O uso do survey no estudo do recrutamento político: limites e vantagens

June 4, 2017 | Autor: Renato Perissinotto | Categoria: Elites (Political Science), Candidate Selection, Political Recruitment
Share Embed


Descrição do Produto

Como estudar elites Renato Perissinotto Adriano Codato (orgs.)

Como estudar elites

Reitor Zaki Akel Sobrinho Vice Reitor Rogério Andrade Mulinari Pró-Reitora de Extensão e Cultura Deise Cristina de Lima Picanço Diretora da Editora UFPR Suzete de Paula Bornatto Vice-Diretor da Editora UFPR Cláudio de Sá Machado Júnior Conselho Editorial Cleverson Ribas Carneiro Cristina Gonçalves Mendonça Edson Luiz Almeida Tizzot Emerson Joucoski Everton Passos Ida Chapaval Pimentel Jane Mendes Ferreira José Carlos Cifuentes Vasquez José Eduardo Padilha de Souza Marcia Santos de Menezes

Como estudar elites Renato Perissinotto Adriano Codato (orgs.)

® Renato Perissinotto e Adriano Codato (orgs.)

Como estudar elites Coordenação Editorial Lucas Massimo Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica Indústria Inc. Revisão Lucas Massimo e Fernando Leite Capa Indústria Inc. Foto de capa Renato Perissinotto Série Pesquisa, n. 290 Ref. 823 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SISTEMA DE BIBLIOTECAS – BIBLIOTECA CENTRAL COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS Como estudar elites / Renato Perissinotto, Adriano Codato (orgs.). – Curitiba : Ed. UFPR, 2015. 319 p. : il. – (Pesquisa; n. 290) ISBN 978-85-8480-038-4 Inclui referências ao final de cada capítulo Vários autores 1. Elites (Ciências sociais). 2. Metodologia. I. Perissinotto, Renato M. (Renato Monseff), 1964-. II. Codato, Adriano Nervo. III. Série. CDD 305.5

Andrea Carolina Grohs CRB 9/1384 Direitos desta edição reservados à Editora UFPR Rua João Negrão, 280 - Centro Tel.: (41) 3360-7489 80010-200 - Curitiba - Paraná - Brasil www.editora.ufpr.br [email protected] 2015 Esta obra foi publicada com recursos do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad) referentes ao projeto “Composição e recomposição de grupos dirigentes no Nordeste e no Sul do Brasil” desenvolvido em parceria entre UFPR, PUC-RS e UFS.

"Toda pesquisa científica requer paciência, autodisciplina e uma inesgotável capacidade de se aborrecer". Terry Eagleton.

Sumário Introdução: como estudar elites? Renato Perissinotto e Adriano Codato

9

Capítulo 1

Metodologias para a identificação de elites: três exemplos clássicos | Adriano Codato

15

Capítulo 2

O uso do survey no estudo do recrutamento político: limites e vantagens | Bruno Bolognesi e Renato Perissinotto

33

Capítulo 3

O desenho e as fontes da pesquisa com elites parlamentares brasileiras no século XX | Luiz Domingos Costa, Lucas Massimo, Paula Butture e Ana Paula Lopes

63

Capítulo 4

Análise de elites em perspectiva relacional: a operacionalização da Análise de Redes Sociais (ARS) Emerson Urizzi Cervi

95

Capítulo 5

Viagem pela alta hierarquia: pesquisa de campo e interações com elites eclesiásticas | Ernesto Seidl

121

Capítulo 6

Pesquisando grupos profissionais: dilemas clássicos e contribuições recentes | Fernanda Petrarca

151

Capítulo 7

Antropologia, política e etnografia: fronteiras disciplinares e trabalho de campo | Wilson José F. de Oliveira

187

Capítulo 8

Os empresários enquanto elite: a pesquisa empírica Paulo Roberto Neves Costa

217

Capítulo 9

A prosopografia explicada para cientistas políticos Flavio Heinz e Adriano Codato

249

Apêndices metodológicos 

279

Apêndice 1 | Como elaborar um survey281 Apêndice 2 | Como formar matrizes de dados biográficos 291 Apêndice 3 | Como produzir uma ficha prosopográfica 301 Apêndice 4 | Como preparar um questionário com questões abertas 309

Sobre os autores

Como estudar elites.indb 7

318

2/22/16 12:15 PM

Introdução: como estudar elites?

GUIAS DE METODOLOGIA de pesquisa dão dois significados ao termo “método”: ora o entendem como a estratégia geral da investigação científica (com ênfase na lógica do trabalho, nos padrões de análise ou no mecanismo das explicações), ora como as técnicas de seleção, validação, processamento e análise de dados. Este livro concentra-se nas técnicas, mais exatamente nos procedimentos práticos para o estudo de um objeto em particular: os grupos dominantes na hierarquia social. Não há uma receita para abordar esse assunto. As estratégias empregadas tendem a ser muito variadas e, em alguns casos, complementares. Essa diversidade de procedimentos é resultado natural tanto dos múltiplos propósitos pretendidos pelos investigadores, quanto da variedade de evidências fornecidas por estudos com elites. Além disso, um procedimento – análise estatística inferencial com vinte mil candidatos a deputado ou etnografia multinível com um único caso – pode funcionar melhor num determinado estágio da pesquisa; outro procedimento, no estágio seguinte. Pesquisas

9

Como estudar elites

como as de Donald Searing sobre as carreiras de políticos profissionais no “universo de Westminster”, interessadas em entender a ambição política, podem apelar tanto para a análise dos efeitos das regras sobre a configuração dos vários papéis sociais na instituição (lobistas, líderes de partido, ministros), quanto para as características pessoais daqueles que estão investidos dessas funções, características essas verificadas em longas entrevistas face a face com todo tipo de representante (insiders, outsiders, backbenchers, sindicalistas, empresários, etc.). O fundamental é saber que técnica empregar para que tipo de fenômeno, se e quando um determinado artifício pode ou não ser bem aproveitado. Purismos metodológicos e a adição a procedimentos fixos para tratamento de dados empíricos reforçam identidades de grupos científicos, mas trazem prejuízo à ciência das coisas. Quando se consulta a literatura já publicada sobre classes dirigentes, a disparidade de abordagens dos objetos empíricos e o caráter idiossincrático das questões de pesquisa nos faz perguntar se há qualquer sentido em recomendar algum procedimento. Justamente por isso, este livro evita prescrever receitas. Preferimos adotar o tom de “relato de campo” onde cada pesquisador ou grupo de pesquisadores narra a marcha da sua investigação, as suas dificuldades e soluções práticas. Todo trabalho de pesquisa vai da elaboração das questões a serem respondidas, passa pela definição do objeto, pela escolha das variáveis, pela identificação das fontes disponíveis e das evidências que delas se podem extrair, pela elaboração do instrumento de coleta de dados, pela coleta de dados propriamente dita, pela sua sistematização e ordenação, para, só então, analisar todo o material e, enfim, apresentar os resultados. Contudo, esses procedimentos anteriores à publicação dos resultados tendem a ser arquivados, ou, muitíssimo raramente, reutilizados em alguma nova investigação por outro pesquisador. De uma maneira ou de outra, ele quase sempre é mantido longe dos olhos do público. Assim, esse mesmo público se vê impedido de tomar contato com o longo percurso de aprendizado prático que toda pesquisa envolve, seus erros e acertos, suas hesitações, os bloqueios sucessivos de caminhos e as más escolhas que sempre fazemos. É uma pena que seja assim, pois é certo que muito empenho individual poderia ser poupado se as experiências referentes aos procedimentos habituais de construção de uma investigação científica viessem a público com mais frequência. Com isso, tempo, energia e dinheiro poderiam ser mais bem direcionados e a própria apresentação de resultados finais poderia ser mais rápida. Enfim, conhecer as grandes e pequenas medidas

10

Introdução

práticas tomadas por outros camaradas da mesma área de estudos pode não apenas ajudar no desenvolvimento de mais trabalhos, como também representar economia de escala em termos de recursos e tempo. Em alguns países, a exposição das decisões tomadas no curso de uma investigação é prática corrente. Há periódicos para veicular, ao invés dos resultados, os procedimentos intermediários da pesquisa científica. No Brasil, não há publicações dessa natureza em Ciência Política ou Sociologia Política, de modo que os dados referentes aos labirintos do trabalho científico raramente vêm à luz ou, quando vêm, aparecem na forma de relatórios burocráticos de difícil acesso, destinados apenas a prestar contas à agência de financiamento. Esta é a contribuição que este livro pretende produzir. Não se pretende revelar os mecanismos de todo e qualquer tipo de pesquisa social. Seria de pouca ajuda uma obra que fosse uma reunião aleatória de pesquisas sobre “a política brasileira”, por exemplo, com pouco ou nenhum contato entre si. Por essa razão, este livro tem uma unidade temática. Todos os textos aqui reunidos trabalham com o problema das elites ou dos grupos dirigentes em diversas dimensões da vida social: elites parlamentares, partidárias, eclesiásticas, econômicas, profissionais e elites de movimentos sociais. O primeiro capítulo tenta ser uma exposição didática de alguns dos métodos de pesquisa consagrados para identificar grupos de elites. O segundo capítulo mostra como uma investigação sobre o processo de recrutamento e formação da nominata de candidatos dentro dos partidos políticos só poderia ser levada a termo por meio da aplicação presencial de um questionário. Uma vez tomada essa decisão, resta saber: qual seria o melhor formato do questionário? O terceiro, sublinha que o estudo diacrônico da classe política brasileira exige o uso intensivo de fontes documentais. Como são apresentadas nessas fontes as evidências necessárias ao entendimento do recrutamento e como se deve codificá-las? O quarto capítulo revela como a análise de redes pode captar padrões ideológicos nos processos de coalização política. Mas como usá-la? Quais são seus requisitos técnicos? O quinto capítulo discute os percalços para se ter acesso à elite de uma organização tão hermética como a Igreja Católica. Que estratégias o pesquisador deve adotar para facilitar o acesso à alta hierarquia e como comportar-se numa entrevista em que pesquisador e pesquisado pertencem a mundos tão diferentes? O sexto capítulo analisa as dificuldades para se definir o que é “profissão”. Que procedimentos teóricos e metodológicos um pesquisador deve utilizar para delimitar um campo profissional? O capítulo seguinte relata os

11

Como estudar elites

expedientes utilizados para o estudo de líderes de grupos que, normalmente, não são tidos como “elites”, como é o caso nos movimentos em defesa do meio ambiente. O oitavo capítulo analisa como é possível estudar a posição política de elites econômicas. Essa elite deve ser definida em termos patrimoniais (o tamanho da empresa) ou em termos de atuação institucional em organizações de classe? Uma vez definido o grupo, como acessá-lo e que cuidados devemos ter ao formular questões sobre o que eles pensam sobre a política? Por fim, o capítulo nove apresenta um resumo do que é e de como se pode fazer prosopografia. Esses são os problemas que este livro procura responder. A enorme diversidade de questões é resultado da multiplicidade de objetos e de preocupações teóricas e metodológicas que orientam as pesquisas aqui relatadas. No entanto, a unidade da coletânea está garantida pelo fio que conduz todos os textos e que pode ser resumido na pergunta que dá título ao livro: como estudar elites? Essa integração entre autores, temáticas, propósitos e objetos não é casual. Por meio do Programa Nacional de Cooperação Acadêmica (Procad), financiado pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes), professores de três instituições diferentes (Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal de Sergipe e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) trabalharam coletivamente, de 2011 a 2015, em projetos de pesquisa que tinham os grupos de elite como foco principal. Este livro é o resultado deste esforço de reflexão conjunta.

Curitiba, inverno de 2015.

Renato Perissinotto Adriano Codato

12

2. O uso do survey no estudo do recrutamento político: limites e vantagens Bruno Bolognesi Renato Perissinotto

NA CIÊNCIA POLÍTICA o survey tem sido usado predominantemente em estudos e levantamentos que buscam captar as preferências de eleitores, suas posições político-ideológicas, seus valores em relação à democracia, suas intenções de voto etc. Foi durante as décadas de 1970 e 1980 que o uso dessa ferramenta se destacou, especialmente nas pesquisas de opinião e de comportamento eleitoral, principalmente frente à onda mundial de redemocratização ocorrida nessas décadas (SIMÕES & PEREIRA, 2009, p. 241). No entanto, nos estudos acadêmicos brasileiros observa-se ainda um uso parcimonioso dessa técnica (AGUIAR, 2001, p. 3) e surpreende o fato de que pesquisas de survey ocorram apenas pontualmente. Ainda mais escasso é o uso do survey para tentar captar processos em curso1 – como em estudos de

1

São os chamados estudos de aproximação longitudinal (Babbie, 2005).

33

Como estudar elites

painel – ou processos que ocorreram no passado, quando a memória do entrevistado é fundamental para o pesquisador entender determinados fenômenos políticos, como, por exemplo, os processos de socialização política na infância, na adolescência ou no início da vida adulta. Neste capítulo faremos uma discussão metodológica sobre a aplicação de survey ao estudo de processos de recrutamento político. Para que um estudo de recrutamento político seja feito, é preciso ir além dos estudos sociográficos sobre as elites políticas, que, em geral, limitam-se a descrever de maneira estática os atributos (econômicos, sociais, escolares, institucionais) possuídos por determinados indivíduos (as “elites políticas”) e que facilitam seu acesso aos postos de mando (para mais detalhes a esse respeito ver a discussão realizada no primeiro capítulo desta coletânea). Avançar nesses estudos, ao contrário, implica identificar os caminhos e filtros pelos quais esses indivíduos devem passar ao longo do tempo para chegarem a posições de chefia ou representação. No entanto, no Brasil2, mesmo nesses casos, em que se procura captar a “dinâmica” do recrutamento, as entrevistas realizadas pelos pesquisadores3 raramente discutem por que os caminhos a serem percorridos devem ser esses e não outros, para não falar na quase absoluta ausência de discussões sobre os aspectos motivacionais que levam os indivíduos a se lançarem na atividade política. Para suprir essa lacuna, elaboramos um questionário para estudar o processo de seleção de candidatos a deputados federais nas eleições de 2010. Não pretendíamos apenas identificar as posições contextuais (sociais, econômicas) e/ou institucionais dos entrevistados e formular explicações causais a partir delas. Nosso objetivo foi estudar o processo pelo qual tais indivíduos chegam à antessala da Câmara dos Deputados no Brasil, que é a presença na lista de candidatos dos partidos políticos4.

2 Para os impactos do recrutamento político sobre o funcionamento da Câmara dos Deputados, ver Power e Mochel (2009) e Marenco dos Santos (1997); para um estudo sobre filtros seletivos no processo de recrutamento para a mesma instituição, ver Perissinotto e Bolognesi (2010) e Perissinotto e Miríade (2009); para o problema das motivações subjetivas e sua relação com a profissionalização política, ver Perissinotto e Veiga (2014). 3 Existe um debate sobre em que medida surveys conseguem ou não captar opiniões. Cf. Johnston, 2009. Nossa intenção aqui, porém, é focar o problema do uso do survey para o estudo de processos. Ou seja, não estamos preocupados em captar a percepção dos indivíduos acerca dos principais problemas sociais de um país ou medir a taxa de intenção de votos em determinado candidato nas eleições. Interessa-nos operar a reconstrução mental pelo qual o entrevistado passou ao longo de um processo político. 4 O questionário foi elaborado para a pesquisa Como se faz um Deputado: a seleção

34

O uso do survey no estudo do recrutamento político

Tendo em vista a discussão do nosso instrumento de coleta de dados, organizamos este capítulo da seguinte maneira: na primeira parte discutimos as vantagens e desvantagens do uso do survey, listando da maneira mais sistemática possível o que a literatura aponta como os principais ganhos científicos e empíricos propiciados pelo uso dessa técnica assim como seus limites mais significativos. A segunda seção apresenta a forma como montamos o questionário à luz da teoria sobre recrutamento e seleção de candidatos. Com exemplos oriundos de pesquisas sobre o tema, encontrados na literatura internacional, ilustramos como construímos nossas questões de pesquisa e como procuramos contornar alguns problemas importantes para chegar a uma ferramenta de coleta de dados cujo conteúdo é bastante similar àquilo que a literatura sobre o tema considera relevante. Na terceira parte trazemos uma discussão mais prática sobre o campo de pesquisa, relatando a experiência de condução de survey durante as eleições. Por fim, nas considerações finais, resumimos os ganhos analíticos ao mobilizar o survey para estudos de processos de recrutamento político. 1. Vantagens e limites do uso do survey As pesquisas de survey (ou de “levantamento”, como o termo é traduzido de forma despreocupada em algumas publicações brasileiras, como Fowler Jr. (2011) e Rosenberg (1976)) passaram por diversas fases ao longo de seu uso científico. Se, no início dos levantamentos de opinião, a técnica mais utilizada eram as aplicações face à face, hoje em dia é crescente a mobilização de web-based surveys e de técnicas mistas que mobilizam, ao mesmo tempo, entrevistas face à face, por telefone, websurvey e IVR (sigla em inglês para Interactive Voice Response, onde o entrevistado responde a perguntas pré-gravadas) (MARTIN, 2011, p. 6). As pesquisas sobre processo de recrutamento das elites políticas têm mostrado

dos candidatos a deputado federal nas eleições de 2010. Essa pesquisa é fruto da cooperação entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). A pesquisa foi coordenada pelos professores Renato Monseff Perissinotto e Luciana Veiga, no Paraná, Maria do Socorro Sousa Braga e Bruno Bolognesi, em São Paulo, Maria Luzia Álvares, no Pará, Wilson Oliveira, em Sergipe e Flávio Heinz no Rio Grande do Sul. A discussão sobre a amostra será retomada em momento oportuno. Por hora, basta saber que foram aplicados 120 questionários distribuídos igualmente entre PT, PMDB, PSDB e DEM.

35

Como estudar elites

que a aplicação do survey face à face produz um melhor rendimento do que as outras modalidades (SIMSEK, 1999, p. 82). De fato, a vida diária intensa e marcada por uma agenda sem espaço para improvisos torna o internet-based survey ou o envio de questionário por correios alternativas temerárias5. Tanto num caso como no outro, há grandes chances de que, na ausência de um aplicador, nossos políticos peçam ao seu staff para responder ao questionário ou simplesmente não dispensem tempo e atenção para fazê-lo. É preciso ainda avaliar o impacto de variáveis contextuais na aplicação de surveys (JOHNSTON, 2009, p. 386). Esses impactos podem gerar erros sistemáticos, como viés de seleção (selection bias), ou ainda erros de confiabilidade (reliability), caso os indivíduos passem por diferentes experiências ao longo do período da coleta. Por exemplo: durante uma campanha eleitoral, a queda do candidato nas pesquisas de intenção de voto e o eventual desânimo que isso pode gerar dentro do partido podem mudar radicalmente a percepção do mesmo quanto ao modo como ele foi tratado por sua organização ou quanto à natureza do seu processo seletivo. O inverso, é claro, pode acarretar numa postura muito mais otimista pelo entrevistado. Nos dois casos, essas experiências contextuais afetariam o conteúdo da resposta. Contudo, mesmo com esses problemas, a coleta de campo, se bem coordenada, pode trazer resultados válidos e inéditos, já que ao menos teoricamente o survey permite ao pesquisador formular perguntas sobre assuntos pouco trabalhados na literatura6 e trabalhar com hipóteses ainda não testadas. Nesse sentido, pensamos que, se estivermos atentos às dificuldades da coleta, a pesquisa de survey tem algumas importantes vantagens em relação a outros instrumentos de pesquisa. A seguir listamos as que consideramos as mais importantes. (i)

A possibilidade de produzir bons dados quando a pesquisa é bem desenhada.

Spada e Guimarães (2013), é um exemplo desse problema. Como sugere Simões e Pereira (2009) ou Babbie (2005). A sugestão é no sentido de que temas não explorados ou que contam com parcas fontes possam ter, no uso de survey, uma ferramenta útil para o acesso aos dados. É o caso, por exemplo, da pesquisa de seleção de candidatos, sempre tratada de modo formalista no Brasil, exigindo de nossa parte uma ida ao campo para verificar as hipóteses formais dadas pela literatura. 5 6

36

O uso do survey no estudo do recrutamento político

O termo survey, em inglês, designa, em linhas gerais, “coleta sistemática de dados”. Se, por um lado, dados de pesquisa podem ser coletados de várias outras formas, como etnografias, observações participantes, prosopografias, entrevistas em profundidade e análise de conteúdo, por outro lado, o survey parece ser o que mais confere controle ao pesquisador na determinação do desenho de pesquisa, visto que provém dele a maior parte da responsabilidade pela produção dos dados. Não se trata apenas de dizer que o survey permite ao pesquisador elaborar suas próprias questões, o que outras técnicas também o fazem. Mais do que isso, o survey permite conduzir o entrevistado a um conjunto de alternativas previamente selecionadas, reduzindo o caráter aleatório e vago das respostas (algo muito significativo em entrevistas em profundidade) e a possibilidade de obter informações não desejadas. (ii)

O survey é talvez o instrumento de pesquisa de cuja elaboração o pesquisador participa mais diretamente e sobre o qual tem mais controle, o que lhe permite formular questões específicas para seu objeto de estudo e que não foram ainda pensadas pela literatura7.

Essa vantagem pode ser obtida também com outros métodos, como entrevistas em profundidade ou grupos focais. No entanto, o uso do survey traz a vantagem da precisão e clareza das perguntas elaboradas, assim como das alternativas de respostas apresentadas ao entrevistado. Por exemplo, nas pesquisas sobre seleção de candidatos, o tema da “motivação política”, como variável que determina a disposição do indivíduo a se lançar como candidato, é tratado quase sempre de forma acessória, quando sequer é tratado. Durante a elaboração do questionário, pudemos incluir questões referentes a esse tópico, apontado por Czudnowski (1975) como um dos pilares para o pleno entendimento do processo pelo qual alguns indivíduos se candidatam a cargos políticos e outros não. Assim, para além dos dados sociográficos e institucionais com os quais a literatura trabalha, pudemos incluir perguntas sobre mo-

7 Outros instrumentos de coleta de dados, é claro, permitem a participação direta do pesquisador em sua elaboração, mas são quase sempre muito mais suscetíveis às limitações das fontes ou do campo do que o survey.

37

Como estudar elites

tivações que contribuíram para uma visão mais complexa do processo de seleção de candidatos (BOLOGNESI; MEDEIROS, 2014). (iii)

O survey conta também com a grande vantagem de poder lançar mão de amostras a fim de produzir extrapolações estatísticas.

O uso de amostras geralmente conduz a conclusões sobre uma população em geral, o que dá margem para generalizações sobre comportamentos sociais ou teses científicas sobre determinados fenômenos com custo operacional e material relativamente baixo – proposição da qual partilham Halperin e Heath (2012, p. 230). Mesmo contando com amostras reduzidas e experimentais, como o foi aqui, a utilização do questionário pode representar uma contribuição como estudo de caso sobre um objeto pouco pesquisado, dando margem para que estudos futuros possam ampliar os resultados. Além disso, a mobilização de diferentes técnicas de amostragem8 permite generalizações seguras acerca da população analisada. (iv)

A pesquisa de survey permite captar a lógica dos comportamentos sociais, verificá-la e quantificá-la.

Mais do que isso, é possível, por meio do questionário, elaborar questões que levem em consideração a lógica dos respondentes, respeitando-se assim os termos e categorias mentais por eles utilizados ao tratar do tema discutido pela pesquisa. De nada adiantaria formular questões com um conjunto de termos desprovidos de sentido para o entrevistado ou, pior, dotados de sentido radicalmente distinto daquele utilizado pelo pesquisador. Não nos adiantaria perguntar aos candidatos, por exemplo, qual foi o “selectorate” responsável por sua nominação. Por outro lado, também de nada adiantariam perguntas genéricas sobre quais os processos partidários que o levaram até as listas. Nesse sentido, o meio-termo foi

8 Por exemplo, o uso de amostras complexas como uma técnica que reduz custos monetários e de tempo e ainda assim permite uma generalização segura. Outras vantagens são colocadas quando se aliam teoria e desenho amostral, como no caso de processos puramente locais (como, por exemplo, as eleições primárias americanas) onde se opta pela realização de amostras com n reduzido em diversos clusters em contraposição a uma grande amostra aleatória nacional com grande n.

38

O uso do survey no estudo do recrutamento político

perguntar quais foram as pessoas ou grupos no interior do seu partido responsáveis pela candidatura do entrevistado. Isso fez com que a pergunta fosse compreendida, possibilitando-nos mensurar o conceito desejado. (v)

Por meio do survey é possível estabelecer correlações entre variáveis e relações causais a partir da coleta de dados e da teoria.

Com esse instrumento de coleta de dados e de posse de uma boa teoria, pode-se ir até mesmo além daquilo que os dados revelam imediatamente, buscando o que King, Keohane e Verba (2000) classificam como inferência científica. Por exemplo, podemos imaginar a princípio, como faz certo senso comum progressista sobre o processo de recrutamento de candidatos, que a ausência de candidatas nessa fase de confecção das listas partidárias se deve ao caráter sexista dos selecionadores, sempre dispostos a privilegiar homens. O survey pode (e de fato o fez, no nosso caso) revelar que as mulheres não se candidatam não porque são rejeitadas pelo partido, mas sim porque não possuem condições sociais, familiares e de tempo para entrar na vida política, todas elas condições para chegar até o partido. Uma boa teoria, portanto, poderia nos levar a indagar sobre a natureza das relações de gênero que caracterizam a sociedade brasileira como parte fundamental da explicação desses dados revelados pelo questionário. (vi)

As pesquisas dessa natureza cumprem uma exigência fundamental da cientificidade: a replicabilidade (idem).

O mesmo questionário pode ser utilizado para diferentes populações, em diferentes pontos do tempo e do espaço. A publicação da forma com que o questionário foi montado e aplicado (além do próprio questionário), como é o caso deste capítulo, é fundamental para que esse critério se cumpra9. O questionário ao qual nos referimos neste capítulo está publicado integralmente no apêndice 1 deste livro (p.281). (vii)

A pesquisa de survey é específica.

Outro bom exemplo deste tipo de publicação pode ser encontrado em Freire, Viegas e Seiceira (2009).

9

39

Como estudar elites

Podemos investigar temas muito específicos ou relações entre temas que antes não haviam sido elaboradas pela literatura. Por exemplo, a seleção de candidatos sempre foi retratada na literatura como o “jardim secreto” dos partidos políticos (GALLAGHER; MARSH, 1988), um processo de difícil acesso e realizado a portas fechadas no interior das legendas. Somado a isso, sabemos que nos processos de seleção de candidatos na América Latina predominam procedimentos informais em que fontes oficiais – como estatutos ou programas de partido – pouco revelam sobre esse objeto (FREIDENBERG; LEVITSKY, 2008). Desse modo, técnicas como a do survey tornam viável acessar diretamente os atores do processo e indagá-los acerca do “jardim secreto” do processo seletivo nos seus partidos. (viii)

O survey é capaz de coletar uma grande quantidade de dados, mais do que a maioria das outras técnicas, como observação participante, entrevista em profundidade e análise histórica.

É o que se denomina “range of applicability”. Isto é, com ele somos capazes de criar perguntas pertinentes sem depender das limitações das fontes. Isso permite aprofundar o vínculo com a teoria (linkage to theory), o diálogo entre ela e os dados e, por conseguinte, desenvolver novos conceitos (conceptual richness). Por exemplo, pesquisas em fontes frias – como arquivos, jornais, livros – não conseguem ir além das informações disponíveis na fonte escrita. Através de questionários conseguimos abordar todos os pontos que o pesquisador julga pertinente para validar um conceito, atenuando em alguma medida a condição de refém das fontes produzidas por outros. Temos então um conjunto de vantagens que fazem da aplicação do survey uma técnica de pesquisa bastante confiável, com forte presença nas Ciências Sociais e que conta já com grande tradição de discussão metodológica sobre as suas características (ALMEIDA, 2009; ONUKI; MAGALHÃES; OLIVEIRA, 2012; RODRIGUES, 2006). Em nosso caso, procuramos apontar como suas principais vantagens (i) o papel ativo do pesquisador na elaboração do seu desenho de pesquisa; (ii) seu papel ativo na elaboração do conteúdo das questões; (iii) a possibilidade de trabalhar com amostras e inferências estatísticas; (iv) o respeito à lógica mental do entrevistado; (v) a possibilidade de estabelecer relações de causalidade ou correlações estatísticas a partir dos dados; (vi) sua replicabilidade; (vii) sua capacidade de especificação e (viii) a riqueza empírica e teórica.

40

O uso do survey no estudo do recrutamento político

Essas vantagens, no entanto, são acompanhadas por alguns limites importantes. A seguir, apontamos os que consideramos os mais relevantes. (i)

O primeiro deles diz respeito à dificuldade de criar medidas para variáveis de percepção ou comportamento, tarefa complexa tanto na montagem do questionário quanto em sua aplicação e análise dos dados coletados, podendo gerar o que a literatura chama de specification error (LEEUW; HOX; DILMANN, 2008, p. 4).

É sempre um problema saber se nosso questionário permite medir exatamente aquilo que pretendemos. Como mensurar a posição ideológica de um determinado indivíduo quando a percepção de tal postura pode ser afetada pelo contexto político-social em que o mesmo está inserido? Como saber se o entrevistado reconhece os termos da questão, se ele pensa com as categorias ou em função das categorias de “direita” e “esquerda”, por exemplo? Para evitar esse problema, é preciso conhecer, nem que seja um pouco, aqueles que queremos entrevistar10. Ou seja, ter um conhecimento do contexto em que vivem os entrevistados é fundamental para evitar a imposição de termos não reconhecidos por eles e essa é uma tarefa sempre complicada, pois nem sempre há informações prévias e disponíveis sobre isso. Uma alternativa ao uso arbitrário de termos e expressões é produzir uma proxy, isto é, uma variável que seja “uma aproximação confiável da visão de mundo do entrevistado” (ALMEIDA, 2009, p. 113). Essa aproximação pode ser feita através de perguntas sobre situações a serem hipoteticamente enfrentadas pelo candidato de modo a tentar captar a sua reação, também hipotética, a elas. Por exemplo, queríamos determinar se os indivíduos eram ou não disciplinados em relação ao partido político ao qual estavam filiados. Em vez de perguntarmos “O(a) senhor(a) poderia nos dizer se é disciplinado(a) em relação ao partido a que pertence?”, o que implicaria pressupor que o entrevistado teria sobre o termo “disciplinado” o mesmo entendimento

Um dos modos mais acertados para uma exploração prévia à realização de uma pesquisa de survey é fazer entrevistas em profundidade com uma amostra não representativa da população, de modo a ter mais clareza sobre os pontos a serem abordados, sobre a maneira de formular questões, sobre que tipo de linguagem é a mais adequada para o contexto em questão etc. A partir de então, pode-se dar início à elaboração de um questionário de maneira bem mais segura.

10

41

Como estudar elites

que nós (i.e., estritamente fiel às determinações do partido), optamos por perguntar: “Numa situação hipotética em que o(a) senhor(a) tenha uma posição pessoal e seu partido uma posição divergente, o(a) senhor(a): 1. Adota a posição do partido ou 2. Mantém sua posição pessoal?”. A disciplina continuou sendo o foco de nossa indagação, sem que a questão fosse formulada diretamente nesses termos. (ii)

Uma segunda desvantagem consiste em elaborar escalas que representam pouco a realidade das atividades em que os respondentes estão envolvidos.

Seguindo o modelo de análise de Hazan e Rahat (2010), interessava-nos saber em que medida o processo de seleção de candidatos era mais ou menos inclusivo. Segundo os autores, é possível pensar num continuum onde os processos totalmente inclusivos têm na escolha dos candidatos toda a população habilitada eleitoralmente, como no caso das primárias norte-americanas. No polo oposto, apenas um único líder do partido escolhe quem serão os candidatos que figurarão na lista eleitoral. O problema é que as escalas de inclusividade não correspondem ao que os candidatos vivenciam nos processos em que são escolhidos. É possível que o mesmo candidato, ou o mesmo grupo de candidatos, passe por diferentes níveis de inclusão durante a seleção; pode ser que seja inicialmente escolhido por filiados do partido ou que uma nova seleção seja conduzida por um colégio intermediário de delegados e a decisão final da composição da lista fique a cargo de um líder único; ou então diferentes grupos de candidatos podem ser escolhidos por diferentes métodos de seleção. Esse é o caso mais típico no Brasil, onde um método misto de seleção ocorre para compor listas (BOLOGNESI, 2013). Parte dos indicados é escolhida por votação de filiados, uma segunda parte da lista pode ser escolhida por colégio de líderes e ainda podemos ter cotas para lideranças políticas. Assim, temos processos de seleção onde um método pode ou não ser predominante em relação aos demais. Esse misto de métodos de escolha leva a uma elaboração de uma escala de inclusividade mais segmentada, em que temos zonas cinzentas que partilham métodos de seleção de candidatos combinados e que não podem ser captadas por uma escala simples. Ou seja, esse tipo de aplicação direta e descontextualizada de uma escala produzida para outra situação pode acarretar imprecisão empírica ou alto risco de erro de especificação, para ficarmos na terminologia técnica.

42

O uso do survey no estudo do recrutamento político

O problema que enfrentamos aqui, portanto, é o da produção de medidas válidas e confiáveis de conceitos ou fenômenos. Segundo Almeida (2009, p. 172), medidas válidas são aquelas que “medem exatamente o que deve ser medido”. Como aponta Fowler Jr. (2011), o problema da validade dos dados coletados é o principal responsável por criar viés na pesquisa. A validade refere-se à capacidade de uma pergunta captar a resposta verdadeira de um entrevistado. Contudo, isso apenas ocorre em teoria. Metodólogos sempre contam com uma estimativa de erro entre a interpretação da pergunta e a resposta dada a ela. Ou seja, não podemos querer coletar dados sobre um fenômeno formulando questões sobre temas distintos ou, pelo menos, percebidos como distintos pelos entrevistados. Uma medida válida, ademais de medir exatamente o que se pretende medir, é aquela que, se replicada, “oferece resultados semelhantes quando mobilizada a mesma metodologia, mas por diferentes pesquisadores” (FOWLER JR., 2011). Isso, como veremos adiante, tem implicações tanto para a elaboração do questionário quanto para a condução da entrevista. Em resumo, é preciso ter plena consciência da “régua” que estamos utilizando em nossas medidas. E isso não é simples. (iii)

Após a coleta e tabulação dos dados, a associação entre variáveis não é sempre perfeita. O uso de indicadores para resumir os achados sempre será parcial, não correspondendo à interação real entre duas ou mais variáveis (KING; KEOHANE; VERBA, 2000, p. 21).

No caso específico de nosso trabalho, a associação entre seleção de candidatos e inclusividade, como vimos acima, pode não ser linear. A fixação em um ponto da escala artificializa os parâmetros encontrados na amostra. Na verdade, o que se pode encontrar não são associações dadas, mas sim possíveis associações entre as variáveis a partir da pergunta que o pesquisador quer responder11. Para sermos mais claros: a representação de um ponto numa escala a partir de uma percepção subjetiva de um processo nem sempre represen-

11

Para um exemplo, ver a questão V.31 do Apêndice 1, ao final deste livro (p. 287).

43

Como estudar elites

ta definitivamente aquilo que queremos medir. Psicometristas alertam que qualquer que seja a pergunta sempre haverá um “erro médio” (CORTADA DE KOHAN, 2006, p. 74) que se refere à diferença na interpretação que cada respondente faz da pergunta e sua formulação lógica de resposta. Ao perguntarmos para um de nossos entrevistados acerca da inclusividade da seleção de candidatos – como expomos no ponto anterior – é possível que alguns entendam terem sido selecionados por vários grupos presentes em nossa escala (filiados, delegados, líder único). Contudo, o indivíduo sente, subjetivamente, que os filiados tiveram um papel fundamental para sua seleção, respondendo assim que foram esses os responsáveis pelo procedimento. (iv)

Por fim, a maior dificuldade do uso de survey é a ida ao campo.

O treinamento dos aplicadores/pesquisadores deve ser extremamente qualificado, a fim de evitar vieses de várias ordens. A simples presença do entrevistador junto do entrevistado pode ser encarada como um elemento que interfere na resposta obtida, assim como uma série de outros elementos, como as vestimentas dos entrevistadores, a entonação da pergunta, a ênfase em determinada frase etc.12 Várias podem ser as fontes de erros que normalmente são desprezados nas pesquisas desse tipo. O mais importante aqui é que os aplicadores saibam de todos os detalhes de suas tarefas e que todos se comportem da mesma forma durante a aplicação do questionário. Isso só é obtido com o treinamento intensivo de aplicadores, o conhecimento por parte destes do questionário, o uso de cartões de resposta, barras de probes13 e outras medidas que podem auxiliar na obtenção de uma conduta de procedimentos universalizada nas entrevistas.

12 Aparecer para uma entrevista com pessoas de uma posição socioeconômica mais baixa vestindo, por exemplo, um terno, aumenta muito a probabilidade de intimidação do respondente; usar gírias para entrevistar desembargadores gera uma rejeição imediata e visível ao entrevistador; o uso de palavras carregadas de sentido para o entrevistado pode produzir rejeição ou empatia, dependendo das circunstâncias. Por exemplo, ao entrevistarmos, em outra ocasião, uma série de pessoas de entidades filantrópicas que atuavam em conselhos de assistência social, percebemos que não podíamos utilizar as palavras “política” e “partido”, pois ambas consubstanciavam a ameaça de “partidarização” e “politização” da função essencialmente caritativa da assistência social, apesar de todos os representantes das entidades filantrópicas apoiarem o partido do governo e sua política. Ter um conhecimento prévio e inicial do objeto de estudo ajuda a evitar esses problemas. 13 A barra de probes é uma referência que o aplicador do questionário tem junto às per-

44

O uso do survey no estudo do recrutamento político

Ao fim e ao cabo, se pudéssemos fazer um balanço das vantagens e limites do uso de survey, certamente diríamos que as vantagens superam em muito as dificuldades colocadas por esse tipo de instrumento. Além disso, grande parte dos problemas que são impostos por essa escolha metodológica pode ser contornada com a etapa que descreveremos a seguir: a montagem do questionário. 2. O survey e o desenho da pesquisa: montando o questionário a partir da literatura sobre o tema Antes de discutirmos especificamente a relação entre a literatura e a elaboração do questionário (e o conteúdo deste), é preciso que tratemos de alguns problemas enfrentados antes mesmo da elaboração do questionário. 2.1. Alguns problemas prévios No estudo de recrutamento político enfrentam-se sempre dificuldades crescentes quando tentamos entrevistar os ocupantes de postos mais elevados na estrutura política (senadores, governadores, ministros etc.). Na medida em que nossos questionários buscam informações com os “poderosos”, o uso de websurveys não é uma alternativa viável, já que, nesses casos, aumenta-se muito a taxa de recusa ou de não resposta14 em função de o entrevistado (ou o seu staff) simplesmente apagar a mensagem eletrônica que contém as explicações sobre a pesquisa e o questionário (HEERWEGH; ABTS; LOOSVELDT, 2007). Frente a essa dificuldade, apresentava-se a alternativa da entrevista via telefone15 . Contudo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e suas regionais (os TREs) não forneciam os contatos de telefone dos candidatos.

guntas no momento da conduta de campo. Trata-se de um apoio impresso no questionário ou à parte que cumpre a rotina de verificação de problemas no questionário, na formulação de perguntas e respostas ou ainda para auxiliar o entrevistado com a compreensão dos enunciados. Ao fim e ao cabo, esse instrumento auxilia no aperfeiçoamento do questionário durante a fase de pré-teste, mas também pode ser útil em futuras pesquisas, pois ajuda a aumentar a precisão das perguntas, acompanhar sua compreensão pelos respondentes e sanar problemas na conduta de campo. 14 Heerwegh, Abts e Loosveldt (2007) lembram ainda que a persistência na busca de um mesmo respondente não aumenta a taxa de resposta nos surveys em geral. A maior fonte de não resposta se deve à ausência de tentativa de contato. 15 Um dos principais métodos de coleta via telefone é o chamado CATI: Computer Assisted Telephone Interview, em que um questionário estruturado é aplicado em IVR (Interactive Voice Response) e o computador processa já as bases de dados da amostra.

45

Como estudar elites

A solução era então localizar a população-alvo e garantir uma cobertura da amostra de forma presencial, com entrevistas face à face. Para tanto, selecionamos os estados que iriam compor a pesquisa: São Paulo, Paraná, Sergipe, Rio Grande do Sul e Pará. Como estávamos preocupados em ter uma amostra representativa da unidade de análise, qual seja, os partidos políticos, a aplicação do questionário deveria cumprir os requisitos mínimos para que pudéssemos falar sobre os partidos analisados. Tentando manter a proporcionalidade da amostra, a pesquisa contou com maior quantidade de questionários aplicados em estados onde mais candidatos lançaram-se como deputados federais. O estado de São Paulo, por exemplo, está nominalmente sobrerrepresentado em nossa amostra, porém respeitando a proporcionalidade da distribuição das candidaturas. Ainda assim, para a unidade de grupo que nos interessava, foram coletados 30 questionários de cada partido, permitindo, conforme aponta Pereira (2004), a comparação entre os mesmos. A decisão foi por garantir alguma diversidade regional quanto às características socioeconômicas e culturais, embora sem a pretensão de realizar qualquer inferência sobre o processo de seleção de candidatos no Brasil como um todo, limitando nossas conclusões aos estados pesquisados. O segundo problema a ser resolvido era, então, saber quais os partidos políticos que seriam escolhidos para a amostra, já que dar conta do universo de 29 partidos existentes à época da pesquisa no Brasil seria impossível. A escolha recaiu sob os quatro grandes partidos brasileiros: DEM, PMDB, PSDB e PT. Estes foram escolhidos com um critério muito simples: eram os únicos que possuíam uma bancada na Câmara dos Deputados com, pelo menos, 5% e mais de 10% dos votos do eleitorado nas eleições de 200616. Em seguida, iniciamos uma busca nos partidos políticos, nos sites pessoais de candidatos e qualquer outra fonte que pudesse nos dar acesso à amostra. Essa prática mostrou-se eficiente em tempos eleitorais. Podemos pensar que a vantagem de realizar uma pesquisa no período de campanha é justamente esta: os concorrentes no pleito estão o tempo todo interessados em divulgar o que pensam e falar com a maior quantidade de pessoas possível. Ao assumirem o mandato, essa disposição decai.

O corte de 5% refere-se aos partidos que, em teoria, desfrutariam dessa proporção de votos nas eleições nacionais, funcionando como uma cláusula de barreira para que tivessem acesso aos cargos partidários (como líder de partido e bancada partidária) na Câmara dos Deputados. Além disso, são os partidos que contam com um patamar mínimo (10%) para atuarem como organizações relevantes no sistema partidário brasileiro.

16

46

O uso do survey no estudo do recrutamento político

Um terceiro problema era relativo ao modo de realização da pesquisa que, em nosso caso, foi feita de forma voluntária por colaboradores, em geral alunos de graduação e pós-graduação, que se dispuseram a experimentar a atividade de campo. Isso foi, certamente, um dos grandes limitadores para que pudéssemos expandir nossa investigação para uma amostra representativa do ponto de vista nacional e/ou regional, dada a falta de recursos para remuneração de uma equipe mais ampla. Uma vez equacionados esses problemas, restava-nos estruturar o instrumento de coleta. Abaixo apontamos as principais dificuldades enfrentadas e como tentamos contorná-las. 2.2. Tipos de erros e formas de evitá-los ao montar o questionário Há uma série de erros possíveis ao montar o questionário, como perguntas mal formuladas, utilização de gírias ou regionalismos, ordenação pouco proveitosa das perguntas, entre outros. Porém, lidaremos com os três que mais nos preocuparam na investigação das elites políticas e seu recrutamento. (i)

O primeiro erro, e o mais importante, é não levar em conta o objetivo da pesquisa “em termos dos conceitos a serem pesquisados e da população-alvo” (GHUNTER, 2003, p. 2; FOWLER JR., 2011, p. 25). Ou seja, o pesquisador deve ter profundo conhecimento sobre o que a literatura revela, em especial, dos conceitos e fenômenos que serão analisados através do survey e também daqueles que responderão os questionários.

O primeiro problema é resolvido por meio de uma exaustiva leitura da literatura especializada. O segundo ponto é mais complicado. Em nosso caso, havia dificuldades referentes ao ambiente em que seria aplicado o questionário, sobre o qual não tínhamos qualquer controle. Preocupava-nos, em especial, a possível recusa dos candidatos em respondê-lo, visto que os mesmos estariam em campanha por votos e não estariam interessados em dar entrevistas sem exposição midiática. Percebemos, entretanto, que esse é o momento em que os candidatos mais desejam falar, pois veem nisso uma garantia de alguma exposição pública que possa render votos. Uma pesquisa acadêmica não é, certamente, a mais atrativa das situações nesses casos. Por isso, quando contatamos o candidato ou seu staff, falávamos em pesquisa apenas em termos genéricos

47

Como estudar elites

para, depois, revelarmos que se tratava de um trabalho acadêmico com fins estritamente científicos. (ii)

Um segundo erro importante na construção de questionários diz respeito ao fenômeno largamente conhecido como social desirability (ALMEIDA, 2009, p. 94). Nesses casos, os respondentes podem ter suas respostas determinadas pelo contexto social ou político em que estão envolvidos. Os indivíduos podem mascarar suas verdadeiras posições tendo em vista o que é socialmente desejável.

No caso específico, ao perguntarmos, por exemplo, sobre as características importantes para que uma pessoa fosse escolhida para compor a lista (ou sobre como foi o processo de seleção de candidatos ou, ainda, sobre qual a função de um deputado federal), nossa intenção foi evitar dar aos entrevistados apenas opções politicamente aceitáveis. Um caso típico no Brasil é que políticos em geral tendem a esconder suas posições ideológicas mais ligadas à direita, visto estar esta opção vinculada historicamente ao período da ditadura militar, ainda vivo na memória de grande parte da população17. Em nosso caso específico, havia um problema em perguntar aos entrevistados sobre a avaliação valorativa que os mesmos faziam do processo de seleção de candidatos, ou seja, se o consideravam “democrático”, “hierárquico” ou “burocrático”. Prevendo um possível comportamento socialmente desejável, onde a maior parte dos entrevistados responderia que o processo foi democrático, incluímos outras perguntas a fim de mensurar o conteúdo da resposta18. O resultado foi o esperado: mesmo entrevistados que respondiam terem sido selecionados por um único líder do partido, afirmavam que o procedimento havia sido “democrático”.

17 Outro exemplo disso é o fenômeno, constatado no Reino Unido nos anos 1990, qualificado como “The Shy Tory Factor”. Após anos de governos do Partido Conservador, as pesquisas indicavam que o Partido Trabalhista teria uma pequena maioria no Parlamento. Contudo, o resultado foi que os conservadores conquistaram mais uma vez a maioria, com quase 10% a mais de cadeiras. A explicação foi que os eleitores estavam “escondendo” suas intenções de voto tendo em vista a continuidade do partido por tantos anos. Com a Era Trabalhista de 1997 a 2010, alguns analistas políticos se preocupavam com o fenômeno oposto. Ver “The Shy Labour Factor”. Fonte: . Acesso em: 15 set. 2015. 18 Para perguntas de verificação lógica ver as diferenças no conteúdo das perguntas V.19, V.21 e V.31 do Apêndice 1, ao final deste livro (p.284 e p.287, respectivamente).

48

O uso do survey no estudo do recrutamento político

(iii)

Por fim, tínhamos de lidar com os problemas de recall. Problemas de recall são aqueles em que é preciso contar com a memória a médio e longo prazo do entrevistado. Erro comum, apontado por Halperin e Heath (2012, p. 236), é o chamado telescoping. Ao pedir que um indivíduo descreva uma ação no passado, há tendência de que a memória desse evento se mescle com a lembrança de eventos mais recentes.

Esse problema era particularmente importante para nós por dois motivos muito práticos. Primeiro, com o decorrer da campanha, os candidatos poderiam ter diferentes percepções sobre como foram selecionados. Candidatos que estavam tendo um desempenho mais positivo poderiam avaliar de maneira artificialmente positiva o processo de seleção e viceversa. Além disso, a dinâmica frenética das campanhas eleitorais poderia afetar a memória sobre fenômenos ocorridos meses atrás, diminuindo a exatidão da informação e, consequentemente, sua confiabilidade. Em nosso caso, evitamos os problemas de recall conduzindo as entrevistas em um momento delimitado no tempo, aplicando todos os questionários logo após o registro dos candidatos nas listas eleitorais na convenção partidária de cada sigla, como estabelecido pelo calendário eleitoral brasileiro daquele ano. 2.3. A literatura sobre seleção de candidatos e a elaboração do questionário Até a presente pesquisa, a utilização de survey para o estudo de seleção de candidatos no Brasil é praticamente nula, em qualquer das suas formas ou tipos. Os estudos realizados até então foram empreendidos levando-se em conta as estratégias dos partidos, a organização partidária ou a percepção que os líderes dos partidos têm ao operar a formação das listas (BRAGA, 2008; ÁLVARES, 2008). No entanto, para a nossa sorte, outros estudos, notadamente no Reino Unido e em Portugal, conduziram entrevistas com candidatos para identificar os critérios para a formação da lista partidária (por exemplo, NORRIS; LOVENDUSKI, 1995; FREIRE; VIEGAS; SEICEIRA, 2009). Foi esse conjunto de estudos estrangeiros que nos forneceu algumas orientações iniciais para a montagem do questionário. Uma das formas de antever os problemas pela literatura ou pela ausência de dados sobre um determinado processo ou população é o pré-teste. O pré-teste é largamente mobilizado quando a população é muito hetero-

49

Como estudar elites

gênea ou não há apoio em estudos anteriores sobre o objeto e o problema a ser investigado (ALMEIDA, 2009; SIMÕES; PEREIRA, 2009). Em nosso caso, encontramos na literatura estrangeira abundantes informações que nos ajudaram na formulação de conceitos, indicadores e hipóteses, reduzindo a necessidade de realizar o pré-teste do questionário. Isso foi importante porque o ritmo da nossa pesquisa era definido pelo calendário eleitoral. A partir de meados de julho até o início de outubro dos anos eleitorais as candidaturas são homologadas e estão em franca campanha por votos, enquanto as convenções partidárias devem ocorrer até 30 dias antes do início do pleito. Tínhamos assim um curto espaço de tempo para aplicar o questionário, o que impossibilitava a realização do pré-teste. Nessas situações, poder contar com o forte apoio de uma literatura especializada é algo ainda mais importante. Mas por que aplicar o questionário no interior dos partidos políticos? Por que não em outras instituições que poderiam indicar candidatos, tais como sindicatos, igrejas, associações de bairros, movimentos sociais, associações profissionais, entre tantos outros? Em primeiro lugar, porque a exigência de filiação partidária para concorrer a posições políticas legislativas ou executivas é lei no Brasil19. Em boa parte do mundo isso ocorre de forma semelhante. Alguns países, como os Estados Unidos, El Salvador, Alemanha, Escócia e alguns outros permitem que candidatos se lancem aos legislativos nacionais ou regionais sem a exigência da filiação partidária. Em segundo lugar, porque o partido político é histórica e organizacionalmente a única instituição capaz de atuar tanto na sociedade quanto nas arenas eleitoral e legislativa (PANEBIANCO, 2005). Essa característica faz com que os partidos, mesmo se não formalmente compelidos, sigam sendo o lócus por excelência onde são selecionados os candidatos. Contudo, a despeito da importância central dos partidos, a seleção de candidatos não é apenas um processo partidário. Existe, como aponta Norris (2013), uma série de filtros que socializam, treinam e profissionalizam, tornando apenas um certo grupo de indivíduos aptos para a vida política. Esse processo maior de recrutamento, que antecede temporal e metodologicamente a seleção de candidatos, está intimamente ligado a

19

Conforme a Lei Orgânica dos Partidos Políticos de 1997.

50

O uso do survey no estudo do recrutamento político

dois aparatos centrais para constituição do político: a socialização e a motivação (CZUDNOWSKI, 1975). Para dar conta das dimensões extra e intrapartidárias do processo de seleção de candidatos, dividimos nosso questionário em quatro blocos: (i) questões pessoais sobre o candidato; (ii) questões referentes ao processo de socialização política; (iii) questões que revelassem informações sobre as motivações que levaram o entrevistado a entrar na vida política e, por fim, (iv) questões sobre a percepção dos candidatos acerca do processo de seleção dentro do seu partido. Tentando dar cabo de um modelo completo de recrutamento político, os três blocos finais davam conta justamente daquilo que a literatura aponta como fundamental para que indivíduos se tornem políticos. Iniciamos com questões preocupadas com a relação que os candidatos tiveram com a família, com as atividades escolares (tais como os cursos que se graduaram ou o tipo de escola, se pública ou privada, que frequentaram), com participação em movimentos sociais, associações de bairro, sindicatos, órgãos de classe, movimento estudantil ou religioso. Em seguida, o questionário abordou o tema da motivação política. Preocupou-se em saber onde (em que instituição) e de que modo aquele indivíduo que, durante a entrevista, já estava suficiente engajado a ponto de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, havia começado a se interessar por política. Pensamos que a motivação poderia estar associada à participação dos indivíduos nas instituições pelas quais passaram ao longo da vida. Por exemplo, vimos que boa parte dos entrevistados afirmava ter se interessado por política durante a universidade ou quando frequentou o sindicato ou órgão de classe profissional (PERISSINOTTO; VEIGA, 2014). Adicionalmente, percebemos que o partido político se revelou uma organização que está diretamente associada com a profissionalização política: boa parte dos entrevistados mostrou que passou a encarar a política de forma profissional após assumir algum cargo dentro do partido. A justificativa para todas essas questões era muito simples: para que um indivíduo decida se dedicar à atividade política como profissional não basta que possua recursos socioeconômicos importantes e que tenha a oportunidade de fazê-lo. Essas são, certamente, condições necessárias, mas não suficientes. É preciso ainda que ele tenha vontade de entrar na política. Por fim, dedicamos a maior parte de nossas perguntas para o processo de seleção de candidatos. A preocupação aqui é que, cumpridas as exigências anteriores, um procedimento institucional poderia ser a chave

51

Como estudar elites

para explicar porque são tão poucos os indivíduos que conseguem disputar uma eleição20. A literatura aponta que seleções de candidatos conduzidas por primárias abertas a todos os eleitores não são necessariamente mais democráticas. Nesses casos, a seleção feita por primárias ou por votação com a participação de muitos membros do partido tende a escolher aqueles candidatos que representam a média das características desejadas pela maior parte dos selecionadores, o que pode excluir importantes grupos minoritários, numa espécie de “tirania da maioria”. O espaço para minorias ou grupos sub-representados fica mais restrito, mesmo que pareça, à primeira vista, um processo muito mais inclusivo e democrático (HAZAN; RAHAT, 2010). Por outro lado, candidatos escolhidos apenas por um único líder do partido não estariam dispostos a colaborar com o partido como instituição, com o grupo, manifestando laços de lealdade apenas com aquele que o garantiu na lista eleitoral. Questões dessa natureza é que nortearam a formação das perguntas sobre a seleção de candidatos. Indagamos se os entrevistados haviam sido escolhidos para estarem ali por votação ou por indicação, se os filiados do partido participaram da indicação ou não, ou se a escolha foi realizada por delegados partidários. A articulação dos dados coletados a partir dessas perguntas é que nos levou a reconstruir peça a peça o processo pelo qual os candidatos a deputado federal em 2010 foram nomeados. Num segundo momento, ainda sobre o processo de seleção, tentamos colher variáveis que pudessem nos dizer não somente algo sobre a seleção em si, mas também acerca das consequências desta. Ou seja, tentamos mensurar o comportamento dos candidatos no período eleitoral e sua relação com as bases políticas. Perguntamos se eles seriam disciplinados em relação aos partidos, quem estavam representando eleitoralmente (se o partido, se a região geográfica de onde vinham, se sua categoria profissional etc.). Desta forma conseguimos construir um questionário capaz de dar conta das complexidades do processo de seleção de candidatos dentro dos partidos analisados. Com ele, abordamos a dimensão dos recursos sociais

20 Vale dizer que os dados de Gallagher e Marsh (1988), mesmo que bastante defasados, mostram que apenas 0,04% dos legalmente habilitados conseguem atingir o posto de candidato por um partido qualquer nas democracias ocidentais.

52

O uso do survey no estudo do recrutamento político

possuídos pelos concorrentes, o processo de socialização política pelo qual eles passaram a ponto de gerar motivações subjetivas fortes o suficiente para fazer da política uma área atrativa de atuação e, por fim, o processo seletivo no interior da organização partidária. 3. O campo: os entrevistadores, a aplicação e o questionário São bastante escassos no Brasil os relatos sobre a conduta de campo em pesquisa de survey depois de realizada a aplicação. Alguns autores (BABBIE, 2005; SIMÕES; PEREIRA, 2009) sugerem condutas de pesquisa de campo que, dependendo do contexto, devem ser levadas em consideração e adotadas. Em nosso caso, gostaríamos de abordar três problemas bastante importantes na aplicação do questionário: a figura do entrevistador, a aplicação propriamente dita e o tipo de entrevista. O uso do entrevistador (em vez da entrevista por telefone ou via internet) possui algumas vantagens. A primeira dela é prática. Os entrevistadores compõem parte da equipe de pesquisa e ajudam na solução de problemas operacionais importantes, como, por exemplo, encontrar o telefone ou o e-mail de candidatos em tempos eleitorais em um país de proporções gigantescas como o Brasil, o que já é, por si só, uma tarefa bastante árdua. A segunda vantagem (e, talvez, a maior delas) é que os entrevistadores garantem alta taxa de retorno já que estão o tempo todo em contato com o entrevistado e seu staff de modo a garantir a realização da entrevista21. Nesse sentido, a presença do entrevistador amplia as chances de que os entrevistados responderão de fato ao questionário, permitindo atingir taxas de retorno impensáveis quando comparadas com outras estratégias de pesquisa. A terceira vantagem é que é possível fazer do entrevistador um agente engajado em outras dimensões da investigação e, assim, contar com a sua participação em outros procedimentos, como a preparação dos questionários, a elaboração de material de apoio e outros detalhes da pesquisa. O uso do entrevistador ajuda, assim, a reduzir os custos que, em outros casos, exigem ainda o envio de folders explicativos, material gráfico ou ainda a criação de websites. A presença do entrevistador elimina boa parte desse aparato.

Babbie (2005, p. 253-254) admite que o estabelecimento de valores específicos para taxas de retorno é rudimentar e bastante arbitrário. Porém, taxas muito abaixo da metade da amostra oferecem o risco de inviabilizar a amostra em si.

21

53

Como estudar elites

A quarta vantagem é que a figura do entrevistador diminui a quantidade de respostas “não sei” e “sem resposta”, já que a simples presença de um interlocutor constrange a escolha dessa opção. O entrevistador pode insistir para que o entrevistado escolha uma das opções disponíveis22. O entrevistador pode ainda ajudar o entrevistado a entender o mecanismo do questionário, os procedimentos de pesquisa ou desfazer confusões sobre os itens listados e as opções de resposta. É muito importante que se diga, porém, que não se trata de uma interferência na escolha do respondente, mas sim de esclarecer possíveis dúvidas que este possa ter, o que é geralmente feito através do uso de barras de probes. Por fim, o entrevistador pode fazer observações que achar pertinentes quanto ao comportamento do respondente, como tempo de resposta, conduta (se nervoso, apreensivo, debochado, indolente etc.). É claro que o uso do entrevistador tem desvantagens. A principal delas é que a presença de um aplicador forçosamente reduz a privacidade do entrevistado e isso pode levá-lo a se sentir constrangido para responder questões mais polêmicas ou mais sensíveis socialmente. O respondente pode, nesses casos, tentar usar o entrevistador para saber exatamente qual a resposta aceitável ou esperada. Com entrevistadores mal treinados, esses problemas podem se tornar ainda mais graves. A conduta do entrevistador no campo é orientada por dois axiomas metodológicos. O primeiro é a neutralidade do pesquisador. Nas palavras de Babbie (2005, p. 260), “o entrevistador deverá ser um meio neutro, através do qual perguntas e respostas são transmitidas” (grifo no original). O segundo axioma é que o survey deve ser um instrumento “irrealista de cognição” (ibidem), ou seja, cada pergunta e cada item de resposta deve representar exatamente a mesma coisa para cada respondente. Na prática esses axiomas dificilmente são efetivados à risca. Mesmo levando-se em conta prescrições sobre a forma de se vestir, de se portar ou de falar, elementos imprevistos interferem na percepção do entrevistado sobre o entrevistador23. Contudo, o conhecimento prévio de elementos da políti-

Em tese, isso poderia ser um problema. Porém, não se trata de proibir que o entrevistado diga que não sabe a resposta ou que não quer responder à pergunta, mas sim de evitar que respondentes utilizem as opções “não sei” ou “não respondeu” como fuga para agilizar o preenchimento do questionário ou não manifestar uma opinião que julga comprometedora. Por essa razão, em questionários auto-administrados os pesquisadores geralmente preferem retirar essas opções de resposta.

22

54

O uso do survey no estudo do recrutamento político

ca partidária como o nome do partido, as exigências legais para uma candidatura, o formato esperado da seleção, entre outros, podem contribuir para que o questionário seja aplicado da maneira mais padronizada possível para cada respondente. O segundo problema que gostaríamos de discutir neste item é o da aplicação dos questionários. Esse procedimento se deu em sua maior parte durante convenções partidárias que homologaram os candidatos a deputado federal em 2010 ou em contatos posteriores, mas ainda assim durante os 30 primeiros dias da campanha eleitoral daquele ano. Na maior parte das vezes, se o entrevistado não podia nos dar a entrevista durante a convenção do partido, ele era contatado por telefone imediatamente nos dias subsequentes à convenção, tentando evitar assim que o andamento da campanha política afetasse as respostas. Este é um problema sério do processo de pesquisa. As convenções partidárias não são o melhor momento para a aplicação do questionário dado o caráter conturbado do ambiente e a quantidade de estímulos que desviam a atenção do entrevistado. Mas esse é um problema sobre o qual não tínhamos controle. Quando não conseguimos controlar o contexto da entrevista, é altamente recomendável que o questionário seja o mais amigável possível para o entrevistado, e aqui chegamos ao terceiro ponto. Nosso questionário foi desenhado para que cada entrevista não levasse mais do que 20 minutos. A nosso ver, esse seria um tempo razoável para que alguém em meio a uma convenção respondesse sem grandes constrangimentos. No entanto, o que vimos foram reclamações por parte dos entrevistados sobre o tempo excessivamente longo necessário para responder à pesquisa. Isso se deveu em grande parte à dificuldade de entendimento de algumas de nossas questões, que continham um número excessivo de alternativas. Isso ocorreu porque, seguindo a recomendação de Babbie (2005), procuramos usar o questionário para cobrir o máximo possível de itens sobre um objeto ainda pouco estudado, o que nos levou

23 Por exemplo, a linguagem que o entrevistador utiliza, se mais ou menos formal; o sotaque, que pode revelar determinadas origens; acessórios nas roupas e no corpo; expressões faciais inevitáveis frente a respostas polêmicas etc. Esses exemplos evidenciam pequenos detalhes que podem fornecer ao entrevistado pistas sobre a condução do questionário e sobre seu comportamento durante a entrevista. Mesmo entrevistadores com anos de prática e treinamento podem incorrer nesses pequenos deslizes e revelar esta ou aquela emoção.

55

Como estudar elites

a pecar por exagero. Esse exagero, combinado com o ambiente inerentemente pleno de distrações que é a convenção partidária, trouxe dificuldades para a aplicação. Observe-se que mesmo o pré-teste não teria antecipado esse problema, pois seria impossível reproduzir o ambiente da convenção partidária. Para terminar este item com algumas recomendações suscitadas por nossa experiência, sugerimos que o coordenador de pesquisa conte com uma equipe de entrevistadores muito bem treinada, que procure antecipar o máximo possível os eventuais problemas contextuais a serem enfrentados de modo a adaptar o questionário a eles e, nos casos em que isso for possível, realizar o pré-teste do instrumento de coleta de dados. Por fim, elaborar um questionário que não seja enfadonho nem demasiadamente complexo. Avaliamos ainda que, para o caso de uma pesquisa sobre seleção de candidatos, o questionário deve, apesar de simples, dar conta das dimensões extra e intrapartidária do processo seletivo. Conclusões O capítulo procurou elencar os limites e vantagens da técnica de survey para a pesquisa em Ciências Sociais em geral e para estudos de recrutamento político e seleção de candidatos, em particular. No caso específico de nossa análise sobre o processo de seleção de candidatos em quatro grandes partidos brasileiros, pensamos que o survey nos auxiliou em duas frentes, uma operacional e outra teórica. Primeiramente, viabilizou a própria realização da pesquisa. Sua aplicação nos permitiu gerar informações sobre o processo seletivo dentro dos partidos políticos que não poderiam ser encontradas em qualquer outra fonte. Em segundo lugar, o modo como estruturamos o questionário nos possibilitou dar a devida importância ao caráter complexo do processo de recrutamento político, chamando atenção para as dimensões extra e intrapartidárias do mesmo. Desse modo pudemos encarar a seleção de candidatos não como algo estático, localizado no momento da convenção partidária, mas como um processo de longa duração, que se inicia muito antes dos embates dentro do partido, mas certamente atinge seu auge no interior dessa organização. Em nenhum momento, porém, julgamos que o uso de survey pudesse esgotar todas as possibilidades de uma pesquisa como essa ou que pudesse simplesmente dispensar o uso de técnicas distintas. Entrevistas em profundidade com grupos reduzidos e a etnografia de momentos-chave do

56

O uso do survey no estudo do recrutamento político

processo eleitoral, como as convenções partidárias, podem ser conjugadas com o uso do survey e produzir resultados mais completos e evitar sobrecarregar o questionário com perguntas muito amplas e com uma lista de alternativas demasiado extensa (CARNAGHAN, 2007). Pensamos, portanto, que temos tudo a perder e nada a ganhar com a pureza metodológica.

57

Como estudar elites

Referências

AGUIAR, N. Qual a contribuição dos métodos quantitativos em ciências sociais para a conhecimento da sociedade brasileira? In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 25, Caxambu. 2001. ALMEIDA, C. A. A cabeça do brasileiro. Rio de Janeiro: Record, 2009. _____. Erros nas pesquisas eleitorais e de opinião. Rio de Janeiro: Record, 2009. ÁLVARES, M. L. M. Recrutamento político e seleção de candidaturas: acesso às listas e o papel das lideranças no “jardim secreto”. In: ENCONTRO DA ABCP, 6, Campinas. 2008. BABBIE, E. Métodos de Pesquisa de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. BOLOGNESI, B. A seleção de candidaturas no DEM, PMDB, PSDB e PT nas eleições legislativas federais brasileiras de 2010: percepções dos candidatos sobre a formação das listas. Revista de Sociologia e Política, v. 21, n. 46, p. 45-68, 2013. BOLOGNESI, B.; MEDEIROS, P. L. Aspectos motivacionais do recrutamento político: um estudo inicial dos candidatos a deputado federal no Brasil (2010). Paraná Eleitoral, v. 3, n. 2, p. 301-326, 2014. BRADY, H. E. Contributions of Survey Research to Political Science. PS: Political Science & Politics, v. 33, n. 1, p. 47-57, 2000. BRAGA, M. S. S. Organizações partidárias e seleção de candidatos no estado de São Paulo. Opinião Pública, v. 14, n. 2, p. 454-485, 2008. CARNAGHAN, E. How Intensive Interviews Can Contribute to Survey Research. Committe on Concepts and Methods, Working Paper Series, n. 11. International Political Science Association, 2007. CORTADA DE KOHAN, N. Teoría y métodos para la construcción de escalas de actitudes. Buenos Aires: Lugar, 2004. CZUDNOWSKI, M. Political Recruitment. In: POLSBY, N.; GREENSTEIN, F. (Ed.). Handbook of Political Science. V. 2: Micropolitical Theory. Reading, MA: Addison Wesley, 1975. FOWLER JR., F. J. Pesquisa de levantamento. Porto Alegre: Penso, 2011. FREIDENBERG, F.; LEVITSKY, S. Organización informal de los partidos en America Latina. Desarollo Económico, v. 46, n. 184, p. 539-568, 2008. FREIRE, A.; VIEGAS, J. M. L.; SEICEIRA, F. (Ed.). Representação Política em Portugal. Inquérito e Bases de Dados. Lisboa: Sextante Editora, 2009. GALLAGHER, M.; MARSH, M. Candidate Selection in Comparative Perspective. The secret garden of politics. London: Sage Publications, 1988. GHUNTER, H. Como elaborar um questionário. Série “Planejamento de Pesquisa nas Ciências Sociais”, n. 1. Brasília: Editora UNB, 2003. HAIR, J. F. et. al. 2005. Análise Multivariada de Dados. 5. Ed. São Paulo: Editora Bookman, 2005.

58

O uso do survey no estudo do recrutamento político

HALPERIN, S.; HEATH, O. Political Research. Methods and practical Skills. Oxford: Oxford University Press, 2012. HAZAN, R.; RAHAT, G. Democracy within Parties. Oxford: Oxford University Press, 2010. HEERWEGH, D.; ABTS, K.; LOOSVELDT, G. Minimizing Survey Refusal and Noncontact Rates: Do our efforts pay off? Survey Research Methods, v. 1, n. 1, p. 3-10, 2007. JOHNSTON, R. Survey Methodology. In: COLLIER, D.; BRADY, H. (Ed.). The Oxford Handbook of Political Methodology. Oxford: Oxford Handbooks Online, 2009. LEEUW, E.; HOX, J.; DILLMAN, D. The Cornerstones of Survey Research. In: LEEUW, E.; HOX, J.; DILLMAN, D. (Ed.). International Handbook of Survey Methodology. New York: Lawrence Erlbaum Associates/Taylor & Francis, 2008. KING, G.; KEOHANE, R. O.; VERBA, S. El diseño de la investigación social. La inferencia científica en los estudos qualitativos. Madrid: Alianza Editorial, 2000. MARENCO DOS SANTOS, A. Nas Fronteiras do campo político. Raposas e outsiders no congresso nacional. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 12, n. 33, p. 87-101, 1997. MARTIN, F. A. La encuesta: una perspectiva general metodológica. Col. Cuadernos Metodológicos, n. 35. 2. Ed. Madrid: Centro de Investigaciones Sociológicas, 2011. NORRIS, P.; LOVENDUSKI, J. Political Recruitment. Gender, Race and Class in the British Parliament. Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1995. NORRIS, P. Recrutamento político. Revista de Sociologia e Política, v. 21, n. 46, p. 11-32, 2013. ONUKI, J.; MAGALHÃES, R. N.; OLIVEIRA, A. J. Protagonismo e inserção internacional: opinião pública e política externa no Brasil. In: ENCONTRO DA ABCP, 8, Gramado. 2012. PANEBIANCO, A. Modelos de partido: organização e poder nos partidos políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2005. PEREIRA, J. C. Análise de Dados Qualitativos. São Paulo: Edusp, 2004. PERISSINOTTO, R. M.; BOLOGNESI, B. Electoral Success and Political Institutionalization in the Federal Deputy Elections in Brazil (1998, 2002 and 2006). Brazilian Political Science Review, v. 4, n. 1, p. 1-20, 2010. PERISSINOTTO, R. M.; MIRIADE, A. Caminhos para o parlamento: candidatos e eleitos nas eleições para deputado federal em 2006. Dados, v. 52, n. 2, p. 301-333, 2009. PERISSINOTTO, R. M.; VEIGA, L. F. Profissionalização política, processo seletivo e recursos partidários: uma análise da percepção dos candidatos do PT, PMDB, PSDB e DEM nas eleições para Deputado Federal de 2010. Opinião Pública, v. 20, n. 1, p. 49-66, 2014. POWER, T.; MOCHEL, M. G. Shaping the Brazilian Political Class: Causes and Consequences of Recruitment to the Chamber of Deputies. Canadian Journal of Latin American & Caribbean Studies, v. 34, n. 67, p. 5-40, 2009. RODRIGUES, L. M. Mudanças na classe política brasileira. São Paulo: Publifolha, 2006. ROSENBERG, M. A lógica da análise do levantamento de dados. São Paulo: Cultrix/Edusp, 1976.

59

Como estudar elites

SIMÕES, S.; PEREIRA, M. A. M. A arte e a ciência de fazer perguntas. Aspectos cognitivos da metodologia de survey e a construção do questionário. In: AGUIAR, N. (Ed.). Desigualdades Sociais, Redes de Sociabilidade e Participação Política. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009, p. 249-269. SIMSEK, Z. Sample Surveys via Electronic Mail: a comprehensive perspective. Revista de Administração de Empresas, v. 39, n. 1, p. 77-83, 1999. SPADA, P.; GUIMARÃES, F. de S. Investigating Elite Behavior through Field Experiment in Brazil: Do candidates answer more to core or swing voters? Brazilian Political Science Review, v. 7, n. 1, p. 56-73, 2013.

60

Apêndices

Apêndice 1 – Como elaborar um survey1 Caminhos para o poder: seleção de candidatos para Deputado Federal no Brasil nas eleições 2010 UFSCar UFPR UFPA UFS

PUC-RS

SURVEY – Aspirantes e Candidatos Coordenadores: Profa. Dra. Maria do Socorro Braga (UFSCar), Profa. Dra. Luciana Veiga (UFPR), Prof. Dr. Renato Monseff Perissinotto (UFPR), Profa. Dra. Maria Luzia Álvares (UFPA); Prof. Dr. Wilson Oliveira (UFS); Prof. Dr. Flávio Heinz (PUC-RS). Pesquisadores: Prof. Dr. Emerson Cervi (UFPR), Bruno Bolognesi (UFSCar), Carolina Almeida de Paula (IESP), Sandra Avi dos Santos (UFPR) e Ivan Ervolino (UFSCar).

Bloco A - DADOS INICIAIS

Bloco B - BACKGROUND POLÍTICO E PROFISSIONAL

V.1. Nome:

V.7. O senhor pode me dizer até qual nível educacional estudou? [Se responder de 1 a 9 pular para a V.8.]

V.2. Idade: V.3. Partido: V.4. Origem Política:

1. Ensino primário incompleto. 2. Ensino primário completo. 3. Ensino básico incompleto. 4. Ensino básico completo. 5. Ensino médio incompleto. 6. Ensino médio completo. 7. Ensino técnico incompleto. 8. Ensino técnico completo. 9. Ensino superior incompleto. 10. Ensino superior completo. 11. Especialização completa. 12. Mestrado completo. 13. Doutorado completo. 88. NS 99. NR

V.5. Sexo:

0. Feminino 1. Masculino 99. NR V. 6. Estado civil:

1. Casado 2. Solteiro 3. Separado ou divorciado 4. Viúvo 99. NR

1 Survey mencionado no capítulo 2 “O uso do survey no estudo do recrutamento político: limites e vantagens”.

281

Como estudar elites

V.11.a. Se SIM, qual outro partido o senhor já foi filiado?

V.7.a. SE superior completo ou acima, o senhor poderia dizer qual curso? V.8. O senhor poderia nos dizer a sua profissão? [Se responder político profissional, ir para a V.9.]

V.8.a. [No caso de profissão NÃO POLÍTICA na V.8.] O senhor exerce esta profissão junto com sua atividade política?

Partido 1

Ano

Partido 2

Ano

Partido 3

Ano

V.12. O senhor já ocupou cargo político antes desta candidatura?

1. Sim [Ir para a V.13.] 0. Não [Ir para a V.14.] 88. NS 99. NR

0. Não 1. Sim 88. NS 99. NR

V.13. [ANEXO 02] Se SIM,marcar quantas opções foram necessárias por ordem cronológica (1ª, 2ª, etc):

V.9. [ANEXO 01] Destas organizações, o senhor poderia nos dizer a qual o senhor é vinculado? 1. Organizações recreativas ou culturais 2. Organizações religiosas 3. Organizações sociais 4. Organizações acadêmicas 5. Sindicatos 6. Organizações profissionais que não sindicatos 7. Movimento estudantil 8. Organizações de mulheres 9. Associação de Bairro 10. Outras Qual?

  Vereador

V.10. O senhor poderia nos dizer desde quando o senhor é filiado a este partido?

  Assessor parlamentar

  Prefeito   Deputado estadual   Deputado federal  Senador  Governador   Secretário de Estado   Secretário Municipal   Executivo de Empresa Estatal   Dirigente Partidário

V.11. O senhor foi filiado a outro partido, anterior a este?

  Outros cargos político-administrativos 88. NS 99. NR

1. Sim [Ir para v.11.a.] 0. Não [Ir para a V.12.] 88. NS 99. NR

282

Como elaborar um survey

V.14. O senhor poderia nos dizer, quanto tempo em média dedica às atividades políticopartidárias no período de um mês?

7. Possibilidade de representar meu partido 8. Possibilidade de desenvolver uma carreira política 88. NS 99. NR

V.14.a. Políticas

V.16. [ANEXO 04] O senhor poderia nos dizer os três tipos de apoios que mais foram importantes para a sua candidatura? [Marcar por ordem de importância].

1. Mais de 5 horas 2. De 5 até 10 horas 3. De 10 até 20 horas 4. De 20 até 40 horas 5. Mais de 40 horas 88. NS 99. NR



1. Até 5 horas 2. De 5 até 10 horas 3. De 10 até 20 horas 4. De 20 até 40 horas 5. Mais de 40 horas 88. NS 99. NR

V.17. [ANEXO 05] Quais as três principais características que o senhor julga serem as mais importantes para ser candidato a Deputado Federal?

Bloco C - PROCESSO DE SELEÇÃO



V.15. [ANEXO 03] Dentre as razões a seguir, poderia nos dizer, em ordem de importância, as três principais que justificariam a sua candidatura para a Câmara dos Deputados? 2º



1. Apoio da Família 2. Amigos e colegas de trabalho 3. Apoio dos militantes do partido 4. Apoio de organização em que participa ou representa 5. Apoio da mídia 6. Apoio dos dirigentes do partido 7. Apoio de eleitores 8. Não teve muito apoio 88. NS 99. NR

V.14.b. Partidárias









1. Conhecimento sobre o funcionamento da “política” 2. Recursos financeiros próprios 3. Domínio de oratória e retórica política 4. Possuir bom trânsito no partido 5. Possuir densidade eleitoral (bom de voto) 6. Boa reputação pessoal ou prestígio profissional fora da vida política 7. Firmeza ideológica 8. Apoio de movimentos sociais e de base 9. Disponibilidade (tempo) 88. NS 99. NR



1. O status que se obtém através do cargo de deputado 2. A possibilidade de lutar por ideais que defende 3. Possibilidade de colaborar com o bem público e comum 4. Chance de ser eleito 5. Possibilidade de representar o meu grupo social ou profissional 6. Possibilidade de representar a região onde vivo

283

Como estudar elites

V.18. [ANEXO 05] O senhor poderia dizer quais características avalia como as três mais importantes para ser eleito Deputado Federal? 1º



V.20.a. [ANEXO 07] Se NÃO, por favor, nos indique dentre as alternativas abaixo, quais fatores o senhor julga limitar as chances de candidaturas femininas [selecionar 3 opções de resposta, por ordem de importância].



1. Conhecimento sobre o funcionamento da “política” 2. Recursos financeiros próprios 3. Domínio de oratória e retórica política 4. Possuir bom trânsito no partido 5. Possuir densidade eleitoral (bom de voto) 6. Boa reputação pessoal ou prestígio profissional fora da vida política 7. Firmeza ideológica 8. Apoio de movimentos sociais e de base 9. Disponibilidade (tempo) 88. NS 99. NR







1. As mulheres colocam a família acima de uma carreira política 2. As mulheres não têm um preparo adequado para o exercício de cargos políticos 3. As mulheres encontram dificuldade em conciliar as funções políticas com as atividades familiares e domésticas 4. Os partidos limitam as oportunidades de as mulheres alçarem cargos e postos políticos 5. As mulheres têm pouco interesse por política 6. A vida política é impraticável para as mulheres 88. NS 99. NR

V.19. [ANEXO 06] Sobre o processo de seleção de candidatos em seu partido, o senhor diria que o mesmo é [selecionar três opções de resposta].

V.21. [ANEXO 08] Das opções abaixo, quais o senhor considera serem os objetivos do processo de seleção de candidatos em seu partido? Responda sim ou não.

1. Democrático (participação de filiados e membros) 2. Competitivo (alta concorrência) 3. Hierárquico (indicação de líderes) 4. Burocrático (segue regras formais e etapas) 5. Centralizado (intervenção da executiva nacional e/ou regional) 6. Descentralizado (NÃO intervenção da executiva nacional e/ou regional) 88. NS 99. NR

1. Garantir a qualidade dos candidatos Sim

Não

2. Promover renovação entre os candidatos e parlamentares Sim

V.20. Na sua opinião, o senhor considera adequada a quantidade de mulheres que concorrem à Câmara dos Deputados por seu partido?

Não

3. Evitar excesso de concorrência entre os candidatos da lista Sim

Não

4. Reduzir lógicas clientelistas dentro do partido 1. Sim [Ir para a V.21] 0. Não [Ir para a V.20.a.] 88. NS 99. NR

Sim

284

Não

Como elaborar um survey

5. Promover a participação de militantes e filiados na escolha dos candidatos Sim

2. Acatar a posição do partido 88. NS 99. NR

Não

6. Centralizar o processo de recrutamento dos candidatos Sim

V. 23. Em que momento de sua vida começou a se manifestar o seu interesse por política:

Não

7. Descentralizar a seleção, permitindo indicações de líderes regionais ou locais Sim

1. Na vida familiar, pois em casa sempre se discutiu política 2. Durante o segundo grau escolar, no movimento estudantil 3. Durante a faculdade, no movimento estudantil 4. No meu local de trabalho 5. No sindicato 5. Por influência de amigos 6. Outra: Qual?

Não

8. Criar laços de lealdade entre candidato e partido Sim

Não

9. Criar laços de lealdade entre candidato e líderes Sim

Não

10. Assegurar a ligação dos candidatos com a base social do partido Sim

V.24. O senhor se dedica à atividade política em tempo integral?

Não

11. Garantir disciplina dos candidatos e possíveis eleitos Sim

1. Sim [Ir para a V.24.a. e V.24.b.] 0. Não [Ir para a V.24.c.] 88. NS 99. NR

Não

12. Preencher uma quantidade mínima de candidatos na lista do partido Sim

Não

V.24.a. [Se respondeu SIM na questão V.24] O senhor poderia nos dizer em qual momento de sua vida passou a se dedicar integralmente às atividades políticas?

88. NS 99. NR Agora, por favor, escolha as três opções mais importantes 1º





1. Antes de filiar-me ao partido político 2. Desde que me filiei ao partido 3. Desde quando tenho meu primeiro cargo no partido 4. Desde quanto assumi cargo de confiança 5. Desde quando assumi cargo eletivo 6.  Outra Qual? 88. NS 99. NR

V.22. Caso exista uma divergência pontual entre o programa político do seu partido e as opiniões do senhor, o comportamento durante a campanha deveria ser...

1. Manter a minha posição pessoal

285

Como estudar elites

V.24.b. [Se respondeu SIM na questão V.24] O Senhor poderia nos dizer qual a principal razão que o levou a se dedicar integralmente à atividade política?

V.26. Tendo em vista o comportamento do eleitor, o senhor acredita que ele vota:

1. Por simpatia pessoal pelo candidato 2. Por adesão às idéias do candidato 3. Por simpatia pelo partido 4. Por adesão às propostas do partido político 88. NS 99. NR

1. O aumento de minhas responsabilidades político-partidárias 2. A vontade de me profissionalizar como político 3. Falta de tempo para me dedicar à outra atividade 4. Incentivo para me profissionalizar vindo de colegas e familiares 5. Outra Qual?

V.27. O senhor poderia nos dizer o quanto considera importante a participação de filiados do partido no momento da escolha dos candidatos?

V. 24.c. [Se respondeu NÃO na questão V.24] O senhor poderia nos dizer qual a principal razão que o impede de se dedicar integralmente à atividade política?

1. Muito importante 2. Importante 3. Tanto faz 4. Pouco importante 5. Nada importante 88. NS 99. NR

1. Não tenho interesse em dedicar-me integralmente à atividade política 2. A minha renda depende substancialmente de minha outra atividade profissional 3. Gosto mais de minha profissão de origem do que da atividade política 4. A má fama dos políticos profissionais 5. Outra Qual?

V.28. O quanto essa participação ocorre realmente em seu partido?

1. Em todo o processo de seleção dos candidatos 2. Apenas pontualmente 3. Em nenhum momento do processo de escolha dos candidatos 88. NS 99. NR

V.25. O senhor poderia nos dizer qual a principal razão que o levou a se interessar por política?

1. Ter poder para tomar decisões importantes 2. Vontade de mudar a política 3. Seguir a carreira política 4. Como forma de obter prestígio e influência 5. Simples curiosidade 6. Outra: Qual?

286

Como elaborar um survey

V.29. [ANEXO 09] O senhor poderia nos dizer qual tipo de apoio obteve ou espera obter de seu partido para campanha eleitoral?

5. Votos de lideranças e/ou Executiva do partido Sim

6. Indicação de lideranças regionais Sim

1. Recurso Financeiro 2. Material de campanha (panfletos, santinhos) 3. Espaço no horário eleitoral gratuito 4. Apoio da militância 5. Apoio político de parlamentares ou líderes do partido 6. Desfrutar do programa do partido 7. Desfrutar do prestígio do partido 8. Não espero obter/Não obtive apoio 88. NS 99. NR

Sim Sim 99. NR

V.32. Sobre as lideranças do seu partido, o senhor poderia nos dizer as três pessoas que acredita serem as mais influentes em seu partido no Estado. 1.

Posição:

2.

Posição:

3.

Posição:

V.33. Por favor, o senhor poderia citar três nomes que considera importantes dentro do partido para o sucesso de sua candidatura.

1. Voto dos filiados do partido Não

1.

Posição:

2.

Posição:

3.

Posição:

V.34. Quando o senhor resolveu tornar-se candidato, o senhor acreditava que seria de fato escolhido pelo partido para compor a lista?

2. Indicação de filiados Não

3. Indicação por associações ou instituições ligadas ao partido

1. Sim [Ir para a V.34.a.] 0. Não [Ir para a V.34.b.] 88. NS 99. NR

Não

4. Voto por delegados e/ou representantes eleitos do partido Sim

Não

88. NS

Opção predominante: 

Sim

Não

8. Indicação de um único líder do partido

V.31. [ANEXO 10] Tendo em vista sua experiência durante o processo de seleção de candidatos a deputado federal em seu partido, o senhor diria que o processo é feito em sua maior parte por (após a respostas, solicitar a indicação do processo predominante no partido).

Sim

Não

7. Indicação da Executiva (regional ou estadual)

V.30. O senhor poderia nos dizer quantas vezes foi candidato a Deputado Federal por seu partido?

Sim

Não

Não

287

Como estudar elites

V.34.a [ANEXO 11] Por que o senhor acreditava que conseguiria de fato ser candidato pelo partido?

V.35.a. [ANEXO 13] Se SIM, por qual motivo?



1. Baixa concorrência dentro do partido 2. Grande montante de recurso financeiro 3. Boa inserção dentro do partido 4. Possibilidade de fazer uma boa votação 5. Boa reputação em minha vida pessoal e/ou profissional 6. Influência de líder partidário importante 7. Possuo boa quantidade de recursos financeiros próprios 88. NS 99. NR





1. Baixa concorrência dentro do partido 2. Baixa concorrência em meu estado 3. Sua boa inserção dentro do partido 4. Possibilidade de fazer uma boa votação 5. Boa reputação em minha vida pessoal e/ ou profissional 6. Possibilidade de trazer votos para o partido, mesmo se não eleito 7. Influência de líder partidário importante 8. Possuo boa quantidade de recursos financeiros próprios 88. NS 99. NR

V.36. E o senhor acredita que o partido aposta em sua vitória?

V.34.b. [ANEXO 12] Por que o senhor NÃO acreditava que conseguiria de fato ser candidato pelo partido? 1º



1. Sim [Ir para a V.36.a.] 0. Não [Ir para a V.36.b.] 88. NS 99. NR



V.36.a. [ANEXO 14] Se SIM, por qual motivo?

1. Alta concorrência dentro do partido 2. Alta concorrência em meu estado 3. Pouca inserção dentro do partido 4. Pouca possibilidade de fazer boa votação 5. Não tenho apoio de líder partidário importante 6. Pouca quantidade de recursos financeiros próprios 88. NS 99. NR

1. Baixa concorrência dentro do partido 2. Baixa concorrência em meu estado 3. Boa inserção dentro do partido 4. Possibilidade de fazer uma boa votação 5. Boa reputação em minha vida pessoal e/ ou profissional 6. Influência de líder partidário importante 7. Possuo boa quantidade de recursos financeiros próprios 88. NS 99. NR

V. 35. E o senhor acredita que pode vencer as eleições?

1. Sim [Ir para a V.35.a.] 0. Não [Ir para a V.36.] 88. NS 99. NR

288

Como elaborar um survey

V.36.b. [ANEXO 12] Se NÃO, por qual motivo?

1. Alta concorrência dentro do partido 2. Alta concorrência em meu estado 3. Pouca inserção dentro do partido 4. Pouca possibilidade de fazer boa votação 5. Não tenho apoio de líder partidário importante 6. Pouca quantidade de recursos financeiros próprios 88. NS 99. NR V.37. Sabendo das posições ideológicas que as pessoas usualmente assumem e tendo em vista uma escala de 1 a 7, onde 1 é a extrema esquerda e 7 é a extrema direita, o senhor poderia me dizer em que posição se situa? 1

2

3

4

5

6

7

6

7

88. NS 99.NR V.37.b. E o seu partido? 1

2

3

4

5

88. NS 99. NR Ficamos muito gratos por sua colaboração. Lembro que os dados serão apresentados sempre de forma agregada. Qualquer dúvida, o senhor esteja à vontade para entrar em contato conosco Entrevistador: V. 39. Data da entrevista: ___/___/___ Hora: ___:___ Local:

289

Sobre os autores

Adriano Codato

é professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e editor da Revista de Sociologia e Política (www.scielo.br/rsocp). Realizou estágio de pós-doutorado no Centre européen de sociologie et de science politique de la Sorbonne (CESSP-Paris). Coordena o Observatório de elites políticas e sociais do Brasil (http://observatory-elites.org/). É pesquisador do CNPq.

Ana Paula Lopes

é mestre em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutoranda em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Bruno Bolognesi

é professor de Ciência Política na Universidade Federal do Paraná (UFPR), doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e pesquisador do Núcleo de Estudos dos Partidos Políticos Latino-Americanos (NEPPLA) da mesma universidade e do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP/UFPR).

Emerson Urizzi Cervi

é doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e professor do Progra-

318

Sobre os autores

ma de Pós-Graduação em Ciência Política e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ernesto Seidl

é doutor em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). É pesquisador do CNPq.

Fernanda Rios Petrarca

é pós-doutora em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professora do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e pesquisadora do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP).

Flávio Heinz

é doutor em História e Sociologia do Mundo Contemporâneo pela Université de Paris X (Nanterre), professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Lucas Massimo

é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Editor Executivo da Revista de Sociologia e Política (www.scielo.br/rsocp) e pesquisador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Luiz Domingos Costa

é doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e do Centro Universitário Uninter e pesquisador do Núcleo de Pes­quisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Paula Butture

é mestre em Ciência Política pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP-UFPR).

Paulo Roberto Neves Costa

é doutor em Ciência Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR). É pesquisador do CNPq.

Renato Monseff Perissinotto

é pós-doutor pela University of Oxford, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Núcleo de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP/UFPR). É pesquisador do CNPq.

Wilson José Ferreira de Oliveira

é doutor em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Pesquisador do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS) e do Observatório de Elites Políticas e Sociais do Brasil (UFPR).

319

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.