentar o saber cientIfico e o

s~ber

em geral.

ta-se de um assundo de extrema importincia, pois, como mais adiante, o autor nunca se desliga dele.

A escolha

veio condutor da pesquisa foi praticamente forçada por uma vez que nao há, face definida.

praticament~,

~onforme

trabade Triveremos deste Lobato,

obra onde ele não apareça com

registrou Alberto -Conte,

"a c.-iê:nc.-ia que. apa/te.c.e. no.6 l-iv/to.6 de. Lobato ~, po-i.6, uma c.-iê:nc.-ia 6-ilo.606ada, uma c.-iê:nc.-i.a mote. que. e.le. glo.6a de. uma mane.úia toda .6ua; c.om uma 6-ilo.606-ia que., .6e. po/t uma pa! te., e: de. .6 e.nt'[d o p.6 -i C. o..e. õ9 -i c. o, .6.0 c.-ial e. mo/tal - numa palav/ta, de. .6e.nt-ido p/to6undame.~ te. humano - po/t out/ta pa/tte. e: to/tnada le.ve., ame.~a, pe.dagog-ic.ame.nte. agJtad~ve.l, pe.lo que. . Lobato lhe. ad-ic.-iona de. p-itoJte..6c.ode.l-in .guage.m, c.oloJt-ido tZp-i.c.o b/ta.6-ile.-iJto, humo·/t-i.6mo (amaJtgo ou jov-ial, .6e.gundo 0.6 c.a.6o~) e. out/ta)" c.o-i.6lt.6 que. ta-i.6".l

4

Assim, nao é necessário ir muito.longe nesta introdu.ção para justificar que, nas aparições da ciência nos textos in fantis, Lobato colotava-a com uma face que era a de sua lha, no momento preciso em que escreveu.

esco-

Desta forma,

procu-

rar-se-á neste trabalho perseguir o conteGdo que essa apresent~ çao da ciência revela quando confrontada com os demais

elemen-

tos do texto, em sua evolução ao longo do tempo. A identificação da traj etória da ciência nos textos de Lobato permitirá o levantamento de questões que não

encontram

amparo exclusivamente na coerência interna da obra.

Por exem-

pIo: em um momenio preciso, a ciência passa de elemento perturbador das aventuras a elemento

impulsionador.

A questão

cor-

respondente seria: por força de quals fato.s isso ocorreu?

Há,

certamente, algo que justifique tal atitude do autor. os

p~rsqnagens

não têm vida aut6noma.

Afinal,

Desta forma, a disserta-

ção tomará o rumo da biografia do autor, radicalizando-a. sim, concebe-se a biografia como um fl..e.C.Ofl..:te. da. v' e.u Il..e.doll.. 6igull..al.> c.omo -Al61l..e.do Pujol, PlInio Ball..ll..eto, Ric.all..do S~ve.ne., Luiz Pe.Il..e.i Il..a Ball..ll..e.to, M~Il..c.io Pinto Se.ll..va, ••• , Áll..mando de. Sale..6 Olive.ill..a, Amade.u Amall..al, Albe.1l.. , to Se.abll..a e. tantol.> outll..O.6 mai.6 ••• Entll..e. c pe.ll..ll..e.pi.6mo de. um lado e. o gll..upo do E.6tado do ~ut~o, Monte.ill..o Lobato de..6de. o pll..imeill..o mome.nto pe.nde.u pall..a e..6te., e.mboll..a jamai.6 6e. i~te.gll..e. ou. pall..ticipe. de. c.oncili~bulo.6 polI tico.6. A pll..inc.Zpio, ob.6e.ll..va Ne.l.6on Palma ·Tll..ava.6.6o.6, Lobato pall..e.c.e. tOll..nall..-I.>e., talve.z 'inc.onl.>cie.nte.me.nte., o cll..oni.6ta do gll..upo. Quando do ball..ulho pll..ovoc.ado pOIl.. Je.ca Tatu, e. pe.lo d..i..l.>c.ull..l.>o de. Rui Banbol.>a, I.>e.u nome. e.~ te.ve. .6e.mpll..e. ligado aol.> que. I.>e. opunham ã. po lZtica dominante.. ,,3

Se Monteiro Lobato de fato se vinculou a este as coisas ganham corpo. tor nos seus escritos.

grupo,

Há algo além das idiossincrasias do au

e

isto que se procura neste trabalho.

7

Para al~rn.das ambigUidades do pensamento de Lobato, as·

coisas

propriamente literárias da obra talvez digam algo acerca . . grupo.

deste

Foram'os caminhos para a eliminação deste "ta.,tve.z"

que

orientaram a pesquisa. Neste quadro, o sentido da caracterização que aqui se pr~tende

será 'amplo: será o nexo entre a

coer~ncia

desvendada

da 6bra e o contexto polftico-cultural no qual Lobato viveu. sim entendida, a

carac~eriz~ção

A~

de urna obra ganha contornos qUe

ultrapassam as barreiras do estritamente literário, ganha senti do na vida social brasileira. Com essas·definições, tanto o objeto quanto o que quer com ele.se tornam evidentes.

ti objetivo deste trabalho

se e

urna caracterização da obra infantil de Motiteiro Lobato, que repre~ente

urna interpretação plausfvel para a visão da

pressa nos textos do "SItio". bufda ã

ci~ncia

ci~ncia

ex

Seu objeto, ~ a significação atri

nesses livros.

Corno será visto, as idéias acerca do papel

ã

ci~ncia

reservado

na sociedade brasileira são a chave para a interpreta

ção da obra infantil de Monteiro Lobato.

Por esse caminho,

ch~

ga-se a urna imagem expressiva das condições que envolveram o li ber~lismo

brasileiro no infcib deste século. Embora as tentações de antecipar as conclusões

deste

trabalho sejam grandes, existem fortes razões de ordem 16gicapa ra resistir a elas.

e mais

adeqtiado que a interpretação a

que

se fez refer~ncia apareça corno conseqU~ncia óbvia da análise dos textos infantis, da biografia do autor e da identificação de um

8

'grupo de intelectuais expressivo na vida social paulista. Ant'es disto porém, impõe-se a tarefa de examinar suma riamente e ao'.menos um, o mais consistente, entre os

diversos

trabalhos publicados recentemente sobre Monteiro Lobato.

'Tra-

ta-se do texto A Repúbl~ea do P~eapau Ama~elo de André Luiz Viéi ra de

Campos~

Antes de mais nada é importante que se diga

este livro em muito auxiliou na delimitação do objeto desta sertação.

O autor persegue a posturalobatiana em seus

que di~

escri-

tos, mostrando a existência de uma identidade substancial entre a obra.infantil e

~

literatura geral.

Ele apresenta um

Lobato

e

o Lo

bato portador de um modelo para a sociedade brasileira, de

uma

pouco discutido pelos autores ji considerados clissicos.

proposta' de conjunto para a vida social.

.André consegue filtrar ... o essencial dentre' o emaranhado complexo de elementos que e a obra, lobatiana.

Ele mostra a proposta do liberal fordista

textos e atos de Lobato.

Um trabalho notivel.

nos

Hi, contudo, um

conjunto expressivo de fatores que limitaram um pouco sua anili se.

Tais fatores transparecem do seu pr6prio texto. Em primeiro lugar a

preocupação dIA

no~ma l~te~ã~~a

Repúbl~eado P~eapau Ama~elo.

nao é objeto

de

André Luiz,nãode

dica a ela senão poucas piginas ao final do texto.

No caso

. anilise de um projeto para a socieaade defendido por um

da

escri-

tor, mesmo que um escritor-industrial ou um publicista-industrial, a forma sob a qual os elementos se apresentam na obra não ser subestimada.

Ela se confunde com as caiacterfsticas essen-

ciais das pr6prias idéias defendidas explicitamente nos do autor.

deve

textos

Esse ~csprezo p~la forma leva Andr6 Luiz a afirmar:

9

"Seu envolvimento ~om o mundo dOJ neg5~ioJ, Jeu aóaJtamento dOJ mode/tniJtaJ e aJuat/t~ jet5/tia em di/teç~o lite/tatu/ta inóantil expli~am, a nOJJO ve/t, o óato de Lobato to/t na/t-Je cada vez maiJ publiciJta e menOJ lf te/tato, no J entido maiJ eJ pecZóico do tVUIIO. IJJO não Jignióica que o auto/t tinha deix~ do de Je/t um eJc/tito/t pa/ta to/tna/t-Je umintele~tual militante. Lobato ~ontinua Jendo ~J duaJ coiJaJ; apenaJ h~ umainóaJe, a pa/tti/t dOJ anOJ vinte, no J eg undo Mpedo." 4

a

Por essa

defici~ncia,

ele nao viu que as crfticas

e

proposiçEes de Lobato para a sociedade brasileira evoluem

e se

transformam bem mais que ele supõe .. Assim, a conclusão a

que

chega é de que a postura de Lobato sempre foi, te, a do liberalismo fordista; o que nio

~

substancialmen-

verdadeiro.

Outro fator que afastou um pouco esse estudo de algumas trilhas abertas por André Luiz foi o tratamento exclusivamen te individual dado n~o



~s

idéias.

N'A

refer~ncia expressiva~

to de Lobato.

Rep~blica

do Picapau Ama/teto

organicidade social do pensamen-

A impressão deixada após a leitura de seu traba-

lho é a de um Lobato pensador/industrial que defende

propostas

apenas suas, nao compartilhadas por algum ou alguns grupos

so-

ciais.

-

. autor identifica, ainda Vale notar que o proprlo parcialmente, esses

proble~as.

que

No último capftulo de seu traba

lho, André Luiz pondera que Lobato sustenta uma certa ambigUid! de na sua noção de progresso. timação da forma literária e da

Essa ponderação emerge da subesexig~ncia

de

coer~ncia

linear na

10

postura

d~

Lobato - como

s~

a postura, dele em face do progresso

fosse

únic~

toro

Como se ele não tivesse escrito A Chave do Tamanho.

ao longo dos seus 30 anos de consagração como escri

Quanto, ao segundo problema aqui levantado, o autor d'

A Rep~bllca ensaia diversas alternativas para ri vfnculo de, Monteiro Lobato: grandes industriais?

social

Camadas médias

urba-

nas? Deixa assim, escapar a chave que, desvenda seu posicionamento.

O perfódo que vai' de 1910 a 1940 é

mação das classes sociais no Brasil.

cru~ialna

pr6pria for-

Assim., é de se esperar que

aquilo que parece uma coisa definida em 1917, tenha outros contornos em 1927 e ainda outros em 1937.

Essa é a chave que di o

tamanho dos segmentos sociais identificados com o discurso LobatQ.

de

A formação do grupo social'ao qual ele se vincula, se-

ri tratada no

quarto capftulo deste trabalho.

Essas observações acerca' do livro A Rep~blica do Pica

pau

Ama~elo

se fizeram necessirias, antes de tudo como um mere-

cido tributo que este trabalho deve prestar a uma obra que,além de ter indiçado bons caminhos de estudo, é a mais significativa vista até o momento.

11

2. LOBATO

José Bento Monteiro Lobato nasce na cidade de Taubaté em 1882.

~

o filho ma~s velho de um dono de fazendas na região.

Neto bastardo do Visconde de Tremembé - José Francisco ro, grande

p~oprietirio

Montei-

que alforriara seus escravos anos antes

da Lei Áurea; o meníno nasce com um futuro' garantido, ou ao menos quase garantido; seu destino ê a gerência das fazendas

do

pai e do Visconde, sucedendo-os como quase todos os contemporâneos em situação sócial semelhante. Confor'me o costume da época, Lobato recebe as primeiras lições em casa, aprendendo a ler, escrever e contar com sua. av6, a quase esposa do Visconde;

Em seguida passa a freqUentar

colégios particulares da região.

De importância singular pare-

ce

's~r

sua estada no Colégio Paulista: nl~,

60i aluno do p~o6e~~o~ Mo~ta~dei~o;me! t~e que JUQa volta a p~oQu~a~, mai~ ta~de, pa~a Qom ele di~Quti~ a~ nova~ 6ilo~o6ia~ que tanto o 6a~Qinam em são Paulo: Mo~ta~­ dei~o e~a po~itivi~ta, o que o di6e~enQia­ va na inteleQtualidade da paQata Taubaté. n5

Essa proximidade ao positivismo na adolescência deixa ri marcas sensíveis no pensamento de Lobato.

Ainda ~o

Colégio

Paulista, nosso autor inicia-se na imprensa, produzindo nos artigos, para um jornal estudantil.

EnQiQlopédia do

Ri~o

peque... Escreve uma crítica a

e da Galho6a, livro que mais tarde

cama do Visconde deSabugosa.

Vlru'a

12

Em são Paulo, interno no colégio a partir de 1896,

L~

bat6 permanece escrevendo para jornais de escola, numa atividade comum ã época. Filho da aristocracia brasileira, ele acaba por matri cular-se na Faculdade de Direito do Largo de são Francisco mais por força do Visconde que por vontade pr6pria.

acad~mi

Na vida

ca da época era comum a ~xist~ncia de grupos organizados, círcu los de literatura, poesia e política.

Lobato não deixa de inte acad~

grar esses grupos, escrevendo para os respectivos jornais

micos e acaba por fundar o "Ce.nác.ulo" com amigos que levará por toda.a vida:

Godofredo Rangel, Ricardo Gonçalves, Cândido

Ne-

grelros, Artur Ramos, Benjamin Pinheiro e outros. Bacharel, Lobato obtém uma nomeaçao para a promotoria em Areias em 1907.

Mesmo durante o período de sua estada no in

terior, ele· não parou de colaborar' com artigos para a imprensa. "Po~ oc.a~i~o

o

a~tigo

da Campanha

'He.~mi~mo'

c.om

P~e.~ide.nc.ial

(de. 1909/10),

e.~ta~ palav~a~:

tõ~ia da de.c.ê.nc.ia ~ob~e. a inde.c.ê.nc.ia'''. 6

'Rui

e.xi~te.,

te.~mina~ia

Rui

~

a vi

Não é inconveniente afir

mar que Areias é pequena demais para o irrequieto advogado; assim, em 1911, ao virar graride pr~prie~irio: retorna a com proj etos de modernização das velhas terras do Viscon.de. Seus ·projetos esbarram numa conjuntura adversa e em obstáculos cu1tu rais

pratic~mente

insuperáveis com o pessoal da fazenda.

Logo no início da Primeira Guerra Mundial publica numa coluna do

E~tado

de.

célebre já desde cedo.

S~o

Paulo, dois artigos que vao torná-lo

O primeiro, "Uma Ve.lha

P~aga",

no

qual

13

protesta contra a no qual. ataca

pritic~

diretament~

das queimadas; o segundo, o

campon~s

"UlLupê..6·" ,

atrasado, retr6grado e re-

sistente aqu~lquer mudança nos hibitos produtivos.

Com esses

d9is a!tigos, ele investe violentamente contra o homem do

cam-

. po, o Jeca Tatu, visto como responsável pelas dificuldades econômicas do país.

"Naquele 6-i.m de 1914, ao.6 32 ano.6de -i.dade, o Jeca, palLa .6eu CIL-i.adolL ê o -i.n-i.m-i.go, e a.6 pá.g-i.na.6 de 'Uma Velha PlLaga' e 'UlLupê..6' lLeplLe.ó entam o de:.ó6 Ofl.ÇO, a v-i.ngança ~ a ú.n-i.ca que pod-i.a tomalL contlLa aquele.6 que julgava lLe.6pOn.6á.ve-i.~ pelo 6ILaca.6.óo do lavlLadolL.,,7 Seu comportamento incontido o leva a inúmeros empreeg dimentos.

"Plano.6", como .6emplLe, não lhe fialtam: já. t-i. nha ~entado um colég-i.o em Taubaté, planej! lLa um .óanat5~-i.o em são Jo.óê do.ó Campo.ó, e agolLa acalenta a -i.dé-i.a da explolLação comelL c-i.al do v-i.aduto do Chá. ..•. " • 8 Lobato positivamente nao cabia ·da.

e~

sua pr6pria

fazen-

Ele a vende em 1917 e muda-se para São Paulo, onde estende

a colaboração em jornais e

~evistas,

principalmente com O E.óta-

do de são Paulo e seu "5lLgão de alta cultulLa", a Rev-i..óta do BlLa .ó-i.l.

e neste

jornal, ainda no

sai seu famoso artigo:

"~

an~

da chegada i

ca:pi tal,

plLop5.ó-i.to da ex.po.ó-i.ção Mal6att-i.".

que Ne

le Lobato faz veemente ataque ao cubismo e ao modernismo em geral, numa atitude

est~tica

nem sempre seguida por ele pr6prio.

Neste texto, conhecido. pelo nome de "PalLan5-i.a ou M-i..6~-i.6-i.cação?"~

no~so

autor afirma, com uma clara inspiração cicn-

14

tificista: "Toda.6 0..6 aJtte.6 .60.0· Jteg" pal>tolte.l>,C~ quail> ,me.tem a ehibata nOl> que. não andam c~ mo ele.l> pal>tolte.l> que.lte.m e.tol>am-lhe.l> a lã, e tiltam-lhe.l> o le.ite., e. ol> vão toeando pa.Ita onde. eonvem a e.le.l>·pal>tolte.l>. E il>l>o . -e. al>l>im pOIt eaUl>a da e.xtlte.ma ignoltâneia e. e~ tupide.z dOl> ealtneiltol>. Mal> e.ntlte. Ol> ea~­ ne.iltol> lÜ ve.ze.,l> apalte.ee.m algun/~ de. ma,L~ in te.lig~neia, Ol> quail> aplte.nde.m mil eoil>aJ, adivinham outltal> , e. ~e.poil> e.nl>inam a- ea~n e.iltada o que. aplt e.nd e.ltam - e. d e.l> l> e. m,odo véio botando um poueo de. luz de.ntlto da e.l>eulti~ dão daque.lal>' eabe.çaa. são Ol> l>ã.biOl> ... an tigame.nte. Ol> pal>tolte.l> tudo óaziam palta m~H te.1t a, ealtne.iltada na do ee. paz da ig 110ltânÚLl, e palta il>l>o pe.ltl>e.guiam Ol> l>ã.biol> , matavamum hOIt-nol>,que.imavam-nol> em óogue.iltal> Jl.OIt.,,66

o gre~so

texto é ,claro, sao,os sábios que possibilitam o pro

da humanidade.

O saber puro e simples, por ser existen-

te e por se difundir, é capaz de redimir a civilização. Após inúmeras estrepolias dos meninos do céu, D. Benta recebe uma comissão de astr6riomos.

Lobato faz pouco casodes

te g~nero de sábio: "Ol> homenl> baltbudol> e. eaAtoludol> '

palteeiam

e.' V. Benta pe.lteebe.u a Itazao:

a

39

.,.

vaca moc h a ...

~aman

h o~ h omen~ com me d o d e vaca, ~mag~nem. ., ,,67

A comi~são p!otesta acerca de "v~~104 t~an6to~no~ obie~vado~ na

ha~mon~a ~nlve~~al.,,68 'Lobato ridiculariza os astr6nomos, Salva "a astronomia por seus cilculos e previsões: "o~ mo~:de~cob~em

no

c~u

tudo quanto

que~em po~

melo de

mas

a~l~6no­

c~lculo~.

LeinbJta-~e do que vovo contou do tal a~t~6nomo Halley?", 69 diz N~ rizinho. Nos escritos desta fase, ao contririo da"anterior,

a

ciência e o saber são úteis, sao essenciais para0 desenrolar dos aconte'cimentos. so ficcional.

Lobato valoriza isso no interior de seu univer E ainda, o que se apresenta sibio e exterior

ao

-sitio ~ perfeitamente integrivel na est6ria, o valor das realizações do Visconde

~

reconhecido.

-

- e Esse personagem nao "

mais

embolorado, seus termos cientIficos não chateiam nem atrapalham Eles at~ se incorpora~ ao vocabulirio corrente

mais nadai Emilía.

3.4

A redenção do saber operada nesta fase

O

Sabe~

~

da

total.

Ma"lv e~~ado

A fase final do trabalho de Monteiro Lobato

.provoca,

uma certa surpresa nos leitores que acompanham cronologicamente seus escritos infantis. de A

Re60~ma

da

Natu~ezi

Ocorre que, no ano que da edição de A Chave do

uma mudança brusca na visão cientIfica.

sep~ra

a edição

Tamanho,

Isto se expressa de for-

ma clara e inequIvoca no último texto e, de forma um tanto ~uJda,

hi

di-

nos Voze T~~balho~ deH~~cule6, editados posteriormente.

40

Seguindo a rotina dis demais fases, hi um texto exemplar

dest~

Tamanho.

perfodo que vai

V~-se

que

~

caracterizi~lo

plenamente: A Chavedo ....

um livro notivel"ji no começo, póis

e o

único no qual o ,autor abre com uma explicação necessiria,

onde

os,personagens do sftio são descritos.

o

que dispara a aventura

vontade da'Emflia em acàbar

~om

~

a tristeza de D. Benta e a

a guerra.

Ela pega um

....

superpo'

feito' pelo Visconde e vai ao "nim do mundo" virar a chave dague!., ra.

Li chegando ela nao cO,nsegue

reconhec~-la

e, resolve: "A UM-

ca .6otução ê. apt:icaJL o mê.:todo expeJLimen:tat Que o Vi.6conde u.6a em .6eutaboJLa:t6JLio.,,70 la do tamanho.

Ocorre que a primeira chave virada ~ aqtie-

Assim, todas as pessoas do mundo se veem subita

mente diminufdas a uns poUcos centfmetros-.

Após isso, o narra-:-

dor afirma:

"A .6i:tuação eJLa :tão nova Que a.6 .6ua.6 vetha.6 Id ê.ia..6 . nã o .6 eJL viJLam mai.6 . .. a id ê.ia -ie -teão eJLa dum :teJLJLZvet e peJLigd.6Z.6.6imo a.nimat;c~ med~JL de gen:te; e a idê.ia de pin:to eJLa. a dum bichinho in n en.6ivo. AgoJLa. ê. o con:tJLi• O peJL~go.6o • . ,,71 JL~o. e- o p~n:to. Emflia, adaptando-se facilmente i nova situação, fica extasiada com a, inventividade dos bichos: l'Eu .6empJLe achei gJLa-

ça da 'pJLo.6a' do.6 homen.6 com a.6 invençõe.6 ti dete.6. Que .6ão invençõe.6 do.6 homen.6 peJL:to do.6 nho.6?" 72

de inven:to.6 de.6:te.6 bichi

O apequenamento' ,súbi to da humanidade pôs todos despi-

dos, nus, e quenada.

mlth~e.6

a.6

~

assim que ela va1 encontrar a primeira famflia ape-

Era exatamente a famflia do prefeito da

cidade,

MajoJL ApotiniJLio da Silva, cidadão mui:to impoJLta.n:te ••.

"o

e.6:tava

41

agolLa tlLan-ó60lLmado e.m in-óe.tinho de.-óc.a-óc.ado e. mudo.,,73 Emí.lia

apavor~-se

diante. do aparecimento do Manchinha, A reação dos presentes ê notá-

o gato de estimação da família.

vêl: "Ele. ê. o que. há. de. mai-ó man-óo - di-ó-óe. a boba Fe.blLônia.. VOIL mia ,na minha c.ama. Fui e.u que. o c.lLie.i." 74 Quanto ao Major, "e.le. ainda e.htava c.om a'idê.ia-de.-gato', pIL5pILia da-ó ge.nte.-ó que. po-ó-óulam tamanho. e.nt~~de.u!

·Eml1ia te.ntou e.-óc.lalLe.c.ê.-lo. 7S

ElLa a bUlLlLic.e. e.m

, c.oi-óa de. liv~o~. ,,7·6 a

EmÍ~ia

pe.~~oa~

"O MajolL· nao.

Ac.hou aquilo c.om c.alLa

de.

O gato reaparece e devora a· todos, exceto

e as duas crianças que ela consegue salvar. Lobato p6s

em seu universo uma verdadeira carnifici-

na, fa.la com certos requintes de sadismo do enorme devorar .

a passarada

reali~ou

que

-

sobre'a humanidade apequenada:

"Um ~Le.ê.nc.io que. nunc.a vi. Silê.nc.io de. ge.!!, te., pOlLque. O-ó pa~~a~inho-ó andam mai-óbanulhe.nto~ do que. nunc.a.PalLe.c.e. que. -óe. muda,lLam todo~ palLa a c.idade.. Emllia lLiu--óe.. Le.mblLou~~~ da que.da de. iç~-ó e. -óilLiIL1~ e.m outublLO, quando milhôe-ó de. 6olLmiga~ -óae.m do-ó 60ILmigue.ilLo~ palLa a 6e.~ta anual do banho de.. ~ol. Ne.~~e.~ dia~ o a-ó-óanhame.n.to dM galinha~ e. do-ó pa-ó~alLinho-ó e. e.nOlLme., - e. o~ pap.o-ó ~e. e.nc.he.m de. alLlLe.be.ntalL. O mundo ~n te.ilLo de.via ~-ótalL agolLa c.he.io ~o a~~anha.me.!!, to da-ó ave.-ó, diante. da ine.-ópe.nada apalLiç~o daq-ue.,ta nova e.~pê.c.ie. de. içã~ o~ home.n6."n Ele reafirma isso diversas vezes no texto: "Hoje.

que.1L gato vagabundo c.ome. um lLe.i, um ge.ne.na,t, um {je.'ito, c.om a.

me.~ma

'c.omia balLa.ta-ó.,,78

~ãbio,

'6ac.ilidade. c.om que. antigame.nte.

o

um

qu~f

plLe.-

Manc.hinha

Em algumas passagens a coisa fica dramati~a-

da, Rabic6, o porco, o glutão, o capad6cio, afirma:

"Ac.onte.c.e~

42

que de um momento pCÚLa o outlLO deu ,de apaILec.eIL pOIL toda

paIL:te

uma nova ILa.ç.a de m.inhoc.atJ em pé:, uma.6 c.olL-de-lLotJa, ou:tJta.6 ' duILa, ' d e.:..Jtapa

c.OJt-

... . ,,79 e- antropo-fago o ou t ILa.6, pILe t a.6, e 90.6 t o.6«..6tJ-, agE.. !ta, c.om a de.6tJtu.iç.ão do tamanho, nada ma~j .6e!tve e, pOILtanto, o que 0ac~ óez, EmIl.ia, fia.i 'de.6tJtu.iIL a c..iv.il.izaç.ão. "SO O~iilogo

a

autode~truição

se estabelece com a Emflia argumentando com

que os homens.promoviam com as guerras.

las tantas sobra essa

p~rola:

Li pe â~bia

"Eu até: me adm.iJto de veIL um ,

comc.alLtolão de.6.6e tamanho de6endeIL um

m~ndo

de d.itadoJte.6, c.ada

quaL'p.ioJt que o outlLo."SI

o

Visconde e a Emflia vao viajar pelo mundo a fim

observar o estado da humanidade.

Acabam encontrando

"um

d~.iILo n~cleo de c..iv.il.izaç.ão nova que .6e .ia 60Jtmctndo~S2 balde na Califórnia.

de

veJtdctem

um

Chefiada por um cientista democraticamen-

,te escolhido, o povo do balde é, para Lobato, um modelo de civi lização.

O Dr. Barnes concorda, em certa medida, com a

Emília

sobre a nova situação:

"F el.izm ente e.6tam OtJ l.ivJte.6 daquela peIte c.ha mada 60go, que óo.i a veJtdade.iJta, peILdiç.ão' , 83 da humanidade." "EtJtamo.6 l.ivne.6 da 60ga e do tJeu 6ilho, o óeJtILo, e datJ mil Jteina-

43

ç;e~

~ueo~

g~ande~

doi~

gue~~a~

6aziam no mundo, ermo em que ~udoe~a 6e~~o e

a~ 5~

g~.,,84

Esta cisma com o ferro e o fogo é notável, uma vez que, na fase anterior, Lobato louva-os pelos bens que trouxeram vilização (ve! a

Hi~~õ~ia

do Mundo

pa~a C~iança~

ã

e O Poço do

ci V.i~

.eonde) . Na

Alemanha~

a Emilia e o Visconde deparam-se com mon

tinhos de roupas espalhadas pelas ruas com chapéus em cima.



na chegada o sábio declara: "E~~~ gen~e,

que e~a a mai~ ~en~Zvel e beZi eo~a do mundo e e~~ava empenhada numa gue~ ~a pa~a. a eonqui~~a· do plane~a, ainda e:me.~ ~almen~e a meima, q~e~o dize~, ainda pen5a e ~en~e da'me~ma manei~a. E ainda ~abe ~u do quantoapnendeu. O~ quZmieo~ ~~bem 6a~ ·ze~ p~odZgio~ eom a· eombinação do~ átomc~. O~ 6Z~ieo~ e meeanieo~ ~abem todo~o~ ~e­ g~edo~ da mate:~ia. O~ milita~e~ ~abem to~o~ o~ ~eg~edo~ da a~te de ma~a~. MaJ, eomo pe~de~am o tamanho) já não podem eoi~a nenhuma. Sabem ma~ não podem. Que eo~CJ.. te~~Zvel pana ele~.,,85

"Mais claro que issq, impossivel.. O problema nao

se

·poe como na primeira fase, o saber não é intrinsecamente ruim. Nem tão pouco como na segunda, o saber nao é intrinsecamente bom. Agora Lobato separa o conhecimento de seus usos, valorizando \

saber e recusando radicalmente o que a civilização faz por intermédio.

A

ci~ncia

dos por homens burros e

pura e neutra belico~os~

~

usada para fins

o seu

indevi-

44

A t5nica geral deste terceiro momento ~ que a.civilizaçao ~,ruim, precisa ser inteiramente reformada. Mas o que



de singular é 'a transformação fei ta e o que acontece ao fazê-la. O,apeq~enamento

dos homens

~

significativo porque os põe apenas

com sua plena corisciê~~ia, com todo o saber, capazes.de tudore , construir, como no balde. sim o seu usd.

O nocivo nao é o saber, a ciência, e

A Chave do Tamanho é um livroescatol6gico

no

qUal tobato faz extenso uso de humor negro, como na passagem do Rabicó antropofago ou no momento do retorno ao tamanho

antigo

(ele fala das milhares de pessoas esmagadas dentro das

fresti-

nhas nas quais se esconderam).

, "O o

ironias:

p~oblema n~me~o um ~o gove~no ame~lca~o, p~oblema que

vindo ~a

Contudo ele nao poupa

~ub~~i~ui~

o da

lu~a con~~a

a Alemanha,

e~a

6echa~

~inha

a jan!.

d ·' ,,86 a ~a~aO e man~e~I o oogo d aO ~a~e~~a.

Ap6s A Chave do Tamanha" Lobatoescreve apenas uma obra de vuito:

O~

'nificativo o fato dele

Vaze t~r

T~abalho~

de

He~cu.e.e~.

~,em

mais sí,sig

retomado o veio dà antigUidade grega

ap6s diversos escritos sobre a atualidade.

~

sintomático

que,

·tende ficado dois anos sem editar, Lobato mude radicalmente sua referência histórica; ele direciona para o mundo heróico o cená rio de suas aventuras. A est6ria se inicia com a viagem de Pedrinho, e o Visconde i Gr~cia.

Antes, porém, há um comentário de Pedr!

nho que lembra muito bem o clima das ve.e.ho~

nio'

en~endem

o~

novo~

...

Reinaç.õe.~

de

Na~izlnho: "O~

que~em no~ gove~na~,

ob~iga~ ~ 6aze~ exa~lnho o que ele~ 6e

Emília

6azem.

que~em no~

E~quecem-~e de

60~~e a4~lm, o mundo pa~ava, ~io havia nada novo ... ,,87

que

45

o

"tip~o"

do her6i, apresentado desde o inicio e repe

tido inúmeras vezes ao longo do texto não poderia deixar deser:

"

bu~~~o di na~cença, como todo~ OA 9~ande~ atleta~ . .. "88

núcleo temático é, obviamente, a relação entre a esperteza

O

e a

brutalidade; ent"re a inteligência e a força:

o mundo ali do~ aJtJtc,do~e~ po~ cau~ a . da a~~ o ciação daque.le~ .tAê~ mon~t~o~! ]~ 6o~tI~~imo~ individualmente, com a a~~ociaçã~ ~e. haviam. toJtnado inve.ncl vei~. Ma~ l~ e.~tavam pOJt teJtJta, e.xtinto~. Po~ qu~? POJtque. n~o h~viam contado com c valo~ de H~~cule~, e.m Intima a~~ociaç~ocem a e~pe~teza da EmIlia. O heJt6i e.btava cem p~ee.nde.ndo o valo~ da 'a~~ociaç~o~ ."89

."Quanto havia

~o6~ido

~

.Todos os obstáculos vão sendo

s~perados

ora pela for-

ça bruta de Hércules, ora pelas intervenç6ei da Emilia, de drinho ou, até mesmo, do Visconde.

Pe-

Com mais freqUência, a soIu

ção aparece peia combinação da força bruta com as sug~st6es dos "pic.a.pauziriho~".

o

que acrescenta elementos importantes na caracteriza

çao desta terceira fase é menos esse núcleo temático que mas inserç6es .aparentemente marginais que, entretanto, com

clarez~

aIguapontam

a unidade deste livro com A Chave. do Tamanho -

ao-

menos no que diz respei to ã valoração da ciência e de seu uso na sociedade. Mal o grupo chega ã Grécia e toma contato com o her6i, estranhas mudanças começam a se operar no comportamento do Visconde. x~o

de

"Ve.ja o mLe.agJte! de6~nto

de

O

t~o ~~~io

no~~o

Vi~coride.

e.~a

um veJtdadeÁ./te cai

46

jamai~

b~incou

em toda.a

~ua

..ze~ . .co~~a~. .. d e pa,oh aço. ,,90.

vida.

Ago~a e~t~ at~bobo,

a

6a-

Paralelamente a essas nOVl. d a d es, e 1 e

começa a reassumir ~lgumas de stias antigas características.

~i

passagens onde ele se mostra avoado, disperso, complicando ode senrolar dos acontecimentos.

A estranheza do sibio se aprofunda:

começo de loucu~a h~ ~;ica de~a de biinca~·com tal e~petaculo~i dad,e .qu.e. cheg ou a da~ na vi~ta." 91 "Vali ~ pouco e~tavamna ci~anda-ci~andinha,e quem ci~andava com maio~ 6~~ia e~a ju~tamente o Vi~con~e de Sabugo~a, o ex-g~ave e ca~tol~ do ~abinho l~ do ~Itio. A.t~ nem ma.i~ de.. ca~tola, andava.Co~ um pontap~ havia j09! do ·a velha ca~tolinha no~ pantano~ de Li~­ na, be~~ando~ - Chega de ca~tola! I~~o não pd..~~a de um pedaço de,. canudo de charnin~ com aba~. Po~ que ca~tola? e p6~-~e a dança~ ,,92 uma ~um 6 a ...

" ... o

Vi~conde

no

~eu

Para Lobato, ,que muitas vezes concentra na cartola expressa0 mixima da

sapi~ncia,

a

trata-se de uma atitude expressi

va levar o Visconde a istó. Progressivamente Lobato leva o sibio ã loucura.

No

ipice, ele afirma:

"

da cabeça a ca~tola e jo~ou-a longe. Vep6i~ deu uma ga~galha­ da hi~t~~ica e ~e~mungou: He~a! E~a uma vez uma vaca ama~ela que ent~ou po~ uma po~ ta e ~aiu pela out~a. Quem qui~en que co~ te out~a ... não havia d~vida: o pob~e Vi~conde de Sabugo~a enlouquece~a." 93 o~abuguinho

ti~ou

47

'Aprisionado em uma jaulinha para ser levado ,ao tratamento,

pob~~

g~itando:

gaiola, nu~a!

o

""!

demente 6ieou de bin~mio

o

eabelei~a

'.. . a,

de

p~,

aga~~ado a~ v~~eda~ quad~ado

de Newton! ... 0

Be~eniee; tudo~eoil,M

.

,

da

ha hipote-

eienO..6ieM,

o~ ve~da-

dei~o~ ~ã.bio~ ~Õ têm uma eo~a de~o de ~i: úê.neia e, m~ éiê.núa." 94 O sibio

~

curado pela

Med~ia,

grande feiticeira da antigUidade.

Restabelecido, o Visconde retoma sua sabedoria e mente as

do

av~nturas

normal-

~egue

grupo~

O Visconde renovado

~

bem diferente do anterior

(da-

"O

quele da fase anterior), ele se apaixona, bebe, se diverte: no~~o

Vi~eonde,

6eito

maland~o.

quee~a

,

At~

tio

g~ave 9~

bebe ... " -

10 algumas vezes durante o livro, cid'as das Reinaçõe~ de Na~izinho. faz~-lo

e

~i~udo,

e~tã. ago~~

um

Alam disto, Lobato tenta matias tentativas

r~tomando

Al~m

sofrer os maiores abusos da Emflia.

Aliis, as

Com

ee~teza

nem viu pele nenhuma e

a

refer~n-

infimeras:

"O tempo e~tã. voando e aquele e~tupo~ do Vl~eonde nio dá. ~i.

homi~

disto', o autor volta

cias a este livro, is coisas que nele acontecem, são

de

pe~-

e~tã. e~tudando

hina~ e~en­

ti6ieante alguma ba~atinha g~ega; ,,96 numa refer~ncia cl~lTa i pa~ sagem citada

~ouco

atr5s.

O sibio retoma a pr5tica de expor

nome,cientffico dos ãnimais, de' explicar a origem das de tiso comum.

o

palavras

O sabugo cientista volta a ser fi16logo, profis-

são duramente criticada pel~ pr6prio personagem em O Poço do Vi~

conde. Do alto da antigUidade c15ssica, Lobato avalia a civi lização moderna.

tudo botam

Emflia declara:

.u~a e~to~inha.

"Go~to

do~

Pa~a'o Vi~eonde

g~ego~

po~que.

em

e O~ ~ã.bio~ mode~no~

48

o eco

~

a tal

~e6lexio do~ ~on~.

:6a Eco t~an~ 6o~mada em ped~a.

Pa~a o~ g~ego~

~a

voz da

Cem' veze.~ mai~' lindo ... ,,97

n~n

Mais

adiante, em uma ex~ressão bem ménos po~tic~: "O g~ande b~inqui­ dodo~

no~~o~

tempo~

Cidade~ intei~a~

e~t~açalhada~.

em

con~i~te

de~apa~ecem

em

de~t~ui~,

ho~a~.

de~t~ui~,

de~t~ui~.

Populaçõe~ intei~a~ ~io

Po~ i~~o é. que nõ~ go~tamo~ t4ntoda G~~CJ..a. ... " 98

Nesta .triste passagem Lobato lamenta o padrão civilizat6rio que .comporta guerras e bombirdeios.

Mais adiante ele investe

con-

tra a "j ustiça: "Ped~i~ho a~~omb~ou-~e

com a'6acilidade com que na G~~cia o~ he~õi~ mandavam gente pa~ ~a o outh.o mundo; Rouba~, mata~ - tudo coi ~a~ ·natu~all~~~ma~. Hé.~cule~ matou aquele 6ilho de ~ei'e lã p~o~~eguiu viagem como ~e. nio houve~~e havido coi~a alguma. E na da de polIcia, inqué.~ito, p~oce~~o, j~~i, p~omoto~, ~entença, cadeia. Tudo muito ~a pido e expedi'to.

O

Vi~conde

que

no~

tempd~

mode.~­

ali a ju~tlça e.~am o~ hé~õi~. Ele.~ andavam ã ea ça do~ mau~, como lã no mundo mode.~no 6az a pOlIdia. E pe.gava-o~ e. liquidava-o~ com a maio~ ~im'plicidade. . . Que. e.~a H~cul~1 a6:f. nal de. conta~, ~e.nio a ju~tiça em pe.~~oa? Ã~ veze~ e~~ava e. matava inoce.nte~ ma~ que ju~tiça ne.~te. mundo nio e~~a,,?99 no~

havia

ob~e~vou

'ju~tiça

o~ganizada',

ma~

são infimeras as manifestações de Lobato com este sen· tido,is vezes veladas.

M~s

em todo confronto com a

civiliza-

ção moderna, a antigUidade ganha com larga margem. "No~~o ~~cu-

lo tem muita máquina,' tem até. máquina de.

voa~;

de poe~ia n~o che.ga ao~ pé.~ di~to aqui."IDO

ma~

e.m

49

Nesta última fase, a visão científica orienta-se

no

. sentido da valorização do saber puro, à grega, separado dos atuais padrões civilizatórios.' A ciência e a técnica seriam desvirtua das por homens belicosos, egoístas, etc. ~

certo que às passagens expostas poder-se-iam acres-

ceptar inúmeris outras que viriam assentar melhor a noção sentada por Lobato.

apre

Entretanto, é maisrazoivel deter néstepon

to a justificativa de uma caracterização que ji se encontra

em

condições de ser manipulada.

3.5

O

Au~o~

em 6aee do

P~oblema,

Há, ainda, uma questão, relacionada a esta parte do tra balho que, se não é essencial, ao

menos tradicionalmente

alguma importincia nesse gênero di estudo'.

A muitos

estranho que não tenha sido feita referêncta alguma à

tem

-

parecera

..

presuml-

vel consciência de Lobato relativamente ao fato literário

aqui

identificado. , .No estudo que pretende tratar a evolução de longo zo das

id~ias

pr~

acerca da ciência' no interior de uma obra literá-

ria;' a intencional idade é algo que desempenha um papel periféri co.

~

claro, não é possívei confrontar a concepção de

eXpressa num texto de hoje, com outra, a te anos.

~er

escrita daqui avin

Obviamente todos os textos em seus mínimos

foram escritos intencionalmente.

ciência

detalhes

Lobato não é um celerado.

tretanto, supor que o Visconde fosse criado em 1922 tendo

En seu

50

destino já traçado pelo autor é algo que supera todas as

medi-

·das. Se nao faz sentido pensar na intencionalidade de Loba to ao tecer o conjunto da obra, ela se impõe no tratamento um livro isolado.

Afinal, apenas entra no livro o que o

de autor

intencionalmente quer que entre naquele momento em que escreve. Depois de escrito o fundamental da obra, a questão pa5sa a

ser

a sua consciência ou não relativamente ao significado que o con junto do trabalho possui.

Em uma carta de 1943 a seu amigo

de

longa data, Godofredo Rangel, Lobato aborda parcialmente o problemapor intermédio

d~

seus

personagens~

tentou v~~ia~ evoluç~e~ e ~em­ p~e '~eg~ediu' ao que ~ub~tancialmente e: um ~~bio. Um ~~bio ~ coi~a c5moda, e~pe-. cie de mic~o6one: n~o tem, n~o p~eci~a te~ pe~~onalidade muito bem de6inida. Todo~ o~ e~6o~ço~ que ~ Vi~conde 6ez pa~a muda~ de ~i~~onalidade 6alha~am - e hoje ~e~igno-me a vê-lo como começou: um '~abinho' que ~a­ be tudo."lOl

"O

o

Vi~conde

que demonstra com clareza que ele tinha alguma cons

ciência da evoluçaõ de seu trabalho. A correspondência de Lobato serla,

segurament~,

um

e~

celente meio pelo qual se poderia chegar a uma evidência da cons ciência do autor relativamente i valoração da ciência e do ber.Embora

~

correspondêrtcia já recolhida seja bem

fica-se restrito aos dois volumes de A

Ba~ca

de

sa~

completa,

Gley~e,nos

existem elementos que reforçam o modelo das três fases já

quais expo~

to, e ajudam a resolver o problema da consciência ou não de Lobato· BIBLIOTECA I=\JNDAÇÃO GETúLIO VARGAS

51

acerca da evolução caracterizada. Em plena, atividade de editor e esctitor com missor, na cidade de

sã~ P~ulo

futuropr~

em 1919, Lobato tece comentirios

ao seu confessot'epistolar que põem a ridfculo a atividade escritor, bem como os rituais da corte literiria da

de

~poca:

uma e~p~eie de miet6~io .ti te~ã.~io. Quando 'homem de .tetfl..as' pa.6.6a po~ são Pau.to .6e ju.tga no deve~ de vifl.. dafl.. .6ua mijada de id~ia.6 em mim, .tã. no e.6efl..it6 Aio. E 6a.ta no.6 U~Up~.6. Mija-me em cima aque.te~ eonto.6 e diz eomo ab.6o.tuta.6 novida de~ eoi~a.6 que ja ouvi eem veze.6 - a, eo.t. ,,10 2 "N'-
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