O viver de minha vida pensante

May 30, 2017 | Autor: Aldo A Barreto | Categoria: Information Science
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O viver de minha vida pensante




Todo homem se desenha pelas escolhas que vai fazendo ao longo de sua vida.
Nenhuma meta importante é alcançada sem algum conflito consigo mesmo e com
os outros. A natureza humana é contraditória e é forte a contenda no
espelho de convívio. O que falamos e escrevemos é um registro para nossas
testemunhas; nossa vida ativa acontece em uma condição testemunhal. No
mundo da visibilidade almejada nossa atuação se relaciona a esta condição
de não decepcionar as testemunhas que confirmam o nosso atuar pelo que
falamos ou escrevemos.

Na comunicação física podemos ver as faces e estas trazem consigo o léxico
presencial que ajuda a definir o processo de inclusão ou exclusão no grupo
de interação. Códigos corpóreos assim como enunciados são conteúdos da
presença exercida. Na relação face-a-face é difícil engendrar o oculto,
pois a força do olhar desnudo o escondido.

O ritual de passagem de narrativas entre duas ou mais pessoas pode parecer
facilmente explicável, mas em termos existenciais é um acontecimento
inusitado, pois se relaciona à solidão fundamental de todo ser humano.
Solidão fundamental não é estar solitário nos espaços de sociabilidade, mas
a condição do sujeito ao apreciar as narrativas de uma experiência
vivenciada. O viver de minha vida pensante se idealiza na minha mais
recôndita privacidade. Esta é a solidão fundamental que se requer ao
enunciar e traduzir uma mensagem para o entendimento. Produzir a narrativa
de significação é um evento privado que se completa em tempo finito. A
assimilação, contudo, ocorre em um espaço público e possui autonomia
semântica na sua significação. A interpretação de um conteúdo simbólico é
um ritual de solidão fundamental, uma interação, que acontece quando o
autor se afasta para dar lugar ao leitor. Uma descognição para que ocorra
nova cognição; a desapropriação da autoria se arranja em uma linguagem com
inscrições próprias.

Esta passagem ocorre nos labirintos da consciência. Cada pessoa tem seu
próprio ponto doce de interação quando se retira intelectualmente para uma
quietude necessária à reconstrução de seus significados. A solidão, então,
é um princípio absolutamente necessário, pois é o prisma pelo qual nos
afastamos para uma realidade individualizada, uma experiência exclusiva e
subjetiva, e que pode acontecer no meio de uma multidão.
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