O terror não está na caneta

September 13, 2017 | Autor: Eustáquio Silva | Categoria: Ethics, Political Science, Liberty, Ética, Ética y Política - Democracia y Ciudadanía, Liberdade
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O terror não está na caneta O periódico Charlie Hebdo demonstrou algo: o terror não está na caneta. Não é a charge, irreverente, cômica, polêmica, que está afetando as mentes e deixando vários mortos mundo afora. Mas o que realmente está acontecendo é um motivo achado para se explodir a guerra de todos contra todos – sendo bem hobbesiano. Todos nós estamos parecendo bombas sem estopim. Vê-se isso no mero trânsito de nossas cidades até na forma como o Estado Islâmico ou a Al Qaeda recruta seus “soldados” (sic). O terror pode ser algo inventado por parte do mundo – a ocidental. Mas não é meramente algo inexistente e paranoico. O terror está entre nós todos. O terror nos incomoda. Nós vemos as notícias das meninas bomba na Nigéria não de forma comum. O terror excede os limites. Limites que desde a racionalidade clássica grega são a tônica de como agir do ser humano. Mas entre nós o terror é o elemento desagregador que muitos acadêmicos chamam de “resistência” ou de “poder simbólico”. A violência já não é simbólica há tempos. Não adianta tergiversar sobre esses assuntos numa mania de acobertar todo o horror com uma teoria. Não adianta animar o capital e por a culpa nele pelas barbáries feitas pela espécie humana. Nós somos responsáveis diretos pela grande massa de inocentes mortos nesses atentados. Ontem foi Nova Iorque, hoje foi Paris e na Nigéria, amanhã pode ser em qualquer lugar. Nunca se sabe qual será o próximo ataque e de onde virá a próxima notícia. Nunca se sabe quantos estarão mortos até mesmo nós poderemos não sobreviver à próxima investida terrorista. Uma caneta não é capaz de um estrago tão grande. Uma caneta não é capaz de tornar o mundo tão mais violento do que é. Uma caneta não tem o poder de disparar vários tiros matando inúmeras pessoas. Uma caneta não é terrorista. Se as charges ultrapassavam os limites é porque a liberdade constrói esses limites. Responda de qualquer forma, mas não tire a vida de pessoas por conta de um desenho. Isso não se faz. É uma coisa totalmente aleatória e banal. Não se pode brincar com isso. Não se pode nem cogitar essa hipótese. Qualquer grupo que recrute pessoas para o fundamentalismo não pode ser apoiado. Qualquer grupo que desmantele a vida de outros somente por ideias e ideais distorcidos não pode ser defendido. Que me desculpe a presidente Dilma Rousseff, mas está

claríssimo qual dos lados errou: a morte é um crime, a imprensa não necessariamente. O ser humano não pode condenar o outro à morte justamente porque vai de encontro às suas crenças. Isso é retroceder vários séculos e voltar ao fictício estado de natureza tão falado por Hobbes. Pensemos bem. Nós não somos ou não temos que ser responsáveis por simpatizar com grupos extremistas que matam para reivindicar algo. Que decapitam pessoas para demonstrar valores e força. Isso é tudo que desbanca e desmoraliza a liberdade. Liberdade de imprensa também faz parte da grande gama de liberdades. Portanto não faz sentido algum pensar que temos algum ponto de certo e errado ainda a discutir. Quem tirar a liberdade de outrem está sendo autoritário e ponto. Não é permitido que se fizesse isso. Existem leis para tratar deste assunto. Que nós recorramos a essas leis. Que nós pensemos em como as nossas leis precisam nos dar um tino e não um tiro. Não é possível apoiar ao terrorismo sob-hipótese alguma! Abaixo o terror! Viva a liberdade, em especial a liberdade de imprensa!

Eustáquio Silva.

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