O TURISMO NO CEARA E O SEGMENTO NEGOCIOS E EVENTOS

May 19, 2017 | Autor: Rosemary Lima | Categoria: Tourism Marketing
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA - CCT CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS - CESA MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO DE NEGÓCIOS TURÍSTICOS – MPGNT

ROSEMARY OLIVEIRA DE LIMA

O TURISMO NO CEARÁ E O SEGMENTO NEGÓCIOS E EVENTOS

FORTALEZA 2013

ROSEMARY OLIVEIRA DE LIMA

O TURISMO NO CEARÁ E O SEGMENTO NEGÓCIOS E EVENTOS

Mini paper apresentado como requisito parcial para a disciplina Marketing Aplicado ao Turismo

ORIENTADORA: Profa. Phd. Turismóloga Keila Mota

FORTALEZA 2013

O TURISMO NO CEARÁ E O SEGMENTO NEGÓCIOS E EVENTOS

1. Introdução O Turismo é reconhecidamente um fenômeno social que marca a trajetória do homem desde os tempos mais remotos. Os deslocamentos sempre existiram e foram responsáveis pelas descobertas de novos continentes, impulsionaram o desenvolvimento de diferentes tecnologias, viabilizaram negócios, criaram e estreitaram relações sociais, políticas e econômicas, servindo como catalisador para o desenvolvimento das sociedades. Para a Organização Mundial do Turismo (OMT) Turismo é: “As atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e permanência em locais distintos dos que vivem por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios, e outros.” De acordo ainda com dados recentes da OMT, um em cada onze empregos no mundo é gerado pelo Turismo, o que significa 5% do PIB mundial. É inegável desta forma, a importância da contribuição do Turismo para a economia e o desenvolvimento hoje de qualquer sociedade. No Brasil, o Turismo chegou de forma tímida e desorganizada através da necessidade de lazer e deslocamento que levaram primeiramente à criação de formas de hospedagem precárias como estalagens, pensões e até o aluguel de chácaras e casas de praia. No início do XIX, através das mudanças políticas crescentes causadas pela passagem do Segundo Império para República, São Paulo desenvolveu uma rede de hospedagem variada composta por alojamentos que iam de “pouso de tropeiros” a hotéis, iniciando de forma ainda incipiente à atividade turística no país. Em 2003, o marco fundamental para reconhecimento e organização da atividade Turismo no Brasil deu-se a através da criação de uma institucionalização do Turismo que foi pela primeira vez elevada à categoria de Ministério. Ressaltando a importância do direcionamento de investimentos, criação de políticas e diretrizes para a consolidação da atividade no país. Com a criação do Ministério do Turismo (MTur) foi lançado o Plano Nacional de Turismo (PNT), desencadeando uma série de outros planos setoriais em vários segmentos e estabelecendo entre outras diretrizes, uma tipologia através de uma

divisão das atividades turísticas no Brasil. A segmentação proposta foi estabelecida a partir de elementos da identidade da oferta e das características e variáveis da demanda em função das atividades práticas, dos aspectos e características e de determinados serviços e infraestrutura. Assim, foram instituídos os seguintes tipos de turismo: social, ecoturismo, cultural, de intercâmbio de estudos, de esporte, de pesca, náutico, de aventura, de sol e de praia, de negócios e de eventos, rural e de saúde. Segundo o Ministério do Turismo, o Turismo de Negócios & Eventos: “Compreende o conjunto de atividades turísticas decorrentes dos encontros de interesse profissional, associativo, institucional, de caráter comercial, promocional, técnico, científico e social.” (2010, p.15). A realização de eventos, quando planejada adequadamente, propicia a demanda de produtos e serviços de diversos segmentos da economia, desenvolvimento da infraestrutura, geração de receitas e de mão-de-obra direta e indireta, preservação do patrimônio natural e cultural, além da troca de experiências entre turistas e a população local. Neste contexto, o turismo de eventos é considerado atualmente um dos segmentos que apresentam maior crescimento. No Brasil são realizados cerca de 330.000 eventos por ano, movimentando cerca de 37 bilhões de reais (4 bilhões por parte das empresas organizadoras, 1,6 bilhão pela locação de espaços e 31,4 bilhões com gastos com participantes) e 4,1 milhões de reais em impostos. A indústria gera cerca de 3 milhões de empregos ao ano (727.624 diretos e terceirizados e três indiretos para cada evento). Os espaços para eventos geram 70.344 empregos, e as empresas organizadoras, 657.280 segundo dados da Academia Brasielira de Eventos e Turismo (ABEVT, 2012). Os governos apóiam e promovem eventos como parte de suas estratégias para o desenvolvimento econômico da nação e marketing de destino. Organizar ou sediar eventos tornou-se uma forma de os países promoverem a sua imagem, de se apresentarem ao mundo e gerarem lucros para a cidade ou região anfitriã. Desta maneira, a captação e a promoção de eventos contribuem significativamente na geração de benefícios econômicos e sociais para a cidadesede do evento.

Este é um setor que apresenta diversas oportunidades, tais como: criar demanda turística, aumentar o gasto médio por turista, bem como o período de permanência, gerar incremento da economia local, criar novos postos de trabalho, estimular a circulação de renda e movimentar a estrutura de serviços.

2. O turismo no Ceará e o impacto do segmento negócios e eventos.

O estado do Ceará tem historicamente o marco de seu lançamento como produto turístico a partir de 1995, com a criação da Secretaria de Turismo do estado do Ceará (SETUR - CE) e posiciona-se mercadologicamente no decorrer dos anos seguintes como destino turístico de sol e praia, atraindo ano após ano um fluxo turístico cada vez mais intenso proveniente não somente do Brasil, mas também do exterior, que trabalha uma demanda em busca essencialmente de lazer, diversão e descanso, gerando projeção internacional de suas praias, desenvolvendo algumas localidades e atraindo investimentos nas áreas da hotelaria, restauração, transportes e entretenimento ao mesmo tempo em que gera sazonalidade, desgaste e massificação destas atividades. O fluxo turístico via Fortaleza apresentou de 1995 a 2008 uma taxa média de crescimento de 8,8% ao ano gerando um ingresso médio anual de recursos para o estado na ordem de cerca de R$ 1.471, 6 milhões e um impacto médio de 7,7% no PIB estadual. (SETUR- CE, 2009) Ao longo dos anos o turismo no estado cresceu e passou a apresentar diversificações em sua demanda. Além do motivo Lazer, foram acrescentados à estatísticas oficiais as motivações Negócios e Eventos, apontando uma tendência mundial que no decorrer dos anos seguintes veio a consolidar-se exigindo políticas e ações mais pontuais voltadas ao incentivo do turismo de Negócios e Eventos. Sobre este aspecto o Levantamento de Indicadores Turísticos 1995/2012, (SETUR – CE) aponta que no acumulado entre 2001 e 2010, ou seja, um espaço de 10 anos, o turismo no estado cresceu 39,4%, sendo que a motivação Turismo e Negócios atraiu 31,30% deste fluxo, demonstrando o quão importante tornou-se o segmento para o desenvolvimento do turismo local. Para Canton (2002), os eventos são tão diversificados quanto à criatividade de quem os provoca. Surgem em função da dinâmica da própria sociedade, que

impõe suas necessidades, desejos e valores de uma dada época, sugerindo propostas compatíveis com os seus objetivos. Sobre turismo de eventos, Dias (2003, p.4) acrescenta que:      

É uma área pouco atingida em época de crise; Não depende de regime governamental; Gera divisa e emprego; Motiva investimentos e melhorias; Não é influenciada pela sazonalidade da atividade turística; Atinge e traz benefícios para todos os outros segmentos de turismo.

Além disso é sabido que o turismo de eventos privilegia o turismo brando, em detrimento ao turismo de massa; devido a sua organização com antecedência podem os prestadores de serviços turísticos preparam-se melhor para o acontecimento; os investimentos são menores que no turismo não baseado em eventos; enriquece a vida cultural da localidade-sede; o turista de eventos permanece mais tempo que o turista tradicional. Pesquisas realizadas pela EMBRATUR confirmam que o turista de negócios e eventos gasta mais do que o turista convencional, proporcionando maior impacto econômico local. O âmbito de atuação do mercado de eventos é extremamente amplo, podendo movimentar na sua cadeia produtiva, segundo a Organização Mundial do Turismo, mais de 50 segmentos, abrangendo as mais variadas formas de transporte, hospedagem, lazer, alimentação, comércio e demais serviços especializados que um evento pode demandar/oferecer.

Quadro 1 – Fonte: Jornal O Povo – 14/12/2012

Segundo o Fortaleza Convention and Visitors Bureau (FCVB), somente em 2011 foram realizados na cidade, cerca de 182 eventos, totalizando 16.922.388 participantes, dos quais 32,8% deste total são turistas. Isto mostra o quanto a cadeia produtiva do turismo pode ser beneficiada pela atração do turismo de Negócios e eventos. A partir desta realidade as ações tomadas pelo poder público do estado e por órgãos não governamentais ligados ao Turismo culminaram enfim, no projeto e construção do Centro de Eventos do Ceará, o segundo maior do Brasil, concluído em 2012, num momento em que o antigo Centro de Convenções Edson Queiroz já não mais conseguia atender à demanda cada vez mais crescente que buscava o Ceará para realizações de congressos, convenções, feiras, exposições, eventos esportivos e encontros. O novo equipamento de acordo com projeção realizada pelo IPECE(2012), estima a geração de 400 empregos diretos, 2000 empregos indiretos, contribuindo para a ampliação da massa salarial do Ceará. Esboça-se também a geração de R$ 360,5 milhões em tributos, e o impacto de 1% no PIB cearense, o que corresponde a R$ 800 milhões.

3. Considerações Finais A promoção de eventos é uma importante estratégia para o desenvolvimento local e regional desde que estes estejam envolvidos em um planejamento voltado ao desenvolvimento do turismo local. Nessa abrangência, conclui-se que os eventos podem e devem ser implementados mesmo em locais onde a demanda turística já esteja presente, não somente como alternativa complementar ao desenvolvimento e à

manutenção

do

fluxo

turístico

local,

mas

também

como

agente

do

desenvolvimento e diversificação do destino, equilibrando a sazonalidade, gerando emprego e divisas, atraindo novos investimentos, implementando diferentes negócios e ligando-os ao turismo, motivando melhorias e promovendo a localidade em novo segmento. No Ceará os fatos somente comprovam a eficácia da estratégia do direcionamento do turismo também para eventos e negócios através dos

expressivos números apresentados nas estatísticas de chegadas, na geração de emprego e divisas, na atração de novos investimentos e melhorias, no interesse dos órgãos

(governamentais

e

não

governamentais)

ligados

ao

Turismo

no

desenvolvimento desta atividade.

Referências Bibliográficas 1. CANTON, A. M.. Eventos: ferramenta de sustentação para as organizações do terceiro setor. São Paulo: Roca, 2002. 2.Fortaleza Convention and Visitors Bureau FCVB – Dados econômicos do Turismo de eventos , Fortaleza, 2011 3. Instituto de Pesquisas e Estratégias Econômicas do Ceará –IPECE; Impactos Econômicos do da Operacionalização do centro de Eventos do Ceará (CEA), Fortaleza, IPECE, 2012. 4. Ministério do Turismo; Turismo de negócios e eventos: orientações básicas. / Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação-Geral de Segmentação. – 2.ed – Brasília: Ministério do Turismo, 2010. Disponível em: http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downl oads_publicacoes/Turismo_de_Negxcios_e_Eventos_Versxo_Final_IMPRESSxO_.p df 5. OMT - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE TURISMO. Guia de desenvolvimento do turismo sustentável. Tradução de Sandra Netz. Porto Alegre: Bookman, 2003 7. Secretaria de Turismo do Estado do ceará - SETUR CE; Evolução do Turismo no Ceará nº 17 – 4ª Edição. Fortaleza: SETUR (CE), 2009. 8. Jornal O Povo edição de 14 de dezembro de 2012. disponível em: http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2012/12/14/noticiasjornaleconomia,2971465/com o-entenda-a-noticia.shtml

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