OBJETIVOS POLÍTICOS E OBJETIVOS MILITARES DA GUERRA DO IRAQUE (2003-2011): UMA ANÁLISE CLAUSEWITZIANA DA ATUAÇÃO NORTE-AMERICANA

July 25, 2017 | Autor: Lucas Leite | Categoria: Iraq War, Clausewitz, Regime change
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OBJETIVOS POLÍTICOS E OBJETIVOS MILITARES DA GUERRA DO IRAQUE (2003-
2011): UMA ANÁLISE CLAUSEWITZIANA DA ATUAÇÃO NORTE-AMERICANA


Autor: Lucas Amaral Batista Leite ([email protected])
Titulação: Mestre e Doutorando em Relações Internacionais pelo Programa de
Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas (UNESP – UNICAMP
– PUCSP); Pesquisador do Grupo de Estudos de Defesa e Segurança
International (GEDES)

RESUMO


A Guerra do Iraque apresentou peculiaridades no seu planejamento e
execução. Nesse trabalho, procuramos entender o contexto em que cada um
desses elementos se originou e concretizou, apresentando um histórico do
conflito e das principais decisões relativas ao processo de intervenção
pelo governo norte-americano do ex-presidente George W. Bush. Por meio dos
conceitos de Carl von Clausewitz, usamos da distinção entre objetivos
militares e objetivos políticos a fim de traçar as limitações das ações
norte-americanas bem como as mudanças ocorridas ao longo da Guerra e como
elas se adaptaram ou não ao cenário apresentado no período posterior à
invasão. Nossa hipótese é a de que o governo Bush, cujo gabinete tinha uma
formação mais conservadora, com indivíduos como Donald Rumsfeld e Dick
Cheney, não soube avaliar as condições com as quais teria que lidar depois
de retirar Saddam Hussein do poder. Dessa forma, confundiu os objetivos
militares com os objetivos políticos, assumindo a mudança de regime como a
única meta necessária à estabilização do país, da região e,
consequentemente à construção da paz e de um exemplo de democracia.


Palavras-chave: Guerra do Iraque; George W. Bush; Clausewitz; Guerra
preventiva; Mudança de regime.


ABSTRACT


The Iraq War showed peculiarities in its planning and execution. In
this paper we seek to understand the context in which each of these
elements were originated and achieved, with a history of the conflict and
major decisions regarding the intervention process by the U.S.
government of the former President George W. Bush. Through the Carl von
Clausewitz´s concepts, we use the distinction between military objectives
and political goals in order to trace the limits of U.S. stocks and
the changes over the war and how they adapt or not based on the scenario
presented in the period after invasion. Our hypothesis is that the Bush
administration, whose office had a more conservative formation with
individuals like Donald Rumsfeld and Dick Cheney, was unable to assess the
conditions which would have to deal after removing Saddam Hussein from
power. Thus, confused military objectives with political goals,
assuming the regime change as the only goal needed to stabilize the
country, the region and hence the construction of peace and an example of
democracy.


Keywords: Iraq War; George W. Bush; Clausewitz; Preventive war; Regime
Change.


INTRODUÇÃO


Esse artigo tem o objetivo de analisar a Guerra do Iraque (iniciada em
2003 pelo governo Bush) por meio do pensamento do general prussiano Carl
von Clausewitz, de acordo com o que expôs em sua obra Da Guerra (2010).
Para tanto, iniciaremos nosso trabalho apresentando os conceitos
clausewitzianos que nos permitirão prosseguir em nossa análise: a distinção
entre objetivos políticos e militares, essencial para que possamos entender
o processo inicial de tomada de decisão relacionada ao conflito em questão.
Em um segundo momento, traremos o histórico da Guerra do Iraque à
discussão no intuito de identificarmos possíveis elementos que correspondam
àqueles previamente discutidos na teoria de Clausewitz e, enfim, apresentar
nossas conclusões a respeito das ações militares que resultaram na mudança
de regime e derrubada do poder de Saddam Hussein.
É imperativo lembrar que a Guerra do Iraque é um conflito muito
recente.Dessa forma, tanto as análises específicas que tratam dos meios
empregados na guerra quanto as consequências desse conflito ainda são
pesquisados por diversos analistas, não cabendo aqui explorar – e nem se
trataria de nosso objetivo – toda a extensão dessa intervenção levada a
cabo durante o governo norte-americano. Lembramos ainda que a obra de
Clausewitz é deveras extensa e, por isso, não seria prático nem adequado
abordar todos os seus conceitos, mantendo o foco na distinção entre
objetivos políticos e objetivos militares, central para nossa análise.


A DISTINÇÃO CLAUSEWITZIANA DE OBJETIVOS POLÍTICOS E OBJETIVOS
MILITARES


Da Guerra (2010) é considerado uma das mais importantes obras
relacionadas ao estudo do fenômeno da guerra e de sua consecução
(RODRIGUES, 2010). Seu autor, Carl von Clausewitz (1780-1831), foi diretor
da Escola de Guerra prussiana em um período em que a Europa passou por
diversas mudanças no que diz respeito à formação dos exércitos de então,
como as Guerras Napoleônicas e a efervescência em torno de demandas
nacionalistas e contrárias ao Antigo Regime (HOBSBAWM, 2010).
De acordo com Thiago Rodrigues (2010), apesar de Clausewitz não ter
chegado a uma posição de destaque no Estado-Maior de sua nação, "o sucesso
do modelo militar prussiano foi associado à sua obra" (p.100). Assim, o
oficialato europeu e norte-americano teria sido influenciado fortemente por
suas ideias desde então, reflexo de que mesmo após tantos anos, seus
conceitos ainda conseguem explicar boa parte da lógica por trás do
conflito, sendo relembrado por autores como Raymond Aron e Edward Luttwak,
por exemplo, e sem o intuito aqui de fazer uma lista extensa.
Dentre as diversas contribuições que Clausewitz trouxe aos estudos da
guerra nas Relações Internacionais, podemos citar o papel que o ataque e a
defesa exerciam na lógica de combate, a influência do terreno no teatro de
guerra, o elemento da surpresa, entre vários outros. Para a análise que
buscamos construir nesse trabalho, cabe uma explicação melhor elaborada
sobre a distinção que existiria entre objetivos políticos e objetivos
militares.
Para Clausewitz (2010), a guerra seria por si só um fenômeno
indistintamente político. Uma vez que diferentes países buscariam impor
seus interesses e forçar seus adversários a submeterem-se às suas vontades,
o uso da força se constituiria como elemento indispensável para a obtenção
dos objetivos políticos (os interesses) traçados. "A violência – isto é, a
violência física (uma vez que a violência moral não existe fora dos
conceitos de Estado e Lei) – constitui, portanto, o meio; o fim será impor
a nossa vontade ao inimigo" (CLAUSEWITZ, 2010, grifo do autor, p.8)
A utilização da violência, aqui explicitada, seria apenas o meio de
atingir aquilo que se configuraria como objetivo político; isto é, para
tanto, objetivos militares seriam perseguidos com vistas ao objetivo
político, este sim determinante na lógica do uso da força.


Vemos, pois, que a guerra não é somente um ato político,
mas um verdadeiro instrumento político, uma continuação
das relações políticas, uma realização destas por outros
meios. O que se mantém sempre característico da guerra
releva puramente da especificidade dos meios que ela põe
em prática (CLAUSEWITZ, 2010, p.27).


A centralidade do argumento clausewitziano é de extrema importância
para que, após a apresentação do contexto em que se concretizou a Guerra do
Iraque, possamos estabelecer os vínculos existentes entre os objetivos
militares alcançados pelo governo Bush e os objetivos políticos
apresentados por ele. A partir daí, buscaremos compreender se houve de fato
o uso de objetivos militares para atingir os objetivos políticos destacados
ou se estes se perderam em meio à vitória puramente militar. Nossa meta se
baseia em que "a guerra é apenas uma parte das relações políticas, e por
conseguinte de modo algum independente" (CLAUSEWITZ, 2010, p.870), ou seja,
um Estado que usa de meios violentos o faz com fins a atingir objetivos
políticos.
Dessa forma, abordaremos na próxima seção como se desenrolou a invasão
norte-americana no Iraque; procuraremos demonstrar como ela se insere na
política externa dos Estados Unidos no período e quais as consequêcias de
curto prazo. Depois disso, entraremos no mérito da análise da atuação norte-
americana por meio do embasamento teórico da obra clausewitziana.


A GUERRA DO IRAQUE


Já no ano de 2002, pouco tempo após a invasão do Afeganistão, a
possibilidade de mais uma investida na Ásia Central começou a ser cogitada
pelo governo norte-americano (FEITH, 2008). Tratava-se do Iraque de Saddam
Hussein, considerado pelos neoconservadores como principal ameaça à
estabilidade no Oriente Médio e à segurança dos Estados Unidos. Integrantes
da administração Bush, especialmente o Secretário de Defesa, Donald
Rumsfeld, e o vice-presidente, Dick Cheney, juntamente às publicações e
think tanks neoconservadores passaram a associar o regime de Saddam Hussein
à rede terrorista Al Qaeda e seu líder, Osama bin Laden (KAUFMANN, 2004).


Depois do anúncio da nova doutrina estratégica norte-
americana, a pressão por uma ofensiva militar contra o
regime de Saddam Hussein parece ser quase um pretexto para
que Washington imponha ao resto do mundo um unilateralismo
baseado na força militar (PEIXOTO, 2002).


A partir desse momento, diversas tentativas de demonstrar que o regime
iraquiano procurava obter armas de destruição em massa foram exploradas na
mídia e no Congresso norte-americano a fim de conseguir apoio a mais uma
ação militar. De acordo com Nasser & Teixeira (2010), o Iraque seria o
início de reconfiguração do Oriente Médio a fim de que os países da região
enxergassem na mudança para a democracia o elemento necessário à ordem e à
estabilidade da região. Após intenso debate, mas especialmente devido à
maioria republicana no Congresso, o presidente Bush conseguiu um mandato
para iniciar mais um conflito.


Para vender a guerra do Iraque à mídia e ao povo
Americano, (…) a Casa Branca moldou o debate em três
frentes: as armas de destruição em massa de Hussein
configuravam uma ameaça iminente (o quadro das ADMs); o
povo do Iraque deveria ser libertado de um ditador cruel
(o quadro da libertação); e Hussein patrocinava atividades
terroristas (o quadro terrorista) (DAVIDSON et al, 2008,
p.470, tradução nossa[1]).


Apesar de ter procurado apoio internacional a esta nova empreitada, o
governo Bush não obteve grande sucesso. Diversos países europeus,
notadamente Alemanha e França, contestaram a necessidade de uma intervenção
direta em forma de ação militar e alegaram que a via da contenção por meio
de organismos internacionais era a melhor saída para resolver o problema –
a suposta obtenção de ADMs por Saddam (PECEQUILO, 2005).
As Nações Unidas e o Conselho de Segurança emitiram a Resolução
nº1441, considerada dúbia e pouco objetiva em relação ao tema (PECEQUILO,
2005; KAUFMANN, 2004; BOIO, 2009), mas de qualquer forma, o presidente Bush
já havia conseguido seu mandato no Legislativo do seu país e não hesitaria
em manter o discurso de que se o Iraque não cedesse às pressões norte-
americanas e desistisse das supostas ADMs, a mudança de regime aconteceria
sem demoras. De acordo com Kaufmann (2004), a alegação de que o Iraque
detinha ADMs tinha o objetivo de criar um cenário ainda mais aterrorizante
que os atentados de 11 se Setembro, a fim de legitimar a intervenção.
Em março de 2003, o governo Bush intimou Saddam Hussein a deixar o
poder ou sofrer as consequências da invasão de seu país. Os ataques a Bagdá
não tardariam a ser iniciados e, em pouco tempo, as tropas norte-americanas
já dominavam o país. Assim,


[a] Operação Liberdade Iraquiana (OLI) começou pouco
depois das três horas da madrugada do dia 20 de Março,
horário de Bagdá, com um ataque aéreo sobre Dora Farms, um
local na região de Badgá onde a CIA[2] pensou
(erroneamente, como se viu mais tarde) que Saddam estaria
encontrando com seus oficiais mais graduados. Em poucas
horas, Forças de Operações Especiais entraram no Iraque
pelo sul e oeste, seguidas rapidamente por uma campanha
aérea e uma invasão terrestre por soldados e fuzileiros
navais americanos e britânicos entrando no Iraque pelo
Kuwait (FEITH, 2008, p. 392, tradução nossa[3]).


A operação foi considerada um sucesso, com declarações do Presidente
Bush de que "[...] os resultados representavam uma vitória no combate ao
terrorismo que havia se iniciado em 11 de setembro de 2001" (LOPES, 2009,
p.232). A alusão faz parte de um contexto ainda maior, do que foi
construído como uma ofensiva da "guerra ao terror", no qual certos Estados
ocupariam papel de instabilidade no cenário internacional com supostos
"santuários" para grupos terroristas. Por isso, a conexão entre a derrubada
de Saddam Hussein e uma vitória no combate ao terrorismo busca estabelecer
um objetivo político de difícil aceitação pelo público (SCHONBERG, 2009).
No entanto, o conflito mostrou-se mais complexo do que o esperado e,
assim como no Afeganistão, grupos insurgentes começaram a se organizar e
diversos atentados suicidas aconteciam em todo o país. A partir deste
momento, os principais críticos da invasão do Iraque começaram a questionar
a existência das alegadas armas de destruição em massa e cobravam provas da
ligação entre Saddam Hussein e Osama bin Laden. Ainda assim, de acordo com
Leis (2009), Rumsfeld reclamava da cobrança advinda da opinião pública a
respeito dos objetivos iniciais da guerra que seriam a destruição das ditas
armas de destruição em massa, alegando que não "havia manchetes que
fizessem referência à libertação do povo iraquiano de uma longa e sangrenta
ditadura" (p.124).
A pressão sobre o governo norte-americano para que provasse os
argumentos que levaram o país à guerra fez com que o presidente Bush
recuasse de sua posição unilateral e procurasse manter melhores relações
com os países que foram contrários à invasão. Além disso, em discurso nas
Nações Unidas, tentou mostrar que a guerra do Iraque seria benéfica à
promoção da democracia no Oriente Médio e se mostrava aberto à ajuda dos
demais países na reconstrução do país (PECEQUILO, 2005).
No final de 2003, Saddam Hussein foi finalmente capturado. No entanto,
o que parecia o verdadeiro fim do antigo regime com a impossibilidade de
Hussein voltar ao poder, transformou-se numa escalada dos atentados,
aumentado ainda mais a instabilidade no país.


[O] Secretário de Defesa Donald Rumsfeld ignorou o
conselho de militares e foi ao Iraque com uma pequena
força que, enquanto adequada para a vitória militar,
provou-se totalmente inadequada para a ocupação. O caos
generalizado e a falta de segurança resultaram na
desmobilização do Exército Iraquiano destruiu boa parte do
sentimento gerado no Iraque pela deposição de Saddam
Hussein (HARTWIG, 2008, tradução nossa[4]).


O aumento da violência e a aproximação das eleições à presidência
norte-americana de 2004 fizeram com que o governo norte-americano
instalasse no Iraque o Conselho de Governo Iraquiano (CGI). Este órgão
teria o objetivo de redigir a nova constituição do país. Em março do mesmo
ano, o documento foi aprovado e passou a reger o país com avanços em
relação às liberdades individuais, especialmente a de culto e de expressão.
Os três principais grupos do país, os xiitas, os sunitas e os curdos,
garantiram representação e uma forma de federação baseada nesta divisão foi
implantada. Apesar disso, a violência continuou no país em forma de
explosões por carros-bomba e ataques suicidas. "A prestação de contas da
guerra revelou que milhares de soldados americanos haviam morrido e um
regime jurídico interno era incapaz de diminuir as tentativas de
bombardeiro xiita que levaram à morte do Oficial das Nações Unidas, o
brasileiro Sérgio Vieira de Mello" (BIJOS, 2009, p.196, tradução nossa[5]).
Estabeleceram-se prazos para a transferência do poder no Iraque como
uma tentativa de diminuir as pressões sobre o governo norte-americano de
que sua permanência no país se delongava mais que o necessário:


30 de junho de 2004 – transferência do poder das forças de
ocupação para um governo iraquiano soberano; 30 de janeiro
de 2005 – eleições diretas e livres para os representantes
da nova Assembleia Nacional Iraquiana, que terá como
objetivo a elaboração da Constituição definitiva e a
constituição de um novo governo; outubro de 2005 –
referendo público para a aprovação ou não da nova
Constituição; dezembro de 2005 – realização de eleições
gerais, dando-se forma final e definitiva ao 'novo Iraque'
(PECEQUILO, 2005, p.417).

Ao mesmo tempo, o presidente Bush reafirmava a necessidade de
manutenção das tropas no país como forma de manter a estabilidade no país e
garantir a vitória, essencial para a estabilidade na região. O primeiro
semestre de 2004 foi caracterizado por muita violência e muitos sequestros
de estrangeiros, principalmente daqueles oriundos dos países que apoiaram a
invasão. Grupos contrários à presença estadunidense na região, inclusive a
própria Al Qaeda, prometiam ataques às nações aliadas aos EUA como forma de
intimidá-los a retirar seu apoio a este.


Por outro lado, os neocons defendem como conquistas
resultantes de suas ideias a soberania formal iraquiana,
que foi restaurada em junho de 2004, a realização de
eleições no Iraque, a ratificação de uma nova Constituição
e a crescente participação sunita na política iraquiana,
impulsos democráticos no Egito e em alguns Estados do
Golfo, a retirada síria do Líbano, recuo líbio e um
Afeganistão democrático (embora altamente volátil)
(TEIXEIRA, Tatiane, 2007, p.212).

Um vídeo cuja autoria é alegada a bin Laden mostra ameaças aos países
europeus que enviaram tropas ao Iraque e Afeganistão. A possibilidade de
também sofrerem atentados terroristas em seus territórios amedrontava esses
líderes que viam as eleições de seus países se aproximando. O atentado
terrorista sofrido por Madri em março de 2004 demonstraria como a guerra do
Iraque tornaria impopular o governante que a apoiasse. Antes desse
episódio, José Maria Aznar, então primeiro-ministro, tinha boas chances de
se reeleger, contudo, após o atentado, viu sua candidatura sofrer grande
rejeição e perdeu as eleições para um opositor à invasão, Luiz Rodriguez
Zapatero.
De acordo com Pecequilo (2005), o cenário para o presidente Bush
tornou-se ainda pior com as denúncias de abuso dos direitos humanos em
relação aos presos de Guantánamo. Diversas imagens de soldados norte-
americanos humilhando presos iraquianos circularam pelas principais redes
de televisão dos EUA, o que diminuiu bastante a aprovação da população do
país à permanência das tropas no Iraque. Outro problema foi a divulgação do
relatório da Comissão de Investigação do 11/09 que apontava falhas e
negligência das agências de Inteligência norte-americanas. Após diversos
depoimentos de integrantes da administração Bush e inúmeras desculpas de
que a falta de investimento dos antigos presidentes foi responsável por
possíveis falhas do FBI[6] e da CIA, chegou-se à conclusão de que os
atentados poderiam ter ocorrido da mesma forma e não se poderia culpar
ninguém diretamente.
Nesse contexto, os democratas começaram a vislumbrar a possibilidade
de vencer as eleições presidenciais de 2004. A indefinição das guerras do
Afeganistão e do Iraque somada à crise econômica pela qual passava o país
serviu aos opositores do governo Bush nos principais debates entre o
candidato democrata, John Kerry, e o presidente George W. Bush. Entretanto,
o discurso daquele de "juntar" as "Duas Américas" (possivelmente a divisão
entre republicanos e democratas do pleito de 2000 e acerca da permanência
das tropas norte-americanas no Iraque) foi usado contra o próprio, com Bush
afirmando que seu partido defendia os interesses da nação norte-americana
independente da opção política.
Mais uma vez, o conservadorismo do presidente Bush serviu para
garantir que os mesmos grupos que o apoiaram anteriormente mantivessem o
apoio e a base eleitoral para o novo pleito. Um discurso de manutenção das
ações que preservassem a segurança e a proteção contra novos atentados caso
o país fosse governado de maneira menos firme fez com que o eleitorado
optasse pelo governo em questão. Isso se deveu também à desconfiança que um
novo vídeo de Bin Laden que novamente ameaçava os Estados Unidos causou na
população, que preferiu, portanto, manter as atuais políticas de "guerra ao
terror" (PECEQUILO, 2005). A vitória de Bush não tardou a ser confirmada,
tanto nos votos populares quanto nos votos colegiados. Assim, George W.
Bush foi reeleito sob o slogan de "mais quatro anos".
A reeleição republicana significou a perpetuação das políticas
neoconservadoras, sobretudo após a dupla vitória do partido, nas duas Casa
dos Congresso Americano. O Secretário Donald Rumsfeld foi mantido na pasta
da Defesa, contudo, Colin Powell foi substituído por Condoleezza Rice na
Secretaria de Estado e Alberto Gonzales ocupou o cargo de John Ashcroft
como ministro da Justiça. No lugar de Rice, que ocupava cargo no Conselho
de Segurança Nacional, foi nomeado seu "número dois", Stephen Hadley,
corroborando a coesão da administração em torno dos falcões
neoconservadores .
A guerra ao terror como plataforma de política externa norte-americana
foi mantida, da mesma forma que o discurso intervencionista como forma de
levar a democracia e os valores liberais aos países que representassem
alguma ameaça aos Estados Unidos e seus aliados.


(...) houve e continua havendo uma grande influência do
pensamento neoconservador na administração de George W.
Bush, tanto em seu primeiro quanto no segundo mandato,
resultante em parte da proximidade pessoal de seus
teóricos com os representantes oficiais, e da ligação
destes últimos com os think tanks, da presença de
proeminentes neocons no governo, e de maneira mais
concreta, dos artigos, relatórios e cartas dos TTs
(instituições) e seus intelectuais (pessoas), que se
transformaram em importantes documentos e políticas
oficiais (TEIXEIRA, Tatiane, 2007, p.220).


Países como Irã e Coréia do Norte passaram a receber maior atenção e
foram motivos de tensões diplomáticas, com constantes investidas da então
Secretária de Estado, Condoleezza Rice. No entanto, a permanência das
tropas no Iraque e no Afeganistão afastava no curto prazo qualquer
possibilidade de intervenção em outro país.
Em 2006, no meio de seu segundo mandato presidencial, o presidente
Bush, através de seu Conselho de Segurança Nacional, publicou sua segunda
edição da Estratégia de Segurança Nacional (NATIONAL SECURITY STRATEGY,
2006). Ela, contudo, não apresentava novas ideias, reafirmando a
possibilidade da guerra preventiva/preemptiva, da necessidade de levar a
democracia ao Oriente Médio e outros países considerados tirânicos, e do
poder inconteste e consequente responsabilidade norte-americana em garantir
a estabilidade e a paz no mundo como forma de garantir sua própria
segurança.


A ANÁLISE DOS OBJETIVOS POLÍTICOS NORTE-AMERICANOS NA GUERRA DO IRAQUE


Uma vez apresentados os conceitos centrais de Clausewitz com os quais
trabalhamos e o contexto da Guerra do Iraque, passaremos a analisar
diretamente quais objetivos políticos se destacaram e se foram atingidos
após o uso da violência para que se pudesse atingi-los.
Lembramos novamente que a invasão do território iraquiano deveu-se a
uma série de fatores por vezes entrelaçados, mas não necessariamente
expostos como correlacionados pelo governo norte-americano. O advento da
chamada "guerra ao terror" com a construção do que seria conhecido como
"Eixo do Mal" em que certos países seriam considerados como ameaças à
segurança nacional dos Estados Unidos, permitiu a construção de um clima de
insegurança baseado nos seguintes pontos:
1. A ameaça de que novos atentados terroristas viessem a acontecer;


2. A existência de países "patrocinadores" de grupos terroristas
que ofereceriam refúgio e recursos para a realização de novos
atentados;
3. O argumento de que regimes "não democráticos" representavam uma
ameaça à estabilidade internacional – entendida de forma mais
ampla como a própria segurança dos Estados Unidos;
4. E a possibilidade de que grupos terroristas ou países a eles
relacionados conseguissem armas de destruição em massa.
Com essas colocações, o governo norte-americano colocou a mudança de
regime no Iraque como o objetivo político a ser alcançado, mas sem delinear
detalhadamente como o pós-guerra se estabeleceria e de que forma outros
objetivos políticos como a segurança nacional e a estabilização de uma
região considerada problemática ocorreriam.
Elementos para atingir a mudança de regime, aqui entendidos como
essenciais para alcançar os objetivos militares, foram a rápida invasão do
país, a perseguição a Saddam Hussein, o uso de tecnologia muito mais
avançada que o inimigo e a superioridade numérica (apesar de não o bastante
para os objetivos políticos maiores, como apresentaremos mais adiante).
Desde o começo das operações, o sucesso dos objetivos militares era dado
como certo e a tese comprovou-se com a superioridade militar norte-
americana em comparação ao exército iraquiano (o país já não detinha de
poder aéreo desde o fim da Guerra do Golfo, quando também enfrentou tropas
norte-americanas por ocasião da invasão do Kuwait).


Uma relativa pequena, altamente móvel e tecnologicamente
avançada coalização liderada pelos EUA tomou danos mínimos
e em apenas três semanas percorreu centenas de quilômetros
de território hostil, capturou a capital e derrubou o
governo de Saddam Hussein, um adversário norte-americano
de longa data (DENNISON, 2007, p.1, tradução nossa[7]).


Contudo, tendo alcançado apenas a mudança de regime não significou a
garantia de objetivos políticos maiores como a estabilidade regional e um
"efeito cascata" de democracias na região. Pelo contrário, a rápida vitória
militar não significou nem ao menos a estabilidade interna e uma recepção
amigável pelos iraquianos, como pensou que aconteceria Donald Rumsfeld –
acreditando que os Estados Unidos seriam recebidos como "libertadores".


Como se mostrou posteriormente, todavia, as esperanças
americanas por uma vitória iluminada foram rapidamente
esquecidas. [A] OLI marcou o início de uma sangrenta
campanha de guerrilha, um ainda pior atoleiro que agora
tem a nação à beira de uma guerra civil sem escalas.
Apesar da remoção de Saddam Hussein, poucas esperanças
permaneceram de que os EUA seria capazes de atingir seus
objetivos políticos, tácitos ou explícitos (DENNISON,
2007, p.2, tradução nossa[8]).


Uma das causas apontadas para que o governo Bush não alcançasse seus
objetivos políticos no Iraque pauta-se no crédito que se deu à primazia da
vitória militar em detrimento do que viria após a derrubada de Saddam
Hussein. Conforme apresentamos anteriormente, os objetivos militares são
indissociáveis dos objetivos políticos, devendo esses últimos serem
perseguidos como fins de um Estado, para além de vitórias militares.
Dennison (2007) afirma que Rumsfeld pautou-se exageradamente na confiança
da superioridade tecnológica de suas Forças e, por isso, foi contrário a um
número maior de tropas a serem enviadas para o Iraque. Assim, o contingente
inicial não teria sido suficiente para garantir a estabilidade necessária
em todo o território iraquiano e nem na capital Bagdá, suprimindo os
objetivos políticos e mantendo o foco nos objetivos militares com o
surgimento de grupos insurgentes baseados, inclusive, na população local e
não apenas em militares do antigo regime derrubado.
Além disso, como aponta Groves (2009), os objetivos militares são
designados vencer conflitos armados, não tendo papel na construção das
instituições que deveriam ser instituídas nem na reconstrução do país. "Ao
invés de focar apenas na situação de segurança, e prover um ambiente
estável em que tarefas políticas, econômicas, civis e administrativas, e
humanitárias possam ser delegadas, as forças armadas foram a autoridade
final em todas as decisões" (GROVES, 2009, p.2, tradução nossa[9]). Essa
colocação reforça o argumento de que os objetivos militares ocuparam o
espaço que deveria ter sido dos objetivos políticos, com instituições e
planejamento próprios, distintos dos militares. Um dos objetivos políticos
estabelecidos pelo governo norte-americano, o de não permitir que o governo
iraquiano detivesse armas de destruição em massa também não foi bem
calculado, uma vez que esse tipo de armamento não foi encontrado,
corroborando o que já era defendido por organismos multilaterais e países
contrários ao conflito. Isso retirou parte da credibilidade da operação,
uma vez que "as alegações sobre a existência de laboratórios biológicos
móveis no Iraque levaram ao excesso de confiança da administração Bush
sobre a responsabilidade, ou mesmo a culpabilidade do Iraque" (TEIXEIRA &
NASSER, 2010, p.192).
Groves (2009) ainda afirma que quem deveria ter cuidado do processo de
reconstrução do país era o Departamento de Estado, mas o que se viu foi a
prevalência de decisões advindas do Departamento de Defesa. Portanto, "ao
invés de um esforço integrado entre as maiores organizações que poderiam
contribuir (Estado, Defesa, USAID[10], Tesouro, CIA e ONGs[11]), as missões
de outras organizações foram passadas aos militares" (GROVES, 2009, p.4,
tradução nossa[12]). Essa tese é corroborada por Dennison (2007), quando
este afirma que as decisões relativas ao processo de reconstrução das
instituições iraquianas foram tomadas por autoridades não qualificadas para
tanto.
Outro erro do governo norte-americano apontado por Dennison (2007) foi
o de não atacar a fonte de informações dos iraquianos no decorrer do
conflito, permitindo que canais de televisão e estações de rádio
permanecessem funcionando e transmitindo propaganda pró-Saddam e
antiamericana. Isso é apontado como um dos fatores que impossibilitou uma
capitulação em massa dos soldados iraquianos, além de colocar a população
contra as forças de ocupação da coalização norte-americana.
Entretanto, ao perceber que o controle do país não seria possível com
o contingente inicial, o presidente Bush autorizou, em 2007, o envio de
mais trinta mil soldados, além do treinamento de aproximadamente cem mil
homens no que viria a ser a Força de Segurança Iraquiana (com poderes de
polícia no país, a fim de substituir as forças policiais que haviam se
desmantelado com a ocupação desde 2003) (GROVES, 2009). Essa decisão pode
ser entendida como uma tentativa de correção de rumo que a Guerra do Iraque
tomava, com a violência se estendendo a outras cidades além de Bagdá e uma
maior compreensão das necessidades que o conflito exigia possivelmente
desde seu início. O comando da Operação passou ao General Petraeu, o qual
já tinha conhecimento de conflitos relacionados ao Oriente Médio e da
questão iraquiana.


O conceito operacional de Petraeu centrou-se em uma
provada estratégia contra insurgente que envolvia:
assegurar os 'corações e mentes' da população local, com
missões de segurança voltada para o povo iraquiano ao
invés de uma estratégia de segurança. Isso é importante
por que reconhece que o sucesso de longo prazo é
dependente do suporte da população local. Se a maioria dos
cidadãos sente-se segura, tende a ter uma impressão mais
favorável de seu governo e do envolvimento dos Estados
Unidos em seu país. Eles ainda estariam mais próximos de
prover informações que levariam à prisão de elementos
violentos e criminosos (GROVES, 2009, p.6, tradução
nossa[13]).


Ainda de acordo com Groves (2009), essa nova estratégia provou-se mais
bem sucedida uma vez que os índices de violência registrados em 2008
voltaram ao patamar de 2004/2005, quando começaram a ser medidos – o que
envolvia um menor número de ataques contra civis iraquianos e militares
norte-americanos. Outro dado importante apontado por esse mesmo autor é que
a produção de petróleo voltou aos níveis anteriores ao conflito,
demonstrando que foi possível restabelecer canais de serviços voltados à
infraestrutura do país.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


A primeira conclusão a que chegamos é a de que houve uma confusão
entre objetivos políticos e objetivos militares pelos tomadores de decisão
do governo Bush no que concerne à Operação Liberdade Iraquiana. Ao abordar
a mudança de regime como essencial o objetivo político e não como um dos
meios de objetivos políticos maiores, os objetivos militares foram
inadequadamente aplicados no conflito, perpetuando a violência nos anos
inícios da intervenção.
A crença demasiada na rápida vitória militar e em premissas provadas
falsas posteriormente – como a de que o governo iraquiano tinha armas de
destruição em massa ou ligações com a Al Qaeda – retiraram a credibilidade
do Estados Unidos quanto à sua capacidade de garantir a ordem e a
estabilidade da região, especialmente pela falta de um apoio considerável
de aliados tradicionais e negativa da Nações Unidas em permitir que se
iniciasse o conflito com sua aprovação (ARRAES, 2009).
Como aponta Rodrigues, "Clausewitz faz mais que reforçar a ideia de
que há uma dependência da guerra com relação à política. [...] A guerra, em
uma palavra, é um modo que o Estado dispõe para atingir seus objetivos
políticos" (2010, p.108-109). O governo norte-americano teria colocado os
objetivos militares hierarquicamente acima dos objetivos políticos ao
privilegiar ações que visaram a derrubada do regime de Saddam Hussein mas
não a construção do país no pós-guerra. Objetivos militares subsequentes à
tomada do território não foram pensados no sentido de garantir o objetivo
político de estabilidade e construção de um regime democrático quando se
percebe, conforme supracitado, que a população não apoiou a intervenção e
que movimentos insurgentes passaram a representar uma nova ameaça à ordem
no Iraque.
De acordo com Luttwak, "[...] uma vez que a surpresa inicial é
passada, a reação às novas ameaças torna-se ainda mais efetivas uma vez que
a criatividade e os recursos são aplicados proporcionalmente à tarefa"
(2001, p.42, tradução nossa[14]). Essa reação a que se refere Luttwak, que
deveria ter sido prevista no início do conflito, só irá acontecer com as
mudanças direcionadas pelo general Petraeu, ao perceber que os objetivos
políticos só seriam alcançados com um plano que focasse na diminuição da
violência contra a população local a fim de conseguir seu apoio ou pelo
menos uma menor desaprovação.
A perpetuação do conflito ainda não permite dizer se os objetivos
políticos foram totalmente ou parcialmente alcançados pelos Estados Unidos.
Já se afirmar que em relação às armas de destruição em massa, o objetivo
inicial colocado não faz mais sentido desde que no mesmo ano da invasão
comprovou-se a inexistência desse tipo de armamento. Também não ficaram
comprovadas relações diretas entre o governo de Saddam Hussein e grupos
terroristas e a Al Qaeda, apesar da constatação de que integrantes de
outros grupos podem ter vivido no país (FEITH, 2008).
Quanto à construção de um regime democrático como espelho para os
demais países da região, também é cedo para constatar qualquer alteração
substancial na forma como a população local e dos países vizinhos enxerga o
processo de reconstrução – e se esse é de fato efetivo no sentido de criar
instituições duradouras que garantam a estabilidade interna e coesão
social.
Esse trabalho permanece como objetivo de pesquisa posterior com o
intuito de entender o desenrolar das relações entre o novo governo
iraquiano, os EUA e os demais países da região a fim de averiguar se
houveram mudanças significativas em relação à percepção da democracia como
garantidora da ordem regional. Mais ainda, optamos por não abordar as
decisões do governo Obama que podem ter reconfigurado os objetivos
políticos relacionados à Guerra do Iraque, o que também vale outra pesquisa
a fim de identificar como os conceitos de Clausewitz permanecem atuais
mesmo depois de tanto tempo.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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[1] To sell the Iraq war to the American media and people, Caroline
Heldman has explained, the White House framed the debate in three ways:
Hussein´s weapons of mass destruction posed and imminent threat (the WMD
frame); the Iraqi people should be freed from a cruel dictator (the
liberation frame); and Hussein sponsored terrorist activities (the
terrorist frame).
[2] Central Intelligence Agency (Agência de Inteligência Central)
[3] Operation Iraqi Freedom (OIF) began sometime after 3:00 A.M. on March
20, Baghdad time, with an air strike on Dora Farms, a site in the Baghdad
region where the CIA thought (erroneously, as it turned out) that Saddam
was meeting with his top lieutenants. Within hours Special Operations
Forces entered Iraq from the south and the west, followed quickly by an air
campaign and a ground invasion by a force of American and British soldiers
and marines entering Iraq through Kuwait.
[4] Secretary of Defense Donald Rumsfeld ignored military advice and went
into Iraq with a small force which, while adequate for a military victory,
proved totally inadequate for the occupation. Widespread looting and a
security breakdown resulting from the demobilization of the Iraqi Army
destroyed most of the good will that had been generated in Iraq by the
overthrow of Saddam Hussein.
[5] The war accountability reveals that thousands of Americans soldiers
have died and an internal juridical regime was unable to refrain the xiite
bombing attempts which led to the death of the Brazilian UN Officer Sergio
Vieira de Mello.
[6] Federal Bureau of Intelligence – Bureau Federal de Inteligência.
[7] A relatively small, highly mobile and technologically advanced U.S.led
coalition force had taken minimal casualties and in just three weeks swept
across hundreds of kilometers of hostile territory, captured the capital,
and toppled the government of Saddam Hussein, a longtime U.S. adversary.
[8] As it turned out, however, American hopes for a lighting victory were
quickly dashed. O.I.F. marked the beginning of a bloody guerrilla campaign,
an ever worsening quagmire that now has the nation teetering on the edge of
fullscale civil war. Besides the removal of Saddam Hussein, little hope
remains that the U.S. will be able to accomplish any of its stated or tacit
political objectives.
[9] Instead of simply focusing on the security situation, and providing a
stable environment from which political, economic, civil-administrative,
and humanitarian tasks could be undertaken, the military was the final
authority on all decisions.
[10] United States Agency for International Development – Agência dos
Estados para o Desenvolvimento Internacional.
[11] Organizações não-governamentais.
[12] So, instead of an integrated effort among the major contributing
organizations (State, Defense, USAID, Treasury, CIA, and NGOs), the
missions of other organizations shifted to the military.
[13] Petraeus' operational concept centered on a proven counterinsurgency
strategy that involves: securing the 'hearts and minds' of the local
populace by orienting security missions towards a population-based security
strategy, instead of a target-based security strategy. This is important
because it recognizes that long-term success is contingent on securing the
support of the local population. If a majority of citizens feel safe, they
will tend to have a more favorable impression of their government and of
the US's involvement in their country. They will also be more likely to
provide information leading to further arrests of violent and criminal
elements.
[14] [...] once the initial surprise is overcome, the reaction to the new
threat becomes increasingly effective as creativity and resources are
increasingly applied to the task.
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