O webjornalismo e o incentivo às doações de sangue: um estudo de caso sobre o Hemopa

June 1, 2017 | Autor: Sérgio Moraes | Categoria: Cibercultura, Webjornalismo, Datacracia
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FACULDADE DE ESTUDOS AVANÇADOS DO PARÁ JORNALISMO

Sérgio Roberto Maia de Moraes Edinael Freitas de Souza Júnior

O WEBJORNALISMO E O INCENTIVO ÀS DOAÇÕES DE SANGUE: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O HEMOPA

BELEM 2016

SÉRGIO ROBERTO MAIA DE MORAES EDINAEL FREITAS DE SOUZA JÚNIOR

O WEBJORNALISMO E O INCENTIVO ÀS DOAÇÕES DE SANGUE: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O HEMOPA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará - Feapa. Orientadora: MSc. Tatiana Amaral Ferreira

BELEM 2016

SÉRGIO ROBERTO MAIA DE MORAES EDINAEL FREITAS DE SOUZA JÚNIOR

O WEBJORNALISMO E O INCENTIVO ÀS DOAÇÕES DE SANGUE: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O HEMOPA

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para obtenção de Bacharel

em

Comunicação

Social



Jornalismo pela Faculdade de Estudos Avançados do Pará - Feapa.

BANCA EXAMINADORA 1_____________________ (Prof. MSc.) Profª. / FEAPA 2___________________ (Prof. MSc.) Prof. / FEAPA 3_____________________ (Prof. MSc.) Prof. / FEAPA Julgado em: ___/___/___ Conceito: ___________

Dedicamos esse trabalho as nossas famílias e aos doadores de sangue.

AGRADECIMENTOS

Sérgio Moraes

Agradeço aos meus pais, irmã e padrinhos. Todos colaboraram para minha formação com amor, dedicação e fé. A todos os meus professores pelos ensinamentos, especialmente a minha orientadora neste trabalho, Tatiana Ferreira, que me conduziu com sabedoria. A direção do Centro Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Pará (Hemopa) que permitiu a execução desta pesquisa em suas dependências. A direção da Secretaria de Comunicação do Pará (Secom) por ter sido solícita em minha pesquisa. A equipe da Assessoria de Comunicação da Universidade do Estado do Pará (Uepa), da qual faço parte hoje, pelo compromisso, aprendizado e amizade, especialmente a Heleize Sena e Josenete Mendes. Ao meu parceiro de pesquisa, Edinael Freitas, por aceitar esse desafio ao meu lado. Ao meu coordenador na Faculdade de Estudos Avançados do Pará (Feapa), Nelson Faro, pela atenção. Aos amigos que fiz na faculdade e que vou levar para o resto da vida. Ao meu cachorro companheiro, Jeremias, que me acompanhou durante todo o processo de escrita da monografia, sempre ao meu lado.

AGRADECIMENTOS

Edinael Freitas

Dirijo meus agradecimentos primeiramente a Deus, por me conceder saúde, ânimo e a oportunidade de participar desse importante processo de aprendizagem. A instituição, por possibilitar os instrumentos necessários para o crescimento acadêmico. Aos professores, que em todo momento não mediram esforços para ajudar os alunos nessa caminhada e na finalização de mais uma etapa dos estudos, no qual em dados momentos foram pais, alunos, psicólogos, amigos e parceiros. Todo meu agradecimento a vocês, mestres da educação. Em cada fase da vida, é importante reconhecer quem esteve ao nosso lado e nunca desistiu. Quero expressar meu profundo agradecimento, gratidão e respeito ao meu colega e amigo Sérgio Moraes. Pude encontrar nesse colega de estudos mais que um parceiro acadêmico, mas um amigo. Agradeço a minha diretora, Adriana Mello, por ter dado o direcionamento necessário na área do jornalismo. Aos meus pais; Rosirene Carvalho, Edinael Freitas e meu irmão, Henrique Allan, pelo carinho e apoio em todos os momentos durante esse processo. Deixo minha gratidão ao coordenador Nelson, que me ajudou em diversos momentos e me concedeu os meios para continuar caminhando e a nossa orientadora, Tatiana Ferreira, que nos conduziu com muita sabedoria. Aos amigos que influenciaram positivamente no curso e na motivação, o meu muito obrigado. Nesse momento, não há palavras que descrevam o que sinto, mas espero poder retribuir de alguma forma, a todos que me ajudaram na formação em jornalismo, fazendo o bem e concedendo oportunidades a todos que assim como eu, procuram um espaço no mercado e na sociedade.

‘’As comunidades virtuais são mais fortes do que os observadores em geral acreditam. Existe solidariedade na Rede’’. Manuel Castells

RESUMO Este estudo de caso tem como objetivo investigar e analisar a relação entre o webjornalismo e o abastecimento do estoque de sangue do Hemopa, em Belém, no período entre primeiro de novembro de 2015 e 31 de fevereiro de 2016. O estudo contou com uma pesquisa bibliográfica sobre a cibercultura, comunicação pública, webjornalismo, mídias sociais e datacracia, além de uma pesquisa de campo que permitiu analisar o comportamento dos doadores de sangue quanto ao consumo de informação online. Também foram analisados textos jornalísticos publicados nos sites do Hemopa, Agência Pará, G1 Pará e Diário Online. O estudo revela a importância estratégica do webjornalismo na rotina de um hemocentro com o surgimento de dispositivos móveis e da utilização das mídias sociais.

Palavras-Chave: Webjornalismo; Cibercultura; Datacracia.

ABSTRACT The study of this case aims to investigate and analyze the relationship between the digital journalism and the Hemopa's blood supply, in Belem, in the period between November 1st 2015 and February 31st 2016. The study included a bibliographical research on cyberculture, public communication, digital journalism, social media and datacracia, in addition to a field research that allowed analysing blood donors' behaviour as the consumption of online information. Were also analyzed journalistic texts published on the websites of Hemopa, Agência Pará, G1 Pará and Diário Online. The study highlights the strategic importance of the online journalism on a blood donation routine with the emergency of mobile devices and the use of social media.

Key-words: Webjournalism; Cyberculture; Datacracia.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1

Matéria selecionada na Agência Pará

57

Figura 2

Matéria selecionada no G1 Pará

61

Figura 3

Matéria selecionada no Diário Online

63

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1

Gênero

41

Gráfico 2

Escolaridade

41

Gráfico 3

Renda

42

Gráfico 4

Acesso a notícias online

42

Gráfico 5

Notícia como motivação

43

Gráfico 6

Portais preferidos

43

Gráfico 7

Notícia como motivadora

44

Gráfico 8

Via de acesso preferida

44

Gráfico 9

Audiência das mídias sociais do Hemopa

44

Gráfico 10 Preferência pela mídia social do Hemopa

45

Gráfico 11 Preferência por G1 Pa e Dol

45

Gráfico 12 Plataforma preferida

46

Gráfico 13 Mídia preferida

46

LISTA DE TABELAS

Tabela 1

Questionário

40

Tabela 2

Identificação de fontes

52

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO

13

2 A HEMOTERAPIA

18

2.1 O Hemocentro

21

2.2 Centro Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Pará – Hemopa

22

2.3 A Comunicação do hemocentro

24

2.4 A Comunicação pública e sociedade

25

3 WEBJORNALISMO

28

3.1 As características do webjornalismo

30

3.2 Jornalismo mobile

33

3.3 Redes sociais off-line e online

34

3.4 Datacracia e webjornalismo

36

4 O CONSUMO DE NOTÍCIAS ONLINE NO BRASIL E PARÁ

38

4.1 Perfil do consumo de notícias online pelo doador de sangue em Belém

39

4.2 Correlação entre comparecimentos no hemocentro e o consumo de notícias online sobre o tema

49

5 ANÁLISE DAS NOTÍCIAS SOBRE O ESTOQUE DE SANGUE DO HEMOPA

51

5.1 O conteúdo do hemocentro e Agência Pará

51

5.1.1 O conteúdo do G1 Pará e Diário Online

59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

65

REFERENCIAS

67

APÊNDICE A: Entrevista com Vera Rojas – Assessora de comunicação da Fundação Hemopa

71

APÊNDICE B: Questionário

74

ANEXOS

75

13

1. INTRODUÇÃO Com a missão de coordenar a execução da Política Estadual do Sangue no Pará e atender a demanda transfusional do estado, a Fundação Centro Regional de Hemoterapia do Pará (Funepa) foi criada em 2 de agosto de 1978 por meio do Decreto nº 10.741, em virtude da autorização contida na Lei n° 4.772, de 11 de maio do mesmo ano, em Belém. O órgão tem personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com autonomia administrativa e financeira e subordinação à Secretaria Executiva de Saúde (Sespa). Em 1982, adquiriu a denominação de Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) e em 1994, através da Lei no 5.840 de 23 de março, foi transformada em fundação de direito público. Atualmente é reconhecida como referência nacional e internacional na área de gestão sobre a política do sangue. O Hemopa foi o segundo hemocentro a ser inaugurado no Brasil e o primeiro do país a iniciar a interiorização estratégica dos serviços de hematologia e hemoterapia diante da implantação de Hemocentros Regionais (HR), Hemonúcleos e Agências Transfusionais (AT). Juntas, estas unidades formam a ‘’hemorrede’’, que funciona de forma integrada para o atendimento transfusional da demanda de 230 hospitais, públicos e privados, em todo o estado do Pará. O hemocentro realiza três grandes campanhas de doação de sangue durante o ano. No dia 25 de novembro é comemorado o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, maior e mais importante campanha da hemorrede brasileira e que tem o objetivo de homenagear os doadores de sangue e criar estoque para o período de fim de ano, o qual comumente sofre baixas com a evasão de doadores rumo aos balneários do estado por conta das férias escolares e comemorações de Natal e Reveillon. O Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue está inserido na Semana Nacional do Doador Voluntário de Sangue, que no ano de 2015 corresponde ao período de 21 a 28 de novembro. Para atingir seus objetivos o hemocentro conta com a cobertura jornalística online que a Assessoria de Comunicação do Hemopa promove. Paralelamente a esta cobertura os portais Agência Pará (Governo do Pará), G1 Pará (Organizações Rômulo Maiorana) e Diário Online (Grupo Brasil Amazônia de Comunicações) cobrem as ações do Hemopa de acordo com seu planejamento, sendo estes dois últimos portais pertencentes às duas maiores empresas jornalísticas do norte do país.

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A análise da relação entre o material jornalístico online veiculado e a quantidade de comparecimentos registrados no Hemopa entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016 procura compreender o papel da comunicação virtual, organizacional e pública, neste caso, especificamente, a de um hemocentro no período de comum baixa no estoque de sangue para que este problema seja confrontado afim de otimizar o atendimento à população. No início desta investigação foram formuladas as seguintes hipóteses relativas ao problema explicitado acima: a praticidade do uso de dispositivos móveis com conexão à rede propicia o consumo da informação online e engajamento do público do hemocentro; a inserção dos portais selecionados em sites de mídias sociais potencializa o alcance das notícias sobre o hemocentro e seus serviços e o webjornalismo apresenta-se como modalidade consolidada de informações sobre o tema. Assim, reitera-se que o objetivo desta pesquisa é investigar e analisar se há relação entre a cobertura jornalística online e o retorno em comparecimentos e doações de sangue efetuados no hemocentro durante o período entre primeiro de novembro de 2015 a 31 de fevereiro de 2016, período que comumente apresenta baixas no estoque devido a evasão de doadores rumo aos balneários do estado por conta das férias escolares, comemorações de Natal, Reveillon e Carnaval. Os objetivos específicos são: mensurar e analisar os dados de acesso nas matérias veiculadas sobre o hemocentro nos sites do Hemopa, Agência Pará, G1 Pará e Diário Online no período de abrangência do estudo; comparar e analisar os dados de acesso coletados com a quantidade de comparecimento de candidatos à doação de sangue no hemocentro no mesmo período; Descobrir por meio de questionário a média de candidatos à doação de sangue que foram engajados por material jornalístico veiculado nos quatro sites selecionados e analisar as matérias autorais produzidas pelas fontes sobre o tema. A partir da consolidação do uso de dispositivos com acesso à internet, percebe-se um cenário propício para a disseminação de notícias online acerca das ações que o hemocentro promove para captar potenciais doadores de sangue bem como fidelizar os já existentes. Com o surgimento das mídias sociais, considera-se que o público alvo do hemocentro inserido nestas mídias passa a ter acesso prático à informação que pode sensibilizá-lo e direcioná-lo ao banco de sangue. A partir da inserção do Hemopa e

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dos referidos portais nestas mídias, o círculo social virtual do candidato a doação tem também a possibilidade de ser nutrido com o conteúdo sobre o hemocentro, seus serviços e ações a qualquer momento e em qualquer lugar desde que esteja conectado à rede, assim aumentando o raio de alcance da informação. O baixo custo de produção em comparação com outras mídias para o Estado e empresas jornalísticas na transmissão da informação online é refletido para o custobenefício de consumo que o indivíduo passa a ter, já que basta que o receptor tenha acesso a um plano de dados mínimo, fixo ou móvel, em qualquer aparelho capaz de se conectar à internet, para ter a sua disposição a quantidade total de informações publicadas sobre o Hemopa. O acesso a este conteúdo passa a ser mais atraente do que em outras mídias como tv, rádio e impresso a partir da a interação direta do internauta com o hemocentro, veículos de comunicação e com a própria informação veiculada, além da possibilidade diversificada de absorção do conteúdo, sendo por texto, imagem, vídeo, áudio, ou todos convergidos. A motivação para abordar esse tema surgiu a partir da percepção da necessidade de aproximar a sociedade a partir de notícias veiculadas na internet, dando ao cidadão maior conveniência de acesso a informação para a utilização dos serviços oferecidos pelo hemocentro. Desta forma o órgão poderia usufruir do engajamento da comunidade para suprir as necessidades transfusionais do estado. Portanto, visa-se compreender, descrever e explicar o resultado obtido sobre a relação entre hemocentro e sociedade por meio da internet, a partir da utilização de conteúdo jornalístico, para que o uso da rede seja cada vez mais otimizado para benefício social quanto as doações de sangue. O estudo de caso foi a metodologia adotada para a realização da pesquisa por permitir o aprofundamento sobre um fenômeno de interesse geral da comunidade. Segundo Robert K. Yin (2005), 1o estudo de caso pode ser tratado como importante estratégia metodológica para a pesquisa em ciências humanas, pois permite ao investigador um aprofundamento em relação ao fenômeno estudado, revelando suas nuances, e por favorecer uma visão holística sobre os acontecimentos da vida real, destacando seu caráter de investigação empírica de fenômenos contemporâneos. 1

Disponível em http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/viewFile/187/257. Acesso em 25 de maio de 2015.

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Neste trabalho o estudo de caso será delineado pela forma descritiva que, de acordo com o autor, possibilita, ao investigador, a descrição precisa de fenômenos contemporâneos por meio de documentos acerca do tema investigado e entrevistas com personagens inseridos nesta realidade que, com suas análises convergidas, esclarece sobre um determinado fenômeno. A pesquisa de campo foi a ferramenta escolhida para aprofundar a investigação realizada. De acordo com Gil (2002) o estudo de campo é semelhante ao levantamento, porém distingue-se em vários aspectos, principalmente pela profundidade de entendimento que se pode conseguir com esta modalidade. Tipicamente, o estudo de campo focaliza uma comunidade, que não é necessariamente geográfica, já que pode ser uma comunidade de trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana. Basicamente, a pesquisa é desenvolvida por meio da observação direta das atividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. Esses procedimentos são geralmente conjugados com muitos outros, tais como a análise de documentos, filmagem e fotografias. (GIL, p.53, 2002).

Inicialmente foi realizada a pesquisa bibliográfica embasada em obras de autores que se dedicam aos assuntos principais deste estudo, como João Canavilhas et al., André Lemos et al., Pierre Levy, Manuel Castells, Jorge Duarte, Anabela Gradim, Suzana Barbosa et al., Raquel Recuero e Luli Radfharer. As literaturas usadas esclarecem o cenário do objeto de estudo, da cultura construída em torno do uso da rede, da comunicação pública, do webjornalismo, das mídias sociais e da datacracia. Também foram consultados documentos do Hemopa, além de pesquisas sobre temas análogos. Para compreender as condições de trabalho atuais da Assessoria de Comunicação do órgão, foi realizada entrevista com a jornalista responsável pelo setor. A pesquisa envolveu ainda entrevistas com doadores de sangue sobre seus hábitos de consumo de notícias, o levantamento de textos publicados pelos sites selecionados para a pesquisa e a produção de gráficos e tabelas com os resultados encontrados.

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É importante destacar que um dos autores desta pesquisa foi servidor do Hemopa, lotado na Assessoria de Comunicação durante dois anos e seis meses. Neste período participou da rotina de trabalho promovida pelo setor bem como teve acesso às campanhas voltadas à doação de sangue, o que motivou as reflexões iniciais deste estudo.

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2. A HEMOTERAPIA Segundo a Fundação Pro-Sangue (apud TAKADA2, 2012, p.15) na Grécia antiga (2.000 a.c - 146 a.c) os nobres bebiam o sangue dos gladiadores mortos na arena por acreditarem que isto iria lhes fortalecer a saúde. Foi atribuída a Richard Lower a primeira transfusão de sangue feita na história, em uma demonstração na Universidade de Oxford, Inglaterra, em 1665, em uma experimentação com animais. A experiência pioneira em um humano ocorreu em 1667, em Paris, quando Jean Baptiste Denis, professor de filosofia e matemática e médico do rei Luis XIV, infundiu sangue de carneiro em Antoine Mauroy, indigente da cidade. Após resistir a duas transfusões, Mauroy faleceu na terceira. Embora proibidas, as experiências não foram abandonadas. Em 1788, Pontick e Landois, obtiveram resultado positivo ao realizar uma transfusão homóloga, ou seja, entre animais da mesma espécie, concluindo que o procedimento poderia ser benéfico à preservação da vida com este critério adotado. A primeira transfusão sanguínea homóloga feita em humanos é atribuída a James Blundell, que transfundiu uma mulher com hemorragia pós-parto em 1818. De acordo com a Fundação Hemopa3 (2011) a hemoterapia se destaca como ciência em 1900 após o descobrimento dos três grupos sanguíneos (A, B, O) e do fator Rh (positivo e negativo) pelo médico austríaco Karl Landsteiner, do emprego científico de anticoagulantes, do aperfeiçoamento da aparelhagem de coleta e aplicação e do conhecimento que se formava sobre as indicações e contraindicações do uso do sangue. Consoante com o hemocentro a operacionalização deste tratamento em larga escala ocorreu durante a I Guerra Mundial (1914 – 1918), na Europa, quando motivados por sua ideologia imperialista, os países envolvidos iniciaram um conflito bélico continental catastrófico. Após o término da guerra, o primeiro banco de sangue do mundo foi idealizado na extinta cidade de Leningrado, União Soviética, em 1932, e surgiu em Barcelona em 1936, durante a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939), no início da II Guerra Mundial (1940 – 1945).

2

Disponível em http://www.tcc.sc.usp.br/tce/disponiveis/81/810021/tce-29042013152113/publico/CarolinaKiaTakada.pdf acesso em 12 de nov. de 2015. 3 Disponível em http://www.hemopa.pa.gov.br/ acesso em 12 de nov. de 2015.

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Interim aos conflitos na Europa, a hemoterapia chega ao Brasil, mas com procedimentos deficitários como explica Jorge Medeiros 4(2004): A doação de sangue iniciou - se no Brasil nos anos 30 e era realizada pelo sistema ‘’lado-a-lado’’. O sangue era transferido diretamente do doador ao receptor. Já no final da década de 70, o suprimento era feito quase exclusivamente com o concurso de doadores remunerados. A qualidade dos serviços era discutível e o controle do material coletado era bastante deficiente. (MEDEIROS, 2004, p.2).

De acordo com Medeiros (2004, p.2), a criação do Programa Nacional de Sangue e Hemoderivados, conhecido como Pró-Sangue, em abril de 1980, finalizou a mercantilização do sangue. Resultado da cobrança e articulação da comunidade técnico-científica e da sociedade civil, o programa veio proibir o pagamento pela doação de sangue, que, na maioria dos casos, eram feitas por candidatos que não eram saudáveis, pondo desta forma a vida dos receptores em risco, e, além disso, regulamentou o ressarcimento aos serviços pelos gastos com a coleta, processamento e transfusão do sangue e seus componentes. Em 1988, José Sarney, então presidente da república, sancionou a Lei n° 7.6495, de 25 de janeiro do mesmo ano, que decretava em seu Art. 1º que: Os bancos de sangue, os serviços de hemoterapia e outras entidades afins ficam obrigados a proceder ao cadastramento dos doadores e a realizar provas de laboratório, visando a prevenir a propagação de doenças transmissíveis através do sangue ou de suas frações. (BRASIL, 1988).

A Lei 10.2056, de 21 de março de 2001, sancionada pela Presidência da República, dispõe: Sobre a captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados, 4

vedada

a

compra,

venda

ou

qualquer

outro

tipo

de

Disponível em http://www.unioeste.br/campi/cascavel/ccsa/IIISeminario/artigos/Artigo%2015.pdf Acesso em 12 de dez. de 2015. 5 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7649.htm acesso em 12 de nov. de 2015. 6 Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10205.htm acesso em 12 de nov. de 2015.

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comercialização do sangue, componentes e hemoderivados, em todo o território nacional, seja por pessoas físicas ou jurídicas, em caráter eventual ou permanente, que estejam em desacordo com o ordenamento institucional estabelecido nesta Lei. (BRASIL, 2011)

Sendo assim um ato benevolente de fundamental importância para o atendimento da demanda transfusional com procedimentos regulamentados pela RDC n° 1537, de 14 de junho de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina o regulamento técnico sobre os: Procedimentos hemoterápicos, incluindo a coleta, o processamento, a testagem, o armazenamento, o transporte, o controle de qualidade e o uso humano de sangue, e seus componentes, e sangue venoso, do cordão umbilical, da placenta e da medula óssea. (BRASIL, 2004).

Que é corroborada pela portaria 1.3538, de 13 de junho de 2011, do Ministério da Saúde, que aprova em seu § 2°: O Regulamento Técnico, de que trata esta Portaria, tem o objetivo de regular a atividade hemoterápica no País, de acordo com os princípios e diretrizes da Política Nacional de Sangue, Componentes e Hemoderivados, no que se refere à captação, proteção ao doador e ao receptor, coleta, processamento, estocagem, distribuição e transfusão do sangue, de seus componentes e derivados, originados do sangue humano venoso e arterial, para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças: § 2º O Regulamento Técnico deverá ser observado por todos os órgãos e entidades, públicas e privadas, que executam atividades hemoterápicas em todo o território nacional no âmbito do Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados (SINASAN). (BRASIL, 2011).

De acordo com Mello9 (2000) o atual panorama de captação de doadores no Brasil atinge as seguintes características: doação de reposição, sexo masculino, 7

Disponível em http://portal.anvisa.gov.br/wps/wcm/connect/4bc8428047457945865fd63fbc4c6735/rdc_153.pdf?MOD =AJPERES acesso em Acesso em 12 de nov. de 2015. 8 Disponível em http://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/PORTARIA%20No%201353%20de%2013%20de%2 0junho%20de%202011.pdf acesso em 12 de nov. de 2015. 9 Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000119&pid=S0102311X200800060002100003&lng=en Acesso em 12 de nov. de 2015.

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baixas classes sociais, baixa escolaridade ou doadores inaptos, quando a pretensão determinada pelos hemocentros é a de doações de sangue espontâneas, regulares e inseridas nos padrões de segurança sobre a qualidade do sangue, de ambos os sexos, de todas as classes sociais e todos os níveis educacionais. Logo, a captação de doadores de sangue não deve ser focada somente na quantidade, mas, também, na aptidão do voluntário para garantir o padrão de qualidade do sangue coletado e transfundido. Para Moura10 (2006) na Europa há a consciência sobre a importância de tornar-se doador de sangue devido a transmissão desta cultura a partir do momento em que o continente foi palco de diversos conflitos bélicos, assim, criando o hábito de manutenção da vida do próximo pela solidariedade que motiva a doação.

2.1. O hemocentro

De acordo com o Ministério da Saúde: Os hemocentros são instituições públicas ou privadas que realizam atividades de hemoterapia e hematologia com o objetivo de fornecer sangue, seus componentes e hemoderivados, aos hospitais da rede pública e de diversos da rede privada, além do atendimento ambulatorial das patologias relacionadas ao sangue. (apud TAKADA, 2012, p.18)

Segundo a Secretaria do Estado de Saúde do Mato Grosso, de acordo com a autora, ‘’Nos Hospitais da Rede Pública a doação de sangue é voluntária, anônima, altruísta, não remunerada e o sangue é repassado de forma gratuita aos Hospitais Públicos e Prontos Socorros’’. Em concordância com a Política Nacional do Sangue do Governo Federal de 1998 e ancorada na Constituição Federal de 1988, ‘’definiu-se como missão institucional dos Hemocentros Públicos a prestação de serviços à sociedade em prol do bem-estar comum e da valorização da cidadania’’. Ainda de acordo com a Secretaria do Estado de Saúde do Mato Grosso, o produto da doação de sangue feita em Hemocentros Públicos é produzido e repassado gratuitamente aos Hospitais Privados, entretanto, os Hemocentros Privados cobram os custos da coleta de sangue que incluem os insumos utilizados, 10

Disponível em http://ojs.unifor.br/index.php/RBPS/article/view/963/2125 Acesso em 12 de nov. de 2015.

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reagentes, materiais descartáveis e a mão de obra especializada com seus honorários. Para assegurar a qualidade do sangue coletado e transfusionado, em 1998, o Ministério da Saúde lançou o programa ''Saúde com garantia de qualidade em todo seu processo até 2003’’, marco da hemoterapia nacional. Este projeto proporcionou a evolução da qualidade do serviço prestado por meio de 12 subprojetos que determinavam os critérios de qualidade a serem seguidos nos programa. A partir disso, o Ministério da Saúde afirma que mesmo que em alguns países a doação de sangue remunerada seja permitida e em outros haja a comercialização por meio de mercado negro: As comunidades médica e científica, as Sociedades Internacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, a Organização Mundial de Saúde – OMS, a Organização Pan – Americana de Saúde – OPAS e outras Organizações Humanitárias, não admitem e desencorajam, enfaticamente, a coleta de sangue de doadores remunerados. (Ministério da Saúde apud TAKADA, 2012, p.19)

2.2. Centro Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Pará - Hemopa A Fundação Hemopa11 (2015), atualmente, é reconhecida como referência nacional e internacional na área de gestão sobre a Política do Sangue referendada pela Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (S.B.H.H) e American Association of Blood Bank (A.A.B.B) e outras quatro associações que classificam a qualidade do serviço prestado a comunidade: A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará – Fundação HEMOPA, vinculada à Secretaria Executiva de Saúde Pública, do Poder Executivo Estadual, é o órgão responsável pela coordenação e execução da Política Estadual do Sangue no Pará, em consonância com a Política Nacional do Sangue. Foi criada inicialmente sob a denominação de Fundação Centro Regional de Hemoterapia do Pará/FUNEPA, em 2 de agosto de 1978, através do Decreto nº 10.741, em virtude da autorização contida na Lei no 4.772, de 11 de maio de 1978, com personalidade jurídica de direito privado,

11

Disponível em http://www.hemopa.pa.gov.br/ acesso em 12 de nov. de 2015.

23

sem fins lucrativos e com autonomia administrativa e financeira. (GARCIA; LOBO; LEÃO, 2015, p.4)

O hemocentro foi o segundo a ser inaugurado no Brasil e o primeiro do país a iniciar a interiorização estratégica dos serviços de hematologia e hemoterapia através da implantação de Hemocentros Regionais (HR) em Castanhal, Marabá e Santarém; Hemonúcleos em Altamira, Tucuruí, Redenção, Capanema e Abaetetuba e Agências Transfusionais (AT) em Cametá, Bragança, Salinas, Paragominas, Porto de Moz, Alenquer, Óbidos, Itaituba e Oriximiná, além de unidades intra-hospitalares de AT’s em Belém, instaladas na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Hospital Universitário João de Barros Barreto, nos dois Pronto Socorros Municipais, Hospital Ophir Loyola, Hospital Divina Providência, em Marituba, e Hospital Regional Abelardo Santos, no distrito de Icoaraci. Juntas, estas unidades formam a ‘’hemorrede’’, que funciona de forma integrada para o atendimento da demanda transfusional de 230 hospitais no estado. De acordo como Garcia, Lobo e Leão12 (2015, p. 4) O Modelo de Gestão é o determinado pelo Programa Nacional da Gestão Pública e Desburocratização (GesPública), sob a coordenação da Secretaria de Gestão Pública (Segep) do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão - MP, denominado de Modelo de Excelência em Gestão Pública, que tem como referência os valores e fundamentos consignados, especialmente, nas disposições da Constituição Federal Brasileira e no ordenamento legal, que orientam o funcionamento e organização da Administração Pública. O hemocentro admite como principais atividades: Organizar os serviços de hemoterapia e hematologia, incluindo a disponibilização de sangue, seus componentes e derivados, doação voluntária, medidas de proteção ao paciente, doador e receptor, disciplinamento das atividades ambulatorial e hospitalar, serviço de referência laboratorial aos transplantes de órgãos e tecidos na Região Norte, incentivo à pesquisa científica, formação e aperfeiçoamento de pessoal, como suporte à rede pública, privada e filantrópica. (GARCIA; LOBO; LEÃO, 2015, p.4).

12

Disponível em http://www.escoladegestao.pr.gov.br/arquivos/File/2015/VIII_Consad/134.pdf. Acesso em 5 de jan. de 2015.

24

A Fundação Hemopa (2011) define que os serviços oferecidos se dividem precisamente de acordo com suas finalidades. O atendimento da demanda transfusional, por meio do Ciclo do Sangue, é composto pelo cadastro de voluntários a doação de sangue e/ou medula óssea, pré-triagem e triagem do candidato, coleta, fracionamento

do

material

coletado,

bateria

de

testes

sorológicos

e

imunohematológicos, armazenamento e, finalmente, a transfusão no caso de atestada a qualidade do material coletado. O serviço de cadastro de medula óssea feito pelo hemocentro tem como destino o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que funciona no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro. O objetivo é atender pacientes com doenças do sistema sanguíneo que necessitam de transplante de medula óssea, da qual é coletada uma fração por meio de cirurgia quando atestada a compatibilidade entre doador e receptor. O Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário (Bscup), coleta e armazena o sangue umbilical e placentário de recém-nascidos. As doações são voluntárias com autorização das mães e utilizadas como fonte de células tronco para o transplante de medula óssea.

2.3. A comunicação do hemocentro

O hemocentro se comunica com a sociedade de três formas, sendo estas a Ouvidoria, Gerência de Captação de Doadores e Assessoria de Comunicação. A Ouvidoria do hemocentro é o canal para manifestações do cidadão sobre a qualidade dos serviços prestados. Por meio deste serviço, o indivíduo pode ser atendido de forma presencial ou também por telefone, fax, correspondência, atendimento online via chat, e-mail e formulário, para que o resultado seja convertido em prosseguimento ou melhoria dos serviços apresentados. Responsável pelas estratégias e programas de captação de doadores, a Gerência de Captação de Doadores (Gecad) é o setor que cria vínculo direto com instituições, públicas, privadas e/ou não governamentais, para operacionalizar ações de conscientização, sensibilização e captação de potenciais candidatos a doação de sangue que por meio de campanhas coordenadas podem abastecer o banco de sangue do hemocentro e efetuar novos cadastros de medula óssea.

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A comunicação interna e externa do Hemopa é de responsabilidade da Assessoria de Comunicação da Fundação, que promove as ações do hemocentro através de procedimentos jornalísticos, publicitários e relações públicas com apoio da Secretaria de Comunicação do Estado (Secom). De acordo com a jornalista Vera Rojas (2016), assessora de comunicação do hemocentro há 24 anos, o Hemopa possui um setor específico de comunicação desde que o cargo de assessor foi criado. Oficialmente, o hemocentro não possui uma assessoria de comunicação, embora tenha um setor específico para esta atividade desde 1992 em seu organograma. O Hemopa não possui uma Política de Comunicação, mas tem como meta a apresentação de uma até o fim de 2016. Da mesma forma não tem um planejamento para a comunicação digital do órgão. Rojas (2016) afirma que o setor não possui equipamento adequado para o cumprimento ideal das atividades da assessoria de comunicação, mas que possui equipe formada por uma jornalista, uma publicitária, uma relações públicas e uma estagiária de jornalismo que utilizam computadores e smartphones para atender a demanda da produção de conteúdo. Sobre as atividades realizadas pelo Hemopa na área da comunicação, Rojas explica: Usamos os recursos dispostos de todos os tipos de mídias, composição de parcerias, planejamento das ações, mas isso não é e nunca será o suficiente. O que vai mudar o quadro com a insuficiência de bolsa de sangue na hemorrede brasileira é a atitude das pessoas, que infelizmente no Brasil, ainda não têm o hábito da doação voluntária de sangue. Não falta sangue. Faltam pessoas para doar sangue. (ROJAS, 2016).

Diante do exposto se observa que as condições de trabalho na assessoria de comunicação do Hemopa precisam ser levadas em consideração na análise que será feita nas próximas páginas

2.4. Comunicação pública e sociedade

Para que a sociedade tenha conhecimento sobre os serviços que o hemocentro oferece e os use de forma eficaz, o órgão procura utilizar a comunicação

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pública para envolver a comunidade e, assim, atingir o objetivo de assistir a demanda transfusional do estado e elevar o índice de cadastros de medula óssea para atender a fila de transplante. Jorge Duarte (2007) conceitua a comunicação pública como o elo que conecta os organismos do Estado e suas ações, partidos políticos, movimentos sociais, terceiro setor e empresas privadas à sociedade, centralizando o processo de comunicação no cidadão, garantindo o direito à informação, expressão e ao diálogo com respeito as suas características e necessidades para participação ativa, racional e responsável afim de melhorar a relação social e vida dos indivíduos pela comunicação. O autor contextualiza o período de surgimento deste conceito de comunicação com a viabilização da democracia e da transformação do perfil da sociedade brasileira a partir da década de 1980, após o país ter tido duas referências autoritárias em comunicação governamental no século XX. Primeiro, com a criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que operou durante o Governo de Getúlio Vargas, de 1939 a 1945, com o objetivo de controlar o que a imprensa produzia quanto a temas políticos, além de promover positivamente a imagem do então presidente da república. A segunda referência autoritária diz respeito ao Regime Militar instaurado no Brasil entre 1964 e 1985, período em que houve o nascimento do Sistema de Comunicação Social, cujos focos assemelhavam-se com os do DIP, entre censura da imprensa e promoção das ações do governo militar. Com a redemocratização o cenário do país mudou. Após a criação da Constituição Federal de 1988, a atuação do Estado e das empresas privadas em relação aos grupos e indivíduos que compõe a sociedade, com proteção do Código de Defesa do Consumidor, se alterou. O desenvolvimento tecnológico estabeleceu um ambiente de participação e pressão que forçou a criação de mecanismos de atendimento às exigências de informação e tratamento justo ao cidadão em sua relação com as instituições que compõe o Estado, do consumidor com o setor privado e entre todos os agentes sociais. Duarte13 (2014) define que ‘’Comunicação não se reduz à informação. Comunicação é um processo circular, permanente, de troca de informações e de mútua influência’’, que corrobora com o que defende Dominique Wolton (2010) que 13

Disponível em http://www.jforni.jor.br/forni/files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf. Acesso em 17 de nov. de 2015.

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afirma a informação como mensagem e a comunicação como relação entre emissor e receptor sobre a mensagem emitida com retorno de uma resposta positiva, negativa ou que abra uma negociação para o alcance de um consenso entre ambas as partes envolvidas. Para o autor, o objetivo da comunicação pública é fazer com que a sociedade se mantenha amparada ao deixar o Estado ciente de seus deveres para com a comunidade, além de promover e valorizar o interesse da sociedade sobre as ações públicas,

garantindo

a

participação

coletiva

na

definição,

implementação,

monitoramento, controle e viabilização, avaliação e revisão das políticas e ações referentes à sociedade. No processo de comunicação pública a imprensa atua como o agente que propaga a informação que gera o debate na formação da opinião pública na democracia contemporânea. Entretanto, o autor chama a atenção para a atuação da imprensa de acordo com suas limitações e linhas editoriais. De acordo com os critérios de noticiabilidade da empresa e interesses de seus proprietários, a informação disseminada pode não manter um vínculo intrínseco com as demandas sociais. Portanto, esse fator não estabelece a relação de comunicação, mas somente de informação por não atuar na perspectiva de participação e formação de consensos.

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3. WEBJORNALISMO A evolução tecnológica permitiu a sociedade fazer uma releitura constante das atividades. O webjornalismo é uma dessas releituras. O jornalismo era feito a partir do impresso, rádio e tv, sendo que cada uma dessas mídias nasceu em um momento histórico diferente. Com o advento da internet, o jornalismo digital foi o último a ser desenvolvido. Segundo Anabela Gradim (2007, p.87), webjornalismo é a modalidade do jornalismo produzida para e na internet com a finalidade de gerar informação com mídias convergidas entre si. Nessa categoria, o produtor tem a possibilidade de utilizar o próprio meio como cenário de investigação na construção do seu produto com texto, imagem estática ou dinâmica e som, separados ou agrupados, como complemento um dos outros. O jornalismo sempre esteve diretamente ligado à tecnologia e seu avanço. De acordo com Pollyana Ferrari (2004) a história do webjornalismo brasileiro iniciou na segunda metade da década de 1990, precisamente em 1995 com a transição de conteúdo do impresso para o digital pelo Jornal do Brasil. Após a publicação deste, outros jornais como Folha de São Paulo, Estado de São Paulo e o Globo passaram a disponibilizar versões digitais de suas publicações. Essa mudança ocorreu gradativamente em três fases que definem o grau de recursos desenvolvidos. John Pavlik (apud GRADIM, 2007, p.87) definiu as três fases que identificam a evolução do webjornalismo. A primeira fase consiste no espelhamento fiel do conteúdo que já fora publicado nos meios impresso, radiofônico e televisivo. Na segunda fase o produto é produzido para o meio online, com hiperligações, aplicações interativas e convergência de mídias com o conteúdo que era espelhado. Atualmente, na terceira fase, o conteúdo publicado é produzido exclusivamente para o meio digital. João Canavilhas (2003, p. 63, 64) explica que a linguagem online evoluiu até admitir sua propriedade multimídia, que engloba todas as plataformas logicamente interligadas para a transmissão de uma informação em comum, sustentada pela hipertextualidade da Internet. No início, o webjornalismo apenas refletia na íntegra, sem alteração e de forma segmentada o conteúdo veiculado pelos meios impresso, radiofônico e televisivo. Isso criava na internet um espelho do que já havia sido veiculado. Não havia criação de conteúdo específico para este novo modelo de jornalismo.

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Com a multimidialidade assimilada, a internet passa a ter a própria linguagem para a difusão da informação jornalística, que desenvolve a webnotícia como produto original de seu meio, prezando pelas mesmas características de desenvolvimento da informação usadas em outras plataformas, entretanto, com estrutura intuitivamente navegável entre suas possibilidades de acesso e assimilação. O autor prossegue ao afirmar que a linguagem do webjornalismo deve se destacar da linguagem dos outros meios de comunicação para assumir seu protagonismo sem ser redundante: A televisão, tal como o rádio e o jornal, fomentou no receptor capacidades para apreensão das suas linguagens. A Internet terá de fazer o mesmo. Mas, no caso do jornalismo na web, não basta juntar à notícia um conjunto de novos elementos multimídia, pois esse ato pode criar redundância ou até mesmo ruído. A introdução de novos elementos não – textuais permite ao leitor explorar a notícia de uma forma pessoal, mas obriga o jornalista a produzi – la segundo um guia de navegação análogo que é preparado para outro documento multimídia. O jornalista passa a ser um produtor de conteúdo multimídia de cariz jornalístico – webjornalista. (CANAVILHAS, 2003, p. 69 e 70)

Logo, o consumidor da webnotícia não pode ser reconhecido apenas como leitor, ouvinte ou telespectador dada a integração de elementos multimídia que possibilitam a absorção multilinear da informação. Como definem Antônio Fidalgo e Paulo Serra (2003), a comunicação online, simbiose da comunicação interpessoal e social a partir do advento técnico, altera a forma como se produz e obtém a informação jornalística: A atualização permanente das notícias, a interatividade, a difusão urbi et orbi, em toda parte e em qualquer tempo, a disponibilização online dos arquivos, da informação jornalística, organizados em bases de dados, obrigam a repensar as formas de jornalismo tradicional e a investigar outros tipos de jornalismo a que se tem vindo chamar de jornalismo online ou webjornalismo, entendendo – se por tal não a mera transposição para o formato eletrônico do conteúdo dos jornais tradicionais, mas um jornalismo produzido especificamente na e para a Internet. (FIDALGO; SERRA, 2003, p.8)

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Com a possibilidade de veicular webnoticias e o exponencial crescimento do consumo de informação online, os hemocentros passam a ter mais um canal para a publicação de sua rotina. Assim, se aproximam da comunidade com autonomia da gestão do seu próprio conteúdo em suas páginas oficiais na internet.

3.1. As características do webjornalismo

O webjornalismo têm características próprias. Estas características podem ser identificadas ‘’memória’’,

como

‘’hipertextualidade’’,

‘’instantaneidade’’,

‘’multimidialidade’’,

personalização’’

e

‘’interatividade’’,

‘’ubiquidade’’,

que

se

complementam na construção, transmissão e dinâmica do conteúdo. A origem etimológica da palavra “texto” é “textum”, que significa tecido ou entrelaçamento. De acordo com João Canavilhas (2014, p.4) na Internet, o texto aproxima-se do segundo significado. O texto transforma-se numa tessitura informativa construída por um agrupamento de blocos informativos interligados por hiperligações (links), logo, um hipertexto. O hipertexto é a característica essencial da internet, pois mantém a base de tudo que constitui a rede para a formação de informação, como texto, imagem e áudio, de forma que o seu consumo não precise ser necessariamente linear. Esta construção da informação na rede pode ser feita com a utilização de recursos textuais e audiovisuais que são percebidos pelos sentidos que possuímos. Segundo Ramón Salaverría (2014, p.25) construímos o significado de uma mensagem a partir da decodificação das diferentes formas que a absorvemos. Salaverría conceitua o a multimidialidade em três frentes que são a multiplataforma, a polivalência e a combinação de linguagens. Juntos, estes termos se complementam entre técnica e tecnologia para a formatação e exposição da mensagem. Da técnica porque o jornalista passa a exercer múltiplas funções na produção da informação entre o produto textual, audiovisual e tecnológico. A interatividade é a característica que permite o relacionamento entre as partes que interagem sob o conteúdo. Para Alejandro Rost (2014) esta característica é um dos pilares da rede e do jornalismo digital porque influencia na forma como este é feito por contribuir na construção da informação e no seu compartilhamento:

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A interatividade é um conceito ponte entre o meio e os leitores/utilizadores, porque permite abordar esse espaço de relação entre ambas as partes e analisar as diferentes instâncias de seleção, intervenção e participação nos conteúdos do meio. Insere-se nessas zonas de contacto entre jornalistas e leitores, que as tecnologias têm alargado e simplificado. (ROST, 2014, p. 53)

Outro ponto destacado pelo autor é o ligamento que esta característica apresenta aliada a multimidialidade, interferindo, assim, diretamente na maneira como a mensagem é consumida por seus diversos caminhos: A interatividade implica uma certa transferência de poder do meio para os seus leitores. Poder, por um lado, quanto aos caminhos de navegação, recuperação e leitura que podem seguir entre os conteúdos que oferece. E, por outro lado, relativamente às opções para se expressar e/ou se comunicar com outros utilizadores/as. (ROST, 2014, p. 55)

A característica responsável pela organização do pretérito no webjornalismo é a memória. Marcos Palacios (2014) conceitua o jornalismo em analogia com a memória para a construção da história: O jornalismo é memória em ato, memória enraizada no concreto, no espaço, na imagem, no objeto, atualidade singularizada, presente vivido e transformado em notícia que amanhã será passado relatado. Um passado relatado que, no início, renovava-se a cada dia, e com o advento da rádio, da televisão e da Web, tornou-se relato contínuo e ininterrupto, nas coberturas jornalísticas 24x7 (24 horas por dia, sete dias por semana). (PALACIOS, 2014, p.91)

Para Palacios (2014, p.95) é fundamental para o jornalismo em suas diversificadas vertentes porque cria uma base de dados na qual o jornalista pode consultar informações que serão fundamentais para a construção de novas informações, assim, criando parâmetros de comparação, analogia e nostalgia. A instantaneidade como característica está diretamente ligada a velocidade intrínseca do jornalismo no processo de construção e veiculação da notícia. Segundo Paul Bradshaw (2014, p. 111, 112) os produtores de conteúdo aliaram esta característica às novas tecnologias para se adaptar a forma contemporânea de como se produz e consome informação.

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Na medida em que estas mudanças ocorrem, a instantaneidade das publicações traz novas oportunidades para os produtores de conteúdo em contextos completamente novos. Trata-se de uma instantaneidade em publicar, mas também em consumir, e, sobretudo, em distribuir para gerar o engajamento do público consumidor diante da informação absorvida De acordo com Mirko Lorenz (2014, p. 137) ‘’o futuro da oferta de informação irá diferenciar-se entre a comunicação para muitos, para poucos ou apenas para um leitor’’. Lorenz (2014, p. 138, 139) se refere à personalização como o ato de personalizar a publicação de acordo com determinadas necessidades individuais do cliente. Esta personalização não altera o conteúdo da mensagem, mas a forma como ela é formatada e distribuída. Isto seria útil para atingir um determinado nicho da audiência. A personalização modifica a interação com o produto para proporcionar uma experiência ao consumidor: Como podemos aplicar essas ideias à publicação na Web? a personalização de experiências informativas pode apresentar várias formas e extensões, sendo a mais habitual deixar o utilizador selecionar os temas mais relevantes para a criação de uma página com base em preferências pessoais. (LORENZ, 2014, p. 140)

No caso de um hemocentro, a audiência que acessa o site do Hemopa pode ser abordada pela alternativa de cadastro para recebimento de notícias quando forem publicadas. Desta forma, este nicho estaria sempre informado sobre a rotina do banco de sangue, entre convocações, campanhas e eventos. A ubiquidade é a característica do webjornalismo que possibilita a onipresença digital do indivíduo por meio de um dispositivo conectado. Segundo John Pavlik (2014, p. 160) quando se trata de mídia, a ubiquidade implica que qualquer indivíduo, em qualquer lugar, tem potencialmente acesso a uma rede de comunicação interativa. Isso significa que todos podem acessar e produzir conteúdo para compartilhamento global. Na era digital, o valor do jornalismo na sociedade está se expandindo: Os cidadãos fazem mais do que simplesmente obter informação de fontes noticiosas. Eles contribuem para o fluxo informacional. Assim, o valor do

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jornalismo deve ser alargado para abarcar a crescente natureza participativa das notícias em um mundo conectado. (PAVLIK, 2014, p. 181)

Portanto, por meio de suas características, percebe-se que o webjornalismo é uma forma eficaz de abordar a população para contribuir com a manutenção do estoque do banco de sangue. A produção da notícia e sua distribuição, aliadas às características citadas potencializam o envolvimento do indivíduo com a mensagem transmitida e com o que ela propaga.

3.2. Jornalismo mobile

O jornalismo mobile é a criação ou adaptação de conteúdo jornalístico para ser consumido em dispositivos móveis conectados à rede. Para Eduardo Campos Pellanda (2009, p.11), o crescimento da comunicação móvel causa impacto econômico e cultural em todas as camadas sociais devido a sua acessibilidade. Este fato cria um panorama de oportunidades e desafios entre os hábitos sociais e aos limites entre espaços públicos e privados. Logo, o tempo de comunicação entre os indivíduos aumenta e a distância entre estes e os espaços diminui, possibilitando o aumento da interação social com os agentes prestadores de serviços online. Com a evolução tecnológica, os celulares progrediram e assumiram funcionalidades que antes não possuíam, como armazenamento e reprodução de arquivos, câmera fotográfica e gravador de áudio para a produção de conteúdo, além de acesso eficiente à internet. Este fator, contribuiu tecnicamente para a rotina de produção de conteúdo jornalístico. O uso destes dispositivos é relevante no processo de inclusão digital por serem acessíveis e ubíquos. Assim, se conclui que a aquisição de dispositivos móveis permite a onipresença online de quem o possui, logo possibilitando o acesso à informação hospedada na rede a qualquer momento e em qualquer lugar. Concordando com Pierre Levy (1996), Pellanda (2009) afirma que desde o início da internet comercial o espaço real é diferente do espaço virtual. No espaço real está o que é tátil como a matéria constituída por átomos e, por outro lado, no espaço virtual está o que é intangível, como nossas informações interligadas por um sistema eletrônico.

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A partir do exposto, se admite a influência de um sobre o outro. Do real sobre o virtual por meio do ser humano que desenvolve esse sistema eletrônico, e do virtual sobre o real, que influencia o Homem após a reflexão da informação absorvida. A tônica da troca de informação por meio da comunicação digital é o empoderamento que o indivíduo assume com a posse da informação. Antes do advento da internet, o rádio e a televisão disseminavam o conteúdo que fazia com que grupos sociais e espaços geográficos distantes um do outro tivessem contato com culturas diferentes. Agora, com a consolidação da rede e o seu crescimento exponencial juntamente com a evolução tecnológica de dispositivos móveis, a comunicação tem a potencialidade de ser essencial para a transformação cultural de um país de dimensões continentais e de população multicultural na mesma velocidade do progresso tecnológico. Portanto, diante deste quadro se espera que o acesso a webnotícias por meio de dispositivos móveis colabore com a dinâmica social que influencia o abastecimento do banco de sangue ao utilizar a ubiquidade para ter acesso aos potenciais doadores de sangue.

3.3. Redes sociais offline e online

A utilização de sites de redes sociais se tornou imprescindível para que indivíduos e organizações se relacionem na internet em torno de um ou vários objetivos em comum. No caso de um hemocentro, se aproximar da comunidade por essa via pode fazer com que a população se engaje a doar sangue e captar novos voluntários: As redes sociais possuem inúmeras características que as diferem em sua essência das chamadas mídias tradicionais, como televisão, jornais e rádio. O ponto principal é que elas dependem da interação entre seus usuários, pois, a discussão e a integração entre eles constroem uma espécie de conteúdo compartilhado, usando a tecnologia como meio condutor. (PARÁ, 2013, p.5)

Segundo Raquel Recuero (2009, p.26), essa relação nas redes sociais é promovida por ‘’atores’’ que assumem uma identidade virtual que os representa na rede. Esse protagonismo é evidenciado com a construção ininterrupta da identidade

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que se pretende transmitir. A construção dessa identidade é uma demarcação de território no ciberespaço que serve de base para que esse agente se comunique com a sociedade e alcance o que objetiva. De acordo com Robert Putnam (Apud Raquel Recuero, 2009, p. 45), o capital social nesse contexto refere-se à interligação de indivíduos conectados pela reciprocidade que emerge na rede social, criando em seus membros a sensação de confiança. Para o autor, o fortalecimento do capital social está intrinsecamente ligado ao comportamento cívico mantido nessas relações. Esse raciocínio engloba dois aspectos essenciais: o individual e o coletivo. O aspecto individual parte da intenção que os indivíduos têm de proporcionar benefícios ao grupo para própria segurança, enquanto que o coletivo reflete as consequências desse primeiro aspecto, gerando um espiral de apoio mútuo. Portanto, o capital social é constituído por comunidades em que indivíduos se relacionam em torno de um interesse comum. A partir desse interesse, há o engajamento individual e coletivo, sendo que o coletivo reflete o posicionamento particular de seus componentes por meio de suas relações cívicas, que geram à comunidade a reciprocidade para que os atos praticados se tornem benéficos a todos. Esse contexto flexionado aos sites de redes sociais infere em associações voluntárias que entendem o desenvolvimento da confiança que estimula a cooperação baseada em valores sociais entre os indivíduos que constituem a rede. No cenário em que um hemocentro se encontra, isso significa que há a cooperação entre doadores de sangue e potenciais doadores em benefício de pacientes que necessitam de transfusões sanguíneas. De acordo com Recuero (2000, p.102), ‘’sites de redes sociais são os espaços utilizados para a expressão das redes sociais na internet’’, o que fazem com que funcionem como um catalizador na difusão da informação: A grande diferença entre sites de redes sociais e outras formas de comunicação mediada pelo computador é o modo como permitem a visibilidade e articulação das redes sociais, a manutenção dos laços sociais estabelecidos no espaço off-line. (RECUERO, Raquel. 2000, p.102, 103)

Logo, sites de redes sociais são, tecnicamente, sistemas que comportam ligações virtuais interpessoais, dando a esse complexo o significado de seu conceito.

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Esses sistemas sem seus membros ativos não constituiriam uma rede social, afinal, para que se obtenha essa definição é necessário que seus componentes mantenham no sistema a extensão do relacionamento que mantém fora dele. Os sites de redes sociais potencializam a disseminação da informação e, assim, se tornam o meio que conecta indivíduos em torno de uma questão compartilhada. Nesse panorama, se um hemocentro está estrategicamente inserido em um site de rede social, passa a ter a possibilidade de captar a atenção da comunidade que o circunda no ambiente online. A partir disso, a mensagem gerada e absorvida tem a oportunidade de construir em quem a compreende a finalidade almejada, seja ela referente a qualquer necessidade do banco de sangue que possa ser revertida pelo engajamento social.

3.4. Datacracia e webjornalismo

Em uma sociedade ubíqua, o comportamento humano pode ser mensurado e analisado por meio dos dados gerados após os registros das ações tomadas em ambiente online. Um site acessado, a procura de um serviço e o pagamento de uma conta são exemplos do comportamento adotado por indivíduos que fazem uso da internet para saciar seus desejos e necessidades, cotidianas ou não. Assim como estes exemplos, todos as outras ações feitas com uso da rede podem ser registradas, mensuradas e analisadas, inclusive serviços públicos para progresso da cidadania, desde que com suas devidas restrições. Luli Radfahrer (2015) destaca que ‘’caminhamos para uma época de vigilância sem precedentes’’ e que a privacidade da forma como conhecemos hoje já é um conceito defasado. Não porque estamos sendo vigiados sem nossa permissão, mas porque somos coniventes ao fazer parte de uma rede social, por exemplo. Para o autor, a sociedade contemporânea precisa se adequar ao avanço tecnológico para utilizá-lo com eficácia a seu favor. A sociologia contemporânea, segundo o autor, mostra que a sociedade é formada por subgrupos distintos que se assemelham pelo comportamento, e não por definições como bairro, formação ou renda

porque

‘’suas

escolhas

comportamentais, dinâmicas’’:

individuais

os

agrupam

em

associações

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É nesse ponto que as tecnologias de “Big Data” podem fazer a diferença em políticas públicas. Novas ciências sociais quantitativas usam teorias computacionais para prever dinâmicas e interações sociais, ajudando a criar modelos matemáticos para detectar anomalias, comparar cenários e ajustar variáveis para atender a demandas. (RADFAHRER, 2015)

De acordo com o que afirma Radfahrer, dados coletados em diferentes segmentos da sociedade demonstram que a população raramente opta por um desvio de padrão comportamental e que isso colabora para a sua análise: Ao reunir Economia, Sociologia, Psicologia, Matemática complexa, processos de tomada de decisão e grandes bases de dados, novos algoritmos deverão ser capazes de ver além de classes, profissões, bairros e partidos e ajudar a desenvolver uma “datacracia14”, que colabore para evitar crises de abastecimento e infraestrutura, orientar investimentos e simular ações de intervenção. (RADFAHRER, 2015)

O autor lembra que a análise do comportamento por meio de dados gerados online já é feita por empresas como Facebook e Google, mas com fins comerciais, e não sociais. Se sociais, as administrações públicas poderiam reduzir gastos e maximizar resultados com os recursos que possuem. Deixa claro que a sociedade pode utilizar este conceito para avanço social ao planejar estratégias que saciam suas demandas. No cenário em que um hemocentro se encontra, a ‘’datacracia’’ poderia ser usada para mapeamento do comportamento digital de seus voluntários em diferentes períodos para estabelecimento de táticas de abordagem que o direcionem a doação.

14

Disponível em http://observatoriodaimprensa.com.br/e-noticias/datacracia acesso em 8 maio de 2016.

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4. O CONSUMO DE NOTÍCIAS ONLINE NO BRASIL E PARÁ Segundo pesquisa encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência da República e realizada pelo Ibope (2015)15 e que conta 18 mil pessoas entrevistadas, 49% da população brasileira tem acesso à internet, mas 42% dos brasileiros a utiliza com frequência. Este item fica na 3° colocação, atrás da TV com 93% e rádio com 46%, porém é a que apresenta o maior nível de crescimento nos últimos 12 meses quanto ao uso com 11%. Deste grupo de 42%, 76% das pessoas acessam a internet todos os dias com uma exposição média diária de 4h59 de 2ª a 6ª - feira e de 4h24 nos finais de semana. Na região norte, a média é de 4h01 durante os dias úteis e de 3h38 durante o fim de semana. Entre os usuários com ensino superior, 72% acessam a internet todos os dias, com conexão média diária de 5h41. Entre as pessoas com até a 4ª série, os números caem para 5% e 3h22 de conexão média diária. Um percentual de 65% dos jovens na faixa de 16 a 25 se conectam todos os dias, em média 5h51, contra 4% e 2h53 de conexão média diária dos usuários com 65 anos ou mais. A pesquisa mostrou que 67% das pessoas acessam a rede para consumir notícias e que 43% do total não utiliza a internet com frequência devido à falta de habilidade com dispositivos online. Entre os pesquisados com renda familiar mensal de até um salário mínimo (R$ 880,00), a proporção dos que acessam a internet é de 20%. Quando a renda familiar é superior a cinco salários mínimos (R$ 4,400), a proporção sobe para 76%. A análise por escolaridade mostra que 87% dos participantes com ensino superior acessam a internet pelo menos uma vez por semana, enquanto apenas 8% dos entrevistados que estudaram até a 4ª série o fazem com a mesma frequência. Assim como o 1° e 2° colocados na pesquisa, os picos de uso da internet de segunda a sexta-feira e nos finais de semana são semelhantes. Isso significa que as pessoas tendem a estar conectadas nos mesmos horários durante a semana, o que geralmente ocorre às 20h.

15

Disponível em http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-equalitativas-de-contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf acesso em 15 de maio de 2016.

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As mídias sociais mais usadas são o Facebook com 83%, Whatsapp com 58% e Youtube com 17%. O Twitter foi mencionado apenas por 5% dos entrevistados. De acordo com pesquisa do Instituto Reuters de Jornalismo da Universidade de Oxford (2015)16, o Brasil ficou em 2° lugar entre os 12 países pesquisados em que a população acredita nas notícias online com 62% dos pesquisados. 23% das pessoas entrevistadas possuem assinatura em portais jornalísticos e 59% dos participantes compartilham notícias por mídias sociais - 1° lugar de 12 países pesquisados: É baixo o contato direto entre o cidadão e governos ou instituições públicas. Apenas 25% dos usuários entraram em contato por e-mail, formulários eletrônicos, chats, redes sociais, fóruns de discussão ou de consultas públicas nos últimos 12 meses. (BRASIL, 2015)

O resultado do mapeamento do perfil médio de utilização da internet pelo brasileiro é: indivíduo entre 16 e 25 anos de idade, com nível superior e renda familiar média de cinco salários mínimos, que ao se conectar prefere consumir notícias, prioritariamente por dispositivos móveis. Tem como via de acesso preferencial o Facebook. A busca por informação tem tempo médio de 4 horas entre os dias úteis e fins de semana, sendo que o período de conexão ocorre, geralmente, às 20h. Este internauta não tem o hábito de se comunicar com o Estado via internet.

4.1. Perfil do consumo de notícias online pelo doador de sangue em Belém

Para identificar o perfil de consumo de notícias online que o doador de sangue belenense apresenta, uma pesquisa de campo foi realizada por estes graduandos entre os dias 4 e 9 de abril de 2016 na sede do hemocentro. A aplicação foi feita nos períodos da manhã e da tarde com os doadores de sangue que estavam na área de alimentação do doador. Os questionários foram respondidos somente pelos voluntários que efetuaram a doação de sangue. Não houve distinção entre os doadores. Todos que entravam no local eram perguntados sobre a disponibilidade da participação e só depois de aceito o questionário era aplicado. 16

Disponível em http://www.digitalnewsreport.org/survey/2015/brazil-2015/ acesso em 15 de maio de 2016.

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O documento contou com a identificação do primeiro e do último nome do entrevistado, renda familiar, faixa-etária e escolaridade. Os itens questionados estão expostos na tabela abaixo:

Tabela 1 - Questionário. 1°

Você costuma acessar notícias online?



Você já doou sangue motivado por uma notícia online sobre doação de sangue?



Você costuma acessar um destes portais



Você já motivou outra pessoa a doar sangue por ter visto uma notícia na internet sobre doações de sangue?



Quando acessa notícias, as acessa diretamente no portal ou via redes sociais?



Você acompanha as redes sociais do Hemopa?



Se sim, quais?



Você acompanha as redes sociais destas fontes?



Quais destes dispositivos você utiliza para acessar notícias online?

10°

Se você não lê notícias na internet, quais meios de comunicação utiliza para se informar?

A análise das respostas trouxe resultados significativos para o estudo. Dentre os participantes da amostra, 54% são homens e 46% são mulheres. 100% dos entrevistados tem acesso à internet.

46% 54%

Homens

Mulheres

Gráfico 1 – Gênero.

41

A análise por escolaridade mostra que 56% dos doadores de sangue ouvidos concluíram a formação escolar somente até o ensino médio, enquanto 23% possuem somente o ensino fundamental e 21% dos participantes possuem nível superior.

21%

23%

56% Fundamental

Médio

Superior

Gráfico 2 – Escolaridade.

Outros 34% apresentam renda média mensal de até um salário mínimo (R$ 880,00). Em seguida, 29% apresenta renda média de dois salários mínimos, 21% apresenta renda média de três salários mínimos, 8% apresenta renda média de quatro salários mínimos e apenas 1% apresenta renda superior a cinco salários mínimos ou mais. 6% dos entrevistados não quiseram divulgar a renda. 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1 S.m

2 S.m

3 S.m

4 S.m

5 S.m

> 5 S.m

Não divulgou

Gráfico 3 – Renda.

Perguntados se tem o costume de acessar notícias online, 83% respondeu que sim e 17% afirmou que não.

42

17%

83%

sim

não

Gráfico 4 – Acesso a notícias online.

Entre os participantes, 37% já doou sangue motivado por ter consumido uma notícia online sobre o tema e os outros 63% doaram por outro motivo.

37% 63%

Sim

Não

Gráfico 5 - Notícia como motivação.

A pesquisa mostra que 42% dos entrevistados tem o hábito de acessar o portal de notícias G1 Pará, 44% o Diário Online, 14% o do Hemopa e 5% o da Agência Pará.

43

50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% G1 Pará

Dol

Hemopa

Agência Pará

Gráfico 6 - Portais preferidos.

Um percentual de 62% dos entrevistados já motivou outra pessoa por ter lido uma notícia sobre o tema na internet. Os outros 38% não motivaram.

38% 62%

Sim

Não

Gráfico 7 - Notícia como motivadora.

Com relação a via de acesso a notícias na internet, 68% utiliza mídias sociais e 32% acessam diretamente no portal.

44

32%

68%

Portal

Mídias Sociais

Gráfico 8 - Via de acesso preferida.

Dos entrevistados, 43% acompanham as publicações do Hemopa nas mídias sociais, 39% não acompanham e 18 não souberam responder.

18% 43%

39%

Sim

Não

Não souberam responder

Gráfico 9 – Audiência das mídias sociais do Hemopa.

Destes 43%, todos curtem a página do hemocentro no Facebook, 3% seguem no Twitter e 2% no Youtube.

120% 100% 80% 60% 40% 20% 0% Facebook

Twitter

Youtube

Gráfico 10 - Preferência pela mídia social do Hemopa

45

Em seguida, as páginas de G1 Pará e Diário Online apresentam, respectivamente, 34% e 33% de preferência dos doadores no Facebook.

33%

34%

33% G1 Pará

Dol

Não seguem nenhuma das duas

Gráfico 11 - Preferência por G1 Pa e Dol.

A plataforma mais utilizada é o smartphone com 58% de preferência, seguido do computador com 38% e tablet com 4%.

4% 38%

58%

Computador

Smartphone

Tablet

Gráfico 12 - Plataforma preferida.

Na escala, o consumo de notícias online fica na 2° colocação com 17%, atrás da TV com 61%. O jornal impresso confere 14% de preferência e o rádio 8%.

46

8% 14%

17%

TV

Online

61%

Impresso

Rádio

Gráfico 13 - Mídia preferida.

O perfil médio após a análise do resultado foi o seguinte: homens entre 16 e 26 anos de idade, com formação somente até o ensino médio, renda de um salário mínimo e que doa sangue pelo menos uma vez ao ano. Costumam acessar notícias online a partir do smartphone, preferencialmente via Facebook. Este voluntário é sensibilizado pelas informações acerca do assunto ‘’doação de sangue’’ a ponto de poder colaborar com causa ou incentivar outro indivíduo a fazer o mesmo. A análise comparativa das duas pesquisas evidencia as diferenças e similaridades entre o perfil médio do brasileiro que acessa a internet e o perfil médio do belenense doador de sangue que acessa a rede. As principais diferenças entre os perfis estudados são a renda familiar e a formação escolar. Enquanto no Brasil o perfil predominante aponta indivíduos com renda familiar média de cinco salários mínimos e ensino superior concluído, o doador de sangue em Belém apresenta o oposto, com renda de apenas um salário mínimo e nível escolar predominante até o ensino médio. Apesar da diferença exposta, a faixa-etária entre os públicos estudados é semelhante juntamente com o nível de interesse de consumo de notícias na internet e dispositivo escolhido. De acordo com André Lemos (2007) a inclusão digital refere-se à penetração e desenvolvimento de habilidades da população em relação a utilização de dispositivos eletrônicos que contenham acesso à rede, igualando as possibilidades em um cenário geográfico, social, etário e intelectual múltiplo; com o intuito de promover o exercício dos direitos garantidos a cada cidadão como educação, acesso à informação e expressão e participação nas atividades sociais que este se encontra, potencializando a construção de sua cidadania e progresso coletivo:

47

A inclusão de uma sociedade no mundo digital deve partir da necessidade de se construir uma sociedade do conhecimento e do acesso facilitado, crítico, livre e democrático a informação. Os programas de inclusão digital hoje em todo mundo mostram que as áreas devem priorizar o envolvimento da comunidade,

trabalhando

numa

linguagem

acessível

aos

diversos

segmentos, atendendo as necessidades locais. (LEMOS, 2007, p. 31)

A disseminação e o domínio da cultura online potencializam avanços sociais à comunidade que dispõe desta alternativa, aumentando a promoção de ações que contribuam com a resolução das mais diversas necessidades da população a partir do conhecimento adquirido: Com o desenvolvimento dessa nova estrutura tecnológica, o conhecimento tornou-se um dos principais fatores para o desenvolvimento econômico, cultural e para a superação das desigualdades sociais, ainda mais em países como o Brasil. Nessa ‘’Sociedade do Conhecimento’’ ou nessa ‘’Era da Informação’’ a sociedade que conseguir criar e gerar conhecimento a partir de produtos, processos e serviços informacionais terão uma vantagem estratégica para enfrentar esse novo mundo. O conhecimento é uma força dinâmica agregando valor à sociedade e suas mais diversas organizações (jurídicas, culturais, produtivas e sociais). (LEMOS, 2007, p. 101, 102)

Para Lemos (2007, p. 16), a pobreza que atinge uma parcela da sociedade brasileira cria o cenário fértil para o analfabetismo que influencia diretamente a relação que essa população tem com o uso de tecnologias da informação. Para o autor: É necessário que se compreenda que é possível minimizar a pobreza e o analfabetismo a partir do uso das NTIC, partindo do pressuposto de que o domínio destas por parte dos cidadãos possa se traduzir em melhores oportunidades

de

inserção

no

mercado

de

trabalho,

bem

como

desenvolvimento de habilidades, criatividade e um melhor exercício da cidadania. (LEMOS, 2007, p. 16)

A ‘’Sociedade do Conhecimento’’ e ‘’Era da Informação’’ dialogam com o conceito de ‘’Cibercultura’’ destacada por Pierre Levy (1999). Os conceitos se

48

complementam como via do progresso social por meio da informação e das tecnologias da informação desde que usadas de maneira eficaz: O ciberespaço surge como ferramenta de organização das comunidades de todos os tipos e todos os tamanhos em coletivos inteligentes, mas também como o instrumento que permite aos coletivos inteligentes articularem-se entre si. (LEVY, 1999, p. 123)

Logo, a utilização da rede para a articulação da população em torno de um objetivo em comum a comunidade serve como instrumento agregador para a organização das potencialidades que permitirão o alcance da meta estipulada. No caso do abastecimento de um banco de sangue, o hemocentro, outra instituição ou a própria comunidade articulariam uma estratégia para a mobilização social a fim de abastecer o estoque, partindo da sensibilização da comunidade por meio da informação produzida e seu consumo até a doação de sangue, que é a ação final a ser atingida no processo que concerne o envolvimento do órgão com a população voluntária. Manuel Castells (2000) afirma que a rede é especialmente apropriada para a formação de laços fracos múltiplos porque permite a criação de um modelo igualitário de interação, fornecendo informação e criando oportunidades. A sociabilidade neste caso é pouco influenciada pela estruturação social ou mesmo bloqueio da comunicação: De fato, tanto offline e quanto online, os laços fracos facilitam a ligação de pessoas com diversas características sociais, expandindo assim a sociabilidade para além dos limites socialmente definidos do auto reconhecimento. Nesse sentido, a internet pode contribuir para a expansão dos vínculos sociais numa sociedade que parece estar passando por uma rápida individualização e uma ruptura cívica. Parece que as comunidades virtuais são mais fortes do que os observadores em geral acreditam. Existem substanciais de solidariedade na Rede, mesmo com laços fracos entre si. (CASTELLS, 2000, p. 445)

Portanto, o autor destaca que a internet é um terreno fértil quando se trata da criação de oportunidades. A mobilização de indivíduos que buscam se fortalecer objetivando a defesa de uma causa é facilitada pela dinâmica da rede e igualada pela

49

meta comum dos envolvidos, sem que fatores socioeconômicos e culturais interfiram de forma incisiva. O engajamento da população em ambiente virtual, independentemente de seu posicionamento socioeconômico, gera a busca por conhecimento relacionado e propicia a criação de estratégias que focam o bem-estar social.

4.2. Correlação entre comparecimentos no hemocentro e o consumo de notícias online sobre o tema

Para compreender a correlação entre o comparecimento de voluntários no hemocentro e o consumo de notícias online, foi necessário cruzar os dados fornecidos pelo Hemopa com os obtidos na pesquisa de campo. Esses dados podem ser entendidos como métricas e KPI’s. Segundo Camila Porto (2014, p. 297, 298) as métricas são dados isolados que podem ser mensurados para análise de um ponto estratégico. Os KPI’s (Key Performance Indicator) ou Indicadores Chave de Performance (ICP) são as informações que dão sentido às métricas. Nesse caso, a métrica é o alcance das notícias e o KPI ou ICP é a doação de sangue que essa notícia motivou. Para Avinash Kaushik (Apud PORTO, 2014, p. 299) uma métrica é uma mensuração quantitativa de estatísticas que descrevem eventos em seu site enquanto o KPI é a análise correspondente ao alcance do objetivo. Segundo a Coordenadoria de Atendimento Ambulatorial do Hemopa (Coamb, 2016), o hemocentro distribuiu em sua sede e hospitais da região metropolitana de Belém a quantidade de 77.568 bolsas de sangue em 2015. Este resultado não corresponde necessariamente a quantidade de bolsas de sangue transfundidas. O montante dividido por 12 meses registra a marca média de 6 mil bolsas de sangue distribuídas ao mês. De acordo com a Gerência de Captação de Doadores do Hemopa (Gecad, 2016) este dado está correlacionado diretamente à média mensal de 6 mil comparecimentos voluntários registrados no período de quatro meses analisado pela pesquisa. Ao multiplicar a média de bolsas distribuídas por quatro – quantidade de meses definidos para o período da pesquisa – o resultado médio encontrado é 24 mil. Esse quantitativo está abaixo da marca definida pelo hemocentro como ideal, que seria de 300 coletas ao dia. No final de quatro meses atingiria a marca média de 7.800

50

bolsas de sangue coletadas com um montante proporcional de 31 mil bolsas de sangue. Ao utilizar a internet para consumir notícias, o indivíduo registra o acesso no site no momento em que seleciona o link desejado, gerando assim um dado que reflete o alcance da informação. Ao

consultar

os

servidores

dos

sites

www.hemopa.pa.gov.br

e

www.agenciapara.com.br foi constatado que o endereço eletrônico do hemocentro recebeu o total de 9.659 acessos em suas notícias e o da Agência Pará 2.399 acessos nas matérias selecionadas que correspondem ao período pesquisado. A somatória dos dois resultados registra a soma de 12.058 acessos – voluntários em potencial e/ou pessoas que engajam outras pessoas a colaborar – o que corresponde a 50% de 24 mil e 38% de 31 mil. Mesmo que a quantidade de acessos no site do Hemopa seja maior que no da Agência Pará, a diferença de tráfego geral entre os dois é considerável, sendo o maior nesse quesito no segundo. A pesquisa de campo aponta que 14% dos voluntários opta por acessar o endereço eletrônico do Hemopa e 5% o da Agência Pará para buscar informações sobre o cenário da doação de sangue no estado por considerar o site do hemocentro como referência principal acerca do assunto. Apesar de Agência Pará registrar um tráfego de maior intensidade, este montante se dispersa entre as notícias de fontes diversas, já que o referido site comporta as principais notícias de todos os órgãos ligados ao Governo do Pará, assim, contribuindo para a diluição de acessos nas notícias sobre o Hemopa. A análise do que foi apresentado mostra que a procura por notícias acerca do assunto é menor que a quantidade de comparecimentos e bolsas distribuídas registrados pelo hemocentro no período analisado. A disseminação da notícia online ainda não é proporcionalmente responsável pela condução do voluntário ao hemocentro, porém isso não exclui sua importância, já que possui parcela considerável de alcance quando comparada aos registros de distribuição de bolsas de sangue. O cruzamento entre os dados que apontam a quantidade de acessos nas notícias dos dois sites e a quantidade de bolsas distribuídas – atingida e ideal – expõe que o grupo que consumiu a informação chega em um dos casos a metade dos voluntários envolvidos com o ato da doação de sangue. Já no segundo caso, a quantidade ultrapassa um terço.

51

O fluxo de acesso evidencia que o site do Hemopa é tido como a principal referência na busca por informação relacionada ao que concerne a doação de sangue na região. Portanto, se percebe a importância de manter e aprimorar a comunicação digital do hemocentro no intuito de conduzir potenciais voluntários para o abastecimento do banco de sangue por meio de notícias.

52

5. ANÁLISE DAS NOTÍCIAS SOBRE O ESTOQUE DE SANGUE DO HEMOPA A análise quantitativa das notícias publicadas sobre o tema nos sites do Hemopa e Agência Pará no capítulo anterior comparadas à quantidade de comparecimentos e doações de sangue efetivadas no hemocentro durante o período estudado mostram que o comportamento online do doador de sangue em relação a notícias selecionadas o direcionam a colaborar com a causa, tanto diretamente quanto indiretamente. Com essa conclusão tomada, juntamente à análise detalhada de textos selecionados no período da pesquisa, procura-se refletir sobre a qualidade dos textos jornalísticos apontados. A análise dos textos envolverá a investigação quanto à presença das características do webjornalismo, segundo Canavilhas et al. (2014), apresentadas no Capítulo 3. Além disso, serão identificadas e quantificadas as fontes utilizadas na elaboração das notícias. Os textos foram selecionados com base na autoria própria da equipe jornalística e no principal obstáculo enfrentado pelo hemocentro no atendimento à demanda transfusional: as quedas no estoque do banco de sangue justamente pela evasão de voluntários no decorrer do ano, principalmente em períodos de férias escolares e feriados prolongados. No caso desta análise, foram escolhidos os textos produzidos pela assessoria de comunicação do Hemopa, pela Agência Pará, que é ligada à Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), pelo G1 Pará e Diário Online. O conteúdo selecionado encontra-se dentro do período que vai de novembro de 2015 a fevereiro de 2016 por comportar o Dia Nacional do Doador de Sangue, férias escolares de fim de ano e os feriados de Natal, Reveillon e o prolongado de Carnaval.

5.1. O conteúdo do hemocentro e Agência Pará

É importante destacar que dos quatro sites selecionados, dois são ligados ao Governo do Estado e dois pertencem a grupos comunicacionais. Para prosseguir, serão analisadas primeiro as produções ligadas ao governo, no caso, os produtos feitos pela assessoria de comunicação do hemocentro e pela Agência Pará, que é ligada a Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). A somatória mostra que 44 notícias sobre o banco de sangue do Hemopa foram publicadas no site do hemocentro no período da pesquisa. Destas 44 matérias, 38 foram feitas pela assessoria de comunicação do Hemopa, duas pela Agência Pará,

53

uma pela assessoria de comunicação da Santa Casa de Misericórdia do Pará, uma pela assessoria de comunicação do Departamento de Trânsito do Pará (Detran) e outras

duas

pela

assessoria

de

comunicação

do

Hospital

Regional

da

Transamazônica (HRTP). As três últimas foram publicadas para noticiar a realização de parcerias entre os referidos órgãos para a promoção de campanhas de captação de doadores. No site da Agência Pará, 36 matérias foram reproduzidas, exatamente as mesmas publicadas no site do Hemopa, com exceção de oito notícias que não foram inclusas por se tratarem de informações estritamente institucionais. Em todas as reportagens há a presença de diferentes personagens como representantes do Hemopa, representantes de instituições parceiras, doadores de sangue e pacientes, mas sem levantar opiniões divergentes que iniciem reflexões sobre o serviço. Os textos produzidos pelas assessorias de comunicação dos órgãos públicos citados apresentam informações concisas, claras e precisas, mas com teor de apelo por ter a intenção de captar potenciais voluntários que poderiam colaborar com a causa ao consumir as informações contidas nas notícias. As fontes mais ouvidos, em ordem decrescente, são:

Tabela 2 - Identificação de fontes. Fontes que mais aparecem nas publicações Doador de sangue

44

Representante do Hemopa

33

Representante de instituições parceiras

32

Paciente

7

Na notícia ‘’Hemopa convoca doadores para abastecer estoque de sangue no fim do ano17’’ produzida pela assessoria de comunicação do Hemopa e reproduzida nos sites do hemocentro e da Agência Pará no dia 12 de dezembro de 2015, o texto informa no lead:

17

Disponível em http://www.hemopa.pa.gov.br/portal/administrator/index.php?option=com_content§ionid=1&task=edit&cid[]=1341 acesso em 12 de nov. de 2015.

54

Em função da proximidade das festas de fim de ano, o estoque de sangue da Fundação Hemopa está em declínio, com redução de 20% das coletas, em comparação ao mesmo período do ano passado. Diante da situação, o hemocentro convoca a população para doar sangue e colaborar para restauração do estoque. O atendimento da demanda transfusional pode ser comprometido com a evasão de doadores, que atinge não apenas o Pará, como também a hemorrede brasileira. (HEMOPA, 12/2015)

A contextualização do cenário segue com um apelo feito por uma representante do hemocentro: “Mesmo neste período festivo e de férias escolares, a necessidade dos pacientes continua e até aumenta nesta época devido ao proporcional amento no número de intercorrências. Por isso aguardamos os voluntários à doação de sangue para que possam vir fazer este ato tão importante e salvas centenas de vidas”, diz a assistente social Lilian Bouth, do Hemopa. (HEMOPA, 12/2015)

A matéria apresenta um doador de sangue e um paciente. A doadora, chamada Luciane Dutra destaca a comodidade que a estação de coleta HemopaCastanheira trouxe a sua rotina: ‘’achei ótimo ter esta unidade aqui. A sede era muito longe para mim. Agora fica a cinco minutos de casa. É muito bom porque ficou muito mais fácil ajudar’’, o que ressalta a praticidade em poder doar sangue em mais de um ponto na região metropolitana de Belém valorizando assim a prestação do serviço. No outro caso, o paciente identificado como Firmino Lima conta que precisou de seis transfusões enquanto aguardava por uma cirurgia no estômago, o que mostra a alta demanda transfusional e o fim do ciclo do sangue que inicia na coleta da doação e termina na transfusão A matéria é finalizada com a agenda de campanhas externas do hemocentro e horários de funcionamento no período festivo de fim de ano, além do parágrafo de serviço que é utilizado em todas as produções. No mês seguinte, em 27 de janeiro de 2016, a baixa no estoque permanece, mas, desta vez agravada em 30%. A notícia ‘’Hemopa convoca doadores para reverter queda no estoque de sangue’’ 18anuncia:

18

Disponível em http://www.agenciapara.com.br/Noticia/120486/hemopa-convoca-doadores-parareverter-queda-no-estoque-de-sangue acesso em 12 de nov. de 2015.

55

Com menos de 50% do estoque necessário para atender a demanda transfusional dos mais de 200 hospitais em funcionamento no estado, a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) está convocando doadores de sangue devido à urgência em repor o estoque estratégico do hemocentro, a fim de evitar o atendimento racionalizado, que prioriza os casos de urgência e emergência e adia, por exemplo, o fornecimento de sangue para pacientes de cirurgias eletivas (sem risco de morte). (HEMOPA, 27/2016)

A matéria prossegue com o alerta de que a baixa no estoque de sangue prejudica o atendimento no estado inteiro e que isso reflete com maior intensidade nos pacientes que se encontram em estado grave. A única personagem presente é uma representante do Hemopa que destaca os esforços do hemocentro para captar doadores de sangue, além de fazer um apelo à comunidade: Temos acionado doadores via telefone, redes sociais e com o apoio da imprensa, mas não tem surtido muito efeito. A evasão de doadores ainda é grande. Apelamos para a responsabilidade social de quem pode doar e salvar vidas. Muitas pessoas estão dependendo desse gesto para viver”. (HEMOPA, 27/2016)

No final, o texto apresenta a campanha “Está no sangue”, primeira ação estratégica do Hemopa para reverter as baixas no estoque de sangue. Há destaque para os locais de realização, programação e objetivo. Um mês depois, em 23 de fevereiro de 2016, o hemocentro continua noticiando a dificuldade crítica pela qual passa o estoque de sangue com a manchete ‘’Hemopa volta a convocar doadores voluntários para abastecer estoque de sangue 19’’ que informa no lead: A Gerência de Captação de Doadores (Gecad), da Fundação Hemopa, volta a convocar doadores voluntários de sangue para suprir estoque estratégico do hemocentro que registrou queda de 40% no número de comparecimentos e bolsas coletadas, nos dias 20 e 22, que pode prejudicar atendimento pleno, se a situação persistir. O período de intensas chuvas e doenças ocasionadas

19

Disponível em http://www.agenciapara.com.br/Noticia/121095/hemopa-volta-a-convocar-doadoresvoluntarios-para-abastecer-estoque-de-sangue acesso em 12 de nov. de 2015.

56

podem ser uns dos motivos da evasão de candidatos à doação nas unidades da hemorrede estadual. (HEMOPA, 2016)

O texto continua com a titular da Gerência de Captação de Doadores (Gecad), a assistente social Juciara Farias, destacando que a divulgação da causa deve ser feita, também, pelo corpo clínico dos hospitais que demandam bolsas de sangue. Segundo Farias, a captação de doadores de sangue ‘’é um compromisso que deve ser assumido por todos”. O outro personagem da notícia é o diretor Executivo do Hospital Geral de Tailândia (HGT), José Batista Luiz Neto, que visitou Belém para se reunir com a presidente do Hemopa para firmar uma parceria com o hemocentro. Na ocasião, o diretor doou sangue e afirmou que todo o corpo clínico do hospital é consciente de que estimular potenciais voluntários é um dos diferenciais para reestabelecer o nível do estoque de sangue. O texto termina com a lembrança de que a sede do hemocentro receberá a campanha do Clube de Motociclistas Carpe Dien, além de destacar a data da campanha do Dia da Mulher, que seria a próxima a ser realizada pelo Hemopa em todo o estado. Em todas as publicações do Hemopa não há hipertextualidade nas publicações. Pela ausência de hiperlinks, não há a possibilidade de acessar matérias anteriores a partir de um determinado período, a não ser pelo servidor do site, que é restrito apenas aos servidores da Assessoria de Comunicação e da Gerência de Tecnologia da Informação (Getin) do hemocentro. A estrutura da matéria é composta apenas por texto e fotos, que são posicionadas no corpo do texto. A zona de comentários é desabilitada e a régua20 de convergência para mídias sociais é desatualizada. Não há a possibilidade de personalizar a página de acordo com as próprias preferências. As análises das publicações produzidas pela assessoria de comunicação do Hemopa apresentam alta regularidade da presença dos doadores de sangue, representantes do hemocentro e representantes de instituições parceiras, entretanto, não há a participação proporcional de pacientes. As matérias evidenciam a constante evasão de doadores de sangue que o hemocentro enfrenta e quais as consequências iminentes para a comunidade. O teor do conteúdo tende ao apelo para a 20

A régua é um mecanismo que possibilita o compartilhamento direto do link nas mídias sociais.

57

sensibilização de quem consome a notícia. Em nenhuma das matérias selecionadas uma unidade do interior do estado é tida como referência. Do montante, apenas três matérias não têm como localidade principal a sede, na capital, o que mostra a ausência de destaque às unidades que compõem a hemorrede do estado mesmo que sejam citadas em uma parcela das notícias. A Agência Pará produziu duas matérias autorais no período delimitado. A escolhida tem como manchete ‘’Hemopa intensifica campanha de doação de sangue para o Carnaval21’’ e foi publicada no dia 19 de janeiro de 2016.

21

Disponível em http://www.agenciapara.com.br/Noticia/120264/hemopa-intensifica-campanha-dedoacao-de-sangue-para-o-carnaval acesso em 12 de nov. de 2015.

58

Figura 1 - Matéria selecionada na Agência Pará

No lide, a notícia destaca dois fatores importantes que influenciam diretamente o nível do estoque de sangue: o aumento da demanda inversamente proporcional à evasão de doadores de sangue. Além disso, aponta o cuidado que o voluntário deve ter ao se candidatar, pois o período da campanha é o mesmo do ‘’inverno amazônico’’ no qual a frequência de gripe aumenta na região, além do gravo sobre a incidência dos vírus Zika e Chikungunya:

59

Com a proximidade do Carnaval e o aumento em torno de 40% das demandas hospitalares, proporcionado pelos excessos nos dias de folia, a Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará ( Hemopa) se preocupa com a queda no estoque de sangue do hemocentro. Por causa das constantes viroses ocasionadas pelo período chuvoso, as pessoas precisam esperar a recuperação para se submeter à doação. A espera é ainda maior para quem já teve o Zika vírus ou a Chikungunya. Nesses casos, a pessoa precisa aguardar 30 dias depois da cura para voltar a doar sangue. Por causa dessas viroses e epidemias, o centro de hemoterapia teve uma redução de 50% no comparecimento de doadores que, se persistir, vai interferir no atendimento da demanda hospitalar. A média diária de doadores vem sendo de 150 pessoas, quando o ideal é 300. (AGÊNCIA PARÁ, 2016)

Em seguida, a Agência Pará apresenta a realidade da demanda transfusional do Hospital Metropolitano, em Ananindeua, região metropolitana de Belém. Neste hospital, que é o maior do Estado no quesito ‘’Urgência e Emergência’’, a demanda é atendida de forma eficaz, entretanto, com a consciência de que o baixo nível do estoque de sangue do Hemopa pode afetar diretamente a qualidade do serviço oferecido pelo hospital. Ao prosseguir, o texto informa que para reverter o quadro do estoque de sangue, o Hemopa promoverá a campanha “O Carnaval está no sangue do paraense. A solidariedade também. Doe sangue’’, com período de realização, meta, localidades no interior do estado e programação. O anúncio destas informações foi feito pela titular da Gerência de Captação de Doadores (Gecad), Juciara Farias. O texto apresenta uma doadora de sangue que foi estimulada por outras pessoas: Família e amigos dos pacientes também são orientados a estimular a doação de sangue. Foi através de um pedido de sua madrinha, que a estudante Leidiane Moreira, 24 anos, esteve no Hemopa na manhã desta terça-feira, 19, para doar sangue pela primeira vez.” Eu e mais 5 amigas estamos aqui para doar sangue a uma amiga de minha madrinha, que estava com leucemia. Hoje, depois que chegamos aqui, soubemos que ela faleceu, mas agora vou doar para outras pessoas que necessitem do meu sangue, que é raro: o B negativo”, disse a estudante. (AGÊNCIA PARÁ, 2016)

60

Além de Leidiane Moreira, a matéria conta com o doador de sangue Rosivaldo Santos que afirma praticar o ato regularmente de três em três meses. Para finalizar a matéria, é incluído um parágrafo que cita os critérios básicos para doar sangue, seguido do serviço com endereço e horário de funcionamento do hemocentro. Em todas as publicações do Agência Pará não há hipertextualidade no corpo do texto. No fim da matéria há a possibilidade de acessar notícias. A estrutura da matéria é composta apenas por texto e fotos, que são organizadas em uma galeria dinâmica. A zona de comentários é desabilitada. No final das publicações há uma régua de convergência para mídias sociais. Não a possibilidade de personalizar a página de acordo com as próprias preferências. A análise da publicação autoral produzida pela Agência Pará apresenta os fatores inversamente proporcionais que afetam diretamente o estoque de sangue do hemocentro e a consequência iminente disso, explicando desta forma que o problema não se resume a diminuição das doações de sangue, mas também ao aumento da demanda. O texto destaca ainda que no período há o aumento do índice de gripe na região devido o ‘’inverno amazônico’’ e da incidência dos vírus Zika e Chikungunya, o que impossibilita uma considerável parcela de voluntários de poder colaborar. Há a presença de uma representante do Hemopa, de um representante de uma instituição do Estado que demanda ao hemocento na região metropolitana de Belém, e dois doadores de sangue, sendo uma novata e outro veterano. Nesta produção percebese o teor de conscientização ao apresentar o cenário do órgão que capta o doador de sangue e do que precisa da doação deste voluntário, além de alertar para o fator relacionado a saúde dos voluntários, que devem estar saudáveis para poder colaborar.

5.1.1 O conteúdo do G1 Pará e Diário Online

G1 Pará e Diário Online são os outros sites escolhidos para análise por se tratarem dos dois maiores portais de notícias do estado. Os dois veículos são ligados às maiores empresas de comunicação do Pará (Organizações Rômulo Maiorana e Grupo RBA). É importante destacar que o Diário Online pertence ao grupo político que atualmente faz oposição ao Governo do Estado.

61

No período delimitado para a pesquisa, o G1 Pará fez 10 publicações sobre o tema, sendo que destas 10, oito foram sobre o mesmo evento22 e destas oito publicações, três foram repetidas com edições pontuais. Foi percebido que os conteúdos reproduzidos pelo G1 Pará em oito publicações são de autoria da TV Liberal, lembrando a 2° geração 23do webjornalismo. A única matéria autoral produzida pelo G1 Pará no período selecionado para esta pesquisa tem a manchete: ‘’Hemopa promove ações para elevar número de doações de sangue24’’ e foi publicada no dia 26 de fevereiro de 2016.

22

Dia Nacional do Doador Voluntário de sangue, comemorado no dia 25 de novembro. Os conteúdos de outras mídias eram reproduzidos na internet com determinadas formatações para o meio. 24 Disponível em http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2016/02/hemopa-promove-acoes-para-elevarnumero-de-doacoes-de-sangue.html acesso em 12 de nov. de 2015. 23

62

Figura 2 - Matéria selecionada no G1 Pará

O lide da matéria informa que o estoque de sangue do hemocentro passa por uma queda de 40% no nível de abastecimento devido à evasão de doadores. No segundo parágrafo há a informação de que o grupo de Motociclistas Carpe Dien promoverá campanha de doação de sangue para colaborar com a reversão do quadro. Após os dois primeiros parágrafos, o texto possui um intertítulo que esclarece que a evasão de doadores de sangue acontece em decorrência do ‘’inverno amazônico’’ no qual a locomoção na região metropolitana é dificultada pelas chuvas

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intensas. Além disso é alto o índice de voluntários impedidos de doar devido a gripe comum no período. Em seguida, a matéria insere a titular da Gerência de Captação de Doadores (Gecad), Juciara Farias, que menciona as estratégias que o hemocentro adota para reabastecer o estoque de sangue, incluindo o incentivo direcionado ao público feminino: Para a técnica, a participação de mulheres no processo da doação de sangue está bom, mas precisa melhorar. “Já saímos de 13% para 34%, mas podemos aumentar essa adesão, tendo em vista que o Pará tem uma população com mais de 8 milhões de habitantes, sendo que 49% são mulheres”, informou. (G1 PARÁ, 2016)

Ao prosseguir, a notícia apresenta outro intertítulo que detalha a programação da campanha organizada para homenagear o público feminino no Dia da Mulher. A matéria termina com um terceiro intertítulo que destaca quais são os critérios básico para doar sangue e serviço com endereços e horários de funcionamento do hemocentro. Em todas as publicações do G1 Pará não há hipertextualidade no corpo do texto. No fim das matérias não há a possibilidade de acessar notícias anteriores. A estrutura das notícias é composta apenas por texto e fotos, que são organizadas no corpo do texto. A zona de comentários é desabilitada depois de um determinado período. No final das publicações há uma régua de convergência para mídias sociais. Não há a possibilidade de personalizar a página de acordo com as próprias preferências. A análise da publicação autoral produzida pelo G1 Pará apresenta o cenário de queda no estoque de sangue do hemocentro e sua motivação. Há a citação de um grupo que se dispõe a colaborar com o reabastecimento. Há a presença de uma representante do Hemopa que menciona as estratégias adotadas pelo Hemopa para reabastecer o estoque de sangue e a menção sobre o índice de voluntariado do público feminino. A publicação não apresenta doadores de sangue, pacientes ou representantes de instituições parceiras. O término da notícia conta com um intertítulo que destaca o serviço do banco de sangue. No período da pesquisa, o Diário Online fez cinco publicações sobre o tema, porém, somente uma autoral que consta com a manchete ‘’Hemopa retomará coleta

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de sangue na quinta-feira25’’, veiculada no dia 9 de fevereiro de 2016. As outras quatro publicações foram feitas a partir de outras quatro publicações, sendo duas do Hemopa e outras duas da Agência Pará. A assinatura de cada uma destas quatro matérias referencia o crédito dos dois órgãos.

Figura 3 - Matéria selecionada no Diário Online

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Disponível em http://www.diarioonline.com.br/noticias/para/noticia-358617-hemopa-retomaracoleta-de-sangue-na-quinta-feira.html acesso em 12 de nov. de 2015.

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O único parágrafo da matéria autoral informa: O serviço de coleta de sangue, na Fundação Hemopa, será retomado na próxima quinta-feira (11). Contudo, o atendimento da demanda transfusional da rede hospitalar segue funcionando normalmente. (DIÁRIO DO PARÁ, 2016)

Em seguida o texto é finalizado com dois parágrafos. Um informa os critérios básicos para doar sangue e o outro o serviço de funcionamento do hemocentro. Em todas as publicações do Diário Online Pará não há hipertextualidade no corpo do texto. No fim das matérias há a possibilidade de acessar notícias anteriores. A estrutura das notícias é composta apenas por texto e fotos, que são organizadas no corpo do texto. A zona de comentários é habilitada. No final das publicações há uma régua de convergência para mídias sociais. Não a possibilidade de personalizar a página de acordo com as próprias preferências A análise das publicações autorais produzidas pelo G1 Pará e Diário Online mostram apenas que o serviço de coleta será retomado após o feriado de Carnaval. Não há a presença ou citação de nenhum representante do hemocentro, instituições parceiras, doadores de sangue ou pacientes. O término da notícia conta com um intertítulo que destaca o serviço do banco de sangue. A análise dos textos possibilita constatar que há a repetição de fontes e do teor apelativo à sensibilização de quem consome a notícia em todas as matérias, com exceção da produzida pelo Diário Online. Por causa disso não há a inserção de assuntos que não sejam ligados a este viés e que evidenciem uma nova abordagem sobre a doação de sangue. Foi constatado também que as características do webjornalismo não são utilizadas no que diz respeito a adequação ao jornalismo online de 3° geração. As quatro fontes pesquisadas formatam seu conteúdo à internet em diferentes níveis de produção, porém, raramente utilizam os recursos da rede para dinamizar o webjornalismo produzido pelos portais.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS O consumo de notícias por meio do webjornalismo se mostrou consolidado entre o público voluntário à doação de sangue. Esse fator foi alcançado devido o hábito de acesso à internet adquirido pela sociedade. O cenário foi potencializado após o surgimento de dispositivos móveis com conexão à rede, o que tornou a sociedade virtualmente ubíqua. De todas as matérias veiculadas apenas três não tem Belém como referência, o que significa que as outras oito unidades da hemorrede não possuem cobertura eficiente por parte do webjornalismo promovido pelas fontes estudadas. Apesar de Belém ser a cidade onde está localizada a sede do hemocentro, a necessidade pelo atendimento eficaz da demanda transfusional abrange o estado inteiro. Por essa razão urgente, a cobertura deve atender as pautas de todas as unidades do Hemopa. As notícias analisadas mostram que as fontes consultadas e os assuntos abordados se repetem com frequência, sem criar novos tratamentos para o tema. Por essa ausência de novas abordagens, se cria uma fronteira que não é ultrapassada entre os assuntos tratados. Isso promove um silenciamento de perspectivas em relação às pautas que passam a girar sempre em torno do mesmo viés, limitando a discussão sobre as diferentes conclusões que orbitam o objeto de estudo. Por exemplo, dentre as notícias selecionadas, nenhuma abordou o cenário da baixa no estoque de sangue pela perspectiva de um voluntário que foi impedido de doar. Esse ângulo seria propicio para tratar sobre os critérios básicos estipulados pelo Ministério da Saúde e esclarecer dúvidas referentes a este tema. O investimento na relação de diferentes visões sobre o assunto pode colaborar para o avanço da discussão sobre o abastecimento de sangue do hemocentro, assim criando um diâmetro de maior envolvimento da comunidade com a missão do Hemopa por meio do webjornalismo, que utiliza o conceito de comunicação pública na criação de um consenso sobre a importância do serviço oferecido pelo banco de sangue. Nenhum dos portais consultados pratica o jornalismo online de 3° geração em relação ao tema definido. Esta geração aliada à tecnologia disponível facilita o exercício de um modelo de jornalismo genuíno da mídia em questão que possibilita a utilização de recursos que visam maximizar a experiência informativa do internauta. A construção de uma Política de Comunicação e de um plano de comunicação digital de acordo com a rotina do banco de sangue colaboraria para o suprimento da

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necessidade comunicacional do hemocentro que é o elo que interliga o órgão à população. Foi constatado que a utilização de mídias sociais de maneira planejada se tornou necessária a partir do momento em que a sociedade adotou seu uso frequente. Sua inserção em uma estratégia de comunicação potencializa o alcance da informação disseminada, propicia o relacionamento do órgão com a comunidade e instituições e consolida a presença do hemocentro no estilo de vida digital contemporâneo. O conceito de datacracia permite entender que a análise da taxa de alcance da informação e o comparecimento de doadores de sangue no hemocentro estão vinculados, pois, a ação de consumo da notícia online causa uma reação motivadora no internauta que quando não doa sangue, motiva outra pessoa a colaborar, criando assim um dado de conversão que pode ser mensurado e analisado para a criação de uma estratégia. Diante do exposto, consideramos três medidas que visam a melhoria da comunicação digital do hemocentro. Após o mapeamento do comportamento online do doador de sangue estas sugestões auxiliariam na captação de potenciais voluntários para o abastecimento do estoque do hemocentro. A primeira consiste na criação de um aplicativo que reúne o conteúdo jornalístico veiculado no site do órgão, consulta aos principais serviços, calendário de campanhas, estoque de sangue, localização geográfica da hemorrede estadual, convergência para mídias sociais e notificações push com a atualização de determinada informação escolhida pelo indivíduo; A segunda se refere sobre a abordagem do tema, que necessita ser plural, e a utilização do jornalismo de 3° geração, que aumentaria a experiência informativa do internauta; A terceira é a utilização planejada das mídias sociais para a potencialização da disseminação da informação e estreitamento do relacionamento do órgão com a sociedade em geral; A inquietação pela compreensão da relação que há entre o webjornalismo feito em Belém e o abastecimento de sangue do Hemopa foi a força motriz que nos impulsionou a efetivar esse trabalho. A internet assume o significado da maneira que a utilizamos. O bom uso da rede propicia o relacionamento entre Governo e sociedade para a criação de um elo de colaboração que não será desfeito quando compreendido.

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A pesquisa nos delimitou a abordar o objeto de estudo de maneira focada, sem que houvesse outros questionamentos que nos auxiliassem no aprofundamento da investigação, como a relação entre o abastecimento do banco de sangue e a relação da comunicação feita por outras mídias, mídias sociais e pela publicidade e propaganda utilizada pelo hemocentro, por exemplo. Desejamos desenvolver esse tema a nível de pós-graduação lato e stricto sensu para o aprofundamento da investigação e análise da relação apresentada em suas mais variadas perspectivas. Não apenas ligada a um hemocentro, mas a qualquer serviço público que possa se encaixar nesse modelo de colaboração altruísta. Acreditamos que este trabalho traz uma nova compreensão sobre o assunto abordado. Seus resultados podem ajudar a aprimorar o planejamento de comunicação do Hemopa, colaborando para que haja menos baixas nos estoques de sangue do hemocentro e, consequentemente, ajudando a salvar vidas que dependem da doação.

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73

APÊNDICE A – ENTREVISTA COM VERA ROJAS - ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO DA FUNDAÇÃO HEMOPA. 1° - O Hemopa possui algum documento que reconheça a Ascom oficialmente dentro do organograma da instituição, com suas funções, missão, valores e objetivos?

R: Não. Legalmente o que consta é a existência de assessores (sem definição de setor) no organograma da instituição. Temos a menção do cargo na LEI Nº 6.692, DE 24 DE SETEMBRO DE 2004, que altera a Lei nº 5.840, de 24 de março de 1994, que dispõe sobre a organização e criação de cargos do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará. E ainda, no Regimento Interno (publicado no DOE nº 30.485 de22/07/05) - D E C R E T O Nº 1.701, DE 21 DE JULHO DE 2005. Mas, a definição de Assessoria de Imprensa e /ou Assessoria de Comunicação ainda não foi reconhecida/definida legalmente, embora o setor há anos desenvolva as atividades de uma Ascom, com a atual composição de uma jornalista, uma relações públicas, uma publicitária e uma estudante de jornalismo (final de curso). A missão do setor está contemplada na Definição de Negócios (DN), do Sistema da Qualidade da Fundação Hemopa. Missão “Promover, fortalcer e manter a imagem institucional com a administração do fluxo de informações entre a instituição e a sociedade”.

2° - Há quanto tempo o Hemopa possui uma Ascom? De quem foi a iniciativa da sua criação?

R: A Assessoria de Imprensa teve início estrutural em 1992, quando assumi o desafio de implantar o serviço para impulsionar a divulgação dos produtos e serviços do hemocentro. Até então não havia um trabalho contínuo para criar um vínculo de confiança com os veículos de comunicação e a instituição. Anteriormente, não havia nem um ambiente definido para atuação do profissional e nem equipamento, o que foi sendo providenciado gradativamente a partir das ações que foram paulatinamente definidas, construídas. Havia umas ações fragmentadas e sem arquivo definido de clipping de notícias publicadas, alguns números incompletos de jornal interno produzido por funcionários colaborativos. Foi um trabalho sedutor e árduo até os dias de hoje que, apesar desses 22 anos, ainda não perdi a paixão pela função.

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3° - O Hemopa possui Política de Comunicação?

R: Por se tratar de um processo de construção coletiva, ela ainda está em elaboração. Nossa meta é apresentar até final deste ano.

4° - O Hemopa possui planejamento para as mídias sociais que a instituição está inserida?

R: Não.

5° - Como você analisa a repercussão das campanhas do Hemopa na internet?

R: Muito boa, mas sempre temos que procurar melhorar os índices de acessos, curtidores e compartilhamentos, sempre ligados nos assuntos do momento e, principalmente, em novos produtos. Hoje, não temos social media, mas a equipe é muito esforçada para alcançar sempre um bom número de novos acessos e manter os antigos. Tai uma ferramenta de trabalho que inova a cada dia, então temos que acompanhar essa evolução.

6° - Como você avalia o trabalho dos jornalistas que realizam a cobertura das campanhas do Hemopa?

R: Já melhorou muito. Mas, ainda acho que precisamos de um novo olhar sobre a causa da doação de sangue que é muito mais ampla do que a sala da coleta. Tratamos diariamente com mudança de comportamento, disposição de voluntariado. Acho que a pauta, apesar do direcionamento sugerido pela Ascom do Hemopa, normalmente é subutilizada pelos colegas que podem, mas não desdobram o assunto.

7° - O Hemopa possui equipe (jornalista, relações públicas, publicitário e designer) e equipamentos (computadores específicos para a produção de conteúdo multimídia, câmera, microfone e afins) condizentes com a rotina exercida pela Ascom?

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R: Infelizmente não temos a estrutura ideal, mas temos equipe (todas que passaram por aqui) que supera esses desafios diários para apresentar um bom resultado que é manter um relacionamento de confiabilidade com a imprensa/sociedade, levando informações claras e objetivas para nossos públicos. Hoje contamos com um jornalista, uma estudante de jornalismo, uma publicitária e uma relações públicas. Nossa estrutura conta com cinco computadores e equipamentos de celulares próprios com alta resolução de imagem e áudios, daí o nosso empenho, criatividade e compromisso nos ajuda a falar todos os dias, doe sangue, de uma forma diferente.

8° - Os esforços realizados pelo Hemopa na área de comunicação têm sido suficientes para melhorar os estoques de sangue? Que outras ações têm sido realizadas?

R: Usamos os recursos dispostos de todos os tipos de mídias, composição de parcerias, planejamento das ações, mas isso não é e nunca será o suficiente. O que vai mudar o quadro com a insuficiência de bolsa de sangue na hemorrede brasileira é a atitude das pessoas, que infelizmente no Brasil, ainda não têm o hábito da doação voluntária de sangue. Não falta sangue. Faltam pessoas para doar sangue.

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APÊNDICE B – QUESTIONÁRIO. 1. Você costuma acessar notícias online? Sim ( ) Não ( ) 2. Você já doou sangue motivado por uma notícia online sobre doação de sangue? Sim ( ) Não ( ) 3. Você costuma acessar um destes portais? G1 Pará.com.br ( ) dol.com.br ( ) hemopa.pa.gov.br ( ) agenciapara.com/ Governo do Pará ( ) Acesso outro portal ( ) Qual? ____________________ 4. Você já motivou outra pessoa a doar sangue por ter visto uma notícia na internet sobre doações de sangue? Sim ( ) Não ( ) 5. Quando acessa notícias, as acessa diretamente no portal ou via redes sociais? Diretamente no portal ( ) Via redes sociais ( ) 6. Você acompanha as redes sociais do Hemopa? Sim ( ) Não ( ) 7. Se sim, quais? Facebook ( ) Twitter ( ) Youtube ( ) 8. Você acompanha as redes sociais destas fontes? G1 Pará ( ) Diário Online ( ) Agência Pará/ Governo do Pará ( ) Não ( ) 9. Quais destes dispositivos você utiliza para acessar notícias online? Computador ( ) Celular/ Smartphone ( ) Tablet ( ) 10. Se você não lê notícias na internet, quais meios de comunicação utiliza para se informar? TV ( ) Rádio ( ) Jornal Impresso ( )

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ANEXOS TERMO DE COMPROMISSO DE AUTENTICIDADE

Os alunos abaixo-assinados do Curso Comunicação Social - Jornalismo da Faculdade de Estudos Avançados do Pará - Feapa, regularmente matriculados no 7º semestre, declaram que o conteúdo de seu trabalho de conclusão de curso, intitulado: O webjornlismo e o incentivo às doações de sangue: um estudo de caso sobre o Hemopa é autêntico, original, e de autoria exclusiva da dupla, salvo por pequenos trechos de outros autores, devidamente citados e referenciados. Estando cientes de que, na entrega final do trabalho ou a qualquer tempo, caso o mesmo seja caracterizado como plágio total ou parcial, fica (m) o (s) aluno (s) reprovado (s), sem direito à revisão de notas, sujeitando-os, também, às sanções previstas por lei.

Belém (PA), ...... de ........ de 20___.

Sérgio Roberto Maia de Moraes Edinael Freitas de Souza Júnior

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TERMO DE COMPROMISSO DE TCC II Eu, _______________________________________________________, aluno do 7° semestre do Curso de Jornalismo, estou ciente das normas, prazos e obrigações relativos ao Trabalho de Conclusão de Curso 2016, e comprometo-me a cumpri-las, de acordo com documento normativo.

Belém, ____ de ________________ de 20____ ______________________________________ Assinatura do (a) Aluno (a)

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PROJETO DE CONCLUSÃO DE CURSO Nome do discente (1): Nome do discente (2): Telefone resid. (1): CELULAR Telefone resid. (2): CELULAR E-mail (1): E-mail (2): TEMA DO TRABALHO:

OBJETIIVO

JUSTIFICATIVA

LINHADE PESQUISA ( ) ( ) ( ) ( )

( ( ( (

) ) ) )

ACEITE DO ORIENTADOR: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ Belém, ____ de _____________ de _______

Nome do Discente (01) ____________________________________________________ Nome do Discente (02) ____________________________________________________

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ACOMPANHAMENTO DE ORIENTAÇÃO DE TCC II ORIENTAÇÃO Nº DATA: HORÁRIO DE ORIENTAÇÃO DE: LOCAL: _______ a ________. PROFESSOR (A) ORIENTADOR (A): DISCENTE (S) ORIENTADO (S): 1– 2– TÍTULO DO TRABALHO:

ATIVIDADE (S) DESENVOLVIDA (S) / TÓPICOS ORIENTADOS:

OCORRÊNCIAS:

____________________________

____________________________

Professor (a) Orientador (a)

Coordenador(a) de Curso

____________________________ Nome do Discente (01)

____________________________ Nome do Discente (02)

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC II ATA DE AVALIAÇÃO NOME DOS ORIENTANDOS: ALUNO 01. ______________________ ALUNO 02. ____________________ ALUNO 03. ______________________ ALUNO 04. ____________________ TEMA DA MONOGRAFIA _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ BANCA EXAMINADORA: 1) PROF. ______________________________________________________ 2) PROF. ______________________________________________________ 3) PROF. ______________________________________________________ AVALIAÇÃO (NOTA)

ALUNO 01

ALUNO 02

1) DO PROF. ORIENTADOR 2) DO PROF. AVALIADOR 3) DO PROF. AVALIADOR MEDIA FINAL

OCORRÊNCIAS:

CONCEITO ( ) APROVADO ( ) APROVADO COM RESTRIÇÕES, DEVENDO O (A)S ALUNO(A)S FAZER (REM) AS ALTERAÇÕES PROPOSTAS PELA BANCA ATÉ -----/------/------

( ) REPROVADO

ASSINATURA DOS MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA: 1. _______________________________________________ 2. _______________________________________________ 3. _______________________________________________ HOMOLOGAÇÃO DO COORDENADOR DE CURSO: DATA: ____/____/____ ASSINATURA: _________________________

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Roteiro de Avaliação - Banca Examinadora TCC II AVALIAÇÃO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO CURSO: ________________________________________________________ TÍTULO: ________________________________________________________ Descrição (Trabalho Escrito – Equipe)

Valor

Nota

Valor

Nota

Comentários

Capa; cabeçalho; resumo; apêndices e anexos; referências bibliográficas, citações; uso do idioma (erros de gramática, sintaxe, editoração). Apresentação gráfica do trabalho. Contextualização e delimitação do tema; Formulação do problema; objetivos e hipóteses.

Forma

Revisão bibliográfica e sua articulação com o tema-problema; qualidade e diversidade dos autores. Resultados-Técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados da pesquisa, Fundamentação teórica articulada com a pesquisa empírica (campo); Conclusão- Clareza e contribuições da finalização do estudo-articulação teórica; sugestões de desdobramentos ao estudo realizado; limitações da pesquisa. Temática Aderência ao curso, modernidade e interesse do tema, contribuição ao conhecimento; qualidade geral do conjunto Proposta Aplicabilidade, originalidade. Nível de criatividade e inovação da proposta do trabalho.

Conteúdo

Conjunto

Nota do Grupo Descrição (Apresentação – Individual)

Nome

Apresentação Avaliação da apresentação em si: demonstração do conhecimento do tema, clareza na apresentação, postura do apresentador. Respeito ao tempo determinado.

Individual

Comentários:

AVALIADOR: ___________________________________________

Nota Final

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PARECER DE ADMISSIBILIDADE DE TCC II Eu, ____________________________________________________________, professor orientador do (s) aluno (s) _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________, declaro que o trabalho com o título _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ poderá ser apresentado em defesa pública, na data ____/____/_____.

Belém, _______ de ___________________ de 20__ _________________________________________ Assinatura do Professor Orientador

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