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01/04/2017
O toque de Guarany | Caderno G | Gazeta do Povo
CADERNO G
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O toque de Guarany Como um baterista curitibano, com apenas uma perna, inventou a mundialmente famosa levada da bossa nova Rafael Rodrigues Costa
[26/07/2013]
[21h03]
O trio Ludus Tercius, de Gebran Sabbag (piano), Norton Morozowicz (contrabaixo) e Guarany Nogueira (bateria) no programa de tevê A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti, em 1969
O toque de Guarany
Em qualquer lugar do mundo onde você puder encontrar um baterista, é provável que ele saiba mais ou menos o que fazer se for solicitado a tocar bossa nova. Ele puxará uma baqueta tipo vassourinha, se tiver uma à mão, deitará outra na borda da caixa, e fará aquela levada discreta e seca que remete diretamente ao divisor de águas da música brasileira – o LP Chega de Saudade (1959), de João Gilberto. Como a história da música pode ser bastante cruel para os instrumentistas – frequentemente sequer mencionados nas fichas técnicas dos maiores discos já feitos –, pouca gente terá notado os nomes do time de percussionistas que penou para satisfazer o ouvido exigente de João nas gravações. Entre eles está o de Guarany Nogueira, baterista de jazz curitibano, morto quase anonimamente aos 52 anos, em 1980. Ele e o também pouco lembrado Juquinha Stockler (1930-2009) – escolhido a dedo por João Gilberto justamente por ser o “rei da vassourinha” – teriam levado um mês para achar o acompanhamento rítmico ideal.
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O toque de Guarany | Caderno G | Gazeta do Povo Tião Cruz, baterista curitibano radicado no Rio de Janeiro, diz ter ouvido que a batida teria surgido em uma das sessões madrugueiras (o baixista do lendário Tamba Trio, Bebeto Castilho, também lembra de gravações com João Gilberto que duravam dois dias ininterruptos). Gebran Sabbag, pianista recentemente de volta à ativa na noite curitibana e ex-parceiro de Guarany em diversas formações de jazz nas décadas de 50 e 60, relata a história tal qual ouviu do próprio baterista. “Lembro do Guarany narrando. ‘Peguei a caixeta [instrumento de percussão], fiz a levada e o João falou: – É isso aí, é isso aí! Se fizer isso aí qualquer estrangeiro vai conseguir tocar samba!’”, conta Gebran. Robertinho Silva se fia no que ouviu do próprio Juquinha. “Li em um jornal de 1988 ou 1989 que o João Gilberto inventou a batida da bossa nova para bateria”, lembra. “Fui falar com o Juquinha. ‘Vem cá. Vamos conversar de perto: foi mesmo o João Gilberto que te ensinou a tocar?’ Ele respondeu: Que nada! Foi o Guarany. Ele foi o primeiro cara a fazer isso nas gafieiras, fazendo com a vassourinha essa coisa da bossa nova. Foi o Guarany que inventou essa história’”, relata Robertinho. “Juquinha gravou a vassourinha, mas quem dava o sotaque era o Guarany.” Foi o esquema rítmico que pegou desde então. O baixista Bebeto Castilho, que gravou com Guarany no LP João Gilberto, de 1961, fala da importância do baterista. “João queria um negócio que levasse o ritmo, seguro, e ao mesmo tempo com aquela sonoridade muito do João. E Guarany matou a charada”, conta. “Ele foi fundamental, porque criou uma coisa que ficou universal.” Norton Morozowicz, que tocou com Gebran e Guarany no trio Ludus Tercius na segunda metade da década de 1960, atenta para um detalhe importante: o baterista, vítima de paralisia infantil, não tinha movimento na perna esquerda – fundamental para o ritmo na bateria. “Foi um curitibano, sem uma perna, que criou esse balanço”, diz. O talento de Guarany estava no lugar certo e na hora certa. O baterista se mudou para o Rio de Janeiro já no fim da década de 1950, na mesma época em que o paranaense Waltel Branco – que, aliás, assina os arranjos de Chega de Saudade, outro fato nem sempre reconhecido. Foi o maestro que levou o percussionista para o projeto. “Guarany estava na ordem do dia. Tocava no Beco das Garrafas, e era sempre solicitado para tocar com aquela turma toda”, lembra Morozowicz. Waltel já tocava com Guarany em Curitiba, e conta que chegou a morar com o baterista e João Gilberto no Rio de Janeiro. Eles dividiram o palco diversas vezes na noite carioca. “Estávamos sempre juntos, tocando em boates”, lembra Waltel. O maestro vai mais longe: diz que já tocavam mesmo a bossa nova muito antes de Tom Jobim e João Gilberto. “A bossa nova começou bem antes disso. Começou aqui. Eu e o Gebran tocávamos. Garoto também já tocava”, diz. “O Tom pegou do meio para frente, com a vantagem de ter jornalistas para escrever sobre ele, e ficou como fundador.” A bossa nova, então, teria algo de curitibano. “Havia efervescência musical naquela época de que ninguém mais fala hoje”, diz Morozowicz, citando músicos como Raul de Souza, que veio para Curitiba como sargento da aeronáutica, e Airto Moreira, que começou a carreira nas noites curitibanas. “Foi uma trajetória interessante o início da bossa nova se refletindo em Curitiba com esses músicos. É engraçado como as coisas se entrelaçaram naquela época. Sem querer, Curitiba teve uma certa influência e importância na atuação desses músicos.” Modesto, Guarany não reivindicava seus créditos em toda esta história, de acordo com seus conhecidos entrevistados pela Gazeta do Povo. “É como o pastor de cabras que descobriu o café. Imagina se tivesse um centavo por cada tonelada de café vendida no mundo?”, compara Gebran. “Guarany jamais recebeu um centavo ou louvor por sua criação. E assim tem sido.” Apoio de pesquisa: Marília Giller
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