O SUPORTE DA CRÍTICA TEXTUAL NA CONSTRUÇÃO DE ATIVIDADES DE LEITURA NO ENSINO MÉDIO: O LIVRO DIDÁTICO DE E/LE E AS LACUNAS DA EDIÇÃO DOS TEXTOS

June 4, 2017 | Autor: Ericka Ellenn | Categoria: Crítica textual, Livros Didáticos, Língua Espanhola
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Libro de actas

Ciudad Autónoma de Buenos Aires – Argentina 7 a 10 de mayo de 2013

Compiladoras: Natalia Bengochea y Milagros Vilar Editora y compiladora: Pabla Diab

Actas del Segundo Congreso Internacional de Profesores de Lenguas Oficiales del Mercosur / Federico Navarro ... [et.al.] ; compilado por Natalia Bengochea y Milagros María Vilar. - 1a ed. - Ciudad Autónoma de Buenos Aires : Casa do Brasil; Universidad de Buenos Aires, 2014. E-Book. ISBN 978-987-27201-7-9 1. Lenguas. 2. Integración Regional. I. Navarro, Federico II. Bengochea, Natalia, comp. III. Vilar, Milagros María, comp. CDD 407

Fecha de catalogación: 29/07/2014

II CIPLOM II Congreso Internacional de Profesores de Lenguas Oficiales del MERCOSUR y II Encuentro Internacional de Asociaciones de Profesores de Lenguas Oficiales del MERCOSUR Las lenguas en la construcción de la ciudadanía sudamericana

Biblioteca Nacional y Museo del Libro y de la Lengua Facultad de Filosofía y Letras- Universidad de Buenos Aires Universidad Pedagógica de la Provincia de Buenos Aires Universidad Nacional de Tres de Febrero

Ciudad Autónoma de Buenos Aires - Argentina 7 a 10 de mayo de 2013

CIPLOM – Buenos Aires, 2013

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O SUPORTE DA CRÍTICA TEXTUAL NA CONSTRUÇÃO DE ATIVIDADES DE LEITURA NO ENSINO MÉDIO: O LIVRO DIDÁTICO DE E/LE E AS LACUNAS DA EDIÇÃO DOS TEXTOS Marina Raíssa Silva Vieira do Sacramento* [email protected] Ericka Ellenn dos Santos [email protected] Danilo Correia Santos Andrade [email protected] Universidade Federal de Sergipe

Resumo No ano de 2012, a coleção de livros didáticos para o ensino de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) intitulada “Enlaces” (Ensino Médio) apresentou-se entre as aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Baseando-nos nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e nas disposições estabelecidas no edital do PNLD e no Guia de Livros resultante deste mesmo Programa, nossos objetivos são, com base nos preceitos da Crítica Textual, verificar como os textos estão sendo dispostos nos livros didáticos selecionados, saber qual o seu grau de fidedignidade com relação ao texto original (base) e analisar como são exploradas as potencialidades textuais por meio das propostas de exercícios de compreensão escrita. Palavras-chave: Crítica Textual; livros didáticos; Língua Espanhola.

1. Introdução É bastante comum o fato de muitos professores exercerem suas práticas pedagógicas de modo restrito ao livro didático adotado, sem buscar outras ferramentas didáticas que sirvam de suporte para o processo de ensinoaprendizagem. O professor, via de regra, acaba lançando mão do LD como único recurso disponível para a sua atuação na sala de aula, assim como para a sua própria formação acadêmico-profissional (DIAS, 2009:199). Tornando-se então o elemento principal de ensino, é importante que o professor passe a ter uma atenção maior ao que o livro didático aborda e como se dá essa abordagem de textos, atividades, etc., uma vez que, passando a ser a peça-chave no processo de ensino-aprendizagem, o LD pode acarretar tanto em influências positivas quanto *

Marina Raíssa Silva Vieira do Sacramento é graduanda do Curso de Letras Português-Espanhol, participante do grupo de pesquisa GEMADELE/UFS na linha de pesquisa sobre Materiais Didáticos e Crítica Textual e aluna voluntária do PIBID-CAPES. Ericka Ellenn dos Santos é graduanda do Curso de Letras Português-Espanhol, participante do grupo de pesquisa GEMADELE/UFS na linha de pesquisa sobre Materiais Didáticos e Crítica Textual e aluna voluntária do PIBID-CAPES. Danilo Correia Santos Andrade é estudante de graduação do Curso de Letras, participante do grupo de pesquisa GEMADELE/UFS na linha de pesquisa sobre Materiais Didáticos e Crítica Textual e aluno bolsista CAPES de PIBID.

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negativas a este processo, cabendo, portanto, ao professor saber utilizá-lo adequadamente, fazendo as complementações necessárias, etc. Baseando-se, sobretudo nos preceitos da Crítica Textual, cujo principal enfoque se refere à fidedignidade dos textos ao longo do seu processo de edição e transmissão, nosso trabalho objetiva não somente constatar a importância de uma adaptação adequada destes textos, ou seja, desde sua forma original até a maneira como o livro os expõe, mas também o quão fundamental é para o processo de ensino-aprendizagem uma posição mais autônoma por parte do professor, isto é, que ele possa, de certo modo, preencher algumas lacunas que o livro didático venha a deixar a partir da utilização de materiais ou recursos próprios que julgue adequados, conscientizando-se de que o livro não precisa, necessariamente, ser o único recurso didático a se utilizar em sala de aula. O professor deve observar, então, se o livro propicia oportunidades para o agir autônomo dos alunos (DIAS, 2009:209), visto que, muitas vezes, as atividades dispostas nos livros referentes a textos se limitam a questões de identificação, onde o aluno não precisa se questionar, tampouco fazer alguma reflexão acerca do que foi lido. Essa é também uma das propostas do nosso trabalho, ou seja, demonstrar que, a partir das lacunas que o livro didático pode vir a deixar, o professor pode (e deve) fazer essa complementação, adquirindo uma autonomia, pois passa a não ficar restrito ao livro, tendo então essa “liberdade de criação”, e oferecendo autonomia, inclusive, ao aluno, que passa a ser incentivado à discussão, à reflexão, a expor suas opiniões e dúvidas, fato que muitas vezes não é possível somente com o que o LD propõe. Queremos então, a partir destas proposições, evidenciar que o livro didático não deve ser utilizado pelo professor como a “bíblia da sala de aula”, mas como apenas uma das ferramentas didáticas necessárias à sua atuação em classe.

2. Fundamentação teórica Por vezes, as supressões de trechos nos dão a impressão de que isto se dá em função do espaço, ou seja, sacrifica-se a unidade do texto, para que se encaixe num pedaço do papel a que ele foi destinado, depois de feitas as ilustrações (MENDES, 1986:163). Geralmente é isso que se supõe ao encontrar determinados textos com adaptações inadequadas no livro didático. Acredita-se, então, que o fato de tais adaptações, muitas vezes, se sujeitarem a este espaço que lhe foi delimitado seja, portanto, a causa de várias das inadequações encontradas sob uma visão mais analítica. Consequentemente, muitos deles acabam corrompendo a ideia que o autor quis originalmente transmitir, apresentando-se em recortes que passam a oferecer ao leitor (neste caso, o estudante), outra interpretação.

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Sabe-se, com base nos preceitos da Crítica Textual que “a cada cópia que se faz de um texto, a constituição deste muda – seja por ato involuntário, seja por ato voluntário de quem o copia” (CAMBRAIA, 2005:1). O que também se pretende evidenciar neste trabalho, portanto, não é tão somente o fato de um texto disposto no livro sofrer uma modificação da sua forma original, mas o modo como as adaptações são feitas, isto é, até que ponto o grau de fidedignidade relacionado aos textos originais pode vir a comprometer a compreensão do aluno sobre o texto trabalhado, bem como o processo de ensino-aprendizagem como um todo. Baseando-nos em dados das pesquisas de Mendes (1986), Moreira (2010), bem como em nossa própria investigação no livro Enlaces - español para jóvenes brasileños (Vol. 1), foi possível perceber o quanto essa prática é comumente encontrada nos livros didáticos. Foram observadas também modificações que vão desde cotejos inadequados que, como foi citado anteriormente, podem vir a comprometer a compreensão do texto, deturpando sua ideia original, até questões relacionadas à fidedignidade autoral, referências bibliográficas e fontes de consulta que não levam, de fato, ao texto explorado no livro. Apesar da constatação destes dados, os quais apenas confirmam um menor comprometimento com a edição dos textos, nossa pesquisa irá se ater às inadequações observadas no livro Enlaces, mais especificamente em textos das unidades 3 e 4 relacionadas às fontes de consulta e aos cotejos detectados no texto, a partir de uma comparação com a sua forma original. Em suma, a função do livro didático é estar a serviço de professores e alunos sem exercer uma função tirânica como árbitro do conteúdo do curso ou dos métodos de ensino (RICHTER, 2005), ou seja, o livro é apenas um dos recursos a ser utilizado pelo professor em sua prática docente, não deve ser visto como uma ferramenta única. Também é importante que o professor tenha uma atenção maior ao que o livro aborda, uma vez que, de acordo com dados já citados, certas edições e adaptações apresentadas no livro podem vir a trazer consequências à compreensão do aluno e, certamente, não é essa a intenção do professor.

3. Metodologia

Este trabalho tem como base o volume 1 da coleção “Enlaces – Español para

Jóvenes Brasileños”. A coleção, pertencente à editora MacMillan que já está em sua segunda edição, tem como autores Soraia Adel Osman, Graduada em Letras (Espanhol e Português) pela Universidade de São Paulo e Mestre em Espanhol como Língua Estrangeira pela Universidade de Alcalá; Neide Elias, Graduada em Letras (Português e Espanhol) e Mestre em Letras pela Universidade de São Paulo; Sonia Izquierdo Merinero, Graduada em Letras pela Universidade Complutense de Madrid

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e Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade de Alcalá; Priscila Maria Reis, Graduada em Letras (Espanhol e Português) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; e Jenny Valverde, Graduada em Ciências da Comunicação Coletiva com especialização strictu sensu em Jornalismo pela Universidade da Costa Rica, Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. A coleção está composta de três volumes, cada um deles possui oito unidades. Todas as unidades estão compostas por categorias, são elas: “Página de entrada”, “Hablemos de...”, “¡Y no sólo esto!”, “Manos a la obra”, “En otras palabras”, “Como te decía”, “Más cosas” e “Así me veo”. Após cada unidade há uma proposta de autoavaliação denominada “Así me veo”. Ao final de todas as unidades, pode-se encontrar um conjunto de atividades complementares nas seções: “Un poco más de todo”, “Vestibular” e “Te digo y me dices”. No volume três da coleção, essa ultima seção “Te digo y me dices” é substituída por “Simulado para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)”. Todos os volumes possuem “Glosario” e “Tabla de verbos”. As informações referentes ao livro didático mencionado e aos autores da obra podem ser encontradas no Guia de Livros Didáticos PNLD 2012, e na página “inicial” do próprio livro já citado. Nessa pesquisa, nos focamos nas unidades 3 e 4 do livro já mencionado. A unidade três tem como objetivos: aprender a descrever uma cidade, informar a existência de um lugar e localizá-lo, dizer os nomes de estabelecimentos públicos e elaborar um folheto turístico. Na unidade quatro, os objetivos são: aprender a descrever e nomear partes e objetos de uma casa, saber localizá-los e elaborar um anúncio com a descrição de uma casa. Como já foi dito, nessas unidades podemos encontrar todas as categorias já citadas.

4. Análise e discussão Para este trabalho foram analisados dois textos escolhidos do volume 1 do livro didático Enlaces – Español para Jóvenes Brasileños. Os textos analisados pertencem às unidades 3 e 4, e são encontrados nas páginas 47 e 66, respectivamente. O primeiro texto analisado (pg. 47, unidade 3) que no livro didático não apresenta título, trata-se de uma entrevista. Esse texto, a partir da referência encontrada no livro didático aqui analisado, não pôde ser encontrado na internet, já que o link dado pelo livro didático, que nos levava à um site turístico peruano, não nos dava acesso ao texto, nem através de seus hiperlinks. Foi feita a tentativa de encontrá-lo em um site de pesquisa, através de palavras-chave, pelo nome da agente de Turismo que é dado pela questão no livro, por trechos do texto, e mesmo assim o texto original não pôde ser encontrado para que pudéssemos

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fazer a comparação do texto encontrado no livro didático, com o texto original, ou seja, o “cotejo”. Já o segundo texto (pg. 66, unidade 4) denominado “El Gaudí de la favela”, traz a história de um brasileiro, “Estevam”, que faz obras de arte que são comparadas com as obras de Antonio Gaudí. Para encontrar o texto original foi utilizada

a

referência

dada

pelo

livro

(www.upc.edu/web/

tallergaudi/), porém a partir dela não chegamos ao texto, como no primeiro caso, nem através dos hiperlinks do site. Apenas fazendo uma busca por um site de pesquisa, colocando o título do texto encontrado no livro didático foi que chegamos ao texto original, e no mesmo site dado pelo livro, porém o link não era o mesmo ao

da

época

de

acesso

do

texto

que

consta

no

livro

didático

(www.upc.edu/web/tallergaudi/nova/ fitxers_noticies/87.pdf). Como tivemos acesso ao segundo “El Gaudí de la favela”, fizemos o “cotejo”. Na tabela abaixo estão destacadas as mudanças encontradas a partir da comparação feita entre os dois textos. Referência - Original

Livro Didático (p. 66)

Estevam Silva levanta una casa gaudiniana

Suprimido

sin conocer la obra del arquitecto Gutierrez, B

B. Gutiérrez

La Vanguardia

Suprimido

Estevam

Estevão

Me inspiro en la naturaleza. En sus … rectas y

“Me inspiro en la naturaleza. En sus … rectas

verticales

y verticales” (Troca do travessão por aspas)

Paraisôpolis

Paraisópolis

Él la llama Los Jardines Suspendidos.

Él la llama “Los Jardines Suspendidos”.

Todo empezó por casualidad. Cuando llegó …

Todo empezó por casualidad. (Suprimido)

Platos. Sincretismo tropical puro y duro.

Sincretismo

tropical

puro

y

duro.

(Suprimido) Los

Jardines

guadiniana



Suspendidos, tan

con

inercia

parecido

hecho

Suprimido (4 parágrafos)

intuitivamente" … forran las paredes de la casa. Estevam

Estevam rememora el viaje de su vida.

rememora el viaje de su vida. Barcelona,

Barcelona, Gaudí, 2001. (Suprimido)

Gaudí, 2001. - Creo que mi obra a lo que más se

Suprimido (6 parágrafos)

parece… están sin concluir.

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A primeira mudança encontrada é a supressão do subtítulo que há no texto original, subtítulo esse que nos traz a informação de que “Estevam” não sabia quem era Gaudí, muito menos tinha conhecimento de suas obras. Logo após vem algumas alterações, como por exemplo: alteração do nome do editor/escritor da notícia, o nome passa de uma forma de citação “Gutierrez, B” no texto original para uma forma abreviada “B. Gutiérrez” no texto adaptado pelo livro didático; supressão do tema “La Vanguardia”; alteração do nome “Estevam” no texto original para “Estevão”; inclusão de aspas na frase “- Me inspiro en la naturaleza. En sus … rectas y verticales”; troca/correção do nome da cidade “Paraisôpolis” (texto original) para “Paraisópolis” (texto adaptado), etc. Logo após essas alterações, é dado um destaque ao nome pelo qual é chamada a casa que estava sendo construída por Estevam com a inclusão de aspas, “Los Jardines Suspendidos”. Em seguida, mais uma supressão foi feita, a frase que iniciou o quarto parágrafo (“Todo empezó por casualidad.”) foi retirada do texto adaptado para o livro didático. Essa frase, “Todo empezó por casualidad”, talvez nos dê a ideia novamente de que “Estevam” não tinha conhecimento algum de quem era Gaudí, com já foi dito. Foi suprimida também a frase “Sincretismo tropical puro y duro.” E logo após essa supressão, foram suprimidos os quatros parágrafos seguintes à frase dita anteriormente. No segundo desses quatros parágrafos suprimidos, há uma frase de bastante importância para o entendimento da ideia original trazida pelo texto, onde “Estevam” diz: “- Yo apenas acabé la escuela primaria. ¿Cómo iba a saber quién era? La primera vez que vi la obra de Gaudí fue en un libro que trajo una estudiante de arquitectura”. E novamente podemos notar que um trecho do texto original que foi suprimido pela adaptação feita para o LD aqui analisado, trazia a informação aqui já mencionada, de que o brasileiro não fazia a mínima ideia de quem era Antonio Gaudí, passou a conhecer sua obra através de uma estudante de arquitetura que lhe mostrou um livro com suas obras. A continuação, uma frase de fim de parágrafo foi suprimida, “Estevam rememora el viaje de su vida. Barcelona, Gaudí, 2001.”, e em seguida uma nova sequência de parágrafos, desta vez de seis, foi suprimida. No primeiro parágrafo desta última sequencia de supressões, “Estevam” diz na seguinte frase, “- Creo que mi obra a lo que más se parece es al Park Güell. Algunos dicen que soy una reencarnación de Gaudí. Pero es una coincidencia.”, que essa comparação feita entre as suas obras e as obras de Gaudí, não passam de uma coincidência. Como pudemos perceber, algumas partes suprimidas após a adaptação feita pelo LD nos davam a entender que Estevam não conhecia Gaudí, muito menos suas obras. E a falta dessa informação mudou de certa forma o sentido do texto, e foi a

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partir dessa lacuna encontrada no texto adaptado que focamos para a elaboração de uma atividade de pré-leitura. Não nos cabe aqui questionar, muito menos tentar adivinhar qual a motivação das alterações encontradas nesse texto, apenas temos o intuito de analisar e, a partir das lacunas encontradas, propor uma atividade de pré-leitura que procure trabalhar as informações suprimidas ou as alterações, no geral, feitas no texto aqui analisado. Apresentar uma atividade que dê um novo olhar para o texto exposto pelo LD e com isso preencher as lacunas encontradas no texto.

5. Proposta de atividade

Uma vez que as supressões ocorridas no livro didático levam o aluno a

pensar que o artista plagia a obra de Gaudí, propomos uma atividade de pré-leitura que faz uma abordagem prévia sobre o tema, a fim de que este ao ter contato com o texto apresentado no livro possa ter um certo conhecimento sobre “plágio”. Desta forma, o professor auxilia o aluno a ter uma visão mais ampla sobre o tema, instigando-o a levantar suas opiniões, expor dúvidas, etc., sobre as informações que o texto não traz a respeito de “Estevão”. Já que o livro trabalha com o gênero “entrevista”, sugerimos que o professor em sua atividade de pré-leitura procure explorar outros gêneros textuais. Sugerimos, então, uma proposta de atividade onde o professor exponha imagens que retratem o assunto em questão – nesse caso, o plágio – de início. A seguir, alguns exemplos das imagens que seriam expostas aos alunos:

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O

professor

pode

debater

y

com

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os

alunos

sobre

seus

significados,

interpretando-as para situá-los no assunto; não um debate longo, uma vez que o professor não dispõe de muito tempo. Aproveitar algum conhecimento que o aluno possa ter sobre plágio e discutir sobre suas opiniões. Em seguida, o professor pode trabalhar com mais um gênero textual ainda em sua atividade de pré-leitura. No caso de “El Gaudí de La Favela”, sugerimos que seja trabalhado o gênero “notícia” e, como exemplo, apresentamos o seguinte texto retirado do site “Exame.com” da revista Abril (http://exame.abril.com.br/negocios/gestao/noticias/justica-condena-xuxaproducoes-por-plagio):

A notícia informa que a “Produções Xuxa” foi condenada por plagiar a “Turma do Cabralzinho”, do criador Leonardo Soltz. Este, afirma que a origem da “Turma da Xuxinha” é na verdade de sua criação, apresentada às Produções antes do lançamento da famosa turminha. O professor pode questionar a opinião de seus alunos sobre a ação judicial, se eles já ficaram sabendo de algum caso semelhante. Seria interessante levar imagens das duas turminhas e pedir para que eles façam uma breve comparação, analisar semelhanças e diferenças e até levantar hipóteses para as distinções, ou seja, atiçar a visão crítica, para que a partir das discussões prévias sobre o assunto eles possam levantar possíveis conclusões a respeito do caso.

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Além disso, é positivo que o professor explore o gênero textual por ele levado nessa atividade de pré-leitura a partir dos seguintes questionamentos: Qual é? Quais são suas características? Por qual

meio circula? Se eles estão

familiarizados ou em qual ocasião costumam ler, etc. Desta forma, o aluno chegará ao texto do livro didático devidamente preparado para, a partir do que foi percebido no texto, no mínimo, “estranhar” as informações que não são fornecidas, e concluir (ou não) se trata de um caso de plágio.

6. Conclusão

Diante do que foi analisado em nossa pesquisa – tanto com relação ao

cotejo, quanto às fontes de consulta – levantamos algumas questões reflexivas que pretendemos respondê-las no decorrer dessa pesquisa: Será que é possível “confiar” em absolutamente tudo que o livro traz, considerando-o como a “bíblia da sala de aula”, algo que muitos professores ainda fazem? Será que isso acarreta em alguma consequência no processo de ensino-aprendizagem? Por que não deixar de restringir-se ao livro didático, adquirir autonomia e proporcioná-la a seus alunos, que passam a ser incentivados à discussão, à reflexão? Qual será a opinião dos alunos sobre o caso do “El Gaudí de La Favela” após as atividades de pré-leitura? A próxima etapa de nosso estudo se dará com a aplicação dessas atividades em sala e ter a resposta a algumas dessas questões. Ressaltamos, portanto, a importância do devido cuidado do professor ao preparar suas aulas baseadas no livro didático – se suas atividades propiciam oportunidades para autonomia, reflexão e visão crítica – e destacamos também a relevância desse profissional de educação, bem como dos materiais que utiliza para a realização de sua prática docente. É importante que se atente ao fato de quando e como deve complementar o livro didático adotado e lançar mão de outros recursos didáticos que o auxiliem e facilitem o processo de ensino-aprendizagem para a formação de cientes cidadãos. Igualmente, é importante salientar que o livro didático não é um material que deve ser descartado, como já dito por diversas vezes ele é apenas um dos vários recursos disponíveis para serem trabalhados. Sendo assim, cabe ao professor

saber

utilizá-lo

adequadamente,

fazendo

as

complementações

necessárias, pois sendo o livro didático o principal instrumento de trabalho, era de esperar que houvesse grande rigor em sua elaboração, pois atinge milhões de leitores (CAMBRAIA, 2005:191), no entanto, quando isso não ocorre, caberia ao professor, de certa forma, tentar buscar preencher as possíveis lacunas que o livro venha a deixar.

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Referências BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto (2011): Guia de livros didáticos: PNLD 2012: língua estrangeira moderna. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. CAMBRAIA, César Nardelli (2005): Introdução à crítica textual. São Paulo: Martins Fontes. DIAS, Reinildes (2009): Critérios de avaliação do livro didático (LD) de Língua Estrangeira (LE) - O Livro Didático de Língua Estrangeira: Múltiplas Perspectivas, junto com a Professora Vera Cristovão. Campinas: Mercado de Letras, p. 199-234. GUTIERREZ, B. “El Gaudí de la favela” Disponível em: [último acesso: 09-07-2012] MENDES, Marlene Carmelinda Gomes (1986): A fidedignidade dos textos nos livros didáticos de comunicação e expressão no Brasil Em: I Encontro de Crítica Textual: o manuscrito moderno e as edições. São Paulo: EDUSP, p.163-174. MOREIRA, Adriana Leite (2010): Crítica textual nos livros didáticos de língua portuguesa. Em: SOLETRAS, ano X, nº 19, jan./jun.2010. São Gonçalo: UERJ, suplemento 119. Disponível em: [último acesso: 15-06-2012] OSMAN, Soraia et al. (2010): Enlaces – Español para jóvenes brasileños, 2 ed. – vol. 1, São Paulo: Macmillan. RICHTER, Marcos Gustavo (2005): O material Didático no ensino de Línguas. Em: Revista Linguagem e Cidadania, Edição nº 14, UFSM. Disponível em: [último acesso: 15-04-2012] “Justiça condena Xuxa Produções por plágio”. Disponível em: [último acesso: 21-10-2012]

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