O uso de histórias em quadrinho na aula de Língua Inglesa: um relato do projeto Histórias em Quadrinhos- Leitura e Ação .

May 25, 2017 | Autor: Évelyn Souza | Categoria: Teaching English as a Second Language, Writing, Comics and Graphic Novels, ENGLISH CLASS
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O uso de histórias em quadrinho na aula de Língua Inglesa: um relato do
projeto Histórias em Quadrinhos - Leitura e Ação.

Por Évelyn Nagildo Souza

O presente artigo é uma breve exposição do estágio de docência em
língua inglesa II, disciplina do oitavo semestre do curso de Letras da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Desenvolvi o meu estágio na
Escola Estadual de Ensino Fundamental América em um grupo constituído de
vinte e três alunos do sétimo ano do ensino fundamental com idades entre
doze e quinze anos. No primeiro encontro propus ao grupo uma dinâmica de
apresentação em que cada estudante deveria falar sobre algo que lhe
interessava e em seguida, por que e para que gostaria de aprender inglês, a
fim de verificar os seus interesses pessoais, bem como a sua relação com a
aprendizagem língua inglesa.
A partir dessa atividade pude verificar primeiramente, que a turma
tinha grande interesse pela leitura, sobretudo de histórias em quadrinho e
de mangás e segundo, que embora grande parte das histórias que liam fosse
originalmente publicadas em língua inglesa, os estudantes buscavam edições
traduzidas para o português, pois não se sentiam aptos a ler os volumes
originais. Com base nessas constatações e em uma proposta de ensino de
língua adicional significativa apresentada pelos Referenciais Curriculares
do Rio Grande do Sul cujo objetivo é o envolvimento e comprometimento dos
alunos com as tarefas propostas, bem como o estudo da língua de modo
contextualizado, oportunizando o trabalho com gêneros discursivos presentes
no cotidiano dos estudantes, elaborei o projeto "Histórias em quadrinho:
leitura e ação", que perdurou dez encontros e teve como produto final a
criação de um gibi em língua inglesa contendo todas as história em
quadrinhos produzidas pela turma. A ideia de trabalhar com as histórias em
quadrinho partiu não somente do interesse do grupo, mas também da
possibilidade de ensinar algo novo a partir do conhecimento prévio dos
alunos, a partir de algo já existente em seu cotidiano.
Sendo assim, elaborei um conjunto de tarefas cujo objetivo era em um
primeiro momento suscitar o debate a respeito das suas preferências de
leitura. Desse modo, os dois primeiros encontros foram dedicados a discutir
o interesse e o conhecimento prévio a respeito de histórias em quadrinho do
grupo. No início da aula apresentei o projeto para a turma, expondo a
temática do projeto, as tarefas que o constituiriam, bem como o produto
final. Posteriormente, realizei uma atividade de pré leitura com o intuito
de verificar o conhecimento prévio dos estudantes acerca do gênero história
em quadrinho, bem como das histórias que seriam lidas a partir de um
conjunto de questões. As perguntas, disponíveis abaixo, tiveram foco no
conhecimento prévio do estudante, com questões como que histórias em
quadrinhos os alunos costumavam ler, por que motivos, quais eram seus
personagens favoritos, assim como o que conheciam dos personagens que
seriam trabalhados, como, por exemplo, o personagem Hagar. Primeiramente,
os estudantes discutiram as questões em pequenos grupos e tiveram a
oportunidade de tomar notas para que posteriormente discutissem com o grupo
inteiro, verificando similaridades e diferenças em suas respostas. Em
seguida, busquei proporcionar um contato inicial com o gênero histórias em
quadrinho por meio da leitura e reflexão acerca de histórias de Hagar,
Peanuts e Calvin e Haroldo. Nessa tarefa foram verificadas características
estruturantes do gênero como a linguagem, o objetivo, o interlocutor e as
especificidades, bem como a sua importância para a construção de sentido.



Em um segundo momento, os encontros foram dedicados a discutir as
especificidades do gênero história em quadrinhos, como o uso de balões e de
sinais gráficos, bem como a sua importância para a construção de sentido.
Discutimos também acerca dos diferentes tipos de linguagem utilizados no
gênero história em quadrinhos: conversamos sobre o uso da linguagem verbal,
da linguagem visual e da linguagem mista, bem como a sua importância para a
construção do sentido do texto. Durante a aula o grupo constatou o uso do
simple present na escrita das histórias e, por conseguinte, decidi
trabalhar o conteúdo na aula seguinte. Contudo, o propósito não foi o
estudo de recursos linguísticos por si mesmos, de modo descontextualizado,
mas sim partir da contribuição desses recursos para a construção de sentido
nas histórias lidas. Assim, busquei estabelecer uma relação entre o
conteúdo, as tarefas propostas e as tarefas que seriam desempenhadas
posteriormente. Desse modo, ressaltei aos alunos a importância de uma
atividade para a realização das atividades posteriores. Logo, o que estava
sendo aprendido seria mobilizado posteriormente e não esquecido ou
utilizado somente para a avaliação trimestral.
Uma tarefa que creio ter sido bem sucedida, visto que houve grande
envolvimento do grupo durante sua realização, foi a primeira tarefa de
escrita. Para o desenvolvimento dessa atividade a turma se organizou em
duplas e cada dupla recebeu histórias em quadrinho que foram escolhidas
pelos estudantes, em branco. A dupla deveria então, completar a história
que posteriormente seria exposta em um mural de histórias da turma levando
em consideração as informações que havíamos trabalhado anteriormente sobre
as personagens Naruto e Mafalda, bem como sobre a estrutura e linguagem
utilizadas no gênero história em quadrinho.Para isso, realizamos uma breve
revisão sobre as questões previamente discutidas, elaborando uma lista do
que era imprescindível para a escrita da história, no quadro. Creio que o
êxito dessa tarefa se justifique pelo fato de que os estudantes tiveram a
oportunidade de participar ativamente do processo de aprendizagem,
utilizando a língua inglesa com um propósito concreto e não somente para a
avaliação, pois sabiam que o que estavam produzindo seria exposto, lido,
visto por toda a escola.
Os dois últimos encontros foram dedicados a construção do produto
final, nos quais os estudantes tiveram a oportunidade de escrever a sua
história em quadrinhos, sobre uma temática que lhes agradasse e
posteriormente, elaborar a capa e contracapa do gibi que foi entregue à
biblioteca da escola.
Optei por alicerçar as tarefas aplicadas no trabalho em grupo, que se
deu em um primeiro momento em pequenos grupos, de três a cinco integrantes,
e depois, com a turma, pois acredito em duas proposições: primeiro, que o
trabalho conjunto é uma excelente oportunidade para que os alunos, a partir
do diálogo e da troca de experiências, construam coletivamente o
conhecimento. Sendo assim, o estudante tem a chance de se relacionar com
diferentes saberes, bem como com diferentes percepções e não somente com o
ponto de vista do educador. Segundo, a interação permite o exercício de
habilidades necessárias para o convívio social como ouvir, avaliar e
respeitar diferentes opiniões, assim como estimula a convivência com
diferentes pessoas, proporcionando a oportunidade aprender a resolver
atritos, lidar com problemas e refletir não somente sobre o pensar do
outro, mas também o seu próprio pensar.
A despeito do curto espaço de tempo, acredito que obtive grande êxito
ao fim do estágio, pois houve comprometimento do grupo com o projeto, não
somente com a produção do trabalho final, pois todos os estudantes
escreveram a sua história e colaboraram para a elaboração do livro, mas
também com as discussões promovidas em sala de aula. A turma, embora
agitada por vezes, foi ativa e participou da resolução das atividades,
respondendo aos meus questionamentos. Isso permitiu que houvesse interação,
troca de experiências, bem como a construção conjunta de conhecimento entre
o grupo.
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