O uso de software livre colaborativo em curso de formação continuada para professores

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Como Citar: BAXTO, Welinton ; AMARO, R. . O USO DE SOFTWARE LIVRE COLABORATIVO EM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA PARA PROFESSORES. In: III Congresso Internacional de TIC na Educação - ticEDUCA2014, 2014, Lisboa. Aprendizagem Online - III Congresso Internacional de TIC na Educação - ticEDUCA2014. Lisboa: Media Partners Forma-te, 2014. v. 1. p. 675-682.

O uso de software livre colaborativo em curso de formação continuada para professores

Welinton Baxto da Silva1, Rosana Amaro2 1

Universidade de Brasília, [email protected], Brasília, Distrito Federal, Brasil 2 Rosana Amaro,[email protected], Brasília, Distrito Federal, Brasil

Resumo:

Dentro da concepção construtivista, um software para ser educativo deve ter um ambiente interativo que proporcione ao aprendiz investigar, levantar hipóteses, testá-las e refinar suas ideias iniciais, dessa forma o aluno construirá seu próprio conhecimento. Na atualidade, pode-se encontra na literatura diversos tipos de softwares voltados à educação que, para fins didáticos, podem ser classificados por categorias conforme seus objetivos pedagógicos como: tutoriais, programação, aplicativos, exercícios e práticas, multimídia e internet, simulação e modelagem e jogos. Neste artigo apresenta-se uma breve contextualização da implementação do Programa Um Computador por Aluno (PROUCA), aplicado pela Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (FE/UnB) no período de 2010-2011, no Distrito Federal (DF), com o uso de software livre em curso de formação continuada para professores da Educação Básica para apropriação da teoria, da técnica e da prática da tecnologia digital (laptop) para uso em sala de aula.

Palavras-Chave:

Software Livre, Formação continuada de professores, Tecnologia digital, Educação Básica.

1. INTRODUÇÃO Em 10 de dezembro de 2003, o embaixador brasileiro Samuel Pinheiro Guimarães Neto, Ministro Interino das Relações Exteriores, em seu discurso sobre Software livre: cultura de solidariedade e de compartilhamento, proferido na Cúpula Mundial sobre Sociedade da Informação, em Genebra, assim se pronunciou: [...] o Brasil vê o “software” livre como emblemático da Sociedade da Informação e de uma nova cultura de solidariedade e compartilhamento, um instrumento para garantir o acesso e domínio por todos dessa linguagem universal. O desenvolvimento do “software” livre necessita ser estimulado pelos diferentes atores: Governos, setor privado e sociedade civil. Tão importante quanto garantir o acesso universal à rede mundial de computadores, é capacitar as pessoas, e em especial as comunidades carentes, para a utilização plena das novas tecnologias de informação. O “software” livre atende a tal necessidade, porquanto possibilita o trabalho em rede, permitindo a inclusão de grande número de pessoas em seu desenvolvimento, levando seus benefícios a amplos setores da sociedade. [...] A exclusão digital é uma nova forma de exclusão social, e acirra as desigualdades já existentes. Nesse sentido, o Presidente Lula tomou a decisão estratégica de transformar a inclusão digital em política pública. O Governo brasileiro vem investindo em um Programa de Governo Eletrônico, atento às possibilidades oferecidas pela Internet para a prestação de serviços públicos à população, em especial para os setores marginalizados. [...] A Sociedade da Informação deve ter como alicerce o propósito fundamental das Nações Unidas de que todos os homens e nações são livres e iguais. Somente se aderirmos a tal propósito, seremos capazes de utilizar as novas tecnologias em prol da justiça social e do desenvolvimento humano. Não podemos desperdiçar tal oportunidade inédita, e comprometer o futuro (GUIMARÃES NETO, 2003, Online).

O Programa Um Computador por Aluno (PROUCA), pensado em 2005 e iniciado em 2007, é um caso de utilização de software livre que envolveu 300 escolas públicas pertencentes às redes de ensino estaduais e municipais distribuídas em todas as Unidades da Federação e selecionadas mediante critérios acordados com o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação (CONSED), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), a Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC) e a Presidência da República. A empresa Metasys foi vencedora do processo de licitação do PROUCA para compra dos laptops abastecidos por software livre, sistema operacional construído para que o usuário final tenha à sua frente um ambiente completo e eficiente para ser usado imediatamente sem a necessidade de se conhecer seus mecanismos internos, desde que haja comprometimento do usuário para apropriação dessa tecnologia. Segundo o relatório da configuração do Metasys Classmate PC disponibilizado pela Universidade do Ceará (UFC)1, relacionado à configuração do Laptop Classmate PC, o equipamento apresentou um bom desempenho em relação ao uso dos softwares: [...] constituindo-se em um rico potencial para o desenvolvimento de atividades pedagógicas inovadoras. Algumas de suas ferramentas de rede, principalmente o modo P2P em Rede sem Fio Mesh, são funcionais e fáceis de usar para o desenvolvimento de trabalhos interativos. Além disso, um dos laptops dessa rede pode se ligar à internet e partilhar sua conexão com os demais laptops que estão próximos e ligados a ele em rede compartilhada. Nesse caso, o laptop ligado a Internet faz o papel de servidor e os demais se ligam à rede a partir dele. Outra excelente qualidade é a de que ele apresenta condições para utilizar objetos de aprendizagem disponibilizados pelos portais de educacionais, em especial o Portal do Professor e do aluno. Com relação aos softwares que já fazem parte do seu material, muitos abrem oportunidades de uso inovador, permitindo a edição e produção de hipertextos, gráficos, vídeos, fotos, podcast, rádios, jornais etc. Ao ser testado, tivemos a preocupação de não alterar a configuração do Sistema Operacional e nem instalar outros recursos para nos dedicarmos, exclusivamente, à perspectiva de quem receberá o Laptop sem profundos conhecimentos sobre Linux (MAGDALENA, FAGUNDES e COSTA, 2010, p. 4).

Conforme destacou a Metasys, o equipamento Classmate PC é um computador móvel para estudantes, mas integra toda a escola, já que envolve os estudantes, pais e professores em um sistema de aprendizado. O Classmate PC pode operar em ambientes de rede com ou sem fio e permite que os estudantes colaborem, troquem informações e revisem materiais de aprendizado, bem como permite que professores suplementem e estendam suas aulas, fornecendo características para o controle dos alunos durante a aula. O aparelho pesa apenas 1,3 kg e sua configuração inclui processador Celeron-M 900 Mhz, 256 MB de memória DDR2 mais 1 GB de memória flash e duas portas USB, tela LCD de sete polegadas, rede wireless e rede ethernet. E ainda tem placa de som com entrada para microfone, microfone embutido e duas caixas acústicas. O sistema Metasys Classmate é um sistema operacional baseado no Metasys, com algumas alterações compatíveis ao Classmate PC e aos seus usuários, os estudantes, e que já vem incluso no Classmate PC com

diversos aplicativos de Internet, escritório e multimídia, além de outros exclusivos para o processo educativo em sala de aula. O modo de colaboração em classe funciona com pontos de acesso sem fio para todos os computadores poderem acessar a rede individualmente. Habilitando qualquer uma destas opções, as outras duas são desabilitadas. Enfatizam Moran, Masetto e Behrens (2000) que as experiências com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em ambientes escolares têm mostrado que o uso das mídias e tecnologias pode modificar os modos de se ensinar e aprender. Porém, percebe-se que não é suficiente, porquanto ressoa nas escolas participantes do Projeto UCA DF a reivindicação quanto à necessidade da preparação dos professores para o emprego das TICs em sala de aula, pois que “é preciso saber utilizá-las adequadamente” (KENSKI, 2011, p. 106). Não obstante, os aspectos relacionados à inter-relação, formação, infraestrutura, entre outros aspectos, podem limitar ou até levar à resistência quanto ao uso das TIC se não estiverem alinhadas aos propósitos a que foram destinados. Dito isso, serão apresentadas as principais características do PROUCA na perspectiva do curso de formação continuada aplicado pela Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (FE-UnB) no período 2010-2011.

2. O CONTEXTO DO PROGRAMA UM COMPUTADOR POR ALUNO (PROUCA) Em meados de 2005, o Governo brasileiro adotou a ideia da disponibilização de “Um Laptop para cada Criança” (One Laptop per Child – OLPC) em fase escolar, no propósito de garantir “Um Computador por Aluno” (UCA) na rede pública de ensino brasileiro, apoiado no juízo de que a disseminação do equipamento, tipo laptop educacional com acesso à internet, poderia ser uma poderosa ferramenta para a inclusão digital e a melhoria da qualidade da educação básica. Atualmente, o Projeto UCA é denominado Programa (PROUCA), cujos objetivos querem alcançar a utilização da tecnologia, a inclusão digital e o adensamento da cadeia produtiva comercial no Brasil. Neste último, Dantas, Kertsnetzky e Prochnik explicam que o conceito de cadeia produtiva parte da noção de indústria e é formada: [...] pelos grupos de empresas voltadas para a produção de mercadorias que são substitutas próximas entre si e, desta forma, fornecidas a um mesmo mercado. [...] para uma empresa diversificada a indústria pode representar um conjunto de atividades que guardam algum grau de correlação técnico-produtiva, constituindo um conjunto de empresas que operam métodos produtivos semelhantes, incluindo-se em uma mesma base tecnológica [...] (DANTAS, KERTSNETZKY e PROCHNIK, 2002, p. 35).

Assim, deu-se início à fase I (pré-piloto fase experimental) com adoção de equipamentos tipo laptop por três fabricantes para a realização de experimentos quanto ao uso em sala de aula. A Intel doou o laptop modelo Classmate PC para as escolas selecionadas em Palmas/TO, na Escola Estadual Luciana de Abreu, e em Piraí/RJ, no Centro Integrado de Educação Pública (CIEP) Professora Rosa Conceição Guedes. A OLPCQuanta doou o laptop modelo XO para as escolas selecionadas em Porto Alegre/RS, Escola Estadual Luciana de Abreu, e em São Paulo/SP, Escola Municipal de Ensino Fundamental Ernani Silva Bruno. A Indiana Encore doou o laptop modelo Mobilis para a escola de Brasília/DF, o Centro de Ensino Fundamental Nº 1 – Vila Planalto. A fase I se tornou necessária para melhor compreensão sobre os requisitos pedagógicos e funcionais de hardware/software dos laptops, constatar os graus de aceitação da comunidade escolar e investigar as possíveis inovações curriculares em direção à mudança educacional. Essa investigação subsidiou a tomada de decisão sobre a viabilidade de expansão do projeto para todo sistema público de ensino como uma solução técnicopedagógica. A concretização do PROUCA se deu pela parceria do governo federal e alguns entes federados que selecionaram as escolas que atenderam, à priori, às necessidades de implantação. As escolas deveriam ter infraestrutura capaz de oferecer suporte ao laptop educacional, assumir o compromisso de uma efetiva política de formação dos gestores e professores, tendo como base a realidade de cada escola selecionada. A fase II, denominada Piloto, deu-se início em 2010, com 300 escolas públicas das redes de ensino estaduais, municipais e distrital, selecionadas mediante critérios acordados com o Conselho Nacional de

Secretários Estaduais de Educação (CONSED), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME), a Secretaria de Educação a Distância do Ministério da Educação (SEED/MEC) e a Presidência da República. Deste total, seis unidades são da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEDF), local da presente pesquisa. O PROUCA foi implantado no Distrito Federal em 16 de setembro de 2010. Segundo o plano de implantação e desenvolvimento, foram inscritos 134 (cento e trinta e quatro) professores no curso de formação continuada, distribuídos em seis escolas: a) EC Escola Classe 10 de Sobradinho: 19 professores; b) CEF Centro de Ensino Fundamental Pipiripau II: 19; c) EC Escola Classe 10 da Ceilândia: 18 professores; d) EC Escola Classe 01 do Guará: 16 professores; e) EC Escola Classe 102 do Recanto das Emas: 18 professores; f) CEF Centro de Ensino Fundamental 01 do Planalto: 44 professores. Complementarmente, os professores das escolas selecionadas da SEDF passaram por formação continuada denominada Projeto UCA DF, no intuito de encorajar os professores e gestores das escolas públicas da Educação Básica (EB) à adequação e utilização da tecnologia digital do laptop UCA. Acreditava-se que a participação dos professores em curso de formação continuada poderia resultar na apropriação de técnicas capazes de serem aplicadas em sala de aula.

3. CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES PROUCA DF O PROUCA organizou-se em grupos de trabalhos (GT) que partiram para a execução do Programa em 3 (três) frentes: GT Formação, GT Avaliação e GT Pesquisa. O GT Formação organizou em 4 (quatro) ações o curso de formação denominado Formação Brasil: a) Ação 1 – Formação dos Formadores: A Formação dos Formadores, ação 1, tem como responsáveis as equipes de formação e acompanhamento e seu objetivo é preparar a equipe de formadores e avaliação das IES Globais para realizar a Ação 2 que compreende a preparação das Instituições de Ensino Superior locais – IES locais, das Secretarias de Educação – SE, e dos Núcleos de Tecnologias Estaduais e Municipais – NTE/NTM, para o desenvolvimento da formação na escola, o acompanhamento, a orientação e a avaliação do Projeto UCA. São 80h de capacitação, sendo 48h destinadas à fase inicial e 32h destinadas à fase continuada. b) Ação 2 – Formação das IES Locais: A Formação das IES Locais, equivalente à ação 2 do programa, visa preparar equipe de formadores da IES Local, da Secretaria de Educação – SE e do NTE/NTM para o desenvolvimento da formação na escola. Os responsáveis por essa ação são as equipes de formação das IES Globais. São 120h, sendo 70h para a fase inicial e 50h longo de todo o processo de formação. c) Ação 3 – Formação dos Professores: A ação 3, referente à formação dos professores, tem como responsáveis as equipes da IES locais e NTE/NTM. O objetivo nesta ação é preparar a equipe de professores e gestores das escolas para o uso pedagógico inovador das tecnologias digitais e favorecer a estruturação das redes coorporativas. A carga horária desta fase totaliza 180h, sendo 36h presenciais e as demais a distância. d) Ação 4 – Formação dos Gestores: As equipes da IES locais e NTE/NTM também são responsáveis pela Formação dos Gestores, ação 4 do PROUCA, que tem carga horário de 40h, sendo 12h a distância e 28h presenciais. O objetivo nesta ação é desenvolver a formação continuada da equipe gestora (diretor, vice-diretor, coordenadores, orientadores pedagógicos etc.) das escolas e de profissionais da secretaria de educação. (PROUCA, 2013).

Durante a formação na escola, buscou-se a qualificação dos professores para o uso do laptop educacional em práticas que privilegiassem a aprendizagem, fundamentadas na construção cooperativa do conhecimento em consonância com as especificidades das propostas curriculares de suas escolas. O processo de formação na escola envolveu, além das escolas participantes, as universidades (IES), Secretarias de Educação (SE) e os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE). A formação teve caráter semipresencial e foi dividida em módulos, abrangendo as dimensões teórica, tecnológica e pedagógica. Os pressupostos dessa formação assentavam-se na interação e na reflexão sobre a integração entre a prática pedagógica, o currículo, as tecnologias e as teorias educacionais que permitem compreender e transformar as

práticas com vistas à melhoria da aprendizagem do aluno. Para tanto, a metodologia da formação englobou as três dimensões: 1) Tecnológica: para apropriação e domínio dos recursos tecnológicos voltados para o uso do sistema Linux Educacional e de aplicativos existentes nos laptops educacionais; 2) Pedagógica: para o uso dos laptops nos processos de ensinar e aprender, bem como na gestão de tempos, espaços e relações entre os protagonistas da escola, do sistema de ensino e da comunidade externa; 3) Teórica: articulação de teorias educacionais que permitam compreender criticamente os usos em diferentes contextos e reconstruir as práticas pedagógicas e de gestão da sala de aula e da escola. O curso de formação na escola foi implantado no ambiente colaborativo de aprendizagem (e-Proinfo), com o propósito do desenvolvimento de ações tanto presencial como a distância. Dessa forma, almejou-se ser um processo de formação continuado em serviço, sem a necessidade do professor ou gestor se ausentar da sua escola, para que a apropriação dos diversos recursos tecnológicos fosse intercalada com momentos de utilização com alunos, no trabalho coletivo na escola, e de registro e reflexão dos processos e resultados, tendo como base as teorias sobre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). A estrutura do curso seguiu o modelo da formação única sem imposições dos módulos às instituições parceiras (IES e NTE). O modelo da formação foi determinante para se traçar o alcance social e político do Projeto UCA, devido às diversidades regionais e à autonomia dos parceiros quanto às adaptações dos módulos e às necessidades das escolas. O e-Proinfo funcionou como apoio à aprendizagem, por onde se disponibilizou uma infraestrutura tecnológica para o compartilhamento de conteúdos e ações colaborativas e cooperativas em rede de pessoas. Este ambiente integrou-se aos sistemas e repositórios de conteúdos educacionais digitais e aos portais do MEC, desenvolvidos e mantidos, à época, pela extinta Secretaria de Educação a Distância (MEC/SEED). De acordo com o PROUCA, fase II de implantação e desenvolvimento dos projetos-piloto, a formação se desenvolveu com foco na realidade da escola e no contexto da sala de aula com o uso dos laptops educacionais por professores, alunos e gestores. Com a flexibilidade de liberdade de escolha pelos módulos que mais se adequavam à realidade de cada escola, esperava-se que os professores se apropriassem da parte teórica, técnica e prática, em momentos presenciais e a distância (carga horária de 180 horas) no ambiente colaborativo de aprendizagem e-Proinfo. Foi nessa linha que o Projeto UCA DF começou em 2010, com a equipe de formadores da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (FE/UnB). A formação continuada de professores assumiu um papel primário quanto aos processos de intervenções na escola, porém, deveria atentar ao que alertou Imbernón (2010), se essa formação não considerar o grupo, a comunidade e o contexto, pouco resultará em experiências satisfatórias. O mesmo autor afirmou que foi na formação que os professores buscaram momentos ou espaços onde passaram a desenvolver habilidades individuais e em grupos, por meio de trocas de experiências, a fim de se conhecerem, compartilharem e ampliarem as metas de ensino. Segundo a coordenação do curso de formação Projeto UCA DF, a proposta do curso de formação foi pensada em quatro ações: Ação 1 - Formação dos Formadores; Ação 2 - Formação da IES local e Ações 3 e 4 – Formação da Escola. Essas dimensões se integraram e se organizaram na estrutura de formação dos formadores representada a seguir: As ações 1 e 2 antecederam o início da formação dos professores e gestores das escolas, uma vez que se tratava da preparação dos formadores em seus diferentes níveis: equipes de formação e pesquisa das IES e do NTE. Entretanto, no projeto inicial, a formação do Projeto UCA na escola apareceu na ação 2, sendo ajustada posteriormente para ação 3. A ação 3 abarcou a formação dos professores, orientada para ser desenvolvida em diferentes mídias, ferramentas, software e em uma nova distribuição de tempo e espaço da escola, visando as vivências, os princípios da educação autônoma, sem hierarquia, cooperativa e integrada, enquanto se planejavam, executavam ou discutiam situações de aprendizagem. Dessa estrutura de operacionalização, esperava-se como resultado para o curso de formação UCA que os professores integrassem de forma inovadora os recursos do laptop educacional no cotidiano escolar, para que favorecesse aquisição das seguintes competências: a) executar operações com os recursos do laptop; b) integrar o uso do laptop educacional com os recursos do laboratório de informática e de outras mídias existentes na escola; c) resolver os problemas comuns referentes ao uso do laptop; d) conhecer o potencial pedagógico dos recursos do laptop, da web e da web 2.0; e) utilizar as tecnologias digitais como suporte para a investigação e resolução de problemas ou interesses; f) acessar, selecionar, organizar e sistematizar a informação obtida em diferentes tipos de linguagens virtuais (imagem, textos, vídeo, fotos, filme, outros); g) participar de e construir redes virtuais de aprendizagem; h) produzir hipertextos para diferentes públicos, integrando diferentes mídias; i) utilizar as tecnologias digitais para acompanhamento, comunicação e representação do conhecimento

produzido pelos alunos; j) incluir as tecnologias digitais como recursos para seu desenvolvimento pessoal e profissional; k) compreender as vantagens e as restrições do uso das tecnologias digitais nos processos educativos. Pela enumeração das competências esperadas após participação dos professores, infere-se da complexidade e magnitude do Projeto UCA e, possivelmente por essa razão, fora pensado no modelo híbrido, com etapa presencial na escola e outra etapa online na plataforma e-Proinfo, pois que, depreende-se da prática do docente alcance da aquisição de competências e habilidades que favoreçam a mediação do processo educativo, a fim de monitorar, dirigir as tarefas como regulador e analista crítico do processo de aprendizagem do estudante. Para Kenski: [...] o papel de mediador se aplica no estimulo para que todos estejam conectados, atentos, participantes. Como educador, ele orienta o caminho, fornece trilhas confiáveis, estimula a reflexão crítica, a produção criativa. Como conciliador, o mediador procura integrar os dissidentes, aplacar os conflitos e estabelecer um clima profícuo de confiança ampliada entre todos, princípio básico para a atuação em conjunto e a colaboração (KENSKI, 2008, p.654).

Ensinar e aprender não são fáceis, porquanto ocorrem interferências nas inter-relações que afetam a obtenção do resultado desejado na aprendizagem. O ato docente se estabelece em determinado nicho escolar e é nesse espaço de interação que o professor desenvolve ambiente e condições para sua prática, vislumbrando a sua história de vida educacional. Portanto, para análise da prática pedagógica em sala de aula, faz-se necessário resgatar a história educacional desse docente, pois é fundamental, em qualquer estudo, verificar se ele se apoderou dos saberes que resultaram em sua prática docente.

4. CARACTERÍSTICA BÁSICA DO SOFTWARE LIVRE COLABORATIVO E-PROINFO DO CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA PROUCA DF O e-Proinfo é um Ambiente Colaborativo de Aprendizagem que utiliza a tecnologia internet e permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações, como curso a distância, cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos colaborativos e diversos outros fomatos de apoio a distância ao processo ensino-aprendizagem. O e-Proinfo é composto por dois websites: o site do participante e o site do administrador. Ao acessar a web, o participante e o administrador poderão interagir pelo uso de todos os recursos disponíveis em qualquer lugar, em qualquer dia e a qualquer hora, bastando apenas uma senha que é disponibilizada pelo administrador da plataforma do curso. Para o curso de Formação Continuada Projeto UCA DF foi criado no e-Proinfo alguns perfis, representados na figura 2 (abaixo): a) Coordenador de Entidade: gerência de biblioteca; b) Coordenador de Curso: gerenciamento das ferramentas de apoio, comunicação, conteúdo e controle acadêmico do curso; c) Coordenador de Turma: gerência das ferramentas de apoio, comunicação, conteúdo e controle acadêmico da turma; d) Tutor/Formador: acompanhamento dos alunos; acesso às ferramentas inseridas pelo administrador de turma:

Figura 2 - Perfil Turmas do Curso Formação UCA Distrito Federal no e-Proinfo

Fonte: SEB/FNDE/MEC Para inserção das turmas foram disponibilizadas duas opções: alocação de alunos e replicar alunos, por onde os professores baixaram textos, inseriram as atividades, compartilharam experiência em fórum temático e solicitaram ajuda aos formadores. Todos os recursos disponíveis para os participantes e para os administradores foram acessados via internet, isto é, de qualquer lugar, em qualquer dia e a qualquer hora.

5. IMPLICAÇÕES DO USO DE SOFTWARE LIVRE COLABORATIVO EM CURSO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES Para alguns estudiosos, os recursos disponibilizados em softwares livres podem promover o desenvolvimento de atividades de comunicação entre estudante, professor, conteúdo e atividade de trabalho, já que uma de suas características é a flexibilidade, que possibilita a criação de uma linguagem hipertextual em diversos recursos midiáticos, múltiplos tipos, formas de atividades e avaliações. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) e o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) têm modificado os modos de ensinar e aprender em sala de aula e fora dela. As experiências relacionadas ao uso de softwares livres na escola variam de pessoa para pessoa, pois os processos de aprendizagem nesses ambientes ocorrem de maneira diferenciada em decorrência da variedade quanto ao emprego das mídias, acesso, encaminhamento e interação, sejam nas estratégias síncrona ou assíncrona entre professores, alunos e conteúdo. Para bons resultados de aprendizagem com o uso de software livres, deve-se refletir sobre as estratégias e ferramentas facilitadoras da aprendizagem. Para isso, tornam-se necessárias a ida e vinda à concepção metodológica e a maneira como se contextualizam as práticas pedagógicas, pois que as experiências com as TIC em ambiente escolares mostram que o uso das tecnologias digitais tem modificado os modos de ensinar e aprender em sala de aula. Porém, tudo isso não é suficiente, porquanto ressoa na escola a reivindicação quanto à necessidade de preparação do ambiente e para o emprego das tecnologias digitais em sala de aula, sabe-se que “é preciso saber utilizá-los adequadamente” (KENSKI, 2011, p. 106). Sendo assim, o uso de software livre em ambiente escolar por si só não garante a qualidade do ensino e aprendizagem, uma vez que há necessidade de (re) pensar se os modelos e estratégia foram aplicados e apropriados adequadamente durante e após a participação dos professores no curso de formação continuada.

Evidencia-se, portanto, a importância da atuação do professor em relação à mobilização e ao emprego das mídias, subsidiado por teorias educacionais que lhe permitam identificar em que atividades essas mídias têm maior potencial e são mais adequadas. Todavia, para que o professor possa desenvolver tais competências, é preciso que ele esteja engajado em programas de formação continuada, participando de comunidades de aprendizagem e produção de conhecimento, para que aflorem seus saberes docentes: [...] a relação dos docentes com os saberes não se reduz a uma função de transmissão dos conhecimentos já constituídos. Sua prática integra diferente saberes, com os quais o corpo docente mantém diferentes relações. Pode-se definir o saber docente como um saber plural, formado pelo amálgama, mais ou menos coerente de saberes oriundos da formação profissional e de saberes disciplinares, curriculares de experiências (TARDIF, 2012, p. 36).

É nesta linha que se defende a formação continuada dos professores para apropriação da teoria, da técnica e da prática relacionadas ao uso da tecnologia digital ancorado na perspectiva da aprendizagem cooperativa e colaborativa, favorecendo a convergência midiática em sala de aula, ou fora dela, entre professores e alunos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL, (2013) Ministério da Educação. Programa Um computador por aluno – PROUCA. Disponível em http://www.uca.gov.br/institucional/projeto.jsp. GUIMARÃES NETO, Samuel Pinheiro. (2003). Comitê Gestor da Internet no Brasil. Software livre. Disponível em www.softwarelivre.gov.br/artigos/SamuelGenebra/>. Acesso em: 21 jul. 2013. KENSKI, Vani Moreira. (1978). Educação e comunicação: interconexões e convergências. In: Educação & Sociedade: Revista de Ciências da Educação/Centro de Estudos Educação e Sociedade – Vol. 1, n.1, p. 647-665. São Paulo: Cortez; Campinas, Cedes. ______. Educação e tecnologia: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2011. IMBERNÓN, Francisco. Formação continuada de professores. Tradução Juliana dos Santos Padilha. Porto Alegre, RS: Artmed, 2010. MAGDALENA, B. C.; FAGUNDES, C.; COSTA, I. E. T. Relatório da configuração do Metasys Classmate PC (Projeto UCA: um computador por aluno). Fortaleza: Universidade Federal do Ceará (UFCE), 2010. MORAN, J. M.; MASETTO, M.; BEHRENS, M. Novas tecnologias e mediação pedagógi-ca. São Paulo: Papirus, 2000. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 13. ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

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