O USO DE MAPAS COMO DOCUMENTOS HISTÓRICOS NA SALA DE AULA

July 27, 2017 | Autor: Bruno Bio Augusto | Categoria: Geografia, Ensino, Prática de Ensino Supervisionada, Mapas, Curriculum Escolar
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O USO DE MAPAS COMO DOCUMENTOS HISTÓRICOS NA SALA DE AULA BRUNO BIO, ISABELA ALVES HERNANDES∗

RESUMO A fim de refletir sobre aspectos “do como” e “o quê ensinar” nas aulas de História, o PIBID do qual fazemos parte toma como princípio a produção e desenvolvimento de sequências didáticas dos pibidianos em parceria com o professor supervisor da escola parceira e sob orientação do coordenador de projeto. Neste trabalho apresentaremos a estrutura desenvolvida com as turmas do 6º e 7º ano da Escola Estadual Padre João Tomes, situada no município de Três Lagoas, destacando aspectos do processo de aprendizagem dos alunos ao estudar conteúdos relacionados às Grandes Navegações e o Mercantilismo Europeu em uma perspectiva sócio-construtivista.

Exporemos

também

reflexões

tecidas

no

decorrer

do

desenvolvimento da sequência em torno dos princípios da atuação em sala de aula enquanto professores, destacando nossas dúvidas e dificuldades no decorrer do trabalho.

Palavras-chave: ensino de História; inovação no ensino de História; mapas como documentos históricos INTRODUÇÃO A educação é utilizada como um molde para a socialização humana, se tornando elemento com valores e regras que são impostos ao indivíduo, tornando a escola um espaço que garante a tradição moral e étnica social (SACRISTAN et al., 1998).



Graduandos do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus Três Lagoas Trabalho oriundo da aplicação didática do Projeto PIBID da Universidade Federal de Mato grosso do Sul (UFMS), financiado pela Capes, curso de Licenciatura em História. Programa coordenado pelo Profº Drº Lourival dos Santos.

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Pensando também nas concepções de Forquin (1993) que relata a cultura do homem como tradição herdade de seus antepassados, o Pibid adota uma postura de valorização do ensino entre professor (no papel de mediador) e aluno (levantador de problemas e soluções). Este trabalho tem como intuito mostrar uma forma de conteúdos e atividades que fogem do tradicional adotado pela educação brasileira.

METODOLOGIA Adotou-se o uso de uma “sequência didática” com suas atividades atribuídas ao quarto bimestre do calendário escolar na turma de Aceleração I, abrangendo os 6º e 7º anos da escola EE Padre João Tomes. Os conteúdos desta sequência foram “A Expansão Marítima e Mercantilismo do século XVI”. Utilizando conceitos do processo histórico e ensinando à sala métodos para levantar dados em bibliografias de apoios nas respostas das questões. Os alunos foram divididos em duplas, usando o “senso-comum” em um primeiro momento para responder uma questão disparadora, surgindo posteriormente QIs (Questões Investigadoras), ajudando a norteá-los no embasamento teórico. Finalmente após responder as Questões, houve uma produção textual onde possibilitou ao professor avaliar o indivíduo antes e após a aplicação didática.

DESENVOLVIMENTO O método tradicional adotado no ensino em várias partes do mundo remonta o século XVII, tendo em uma sala de aula vários alunos tratados como “tábua rasa”. (MARTINS, 2008). O ensino é a força motriz de uma sociedade, responsável pela transmissão de seus valores, atravessando gerações (SACRISTÁN. 1996).

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A quebra de métodos do ensinamento tradicional é o desfaio do novo século, e vem aderindo novos adeptos. Esta quebra consiste em uma valorização do aluno, sendo detentores de ideias e capazes de obterem suas próprias conclusões. Tradicionalmente o estudante vem sendo somente um “depositário” de informações, memorizando e repetindo conteúdos/ideias (FREIRE, 2012). Os profissionais do ensino precisam criar condições que levem uma reflexão por parte dos alunos, mediando à construção crítica, proporcionando uma diminuição do “acriticísmo” escolar. Quanto mais se problematizam os educando como seres no mundo e com o mundo, tanto mais se sentirão desafiados. Tão mais desafiados, quanto mais obrigados a responder ao desafio. (FREIRE, 2012 p.77)

Foram apresentadas aos alunos três mapas (Fig.01, 02 e 03) para responderem: “Qual desta representação está correta?”.

Fig. 01: Sebastian Munster, 1553

Fig. 02: Satélite espacial da NASA, 1990.

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4 Fig. 03: Stuart McArthur, 1973

Segundo Martins (2008), alunos possuem um único professor, sendo tratado como propagador da verdade, com suas aplicações dogmáticas do conteúdo. Sem a prática do questionamento ente mestre e aluno. Nesta Sequência foram utilizados tipos de exposições, cognitivas e dialogada, onde os alunos conseguissem interagir. O professor, diferentemente do método tradicional, ocupou um papel de “mediador”, responsável pela maestria entre o conhecimento/ensino e o aluno. A Atividade 01 foi marcada entre os alunos como representação correta dos mapas a imagem 03, conforme Fig 04.

Fig. 04: Atividade 01 de aluno da sala Aceleração 01

A educação é relacionada com o conhecimento de alguém para alguém, barganhada pela cultura. Sendo os valores culturais os limitadores dos conteúdos educacionais. A sobrevivência desta cultura é mantida através das instituições de ensino, sempre tendo a cultura como difusora. A localidade da escola está inclusa na readaptação dos conteúdos programáticos no atendimento das necessidades dos alunos. (FORQUIN, 1993) A localidade da escola também reflete no ethos de seu funcionamento, os alunos chegam às salas de aula com uma barganha de experiências adquirida em seu dia-a-dia em suas casas, às de amigos, praças, ruas e diversos outros locais que tenham grupos de jovens. O profissional educador precisa incorporar tais experiências em seus

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Planos de Aulas, para intuitivamente propiciar uma aula mais interessante e agradável no ambiente escolar. A autora Novaes (2006) mostra bem o cenários de localidades como a que está inserida a EE Padre João Tomes:

Entre os jovens brasileiros hoje, a desigualdade mais evidente remete a classe social. Esse recorde se explica claramente na vivência da relação escola/trabalho [...] Hoje, certos conceitos também trazem consigo o estigma das áreas urbanas subjugadas pela violência e a corrupção dos traficantes e da polícia. (p. 106)

Nas propostas de atividades através dos mapas, foram repensado aspectos inseridos do dia-a-dia do aluno: celulares com GPS (Global Positioning System), perímetro do bairro, questionamento da centralidade da Igreja no posicionamento do bairro. Utilizando o “senso-comum” que Freire (2001) nos mostra ser um fator primordial para o ensino/raciocínio, responderam a disparadora. Com isso, criou possibilidades de outro estágio, a formulação de novas perguntas, as QIs (questões investigadoras), agora respondidas através de um embasamento teórico levantados pelo material de apoio (livros e revistas). Questões Investigativas foram respondidas subsidiadas pelo material de apoio, no total foram formuladas pelos próprios alunos cinco perguntas, respondidas, comentadas e interrogadas. A figura 05 representa uma das QIs elaboradas.

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Fig. 05: Primeiro questionamento contido nas QIs.

A avaliação foi relacionada com a “avaliação por objetivos”, expressada na obra de Hoffmann (1997). Tendo levantados alguns pontos possíveis que os alunos poderiam ter alcançados, foi analisada a produção textual final (FIGURA 06).

Fig. 06: Produção Final do aluno usado para avaliação.

CONCLUSÃO

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O modelo didático adotado apresentou resultados satisfatórios após uma comparação entre a produção textual dos alunos pré e pós Sequência. Foi comprovado que a utilização de uma pergunta disparadora proporciona uma busca no “senso-comum” dos alunos, causando um frenesi de possíveis respostas para resolvê-la. Esta disparadora leva os alunos a formularem novas perguntas, QIs, sendo que para complementar o conhecimento prévio é necessário que se recorra a fontes de apoios, maximizando o conhecimento individual.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 41ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. FORQUIN, J. C. Escola e Cultura: as bases sociais e epistemológicas do conhecimento escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. HOFFMANN, Jussara. Avaliação, mito, desafio, uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 1997. MARTINS, P.L.O. Didática. Curitiba: Ibpex, 2008. NOVAES, Regina. Os jovens de hoje: contextos, diferenças e trajetórias. In: EUGENIO, Fernanda et al (orgs.). Culturas Jovens: novos mapas do afeto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006. SACRISTÁN, J; PEREZ GOMEZ, A.I. Compreender e transformar o ensino. 4ª ed. Porto Alegre: Artemed, 1996.

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