Obras de Paula Rego leiloadas no mercado nacional

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Introdução aos Mercados de Arte

Catarina Reis

Obras de Paula Rego no Mercado Leiloeiro Nacional

2º semestre_2014/15_Introdução aos Mercados de Arte_Prof. Luís Urbano Afonso_Curso Estudos Gerais, Major História da Arte_Catarina Reis_51370

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Índice

Introdução . . . 1

Paula Rego - a Artista . . . 2

As leiloeiras . . . 4

Os lotes - Análise dos dados . . . 5

Conclusão . . . 7

Bibliografia . . . 8

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Introdução

Para este trabalho no âmbito da cadeira de Introdução aos Mercados de Arte, que tinha como objectivo a análise de um conjunto de obras leiloadas, escolhi como temática as obras levadas a leilão da artista portuguesa Paula Rego. Artista esta, que, para além de ser das mais aclamadas artistas nacionais de arte contemporânea e moderna, é também, das mais valiosas no mercado leiloeiro nacional, dentro da sua categoria. Para tal, fiz uma pesquisa de leiloeiras nacionais por onde já passaram obras da artista escolhida, e, acabei por seleccionar três, que são: Veritas - Art Auctineers, Cabral Moncada Leilões e, Palácio do Correio Velho. A escolha das leiloeiras, e, por sua vez, a exclusão de outras, implicou determinados critérios de selecção que impus no meu trabalho, que mais à frente explicarei. Os dados essenciais às análises que apresentarei no seguimento do trabalho são: um total de 183 lotes levados a leilão, no conjunto das três leiloeiras. Dentro destes, 42 lotes foram retirados. Os leilões que incluíram as obras da artista aconteceram entre o ano 2005 e 2015 (Veritas, leilão 3, 18 outubro 2011 - leilão 42, 18 março 2015; Cabral Moncada Leilões, leilão 167, leilão 99, 6 outubro 2008 - 31 março 2015; Palácio do Correio Velho, leilão 144, 23 junho 2005 - 28 janeiro 2015). Que somaram um total de 1 610 450 euros. Com estes dados base, é possível realizar outras análises mais específicas como o valor médio de venda dos lotes, a distribuição dos lotes por divisão de preços, valor máximo e mínimo, entre outros.

Natividade, Paula Rego, 2002

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Paula Rego - a Artista

Paula Figueroa Rego nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa. Formou-se na Slade School of Art e, nos inícios dos anos 60 do século XX, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua primeira aparição perante o público lisboeta deu-se em 1961, na II Exposição da Gulbenkian, tendo o seu trabalho sido bem acolhido pela crítica. O surrealismo e o expressionismo influenciaram estes primeiros desenhos e colagens. Passou pelo movimento da pop art, conservando, contudo, uma temática muito pessoal. A leitura dos romances de Henry Miller marcaram igualmente o seu percurso, ao abordar temas do imaginário erótico feminino. Em 1965 produziu vários trabalhos relacionados com acontecimentos chocantes da vida política ibérica - Cães de Barcelona, Gorgon, Retrato de Grimau, Manifesto por uma causa perdida, temática já anunciada em 1961 com Salazar a vomitar a Pátria. Faz uma leitura pessoal de outras obras de arte e das suas memórias, integradas em processos narrativos em que o mundo da infância aparece como um lugar lúdico de perversidade e algum humorismo. Esta "narratividade" acentua-se nos anos 80. Nos anos 90, assume a orientação figurativa de raiz temática portuguesa ou atinge ainda uma dimensão universal abordando a condição feminina (Série Mulher-cão, Marborough Gallery, 1992). Paula Rego nunca se desligou da vida artística portuguesa, expondo regularmente em Portugal, mas também noutros países, como nas cidades de Amesterdão, Paris, Lima e Bruxelas. Também já representou o Reino Unido em eventos como a Bienal de S. Paulo. Em maio de 1997, no Centro Cultural de Belém, foi inaugurada uma importante exposição retrospetiva da sua obra, com 136 trabalhos, cobrindo trinta e seis anos de carreira, e, em outubro de 2004, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, acolheu uma seleção da obra de Paula Rego, produzida desde 1997. Nesta mostra, de cerca de 150 obras, a

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artista apresentou, pela primeira vez, os desenhos preparatórios de algumas da suas pinturas, destacando a importância do desenho no seu trabalho. Em 2001, foi publicado, numa edição limitada, numerada e assinada, o livro As Meninas, uma obra conjunta da artista e de Agustina Bessa-Luís. Ao longo da sua carreira tem sido distinguida com vário prémios, como: Prémio Soquil (1971); TWSA Touring Exhibition, Newlyn Arts Centre, Penzance (1984); Prémio Benetton/Amadeo de Souza-Cardoso, Casa de Serralves, Porto (1987); Prémio Turner 89, Londres (1989); Prémio Bordalo da Casa da Imprensa 1997, Lisboa (1998); Prémio AICA'97, Lisboa (1998); Prémio de Consagração Celpa/Vieira da Silva (2001).

Casa das Histórias

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As Leiloeiras Para este trabalho, usei dados de três leiloeiras nacionais: Veritas Art Auctioneers, Cabral Moncada Leilões e Palácio do Correio Velho. Como a artista Paula Rego é bastante conceituada, não é qualquer leiloeira que pode transaccionar obras suas. As escolhidas são leiloeiras de categoria média alta, e, por se encontrarem relativamente no mesmo patamar permitem que os dados das análises não dispersem muito. Apesar de na minha pesquisa ter encontrado outras leiloeiras por onde passaram obras da artista, por motivos prácticos, decidi não as incluir.

É o caso da leiloeira portuguesa, Sala Branca - Leilões de Arte, leiloeira esta, que vendeu a pintura mais cara da artista em mercado nacional. Em 2008, o quadro The Egyptian Cats, foi vendidos por 280 mil euros. Mas, como ao contrário das outras, esta não tinha as informações dos leilões terminados disponíveis no respectivo website, o que dificultava bastante o trabalho, e acabei por ter de a excluir do trabalho. Encontrei outras leiloeiras por onde passaram grandes obras da pintora e que bateram recordes de vendas, como a Sotheby's e a Christies, mas, por serem leiloeiras internacionais atingem valores de vendas bastante mais altos que no nosso mercado nacional, o que iria 'viciar' os resultados analíticos. Veritas - Art Auctioneers, situa-se em Lisboa, e, dedica-se a leilões direccionados para o segmento das Antiguidades e Arte Moderna e Contemporânea. Para além de leilões, realiza avaliações, vendas privadas, peritagens e consultadoria. A leiloeira Cabral Moncada foi fundada em 1996, é sediada em Lisboa, e dedica-se às áreas de Antiguidades e Obras de Arte, e, Arte Moderna e Contemporânea. Desenvolve a sua actividade em quatro áreas: leilões, avaliações, peritagens e consultadoria. Administrada pelos sócios Miguel Cabral de Moncada e Pedro Maria de Alvim, a Cabral Moncada Leilões leva anualmente a efeito, no âmbito da sua actividade, sete leilões, de carácter generalista, de antiguidades e obras de arte, e três de arte moderna e contemporânea, habitualmente entre os meses de Outubro e Junho, inclusive. Quanto à leiloeira Palácio do Correio Velho, foi fundada em 1989, também em Lisboa. Desde então, dedica-se sobretudo à realização de leilões de Pintura e Antiguidades, não deixando, no entanto, de explorar outras áreas como a Arte Moderna e Contemporânea, os livros e gravuras antigas, os vinhos e o coleccionismo. Desde cedo conquistou a sua posição de liderança no mercado nacional dos Leilões, tendo sido, por diversas vezes, o detentor do recorde da peça mais cara vendida em leilão em Portugal. Colabora com museus nacionais e internacionais, na identificação e classificação de obras de arte.

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Os Lotes - Análise dos dados Para o trabalho , é importante referir, que optei por excluir dos lotes leiloados aqueles que se inseriam nas categorias de Livros e Manuscritos, trabalhando apenas com os que se enquadravam nas categorias de Arte Moderna e Contemporânea, o que inclui acrílicos e pasteis sobre tela, colagens, litografias, gravuras, água-fortes e aguatintas, serigrafias, tintas da china e aguarelas sobre papel, desenhos a lápis, guache e óleo sobre papel, azulejos pintados, e quadros de técnica mista. Dos 183 lotes levados a leilão, 42 foram retirados, ou seja, 141 lotes foram vendidos. A percentagem de retirados foi de, aproximadamente, 22.95%. Estes leilões efectuaram-se entre 2005 e 2015, ao longo de dez anos. A soma dos lotes vendidos é de 1 610 450 euros, o que faz uma média de 11 421 euros por lote. O lote vendido a preço mais elevado foi a 250 000 euros, na leiloeira Palácio do Correio Velho, leilão 190, um acrílico e colagem sobre tela, sem título, com verso assinado e datado de '64', 76x140 cm. E o mais baixo, curiosamente, também da leiloeira Palácio do Correio Velho, leilão 145, foi arrematado por 80 euros, um quadro de técnica mista em papel colado sobre tela, assinado e datado de '85', 75.5x55.5cm. Que, infelizmente, no site não tem foto da peça. Ou seja, a venda dos lotes oscilou entre estes valores.

A leiloeira Veritas arrecadou um total de 191 300 euros com os lotes vendidos. Levou a leilão 32 lotes, dos quais 14 foram retirados, e assim, 18 vendidos. A percentagem de retirados é de 43.75%. Isto, dá uma média de 10 627 euros por lote. A soma do valor mínimo para venda dos lotes retirados é de 424 250 euros, o que dá uma média de 30 303 euros por lote. Este resultado permite ter a noção de que a maioria dos lotes retirados foram os de valor mais elevado. A leiloeira Cabral Moncada levou a leilão 75 lotes, dos quais 21 foram retirados e 54 vendidos. A sua taxa de retirados foi de 28%. Com os lotes vendidos arrecadou um total de 269 410 euros, o que dá uma média de 4 989 euros por lote. Quanto aos retirados, a soma do valor mínimo para venda dos lotes é de 238 300 euros, o que dá uma média de 11 347 euros por lote. Média bastante mais elevada que a dos lotes vendidos, o que mais uma vez mostra que a maioria dos lotes retirados são os lotes de valores mais altos.

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O Palácio do Correio Velho levou a leilão 76 lotes, com apenas 8 retirados e 68 vendidos. O que dá uma taxa de retirados de, aproximadamente, 10.5%. A soma dos lotes vendidos é de 1 149 740 euros, o que dá uma média de 16 908 euros por lote, o que faz desta a leiloeira mais rentável e com mais sucesso nos leilões das peças. A soma do valor mínimo dos lotes retirados é de 517 200, com uma média de 64 650 euros por lote. Uma média elevadíssima, que mais uma vez verifica a tendência. Os poucos lotes retirados foram aqueles com valor bastante altos. No total dos lotes, mais de metade, aproximadamente, 75% foram vendidos a menos de 5 000 euros. Entre 0 e 500 euros, foram vendidos 11 lotes, mais ou menos 7,8% dos lotes. Quase 19,9% dos lotes foram vendidos entre 501 e 1 000 euros, ou seja, 28 lotes. Assim, até 1 000 euros, estão quase 28% dos lotes, 39 obras. Entre 1 001 e 2 000 euros encontram-se mais de 31% dos lotes, com 44 peças. Aproximadamente, 13.5% dos lotes venderam-se entre 2 001 e 3 000 euros, ou seja, 19 lotes. A mais de 3 000 e até 10 000 euros, venderam-se quase 4,3% dos lotes, o que equivale a 6 lotes. 9,2% dos lotes, 13 obras, foram vendidas entre 10 001 e 50 000 euros. A mais de 50 000 euros, foram vendidos quase 5,7% dos lotes, contando com 8 lotes.

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Conclusão

Através deste trabalho, foi possível concluir que, dentro da linha de comportamento normal do mercado leiloeiro português, com todas as suas fraquezas e percalços, a artista Paula Rego, é bastante bem sucedido e valorizada neste mercado. A taxa de retirados de 22,95% é relativamente baixa, o que representa uma taxa de sucesso elevada. O valor médio das suas obras também é bastante alto, dos mais elevados em Portugal. 11 421 euros por lote, é uma média muito positiva, que representa a crescente corrente de valorização da Arte Moderna e Contemporânea que tem vindo a acontecer, não só a nível nacional, mas mundial. Falando novamente dos lotes retirados, estes são em grande parte os lotes mais valiosos, devido ao fraco poder de compra, relativamente a outros mercados de arte superiores, do mercado português, mas também alguns lotes bastante mais baratos e com pouco reconhecimento a nível artístico. Este é um facto que através dos valores não é visível, pois as médias dos lotes retirados são altas e bastante superiores ás médias dos lotes vendidos. A leiloeira Palácio do Correio Velho foi, com alguma diferença, a mais bem sucedida em todos os níveis, com uma média de 16 908 euros por lote e uma pequena taxa de retirados de, aproximadamente, 10,5%. No total, a artista rendeu 1 610 450 euros, atingindo o valor de 250 000 euros numa pintura, que apesar de não ser o valor recorde, das leiloeiras que estudei é o mais alto. Apesar da média dos lotes vendidos rondar os 11 000 euros, mais de 75% dos lotes foram vendidos a menos de 5 000 euros. Isto só acontece devido aos cerca de 9% dos lotes que foram arrematados entre 10 001 e 50 000 euros, e, aos 5,7% vendidos a mais de 50 000. Ou seja, em 141 lotes vendidos, bastam 21 vendidos por mais de 10 001, para a média atingir aquele valor tão diferente dos 5 000 euros. Em conclusão, apesar da crise que o mercado de arte nacional tem vindo a sofrer nos últimos anos, as obras da artista Paula Rego, têm sobrevivido a esse acontecimento, atingindo dos valores mais altos em leilões.

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Bibliografia

Veritas Art Auctioneers Portugal, leilões terminados Paula Rego. Disponível em: Cabral Moncada Leilões Art Auctioneers, leilões terminados Paula Rego. Disponível em: Palácio do Correio Velho - Leilões e Antiguidades S.A., leilões terminados Paula Rego. Disponível em: FERNANDES, Alexandra; AFONSO, Luís U. Os leilões e o Mercado da Arte em Portugal Estrutura, História, Tendências. Lisboa: Scribe, 2012. Infopédia Dicionários Porto

Editora,

Paula

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