[O sacerdote e poeta galego] António-Maria Castro Neira (1771-1826) [biografia e obra] [1986]

May 22, 2017 | Autor: J. Montero Santalha | Categoria: Literatura galega
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JOSE-MARTINHO MONTERO SANTALHA

nh = ii (ex.: caminho = camiiio); ss = s (ex.: corresse = correse); zc, zi = ce, ci (ex.: lazer = faeu).

I. ANTONIO-MARIA CASTRO NEIRA' (1771-1826) 1.

BIOGRAFIA

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Antonio-Maria Castro Neira nao:!u em Mondonhedo o dia 6 de outubro de 1771 !I. Realizou os estudos edesiasticos no seminaria mindoniense 1J. Já sacerdote, exerceu como professor de Filosofia no mesmo seminario desde 1798 a 1810. Em 1810 foi destinado de parroco à freguesia rural de

Argomoso, proxima a Mondonhedo, onde permaneceria até o fim dos seus

dias 13. Alvarez Blazquez diz dele: «Foi homem doente, quiçá epileptico»_ Com efeito, polo menos desde o ano 1816 podemos rastrear nos livros parroquiais de Argomoso pegadas da sua doença. No período que vai de dezembro de 1816 até o veraa de 1817 parece ter padecido umha seria arremetida da enfermidade 14; seguiria logo um longo periodo de melhoria, talvez com leves recaidas; mas nos ultimas meses da sua vida os livros parroquiais informamnos repetidamente que o parroco se vê impedido flom s6 de assistir mas tambem de assinar, por encontrar-se «trémulo» e «convulso» IS. À luz destes dados parece bem fundada a ideia expressada por Alvarez Blazquez de que Castro Neira deveu de sofrer epilepsia. 9 O seu nome completo, tal como aparece usado na epoca e por de proprio, é «Antonio Maria de Castro y Nei!"1l», que alguns galeguizam mudando em e o y copula. tivo com que se unem os dous apelidos -procedentes ambos do pai-: «de Castro e Neira,. (assim, por exemplo, Carvalho Calero na HistLitGalCont, pp. 4445). Conside· ramos mais pratico simplificá-lo ao que ~: substancial, suprimindo tanto o de como o y/e, em consonancia com a praxe actual mais romum. 10 Sobre os aspectOS biograficos, vid. Euolma pp. 163·164, HistLitCalCont pago 45, GrEncGall s.v.; e ademais: Eduardo Lence-Santar e Guitián, ",La poesía en Mondoi'iedo: Don Antonio de Castro y Neira», em Vida Gallega (Vigo) num. 189 (1 de março de 1922); Manuel Castro Lopez, «E! poo::ta Castro y Neira,., em Almanaque Gallego, Buenos Aires 1914. II Era filho de «Luis Antonio de . CaStro y Nei!"1l» e de «Antonia de Goyos y Araújo»; seu pai foi notario maior do tribunal edesiastico diocesano. 12 Segundo parC{:e, estudou também no seminario de Santiago: vid. HistLitGalCont pago 45; igualmente em Letras Galegas (cit. anteriormente nas notas 2 e 5) pago 67. 13 No primeiro livro de batizados da parroquia de Argomoso, conservado agora no Arquivo diocesano de Mondonhedo, aparecem partidas de batismo assinadas por ele desde esse mesmo ano 1810 (fols. 418v e 419r); em 15 de dezembro de 1809 firma ainda o seu antecessor, «Pedro Gregorio Losada y Aguiar" (foI. 414r). 14 Em 23 de dezembro de 1816 as~i:na s6 o excusador Ramom Diaz Santiso, «por indisposici6n de! CUTU (foI. 544r); igualm.ente em 23 de março de 1817 (fols. ~44r-v), em 14 de maio, e ainda em 14 de setembro do mesmo ano. 15 Vid. por exemplo a partida de batismo de 31 de agosto de 1826 e as seguintes.

SACERDOTES DA DIOCESE DE MONDONHEDO

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Morreu repentinamente em Mondonhedo o dia 10 de outubro de 1826, poucos dias depois de cumprir os 55 anos de idade. 2.

OBRA LITERARIA 1&

A parte de escritos de diversa indole em castelhano, Castro Neira escreveu em português vilancicos de Natal que conferem ao seu autor um lugar de relevo na historia da literatura galega. Por isso é considerado, com razom, como o iniciador da que se costuma chamar «escola mindoniense de cantores do Natal»; ademais de Castro Neira, incluem-se nela os nomes de Luis Corral Rodriguez (1784-1830) e ]acinto-Romualdo Lopez Lopez (18081895), aos quais talvez haveriam de acrescentar-se ainda outros (por exemplo, Chao Ledo?) 17. No entanto, o ponto de partida da -tradiçom galega do vilancico nom parece ter sido Mondonhedo mas Santiago: na catedral compostelana cantaram-se vilancicos em língua portuguesa antes que na de Mondonhedo, e da primeira parece ter-se transmitido esse costume à segunda 1&. Em Compostela, porém, os vilancicos na nossa lingua durarom pouco: só uns anos na derradeira decada do seculo XVlll; logo se abandonou essa 16 Vid. HistUtGalCont pp. 45-47; som particularmente interessantes as reflexons de Carvalh:> Calero sobre o caracter pré-romantico de Castro Neira, e sobre o seu provavel influxo em Pastor Diu quando este era s.erninarista em Mondonhedo (ibid., nota 3). 17 Sob..e li «escola mindoniense de cantores de Natal,. vid. Amencer num. 38 (cit. anterioMl1l:nte na nota 2), pago 7, onde aos três poetas que citamos no texto se acrescenta o nome de José-Maria Corra! Rodriguez (1783-1843), irmao de Luis ao parecer, que será o mesmo que Lc:nce-Santar chama noutra ocasiom Jaime·Maria Corral: vid. Eduardo Lc:nce-Santar y Guitián, 'La poesia en Mondofiedo', em El Ideal Gallego (A ConlOhn) num. 1279 (le\"I;a.feira 7 de junho de 1921). De Chao Ledo escreveu Lc:nce· Sanlar: «No 1869 com puxo Chao o vilancico que naquel ano se cantou na catedral de Mondonhedo com musiC1l de dom Pascual Saavedra, maestro que entom era da capela da mesma ir.reja» (Eduardo Lc:nce-Santar e Guidán, 'Notas biograficas de dom JoséMaria al~O Ledo"" em Poesias en ga/lego y caste/ldno de Don José Maria Chao Ledo, recopi/adlls y editadas por el Cmtro Villa/bés de Buenos Aires, Imprenta La Ibérka, Buenos Aires 1930/1931; o trabalho de Lc:nce foi reimpresso em: ]ost:-Maria Chao Wo, Poemas galegos, Ed. do Castro, [Sadal] 1976, e a passagem citada acha·se aqui na pago 70); I.coce nom precisa se esse vilancico estava em porlUguês ou em castelhano nem dá outra informaçom ao respeito, e, embora entre os poemas portugueses de Chao que hoje nos som conhecidos haja dous de tema natalicio, nengum deles corresponde formalmente ao que costumava s.er um vilancico catedra:licio pois ambos possuem um caracter mais marcadamente escenificavel que os vilancicos. 18 Na catedral de Compostela C1lntoo-s.e por primeira vez um vilancico em liogoa portuguesa no ano 1790 (
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