O último enforcamento em Leiria

May 24, 2017 | Autor: R. Charters-d'Aze... | Categoria: History, Justice, Historia, Execução Penal, Justiça, Leiria
Share Embed


Descrição do Produto

Estórias

ossaBistóriaRicardo Charters dAzevedo

O último enforcamento em Leiria I Portugal foi o segundo Estado moderno da Europa, após o Grâo-Ducado da Toscana (1786), a abolir a pena de morte: · 1852 - Abolida para crimes políticos (artigo 160 do Ato Adicional à Carta Constitucional de 5 de Julho, sancionado por D. Maria Il), mas antes tinha já sido renunciado a sua aplicação. Usava-se, em alternativa, o degredo "na Costa de África". Tal foi aplicado ao cunhado do Barão de Porto de Mós, pelo seu assassínio. · 1867 - Abolida para crimes civis, exceto por traição durante a guerra, em julho em 1867. A proposta partiu do ministro da Justiça Barjona de Freitas à Câmara dos Deputados. Transitou depois à Câmara dos Pares, onde foi aprovada. Mas a pena de morte continuava no Código de Justiça Militar. Em 1874, quando o soldado de Infantaria nO 2, João Borda, assassinou o alferes Manuel Bernatdo Beirão, levantou-se grande discussão sobre a pena a aplicar. · 1911 - Abolição para todos os crimes, incluindo os militares. · 1916 - Readmitida a pena de morte para traição em tempo de guerra. · 1976 - Abolição total. A última execução por delitos civis conhecida em território português foi em 1846, em Lagos. Remonta a 1 de julho de 1772 a última execução de uma mulher, Luísa de Jesus, de 22 anos. Assassinara 33 expostos que ia buscar à Roda de Coimbra, uns em .seu nome, outros em nome suposto, para se locupletar com o enxoval e os 600 réis que éorrespondiam a cada entrega para criar crianças. Durante a Primeira Guerra Mundial, a 16 de setembro de 1917, foi executado em Picantin (França) o soldado motorista José Augusto Ferreira de Almeida, condenado por um tribunal de guerra português, por traição. A penúltima e antepenúltima execuções por enforcamento foram as de Manuel Pires, de Vila da

~mal

de Leiria 9 de Fevereiro de 2,017

Rua (Moimenta da Beira), a 8 de maio de 1845 e de José Maria, conhecido pelo "Calças", no Campo do Tabolado, em Chaves, a 19 de setembro de 1845. Em Lema o último enforcamento foi o de João Marques Amado, de 26 anos, natural da Arega. Depois de uns dias normalmente concedidos aos condenados à forca, na prisão, de forma a se prepararem, no que eram assistidos por um sacerdote. Durante este "oratório", correspondente aqueles dias, João Marques Amado deixou um texto de arrependimento. Subiu ao patíbulo a 20 de agosto de 1841. Uma testemunha afirmou que ele ao sair na cadeia (que mais tarde foi mudada para o convento de S. Francisco, em 1866), "dera com os olhos na armação de madeira, que estava no Rocio, e desfalecera caindo por terra e que lhe tendo sido ministrado uma pinga de vinho, cobrara o animo". Outra testemunha, disse que "na forca o algoz, depois de o dependurar, apalpava-lhe o coração de vez em quando, até que considerou que se tinha parecido de todo. As órbitas dos olhos saíram-se do seu lugar, ou, expirando ficou com eles esbugalhados". O padre Jacinto António Crespo da Cruz, levou o seu zelo até a subir as escadas do patíbulo com o penitente ao lado. Claro, que o sacerdote se queixou que ficou horrorizado ao ver "a ferocidade com que o algoz caíra sobre a vítima, "achando o seu furor • semelhante ao com que o lobo se precipita sobre uma ovelha". No entanto, houve quem desculpasse esse algoz, pois todo o oficio requer perícia, e portanto, esse carrasco, demorando-se, com o que, em lugar de uma morte pronta e precipitada, levaria a que deixasse a vitima padecer o que lhe prolongaria o suplício. O carrasco cumpria somente o seu dever exercendo a sua profissão com diligencia, como foi dito. Texto escrito de acordo com a nova ortografia

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.