O viés da cobertura política da imprensa
O viés da cobertura política da imprensa nas eleições presidenciais brasileiras de 2002, 2006 e 2010
1
Pedro Santos Mundim 1
Programa de Pós-graduação em Ciência Política Faculdade de Ciências Sociais Universidade Federal de Goiás
IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Pedro Santos Mundim - PPGCP/FCS/UFG
AT: Comunicação política e opinião pública
O viés da cobertura política da imprensa
De ninido viés midiático (
IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
media bias )
O viés midiático se manifesta como supressão da informação. Ou seja, a mídia pode seletivamente omitir informações relevantes (. . . ), mas não pode simplesmente 'fabricá-las' (Bernhardt, Krasa e Polborn, 2008, p.1093). O viés não ocorre por desonestidade, mas pela preferência na escolha de fatos ou histórias em que apenas um lado do espectro político é mencionado (Groseclose e Milyo, 2005, p.10241025).
Pedro Santos Mundim - PPGCP/FCS/UFG
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O viés da cobertura política da imprensa
De ninido viés midiático (
IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
media bias )
O viés midiático se manifesta como supressão da informação. Ou seja, a mídia pode seletivamente omitir informações relevantes (. . . ), mas não pode simplesmente 'fabricá-las' (Bernhardt, Krasa e Polborn, 2008, p.1093). O viés não ocorre por desonestidade, mas pela preferência na escolha de fatos ou histórias em que apenas um lado do espectro político é mencionado (Groseclose e Milyo, 2005, p.10241025).
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O viés da cobertura política da imprensa
IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Dois tipos de explicação sobre viés midiático
Oferta: quem oferece as informações (predominantes no Brasil) Posicionamento ideológico das chamadas elites midiáticas jornalistas, editores e proprietários dos veículos. Abordagens críticas.
Demanda: quem consome as informações (pouco discutido no Brasil) Adequação do conteúdo ao per l da clientela que deseja atingir. Forte in uência do modelo de competição espacial e diferenciação de produtos de Harold Hotelling.
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Dois tipos de explicação sobre viés midiático
Oferta: quem oferece as informações (predominantes no Brasil) Posicionamento ideológico das chamadas elites midiáticas jornalistas, editores e proprietários dos veículos. Abordagens críticas.
Demanda: quem consome as informações (pouco discutido no Brasil) Adequação do conteúdo ao per l da clientela que deseja atingir. Forte in uência do modelo de competição espacial e diferenciação de produtos de Harold Hotelling.
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
A economia das notícias, segundo Hamilton
A notícia é uma mercadoria no sentido de ser moldada pelas forças da famosa lei da oferta e da procura (Hamilton, 2004: 4). Os modelos utilizados por economistas para estudar o funcionamento do mercado, tendo em vista o desejo dos consumidores , podem ser adaptados para predizer e analisar o conteúdo da cobertura das notícias, ou a economia das notícias (Hamilton, 2004: 4).
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A economia das notícias, segundo Hamilton
A notícia é uma mercadoria no sentido de ser moldada pelas forças da famosa lei da oferta e da procura (Hamilton, 2004: 4). Os modelos utilizados por economistas para estudar o funcionamento do mercado, tendo em vista o desejo dos consumidores , podem ser adaptados para predizer e analisar o conteúdo da cobertura das notícias, ou a economia das notícias (Hamilton, 2004: 4).
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Modelo espacial de localização dos produtos
Pe ×
Xe Ne
− Ce = Pc ×
Xc Nc
− Cc = Pd ×
Xd Nd
− Cd
Ne + Nc + Nd = N X = Desejo dos consumidores P = Preço pago pelos anunciantes N = Nº de concorrentes C = Custos e = esqueda, c = centro e d =direita Pedro Santos Mundim - PPGCP/FCS/UFG
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Distribuição (hipotética) dos consumidores
Mantidos constantes C & P...
Xe Ne
=
Xc Nc
=
Xd Nd
(Fonte: Downs, 1957).
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O viés da cobertura política da imprensa
IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Razões do víes midiático: economia
X
ideologia
Proprietários dos jornais variam nos graus em que procuram obter lucros, o bem público e ns partidários (Hamilton 2004: 24) 1
Lucros: posicionamento de marca (principal explicação).
2
Fins partidários (ideologia das notícias): decidem trocar o seu lucro por ideologia, com o intuito de in uenciar o resultado das eleições, declarando o apoio a um determinado candidato ou partido político.
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Razões do víes midiático: economia
X
ideologia
Proprietários dos jornais variam nos graus em que procuram obter lucros, o bem público e ns partidários (Hamilton 2004: 24) 1
Lucros: posicionamento de marca (principal explicação).
2
Fins partidários (ideologia das notícias): decidem trocar o seu lucro por ideologia, com o intuito de in uenciar o resultado das eleições, declarando o apoio a um determinado candidato ou partido político.
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Estratégias analíticas: duas hipóteses nulas
Foco na visibilidade (quantidade):
H1 : devido aos interesses de classe, os jornais desrespeitarão o critério de equilíbrio de visibilidade entre os candidatos, ignorando suas intenções de voto e dando maior espaço para seu candidato/partido preferido.
Foco no viés (qualidade)
H2 : Não existe diferença estatisticamente signi cativa na cobertura realizada pelos jornais Folha, Estadão e Globo, em termos de viés
anti − PT .
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Estratégias analíticas: duas hipóteses nulas
Foco na visibilidade (quantidade):
H1 : devido aos interesses de classe, os jornais desrespeitarão o critério de equilíbrio de visibilidade entre os candidatos, ignorando suas intenções de voto e dando maior espaço para seu candidato/partido preferido.
Foco no viés (qualidade)
H2 : Não existe diferença estatisticamente signi cativa na cobertura realizada pelos jornais Folha, Estadão e Globo, em termos de viés
anti − PT .
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Descrição dos dados
Análise da cobertura da mídia imprensa do Doxa-IESP (2002, 2006 e 2010). Pesquisas Datafolha, Ibope, Vox Populi, Sensus, GPP e IBPS. Teste de
H1 :
as aparições como indicador do viés da cobertura
da imprensa. Teste de
H2 :
as valências
+
aparições como indicador do viés
da cobertura da imprensa.
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O índice de viés de cobertura
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anti − PT :
termos chave
+ )/N (YPT + YPSDB −
+ YPSDB
representa os valores da cobertura positiva dos
candidatos do
YPT −
PSDB .
representa os valores da cobertura negativa do(a)
candidato(a) do
N
PT .
representa o nº total de matérias (positivas, negativas e
neutras) sobre os candidatos. Sendo que 0
≤ Yji ≤ 1.
Quanto mais
menor (maior) o viés midiático.
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Yji
próximo de 0 (1),
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% intenção de voto e % de espaço ocupado nos jornais
2002 Lula (PT) Serra (PSDB) Garotinho (PSB) Ciro (PPS)
2006 Lula (PT) Alckmin (PSDB) H. Helena (PSOL) C. Buarque (PDT)
2010 Dilma (PT) Serra (PSDB) Marina (PV)
0
20
% médio de espaço
40
60
80
% médio de votos
Fonte: Doxa-IESP, Datafolha, GPP, Ibope, Sensus e Vox Populi e IBPS
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Determinantes da variação da visibilidade nos jornais Hipótese Nula
Rejeita
H0 ?
Eleição 2002 CIRO não-Granger-causa COBERTURA
Sim
GAROTINHO não-Granger-causa COBERTURA
Sim
LULA não-Granger-causa COBERTURA
Não
SERRA não-Granger-causa COBERTURA
Sim
Eleição 2006 ALCKMIN não-Granger-causa COBERTURA
Sim
C. BUARQUE não-Granger-causa COBERTURA
Sim
H. HELENA não-Granger-causa COBERTURA
Sim
LULA não-Granger-causa COBERTURA
Sim
Eleição 2010 DILMA não-Granger-causa COBERTURA
Não
MARINA não-Granger-causa COBERTURA
Sim
SERRA não-Granger-causa COBERTURA
Não
Fonte: Doxa-IESP Pedro Santos Mundim - PPGCP/FCS/UFG
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Evolução do índice de viés
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anti − PT
nas eleições
Geral, 2006
Geral, 2010
Informação, 2002
Informação, 2006
Informação, 2010
Opinião, 2002
Opinião, 2006
Opinião, 2010
0
.2
.4
.6
0
.2
.4
.6
0
.2
.4
.6
Geral, 2002
10
20
30
40
10
20
30
40
10
20
30
40
Semanas do ano Fonte: Doxa-IESP
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Resultado dos testes para
H
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2
Informação
Opinião
FSP*
2002
2006
2010
FSP*
ESP
ESP
Globo*
Globo*
FSP*
FSP*
ESP
ESP
Globo
Globo*
FSP
FSP
ESP
ESP
Globo
Globo* 0
.2
.4
.6
0
.2
.4
.6
* Indicam valores médios estatisticamente diferentes (p < .05) do ESP (testes HSD de Tukey) Fonte: Doxa-IESP
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IX Encontro da ABCP - Brasília (DF)
Conclusões e limites
A hipótese de homogeneidade da cobertura foi rejeitada. Os jornais apresentaram coberturas mais diferentes do que semelhantes, sendo que uns foram mais críticos do que outros. Não houve um padrão claro e sistemático de viés
anti − PT
na
cobertura dos jornais. Não há garantias de que o comportamento de Folha, Estadão e Globo seja reproduzido em outros jornais. Não é possível extrapolar as conclusões apresentadas para eleições presidenciais anteriores a 2002. As discussões se referem apenas à cobertura política em contextos eleitorais.
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Conclusões e limites
A hipótese de homogeneidade da cobertura foi rejeitada. Os jornais apresentaram coberturas mais diferentes do que semelhantes, sendo que uns foram mais críticos do que outros. Não houve um padrão claro e sistemático de viés
anti − PT
na
cobertura dos jornais. Não há garantias de que o comportamento de Folha, Estadão e Globo seja reproduzido em outros jornais. Não é possível extrapolar as conclusões apresentadas para eleições presidenciais anteriores a 2002. As discussões se referem apenas à cobertura política em contextos eleitorais.
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Conclusões e limites
A hipótese de homogeneidade da cobertura foi rejeitada. Os jornais apresentaram coberturas mais diferentes do que semelhantes, sendo que uns foram mais críticos do que outros. Não houve um padrão claro e sistemático de viés
anti − PT
na
cobertura dos jornais. Não há garantias de que o comportamento de Folha, Estadão e Globo seja reproduzido em outros jornais. Não é possível extrapolar as conclusões apresentadas para eleições presidenciais anteriores a 2002. As discussões se referem apenas à cobertura política em contextos eleitorais.
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Conclusões e limites
A hipótese de homogeneidade da cobertura foi rejeitada. Os jornais apresentaram coberturas mais diferentes do que semelhantes, sendo que uns foram mais críticos do que outros. Não houve um padrão claro e sistemático de viés
anti − PT
na
cobertura dos jornais. Não há garantias de que o comportamento de Folha, Estadão e Globo seja reproduzido em outros jornais. Não é possível extrapolar as conclusões apresentadas para eleições presidenciais anteriores a 2002. As discussões se referem apenas à cobertura política em contextos eleitorais.
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Conclusões e limites
A hipótese de homogeneidade da cobertura foi rejeitada. Os jornais apresentaram coberturas mais diferentes do que semelhantes, sendo que uns foram mais críticos do que outros. Não houve um padrão claro e sistemático de viés
anti − PT
na
cobertura dos jornais. Não há garantias de que o comportamento de Folha, Estadão e Globo seja reproduzido em outros jornais. Não é possível extrapolar as conclusões apresentadas para eleições presidenciais anteriores a 2002. As discussões se referem apenas à cobertura política em contextos eleitorais.
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Conclusões e limites
A hipótese de homogeneidade da cobertura foi rejeitada. Os jornais apresentaram coberturas mais diferentes do que semelhantes, sendo que uns foram mais críticos do que outros. Não houve um padrão claro e sistemático de viés
anti − PT
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cobertura dos jornais. Não há garantias de que o comportamento de Folha, Estadão e Globo seja reproduzido em outros jornais. Não é possível extrapolar as conclusões apresentadas para eleições presidenciais anteriores a 2002. As discussões se referem apenas à cobertura política em contextos eleitorais.
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Muito obrigado!
Pedro Santos Mundim Programa de Pós-graduação em Ciência Política Faculdade de Ciências Sociais Universidade Federal de Goiás
[email protected] https://secom.academia.edu/PedroSantosMundim
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