O USO DAS TIC NA EDUCAÇÃO: análise de um conjunto de professores da Rede Municipal de Ensino do Recife (RMER)

May 29, 2017 | Autor: N. Vitor Sobral | Categoria: Information Science
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O USO DAS TIC NA EDUCAÇÃO: análise de um conjunto de professores da Rede Municipal de Ensino do Recife (RMER) GT 6 - Sistemas de Informação e Tecnologia da Informação aplicados à Educação, Ensino e Currículo

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Taciana Soares da Silva Fábio Mascarenhas e Silva 3 Natanael Vitor Sobral 4 Danielle Karla Martins da Silva 2

RESUMO: Objetiva analisar o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação pelos Professores da Rede Municipal de Ensino do Recife (RMER). A pesquisa possui caráter social e exploratório. Como procedimento técnico foi utilizado um questionário eletrônico para coletar as respostas de 22 docentes e analisar a maneira como estes interagem com a tecnologia no ambiente da escola. A pesquisa foi executada em 2015 na cidade do Recife, e como principais resultados foram constatados os seguintes comportamentos: a) o acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação nas escolas municipais ainda não está universalizado; mesmo com dois terços dos professores tendo acesso a computadores e laboratórios, o acesso à internet ainda é limitado; o livro didático ainda é o principal recurso didático utilizado no planejamento e execução das aulas, mesmo assim, o acesso às bibliotecas virtuais aparece em último lugar no quesito disponibilidade de recursos ofertados pela unidade escolar; por fim, percebe-se que o uso das Tecnologias nas unidades escolares está muito associado ao trabalho com robótica, e que a grande maioria dos professores costuma utilizar as Tecnologias para finalidade de comunicação. Palavras-chave: Tecnologias da Informação e Comunicação. Recursos Informacionais. Práticas Docentes. Tecnologia Educacional. Rede Municipal de Ensino do Recife.

1 INTRODUÇÃO

Neste trabalho, parte-se do pressuposto inicial que a Educação é um sistema vivo, transformador, criativo e interligado a todos os setores da 1

Bacharela em Gestão da Informação pela Universidade Federal de Pernambuco. Funcionária da Secretaria Municipal de Educação do Recife. E-mail: [email protected] 2 Fábio Mascarenhas e Silva: Doutor em Ciência da Informação pela Universidade de São Paulo. Docente/Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: [email protected] 3 Natanael Vitor Sobral: Doutorando em Ciência da Informação pela Universidade Federal da Bahia. Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). E-mail: [email protected] 4 Danielle Karla Martins da Silva: Bacharela em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Pernambuco. E-mail: [email protected]

sociedade, tendo na inovação a base para a evolução dos métodos de construção do aprendizado. Sendo assim, o papel do educador revela-se como um elemento central, e a mediação do conhecimento torna-se apenas um dos vários papéis que surgem do amplo espectro de atividades e competências requeridas ao ofício docente. Cada vez mais, a sociedade espera que profissão docente esteja atualizada e preparada para as transformações sociais que vêm acontecendo, especialmente, aquelas ligadas à penetração das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) no cotidiano da população. Uma das principais consequências da tecnologia é a alteração na forma das pessoas se comunicarem e adquirirem conhecimento, rompendo as fronteiras geográficas e do comportamento, estabelecendo assim, um novo paradigma na maneira de ensinar e aprender. Enquanto problemática, verifica-se que muitos profissionais da educação não estão preparados para incorporar os recursos das TIC em sua rotina de trabalho. Isto acontece, principalmente, pelo fato de muitos não terem sido instruídos adequadamente no uso das TIC como um recurso didático, estando ainda habituados aos recursos analógicos tradicionais, que em diversas oportunidades não fazem sentindo para os alunos deste tempo. O contexto supracitado pode ser encontrado frequentemente nas redes municipais e estaduais de ensino, em vários lugares do Brasil. Isto acontece, sobretudo, pela falta de estímulo das Secretarias de Educação no uso destes recursos tecnológicos, que mesmo quando disponibilizados, não são aproveitados ao máximo em sua finalidade didática. Embora as TIC ainda sejam uma barreira para alguns professores, é importante lembrar que a informação necessária para o desenvolvimento de suas atividades não se encontra exclusivamente em meio tecnológico. Sendo assim, não pretende-se aqui fazer apologia a um regime tecnocrata que coisifica a educação, transferindo a responsabilidade do aprendizado para o artefato técnico. De todo modo, entende-se que a didática do Professor pode

ser potencializada com o uso dos recursos tecnológicos, principalmente, pela presença massiva desses recursos no cotidiano dos alunos, e pela facilidade que os discentes têm em lidar com o digital. Por tais motivações, o objetivo deste trabalho é analisar o uso das TIC pelos Professores da Rede Municipal de Ensino do Recife (RMER). O interesse por este assunto deu-se pelo fato de uma das autoras do trabalho ser funcionária da RMER e vivenciar diariamente esta realidade dilemática e paradigmática na vida do Professor. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Entende-se que o principal objetivo da tecnologia é estender as habilidades pessoais e coletivas do homem, aperfeiçoando as suas tarefas diárias, e permitindo a execução de atividades inexequíveis com as habilidades puras do corpo. Para o conhecimento humano, as tecnologias têm se mostrado muito úteis, pois permitem o acesso rápido à informação em diferentes formatos, permitindo que a sociedade desfrute de um acesso interminável aos principais conhecimentos produzidos ao longo da história da humanidade. Gonnet (2004) ao discutir Educação e Mídias, apresenta a história de Thot e o Rei Thamus (Deus de todo o Egito). Na narrativa, Thot apresenta a Thamus a escrita, que segundo ele é um conhecimento que tornará o povo egípcio mais sábio e lhe dará mais memória. Em resposta, Thamus contesta a otimista visão de Thot com as seguintes palavras: Como tu és o pai da escrita, atribuis a ela, por benevolência, efeitos contrários ao que ela tem. Pois ela desenvolverá o esquecimento nas almas daqueles que a terão adquirido, pela negligência da memória; fiando-se ao escrito, e de fora, por caracteres estrangeiros, e não de dentro, e graças ao esforço pessoal eles se lembrarão de suas lembranças. (GONNET, 2004, p.32)

Interposta na bifurcação entre o bem e o mal, como se pode observar na história acima, a tecnologia é vista de maneira otimista por uns e pessimista por outros. De um lado, acredita-se que a tecnologia é salutar ao

conhecimento, permitindo que ele se expanda e alcance dimensões e formatos cada vez mais colaborativos e democráticos. Em contraponto, a visão pessimista, enxerga na tecnologia um risco à memória, tendo em vista, que os dispositivos eletrônicos suportam o conhecimento registrado (informação), e as pessoas apenas consultam estas informações sem realizar o armazenamento crítico e individual em seus estoques humanos memoriais. Superando esta perspectiva dicotômica, é justo imaginar, que não se pode absolutizar a tecnologia como vilã ou heroína. As duas faces estarão sempre presentes na educação, por isto, que o seu uso deve ser realizado de maneira planejada, consciente e adequada ao que se pretende alcançar, devendo estar o educador consciente de todos os seus riscos. Segundo Barreto (2012), a TIC é condição necessária, mas não suficiente para o redimensionamento do ensinar-aprender. Nas diversas atividades que permeiam a educação, é óbvio o incremento de produtividade trazido pela tecnologia, a saber: a escrita, a leitura, o compartilhamento e a consulta. Em todas estas atividades, a tecnologia produziu avanços, todavia, no aprendizado, estes avanços ainda são amplamente discutidos sob a ótica de um ceticismo, pois, acredita-se que a condição humana de crítica à informação vem sendo constantemente comprometida pela falácia da utopia digital. No que diz respeito ao espectro de mídias que compõem o universo das TIC na prática docente, Martino (2014) comenta o seguinte: A origem das novas mídias é a intersecção entre os antigos meios de comunicação, da escrita à televisão, passando, evidentemente, pela imprensa, a fotografia, o rádio e o cinema, e sofisticadas máquinas de calcular capazes de lidar com milhares de variáveis e operações ao mesmo tempo, o computador. (MARTINO, 2014, p.212)

As mídias eletrônicas têm sido usadas há muito tempo, por isto, no decorrer desse trabalho, evitar-se-á o estabelecimento de expressões, tais como, novas TIC ou novas mídias. A velocidade do digital transcende o próprio conceito de novidade, tendo em vista, que tudo que é novo já se tornou estabelecido ou obsoleto em outros contextos.

Na prática docente, é bastante comum o amparo das mídias tecnológicas enquanto recurso para o apoio ao aprendizado. Por isto, os reprodutores de vídeos, slides, imagens, arquivos sonoros e os softwares fazem parte do cotidiano das salas de aula, atraindo a atenção dos alunos, e reforçando o uso da oralidade. Para além da mídia, Jonassen (1996), ao tratar da tecnologia da informação na educação, discute o conceito de hipermídia, afirmando que esta foi projetada para permitir ao leitor o acesso à informação de um texto em formas que sejam mais significativas para ele, devido à sua concepção mais ampla de navegação. Nesta concepção, buscar a informação torna-se uma tarefa não linear, fazendo a odisseia do usuário mais rica, dinâmica e significativa. Desse modo, é fato que as tecnologias digitais passaram a integrar fortemente a cultura humana nas últimas décadas, possuindo aplicações importantes para o segmento da Educação, principalmente, quando seu uso está

aliado

ao

universo

da

Web,

permitindo

a

transmissão

de

videoconferências e vídeo-aulas, o acesso a fóruns, bibliotecas e acervos digitais, entre outras possibilidades. Kenski (2012), ao discutir o papel das tecnologias na educação, reafirma que o uso criativo das tecnologias pode auxiliar os professores a transformar o isolamento, a indiferença e a alienação com que costumeiramente os alunos frequentam as salas de aula, além de estimular o interesse e a colaboração. Deste modo, repensar o uso das TIC nas redes de educação pública é uma necessidade que urge, e seu principal objetivo, é fazer com que o ambiente da escola seja percebido por todos como um ambiente interessante, vivo, transformador e criativo, conforme propõe o início desta seção.

2.1 Breve contexto da Rede Municipal de Ensino do Recife Segundo informações da Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), a Secretaria de Educação do Recife (SER) busca cumprir papel estratégico na formação das crianças e adolescentes do município. São de responsabilidade da pasta a educação infantil para alunos até cinco anos e o ensino fundamental, do 1º ao 9º ano. 5 Os principais objetivos da SER são: a) garantir adequada infraestrutura nas unidades de ensino, b) investir em tecnologia educacional e assegurar a formação continuada de professores e

gestores, c) oferecer ensino

profissionalizante e Educação de Jovens e Adultos (EJA), promovendo a inclusão de pessoas com necessidades especiais em todos os níveis de ensino. (RECIFE, 2016) Atualmente, a rede municipal conta com 320 unidades de ensino, que atendem cerca de 90 mil estudantes. São 232 escolas de ensino fundamental das quais cinco oferecem ensino integral, 53 creches e 21 creches-escolas, além de 14 Unidades de Tecnologia na Educação (Utecs). Segundo a PCR, os principais investimentos em inovações tecnológicas para o âmbito educacional são: 

Disponibilização de tablets para os estudantes, notebooks e modem para os professores;



Reestruturação dos Laboratórios de Informática nas escolas;



Parceria com o Governo Federal para disponibilizar aos alunos conteúdos educacionais através do software livre LE;



Implantação de sistemas informacionais que visam dinamizar as atividades pedagógicas e administrativas dos espaços escolares, entre outras ações.

5

Nota oficial da Prefeitura do Recife: < http://www2.recife.pe.gov.br/pagina/secretaria-de-educacao>

A nova Política Educacional6, cuja elaboração iniciou-se em 2013, apresentou um conjunto de diretrizes com aspectos metodológicos, sociais e tecnológicos baseados em discussões sobre temáticas atuais da sociedade, na tentativa de melhorar a ação pedagógica e obter melhores resultados no aprendizado dos estudantes. Em 2015, estiveram ativados dois projetos importantes que contemplavam o eixo de tecnologia, a saber: a) o Diário de Classe online (ferramenta digital para registro de frequência escolar, criação de projetos anuais, acompanhamento da vida escolar do aluno, entre outros); e b) plataforma de cursos à distância (módulos de ensino voltados à inclusão tecnológica para gestores e vice-gestores, além de formações direcionadas aos professores). 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa possui caráter exploratório e social. A pesquisa social está atrelada ao processo de obtenção de novos conhecimentos da realidade social, que compreende o homem e suas relações – com outros homens ou com instituições – utilizando uma metodologia científica. (GIL, 2008). Seu objetivo é fornecer respostas a problemas delimitados por interesses individuais e práticos. Visando a associação entre a teoria e a prática, a primeira etapa deste estudo

foi

o

desenvolvimento

de

uma

revisão

bibliográfica

visando

compreender o problema identificado através da ótica de outros autores, em seguida, realizou-se o planejamento e aplicação de questionários com intuito de identificar a relação dos professores de ensino fundamental da PCR com o uso das TIC. O fluxo da pesquisa e seus procedimentos metodológicos podem ser compreendidos através dos tópicos descritos abaixo. 6

Nota oficial da Prefeitura do Recife:

a) Criação de questionário no Google Docs7: o questionário foi composto por cinco perguntas (abertas e fechadas), sem o objetivo de identificar os sujeitos respondentes. b) Encaminhamento do questionário: este foi encaminhado aos professores através de endereço eletrônico pessoal (e-mail) e da rede social Facebook. Os contatos eram reforçados a cada três dias. Os contatos foram obtidos junto à SER. A pesquisa foi executada durante o primeiro semestre de 2015. Ao final da pesquisa, 22 professores responderam o questionário. O número de respondentes foi considerado baixo, porém satisfatório pela natureza exploratória da pesquisa. Espera-se futuramente repetir esta pesquisa com um maior número de respondentes para validar os resultados aqui encontrados.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção discutirá os resultados obtidos na pesquisa. A ordem da apresentação dos dados é a seguinte: a) compreensão dos aspectos tecnológicos disponíveis para a comunidade docente e discente; b) recursos informacionais ofertados na unidade educacional do docente; c) fragmentos qualitativos da fala dos professores ao discutirem sua experiência em sala de aula, utilizando os recursos didáticos de TIC; d) percepção dos professores sobre a melhoria do desempenho dos alunos a partir do uso das TIC em sala de aula; e) frequência do uso dos recursos digitais de comunicação pelos docentes. Na primeira questão, buscou-se compreender os aspectos tecnológicos disponíveis para os professores e alunos (ver figura 1). A priori, verificou-se que a maioria dos professores dispõe de laboratório de informática e computadores, entretanto, de maneira seletiva e não universalizada. Para que 7

https://www.google.com/docs/about/

as escolas alcancem um desenvolvimento uniforme no quesito tecnologia, se faz necessário que a classe docente, integralmente, tenha acesso aos recursos didáticos tecnológicos. Por isto, chama-se a atenção para a necessidade de implantação de uma infraestrutura tecnológica equivalente em todas as escolas, a fim de que as assimetrias não sejam estimuladas. Outro comportamento identificado na entrevista com os professores, é que apenas 57% dos alunos possuem acesso aos computadores e 29% têm acesso à internet. A democratização do acesso às tecnologias deve ocorrer tanto para o público docente, como para os discentes. O percentual menor de acesso à internet indica que existem escolas em que o computador está disponível, porém sem acesso à rede. Esta falha precisa ser corrigida, porque grande parte dos recursos didáticos necessita de comunicação online, sem isto, o uso do dispositivo fica comprometido. Figura 1: Aspectos tecnológicos dos espaços escolares dos pesquisados

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Na segunda questão, buscou-se identificar quais recursos informacionais são ofertados na unidade educacional do docente e são utilizados com maior frequência para a construção de conhecimento em sala de aula, e para a elaboração de planos pedagógicos. O livro foi considerado o recurso mais utilizado, seguido do televisor, jogos educacionais, Internet, revistas/jornais e retroprojetor. Chama a atenção, que mesmo o livro sendo o recurso mais utilizado, o acesso às bibliotecas virtuais é baixíssimo, o que demonstra a obsolescência das escolas frentes às mídias mais atuais. O baixo uso de periódicos científicos também é

preocupante. Existe um discurso amplamente compartilhado de que o periódico científico só é útil no contexto da educação superior, porém, isto é uma falácia. O periódico representa o conhecimento científico novo e atualizado, e seu uso deve ser aproveitado não só pelas universidades, mas, para a apropriação de assuntos atuais nos ensinos básico, fundamental e médio. Figura 2: Frequência de uso dos recursos informacionais

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

A figura 3 refere-se à terceira pergunta, e busca compreender os principais fragmentos qualitativos da fala dos professores ao discutirem sua experiência em sala de aula, utilizando os recursos didáticos de TIC. Visando sintetizar os resultados, optou-se pelo uso do recurso de nuvem de tags8, objetivando destacar as principais palavras citadas pelos docentes quando se referem à sua percepção quanto ao uso das TIC em sua experiência de ensino.

8

Para criar a nuvem de tags, foi utilizada a ferramenta Wordle.

Figuras 3: Palavras-chave extraídas da fala dos docentes quando se referem ao uso das TIC na experiência de ensino.

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

Tendo em vista a necessidade de sintetizar a apresentação dos resultados, preferiu-se adotar a técnica de nuvem de palavras. Percebe-se com isto, que a principal aplicação dos recursos de tecnologia citada pelos docentes é o uso das TIC na aula de robótica. Segundo os relatos textuais dos professores 4, 5, 8, 10 e 13, a utilização das TIC na aula de robótica é fundamental para a construção do aprendizado. Quanto ao frequente uso do temo Internet, percebe-se que este apareceu imerso em uma sequência de percepções negativas, a título de exemplo, o professor 2, faz a seguinte afirmação: é muito comum o uso dos tablets, porém, sem internet, tendo em vista que esta nem sempre funciona. O terceiro termo principal foi o projetor, citado pelos professores como o principal apoio quando se deseja reproduzir vídeos, imagens e slides, se consolidando como uma das principais TIC em sala de aula para este grupo de docentes. A quarta pergunta está relacionada à percepção dos professores sobre a melhoria do desempenho dos alunos a partir do uso das TIC em sala de aula.

Neste quesito, 91% dos docentes notaram que houve melhoria de desempenho da parte dos alunos. Citaram que os alunos se sentem mais motivados e participativos, e passaram a ter mais interação com aquilo que acontece no mundo. Os 9% que não notaram melhoria justificaram suas respostas criticando o uso das redes sociais, afirmando que os discentes, por vezes, se mostram dispersos no uso das TIC, acessando conteúdos que não dizem respeito ao assunto da aula. Esta questão deve ser melhor explorada em um trabalho futuro, pois é um assunto que se constitui um desafio para a Escola moderna. Não basta bloquear os acessos, é preciso conscientizar. A quinta pergunta buscou compreender a frequência do uso dos recursos digitais de comunicação pelos docentes. Com isto, foi possível perceber, que 62% sempre utilizam os recursos digitais, tais como, e-mail, videoconferência, redes sociais, aplicativos de conversação e etc. 29% dos docentes afirmaram que utilizam algumas vezes, enquanto 9% declarou não utilizar (ver figura 4). Figura 4: Uso de recursos digitais de comunicação pelos Docentes

Fonte: Dados da pesquisa (2016)

As

comunicações

docente-docente,

discente-discente e docente-

discente são primordiais para a melhoria da educação. Neste sentido, o uso da TIC se revela como um excelente facilitador, oferecendo inúmeros canais e opções para a efetividade comunicacional. Mesmo os docentes formados há mais tempo, precisam buscar na tecnologia recursos para a melhoria de sua didática e instrumentos para uma maior interação.

Conforme discutiu-se no início do trabalho, a intenção dos autores não é promover a tecnocracia educacional, depositando na tecnologia a esperança da melhoria da educação, porém, acredita-se que a inserção da tecnologia como um recurso didático e de planejamento educacional é um processo irreversível e benéfico, pois permite aos diversos atores envolvidos no meio educacional uma maior efetividade na busca pelas informações que necessitam, e uma maior interação

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho atingiu os seus objetivos, à medida que descreveu e analisou o uso da TIC pelos professores na RMER. Ficou evidente, que a SER ainda precisa evoluir bastante na disponibilização de recursos tecnológicos com finalidade didática para as escolas. As principais conclusões deste trabalho foram as seguintes: a) o acesso aos recursos de TIC ainda não é democratizado. Existem muitas crianças e professores sem acesso à laboratórios, computadores, internet e outros importantes recursos; b) não existe um investimento formal do município na criação de uma biblioteca virtual para o compartilhamento de experiências, produções científicas, livros e artigos que dê suporte ao trabalho dos professores dentro do ambiente escolar; c) a PCR tem sido inovadora ao inserir as experiências com robótica em sala de aula, esta é uma contribuição importante para despertar a vocação de recursos humanos qualificados em tecnologia, e estimular o aprendizado; d) os professores reconhecem a importância do uso dos recursos tecnológicos de comunicação, e os utilizam com bastante frequência. Isto abre uma oportunidade para a SER explorar ferramentas próprias que estimulem ainda mais esta comunicação. Por fim, chamou-nos a atenção a necessidade de realizar esta mesma pesquisa com um número maior de professores, ficando esta sugestão para um trabalho futuro. Percebemos ainda, a necessidade de analisar o uso dos

recursos tecnológicos na perspectiva dos alunos, o que poderá também ser realizado em breve a fim de reforçar os dados já obtidos.

REFERÊNCIAS

BARRETO, Raquel Goulart. Uma análise do discurso hegemônico acerca das tecnologias na educação. Perspectiva, Florianópolis, v. 30, n. 1, p. 41-58, mai. 2012. Disponível em: . Acesso em: 05 jan. 2016. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2008. 200 p. GONNET, Jacques. Educação e Mídias. 1.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004. 103 p. JONASSEN, David. O uso das novas tecnologias na educação a distância e a aprendizagem construtivista. Em aberto, Brasília, v. 16, p. 70-88, 1996. Disponível em: < http://www.pucrs.br/famat/viali/tic_literatura/artigos/ead/2504.pdf>. Acesso em: 12 jan. 2016. KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: o novo ritmo da informação. 8.ed. Campinas, SP: Papirus, 2012. 141 p. MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria das mídias digitais: linguagens, ambientes e redes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. 291p.

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