Obras Públicas nos concelhos de Almada e Seixal (1640-1910) : Uma síntese histórica, artística e documental preliminar
Descrição do Produto
20
Actas Encontro Sobre o Patrïmónio de Almada e do Seïxal
19, 20 e 21 de Abrïl de 2013 Auditórïo Instituto ]ean Piaget
Centro de Arqueologia de Minada 2014
O/4 f’;
Ficha Técnica: TítuIo:Actas do 2° Encontro Sobre o Património deAlmada e do Seixal Coordenação: Franscisco Silva eVanessa Dias Edção Centro de Arqueologia de Almada Capa: Sofia Oliveira Revisão: Ana Braga,Vanessa Dias, Fernanda Lourenço, Luís Torgal Paginação: Francisco Silva CAA Impressão: ACDPRINT Tiragem: 350 exemplares Deposito legal 386350/IS Data: 20 IS -
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Obras Pública nos Concelhos deAlmada e Seixal (I64OI9IO)
u ma sïntese h istõrica, artística e docu mental preli m 1 nar Rui M. Mendes
Introdução, Considerações e Objectivos
de análise. Quanto ao tema, parece-nos que
Um ano depois de termos apresentado
perspectiva
esta
de
analisar
o
património
no 2.° Encontro sobre o Património de Almada
de uma determinada região sob a vertente
e Seixal, em boa hora organizado pelo Centro
da política e problemática das obras públicas,
de Arqueologia de Almada, um estudo dedicado
além
à anáUise, em traços gerais, de obras públicas
divulgada, permite, sobretudo ao investigador,
realizadas
concelhos
ponderar e considerar novas fontes e novas
de Almada e Seixal nos cerca de 370 anos entre
perspectivas baseadas não só no clássico estudo
a Restauração e a República (1640-1910), fomos
das fontes locais a partir do património existente
convocados a reduzir o mesmo a escrito para que
e conhecido,como ainda alargando o seu espectro
dele fique memória futura nas actas do mesmo
de análise quer ao património já desaparecido,
encontro.
quer aquele que, por razões diversas, nunca
nos
territórios
Naturalmente melhor,
ou
dos
em
que ser
para
12
mais
ideias
e
perspectivas
novas
que
ainda
não
estar
suficientemente
meses,
passou da ideia e do projecto à prática, mas que
preciso,
ainda assim teve a sua importância histórica,
1 9 meses, novos apontamentos, novas
em
de
cultural e social.
fomos
já
quanto
à
escolha
do
período
colhendo, quer enquanto investigador, quer até
de análise desta temática, de 1 640 a 1 9 1 0, esta
como aluno do curso de História da Faculdade
baseia-se no essencial em duas ordens de razão,
de Letras, fazem com que a matéria de estudo
que a seguir passamos a explicar. Uma das razões é de carácter político, uma
e análise daí retirada não sejam exactamente mesmas
as
que
foram
vez que este período nos permite comparar
apresentadas
duas
como
participámos, não
por um lado a época chamada de “Antigo
estudos
Regime”, que vai até 1820, onde as lógicas
de uma forma fechada, mas sim a de, a partir
de representatividade das periferias no centro
dos mesmos, colher as devidas contribuições,
do poder são claramente muito mais pessoalizadas
in situ, ou a posteriori.
e
é
aquele
em
exactamente
a
que de
apresentar
a
escolha
do
tema
e
do
baseadas
na
concessão
de
privilégios
e mercês régias, ainda que a chamada “voz do
Torna-se necessário explicar o motivo para
épocas
históricas
claramente distintas,
em 20 1 3, contudo a razão para um encontro,
povo” não estivesse assim tão distante e tão
período 85
pouco representada nnse. mesmo çeptrc.: quanto à partida seria de supor num regime de carácter absoludsa, como foi o que vigorou em Pprq4gaI até : advfl:.do, ;Ub&dSrnO• já que o direito de ped$o ao Rei e a importância da figure do Juiz de Fora permitiram muitas vezes fazer «passar por cima de poderes locais instalados» as necessidades e aspirações locais; já a época seguinte, a do Liberalismo, iniciada precisamente com a revolução Liberei e consolidada com o fim da Guerra CMI em 834, marcadaremente umaakençâo radlcalnas.lóglcas aerepresenaçaopoimcaamquepmgressframente. as periferlas passam a ar cada vez mais representadas no centra .dopoder agora multo mais difuso, com a .perda da capacidade legislativa e executiva por para da figure do Rei, já não tanto em função de um Interesse pessoal deste ou aquele indivíduo ou ordem, mas antes .
eç.mpos
rb4s anteriores e onde os períodossubseqLientes são marcados pela massificação •d( ,:
t.r
ea
artístico e arqukectónico salvo, dn algumas excepções, que serão porventLfra°rnáérlã : pan um outro estudo. Escolhido o tema e o período, devemos de seguida clarificar quais os principais objectivos do trabalho. Assim, partindo da identificação e estudo de diversas fontes documenais, procurámos ::fflr? Um!:. Jfl.eflSdO4. histótico, artístico e- documental m a caracterinção das. obras púbHcas .planeadas. e realindas no.terrltrlo dosconcelhos:de:Âirnada e Semi, no período...idendflcado. Urna va. Identificadas e caracterindas.essas.obras,.procurámos .analisí -ias no seu contexto histórico naclonaLeloçal e nas suas dlveflBÃ:..veflente5 econõmica, social, política e cultural, para.:..asslm. compreender o modo. como estas eran planeadas, financiadas e .execadas.bemcomo (dalficar a preponderância de determinadas tipologias em determInados períodos. Por fim importa dizer que:. ao -longo des estudo .e análise, corno não :OdiadebWZ de se, nos. depamos :CQrn um conjunto ainda assim slgnlficatlvo:Ae.::obras já :.desapa das, de.que.;ao presentejá não-exlste..memóriaffsica (ou sequer visual> da .rnesmasmmesmo obras que nunca saírm.4o:papel,. todas estas. tiveram a sualmporinciahistórica e acabaram por deixar algum tipo de memória queda! .fqrma directa ou indirecta : influenciaiani : :e condIcionaram a configuração do património edjfiçadç actualmente edante .nestõsdols-conceihos. ..
.
.
.
nn mndn rnmnnc rsnrstantantac eIaccn nmrifnrin
.
.
defendem e alcançam junto desse mesmo poder os meios necessários pare satisfazer os interesses locais, isto claro não só em beneficio dos interesses dos representados, mas também em beneficio político dos. representantes, como aliás veremos adiante, a propósito .deapoios públicos pai obras de interesse local por inicIativa dos deputados Coa :Plrito e Gomes Neto. A segunda flflO: -de carácter. artístico e prende-se com o %cto da Intervalo de tempo ficar marcado numa fase inicial pela Introdução e desenvoMrnento da arte e arquitectura barroca.: : em Portugal, que vai grosso modo desde. 16* até ao. fim do século xviii, e. numa fase posterior pelos movimentos artísticos : e arquitectónicos do romantismo e revivahsmo; o. que..o. torna na época mais significativa, em termos artísticos, do património arquitectónico e edificado dos concelhos de Almada e Semi, onde poucos
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A memória do patrimónloedificedo \: De facto, a. maioria :dos::JntøreSSados.3 nestas perante.. qualquer elemento temáticas, patrimonial edlI%do de interesse, colocam .
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86
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;
no período do Liberalismo como a Provedoria
de imediato duas ou três questões de curiosidade
-
Quando
de Setúbal, Desembargo do Paço, Ministério
o fez?), as quais, em larga medida, são respondidas
do Reino, Mesa da Consciência e Ordens; outras
pelo próprio, quando neles se inscrevem letreiros
surgidas nesse mesmo período como o Governo
e memoriais, quase sempre por iniciativa dos seus edificadores. Contudo a curiosidade humana não
Civil ou o Ministério das Obras Públicas.
se satisfaz apenas com letreiros e memoriais, pois
A dinâmica do planeamento
estes são quase sempre muito lacónicos nas suas
e execução (e não execução) de obras públicas e a sua importância para
básica
(-
O que é?
Quem o fez?
explicações, o que se compreende, pois diga-se
o estudo do património
que já então, como agora, seria certamente pouco prático, e ainda menos económico, escreverem-se
É
da razão comum considerar-se que uma parte significativa do património edificado
Crónicas históricas em Livros de pedra (fig. 1).
por iniciativa pública, estava quase sempre
—
muito condicionado ao financiamento (directo
e indirecto) por parte do poder central, quer por via da concessão de apoios financeiros directos, igur
quer pela autorização de utilização de receitas de impostos locais (como as sisas ou as derramas),
(Memo aI da reed[flcaçao da gi eja Matn
estudo
quer, num período mais recente, pela autorização
se dedicava sobretudo a “Obras Públicas”, entenda-se espaços edificados para utilização pública ou financiados publicamente, tais como
de obtenção de créditos externos; tudo isto
fortificações militares, hospitais, paços municipais
própria de poderes e interesses, nem sempre
e cadeias, fontes, estradas, calçadas, pontes
convergentes, entre o referido poder central
e cais, igrejas e capelas (públicas) ou conventos
e as chamadas administrações periféricas e entre
edificados com fundos públicos, uma das formas que podíamos utilizar para as melhor identificar
estas e os interesses localmente manifestados. Aliás, é através desta dialéctica entre
e caracterizar era através das fontes documentais
centro e periferia, que se lê por exemplo nos
Uma
associadas
vez
ao
que
seu
o
presente
financiamento,
naturalmente implicava, como ainda hoje implica ( ainda que em menor escala), uma dialéctica
requerimentos ou petições ao poder central,
projecto,
execução e pagamento. Para esse fim, atendendo ao tipo de obras
e
referidas, as fontes de arquivo estão dispersas
apontamentos
por vários locais: Arquivos Nacionais, Arquivos
também melhor compreender a importância que
Distritais e Notariais,Arquivos Municipais,Arquivos
quase sempre têm e tiveram as questões políticas
Eclesiásticos,Arquívos Militares e Bibliotecas. Para o caso concreto do período em
e económicas da nação na realidade concreta
respectivos
despachos
e
consultas, que
se torna possível ao investigador, não só colher
históricos
e
artísticos,
mas
causa era expectável encontrar dados históricos e artísticos significativos sobre o património destes
do património local edificado, e ainda que este seja na maior parte das vezes estudado quase exclusivamente na sua vertente cultural e quanto
concelhos nos fundos documentais provenientes
muito social, na verdade sem se considerar
das respectivas Câmaras Municipais, bem como de outras entidades, algumas desaparecidas
aquelas, dificilmente compreenderemos o motivo
pelo qual certas obras foram edificadas ou não em $7
determinadas épocas e locais, ou até ainda porque é que algumas destas, apesar de desejadas e até
aspectos mais significativos, remetendo uma análise mais elaborada para estudo a publicar
paneadas e deDineadas, por vezes não se chegam
posteriormente.
a efectivar.
A nossa preocupação foi tentar identificar para cada tipologia o modo como as principais obras
Diríamos mesmo que é nesta última temática, a da história do património local
públicas foram planeadas, financiadas, executadas e pagas. Façamos pois um breve resumo das principais
adiado ou não edificado, que um tipo de estudo como aquele que aqui nos propusemos, que
notas colhidas.
obras públicas, poderá ainda assim acrescentar
Ao nível da arquitectura cívil podemos destacar no período em análise dois exemplos
uma perspectiva diferente à clássica análise artística, cultural e social do património local
de edifícios administrativos que curiosamente apresentam características diferentes. Por
edificado, uma perspectiva que diríamos por
um lado os Paços da Câmara de Almada (1767/1795, fig 2), que estava desprovida
incide sobretudo na política e problemática das
um lado quase criptohistórica, no sentido em que se propõe estudar também a arte
deedifício própriodesdequeoexistente no Castelo fora ocupado por alojamentos militares em 16412
do efémero e do desaparecido, temática a que eloquentemente
nos
até que um novo edifício (que serviria igualmente de residência do juiz de Fora e Cadeia), várias
introduz Vítor Serrão
no seu guia de referência A Cripto-História
vezes
de Arte, mas também no sentido histórico e cultural daquilo a que entendemos chamar,
solicitado
pelos
oficiais
da
Câmara
a «história
ao Provedor da Comarca em Corregedoria, começou a ser edificado em 1 767, mas que
contrafactual do património não edificado». Como faz referência Serrão na sua referida
só foi concluído em 1 795, servindo interinamente a residência arrendada do Juiz de Fora da vila.
obra, o conceito de «Cripto-História de Arte
A obra foi paga, por mercê régia, com as sobras do cofre das sisas a que a fazenda real tinha
«o
estudo
da não
obra» ou
—
a vertente da história que se ocupa do património artístico desaparecido, merece ser considerado, pois
direito na vila e termo deAlmada, não tendo sido possível apurar nem o valor do projecto, nem
a História deArte não se faz só com recurso a obras vivas.Também as obras que não sobreviveram à incúria, às calamidades e ao vandalismo fazem parte íntima
os seus executores, contudo é muito provável que este tenha sido planeado e acompanhado
deste campo de sondagens abrangentes e percepções sensoriais. Assim, a Cripto -História da Arte atenta
por um dos engenheiros reais que nessa época delineavam e orçamentavam as obras públicas
no que papel que as obras desaparecidas possam ter assumido em termos históricos, iconológicos, políticos,
do reino3. já os Paços da Câmara do Seixal ( 1 849/ 1 895, fig. 3), localidade elevada a concelho
ideológicos e, sempre, estéticos».
em 1 836, foram adaptados a partir de uma residência pré-existente na Praça da Igreja,
Tipologia de obras públicas procuramos
o edifício, primeiramente arrendado, foi adquirido pela Câmara Municipal em 1 849, com recurso
apresentar neste breve relato escrito todas as considerações e aspectos que todas e cada uma
a um empréstimo de um conto e seiscentos mil réis autorizado por uma Lei de 9 de junho de
das obras públicas identificadas nos mereceriam
1 849, decretada pelas Cortes Gerais, aprovada pela rainha D. Maria lI e executada pelo Ministério
Como
é
evidente
não
dizer, ainda assim procuraremos descrever alguns 88
Figura 3 Paços da Câmara do Seixal
Figura 2 Paços da Câmara deAlmada (1795).
-
-
( 849/ 1 895)i
que foi
contudo por falta de meios e ruína das mesmas,
posteriormente remod&ado em 1 895, conforme
a Câmara teve de lançar mão de um novo imposto
planta acima pub’icada.
sobre a venda de carne no concelho para poder
dos
Negócios
Reino4, edifício
do
civil
reedificar a fonte e caminho, obra realizada entre
as principais obras públicas de melhoramento
1726 e 1736 por Luís da Silva, mestre pedreiro
comunicação
lisboeta, que depois fez sociedade com outros
concentraram-se no século xix, em especial
mestres da mesma cidade,]oséAntunes e Manuel
após a consolidação do Liberalismo, a que
Gonçalves, pedreiros, e Francisco de Macedo,
porventura não estaria alheia uma visão diferente
carpinteiro, não sem antes a obra ter sido medida
do desenvolvimento económico local, vamos
por Manuel Antunes, mestre obras de pedraria,
encontrar pontualmente algumas obras nos
medidor das obras públicas do Senado das cidades
séculos xvii e XVIII pagas, com licença régia, pelos
de Lisboa Ocidental e Oriental7.
Ainda urbanístico
ao e
nível de
da vias
arquitectura de
Foi aliás a dificuldade em obter meios
bens de raiz do Concelho (foros e impostos), como por exemplo as Obras da Fonte da Pipa,
próprios ou financiamento directo do Erário régio, que fez com que outras obras da mesma
avaliadas em 250$000 réis, começadas em 1618
natureza (p ex. a Calçada nova entre o Porto Brandão e a Igreja de N. Sr.a do Monte, em 1750,
com a «feitura do caminho e caissadas e pera peitto do muro que se avião de fazer na fànte da pipa» pelos «apontamentos para se mandar porem em pregão
das Calçadas do Pombal, em 1 764,ou do Cais deCacilhas,entre 1 8 1 9e 1 824 (fig. 4),obrado mestre
a obra que se manda fazer no caminho novo para a boa serventia da fontte da pipa da vilia de Almada se )O er&n serV co cavaga ras )e C de
canteiro Eleutério José Moreira, natural de Rebelva, ascais) tivessem de ser financiadas de forma dêntica, através de impostos extraordinários8. Aliás as obras do cais avaliadas, à época
es e arros», açad s nesse o po edro Tinoco, Arquitecto da Casa Real, obras que por dificuldades económicas só se concluíram depois 1 629. : ‘tas o ,.
a çà ‘
do.
s con i s, o
aram e e fo
e
em
1 6$ com
só
eg es,
o
contos de réis, foi financiadas não por impostos extraordinários, como
1 1
contribuições
individuais
adicionais9
e até produto de corridas de touro&°, contudo
com lice :a régia,’$$OOO reis do Cofre das ssas6, 89
quando este teve de ser acrescentado para
sobretudo
o ado do nascente em 1 $63, a obra foi financiada
assim,
por intermédio de um empréstimo externo
o melhoramento do ensino em Portugal, sem dúvida uma das principais razões para o atraso
à Câmara de Almada, no valor de 6:300$333
réis, sendo
determinado então que «para o pagamento do juro e amortisaçõo do referido emprestimo app1icar-sehá uma contribuição especial
lançada
nos
termos
o código administrativo» ao
da
construção
do
‘,
que do
sua
filantropos, iniciativa,
que
procuram
contribuir
para
estrutural então verificado em relação às demais nações europeias. São conhecidos os casos dos Edifícios Escolares Conde Ferreira,
faculta
edificados
processo idêntico Caís
por
de
segundo disposição testamentária
deste, em vários concelhos portugueses, entre eles Almada e Seixal (1 866/ 1 868), os quais vão
Seixal
(O 859, v figO 5) ou do Chafariz público
seguir um projecto similar entre si, que no caso almadense foi da autoria do Condutor de Obras
do Seixal, que por ordem real se fez no Seixal, em I $04, com &000 cruzados de empréstimo da Real junta do Comércio e que depois foram
Públicas Eng°]oão Carlos da Silva Mendes Leal’3. Em termos de arquitectura militar,
pagos por 4 vezes com as sobras do Cofre das sisas do concelho 2
foi sobretudo no território do actual concelho de Almada, pela sua maior proximidade de Lisboa,
o
ensino e a construção de edifícios escolares começa a ser uma problemática nos
em especial junto à zona ribeirinha, que encontrámos o maior número de obras, naturalmente financiadas
concelhos deAlmada e Seixal na segunda metade do século xIx,visto que até ao início desse século,
pelo erário régio, e com a participação da engenharia
o ensino estava sobretudo a cargo do clero, em igrejas e conventos, ainda que a partir do período pombalino, se tenham aqui estabelecido alguns
militai bastante desenvolvida em Portugal a partir do século xvii, com o estabelecimento da Aula de Fortificação da Ribeira das Naus. As principais obras aqui realizadas estavam associadas a períodos
mestres de ensinar, pagos pelo erário municipal.
de instabilidade política,como por exemplo a Guerra
os contributos para edificação dos primeiros
da Restauração, quando o Castelo de Almada foi reparado entre 1 658 e 1 666’; na Guerra
edifícios escolares construídos de raiz nestes concelhos, os que existiam até aí tinham sido adaptados
de
edifícios
da Sucessão, em que se fortificou a marinha do Tejo do lado de Lisboa e Almada, sendo as obras
particulares, partem
—
flgu a 4 Cais de Caciihas -
(
838).
Figura 5 Ca do Seixal ( 1 $59). -
90
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Figura 7 Guarda Fiscal CacHhas ( O 904).
Figura 6 Plano do Castelo deAlmada (h 8 4).
do regime liberal, alguns dos equipamentos militares são reconvertidos e só voltamos
conduzidas pelo então jovem engenheiro miIitar de pai almadense, Manuel da Maya; no fim do século Xviii, num período conturbado da política
a
europeia, o Castelo de Almada (fig. 6), que fora severamente danificado com o terramoto de 1 755, foï totalmente reedificado com o apoio
à entrada do Rio Tejo, no chamado conjunto
encontrar novas campanhas de obras deste tipo nas décadas de 1 290 e 1 900, com a construção de várias baterias na Trafaria,
da população almadense em 1 79715, segundo projecto de Francisco d’Alincourt,também responsável por um projecto de uma nova fortificação da TorreVelha
da Costa de Alpena ..Raposeira (l893.l9l 1), cujos projectos são assinados por vários militares como o Ten.te de Eng.a Adolfo César Pina, o Cap. de Eng,a Hermano d’Oliveira e oTen.te de Eng.a António de
daCaparícae respectiva bateria baixa de 1 794 e 1796, e só em parte construído, o qual fora ordenado pela rainha D. Maria 1 ao Marechal General Duque
Artilharia
dos Santos Viegas. Da mesma época data a
de Lafões, sendo inspector Guilherme Luís António de Valleret, no ano de 1 794 16 Será contudo no período da Guerra Peninsular, que
obra do Quartel da Guarda Fiscal de Cacilhas ( 1 904 fig. 7), projecto do Eng.° Francisco Maria
se verificará o conjunto mais vasto de obras de fortificação quer da Linha de Defesa daMargem Sul(l$lOIl8l l),querdo Castelo
em 23 de janeiro de I908’. Outro caso particular de obras püblicas em Almada no período em estudo e que, à semelhança da arquitectura militar, foi bastante
Esteves, e o Quartel da Trafaria inaugurado
Almada (1814, fig. 6), as quais foram decididas pelo Gen. Wellesley (futuro Duque de
influenciado pela localização próxima ao porto
de Wellington) e conduzidas por militares britânicos, nomeadamente o Eng.° Goldfich e o Tenente Coronel Richard Fletcher dos
de Lisboa, foi o da arquitectura sanitária. dois destacamse particular Neste equipamentos que entre os séculos xvii e xix
«Reaes Engenheiros Bretanicos»’7, assim como pelo Major Neves Costa. Durante a Guerra
passaram por diversos locais, o Lazareto do Porto de Lisboa e o Hospital da Marinha Britânica.
Civil realizase em 1 833 uma nova campanha de obras no Castelo deAlmada por iniciativa
O Lazareto do Porto de Lisboa foi estabelecido originalmente na Trafaria, por ordem do Cardeal D. Henrique em 1 565, como
de D. Miguel, e presumivelmente conduzidas pelo Eng.° Louis Mounier, nas quais o castelo
um impedimento e quarentena de entrada de pessoas e mercadorias no porto de Belém.
foi ampliad&2. Com a instauração definitiva 91
Diversas obras foram aqui efectuadas pelo
e bagagens, lavandaria hospita cemitério e reparações
Senado de Lisboa por ordem régia, ao longo
(a) Somma 5 I 9:722$ l54 rs». Só em 1 867 foram
do
construção
iniciadas as obras do novo edifício, concluídas
de uma ermida em 1 678, depois reedificada
em 1 869. Em 1 868 constrói-se uma nova doca,
em 1 725 (MENDES, 20 1 O), numa época em
anteprojecto do Eng.° D. António de Almeida,
que estava encarregue das obras do Lazareto
novalorde2l SI l$208 reis,eem 1875 construiu
o engenheiro-mor, João Frederico Ludovice
-se na doca do Lazareto a primeira ponte-cais
( fig.
de madeira, cujo projecto foi elaborado pelo
século
xvii,
8),que
incluindo
nelas
sucedera
a
ao
arquitecto
Mateus do Couto. Mateus do Couto fizera
engenheiro
uma planta para um novo lazareto (embora
construiu-se nova ponte de madeira, a qual
seja pouco provável que a ermida de 1725,
mais tarde foi substituída por outra de estacas
de que resta a fachada, seja da sua autoria),
metiicas. No mesmo ano os taludes foram
o
para
regularizados, enrelvados e plantados, dando-se
a beneficiação das fazendas, obra que não custou,
saída às águas das chuvas por valetas empedradas
segundo documentos da época, menos de 80:000
e
cruzados. Ludovice chegou a propor um outro
um muro de suporte e outras pequenas obras. Foi
Lazareto mais próximo da foz, junto à Cabeça
este projecto do condutor de obras almadense
Seca, de que se conhece a planta, contudo esta
Francisco Líberato Teles Castro da Silva
ideia foi posteriormente abandonada. Em 1743
(fig. 1 0), que importava na quantia referida de réis
foram feitas várias obras de melhoramento, bem
39:760$000 (LOUREIRO, 1906). Será Liberato
como uma nova enfermaria, isto segundo planta
Teles,funcionário do Ministério das Obras Públicas
do sargento-mor engenheiro Carlos Mardel
( M.O.R), a
(fig.
qual
9)20.
tinha
diversos
armazéns
canos
Cândido
de
Moraes.
argamassados,
Em
1880
construindo-se
e
planear e conduzir a maior parte das
Com o terramoto de 1 755 foram
obras realizadas no Lazareto entre 1 880 e 1900,
necessárias várias obras de restauro das ruínas,
que incluíram,conforme documentação do M.O.R,
que foram conduzidas pelo arquitecto Mateus
além das acima mencionadas:
Vicente
de
21,
Oliveira
as quais
incluíram
-
o Lazareto foi transferido para a Torre Velha,
no valor de 5:01 I$710;
construção de uma ponte, em 1893/1894,
junto ao Porto Brandão, por ordem da junta de Saúde Pública, passando então a funcionar na dependência directa da administração central, que se encarregará daí em diante de todas as obras aqui efectuadas23. O Novo Lazareto daTorreVelha começou a ser planeado em 1 858, sendo o projecto inicial, valor
superior
a
500:000$000
rs,
a construção
de um novo Cemitério e Capela (fig. 1 1 ), em 1886;
a reedificação da ermida em 178522. Em 1816
de
-
da
responsabilidade do Eng.° António Joaquim Pereira24. De acordo com a conta geral da obra foram empregues na construção dos «Ediflaos quarentenários, alicerces e terraplenagens, caes e aterm, acessórios, hospedaria e quarte caminhos, armazéns
Fígura 8 João Frederico Ludovice -
92
-
o abastecimento
de água (a partir de uma mina situada na Fonte obras de 189311894, 5:549$905; Santa), em conservação do edifício,em 1 893/ 1 894,4:86 1 $855; -
a muralha de comunicação com o porto Brandão, em 895, 5:752$000; e a reparação de estragos
-
do temporal de 1 895, 1 0:33 1 $335 rs.
o
Hospital
da
Marinha
Britânica
estabeleceuse inicialmente no Forte da Fonte da Pipa, em 1 70526, onde esteve até cerca de 1734, altura em que se mudou para Lisboa, regressando de novo à margem do sul em 1 74527, ano em que já se achava estabelecido nas casas de uma quinta no Porto da Banática28, transferiu-se depois
riguta lO LiberatoTcllcs. -
Outros
espaços
adaptados
foram
para outras casas no Porto da Arrábida, onde se achava em 1 758, até que em 1 776 já há notícia
a
do Hospital dos Ingleses na Rua das Terras
o Hospital Militar estabelecido na Quinta de S. Pedro no Pragal, em 1 833 (Gazeta
de Cacilhas, descrito em 1 798 pelo viajante
hospitais
para
situações
especiais, como
Heinrich Friedrick Link, como estando «logo abaixo de Almada, no sopé da colina, de um grande hospital inglês para a marinhagem, em especial
de Lisboa, Ed. 1 9-07- 1 833), ou o Hospital para as vítimas de Colera Morbus, estabelecido
a das frotas e que ficavajunto a um armazém grande de vinhos». Extinto em 1 802, não se sabe se alguma
de S. Sebastião (conforme actas da C.M.A., informação de António Neves Policarpo).
vez teve casas de raiz, ou se existiu sempre
O velhinho Hospital da Misericórdia, no fim
em espaços alugados.
do século xix já não satisfazia as necessidades da população almadense, que constituiu em 1892
em
1856
numa
casa
anexa
à
Ermida
«uma grande commissõo afim de se levar a effeito a fundação d’um hospital. À frente d’esta commissão, que pouco fez, figurava o ex-deputado por este circulo, o sr.]ayme Arthur da Costa Pinto, alma nobre, coração d’ouro, a quem Almada deve parte dos seus melhoramentos» (QUEIROZ, 1 897). Na realidade,
Almada só veria a construção de um novo hospital de raiz já em pleno século xx, em l 947, no mesmo acanhado local, onde durante mais de 500 anos funcionara a medieval Albergaria
de Santa Maria, depois Hospital da Misericórdia. A arquitectura religiosa projectada nos séculos xvii, xviii e xix foi considerada no âmbito deste estudo, ainda que, uma boa parte dela se encontrasse efectivamente no domínio privado, uma vez que só a partir do Figura 9 Carlos Mardcl. -
93
em Almada e Seixal no século xviii, seremos sucintos nesta análise, assim importa destacar
alguns aspectos acerca da edificação de espaços religiosos públicos de raiz. Na segunda metade do século xvii edificam-
-se apenas dois espaços, a Ermida do Lazareto e o Convento da Sobreda, este edificado maioritariamente pelo seu fundador, Fernão de Castilho Mendonça, em 1 668, recebendo posteriormente doações particulares e mercês )
flgura
mI
4 1O
1,
régias para a sua conclusão. Durante a primeira metade do século xviii, acompanhando o desenvolvimento económico do país, vários edifícios religiosos vão ser edificados ou reedificados ao estilo barroco,
IiHL
Capela do Cemitérïo do Lazareto (hoje
-
desaparecida), edificada em 1 886 por Liberato Teies.?5
Liberalismo é que o poder político central passou a exercer uma acção tutelar directa sobre os párocos e confrarias. Contudo, atendendo que
quer por iniciativa de confrarias locais (Igreja
de Cacilhas, 1 699- 1 7 1 5; Igreja do Seixal, 172628; Igreja de Aldeia de Paio Pires, 1 736; e Igreja da Sobreda, 1 75 1 ) ou por iniciativa do Comendador (Igreja de S. Tiago, 1 7 1 4-24, fig. 13)
as igrejas e capelas públicas eram efectivamente um equipamento público, por vezes o único existente numa localidade, servindo não só de lugar de culto, como também de espaço de reunião, assistência social, ensino e difusão cultural, parecenos que faz todo o sentido incluilo no âmbito das obras públicas, tão-somente e só quando estes fossem
por meios próprios (dízimas e as sisas), no caso das confrarias a edificação só foi possível através
edificados com o financiamento público (régio, e municipal),estivessem abertos ao público e neles
da finta voluntária de moradores e oficiais locais ( arrais em Cacilhas e pescadores no Seixal), ainda
se
públicas
que estas tenham também tido algum mecenato
irmandades), o que naturalmente faz incluir no seu âmbito alguns conventos, isto além de capelas existentes em equipamentos
local a ajudar (José Bravo avançou do seu bolso 4:000 cruzados para completar o pagamento
estabelecessem
associações
ou da Câmara (Igreja de S.Sebastião, 1 729-32,fig. 14). Se nos dois últimos casos estes foram financiados
( confrarias ou
militares
e
hospitalares,
além
claro
da Igreja do Seixal, já D. Luís Manuel José de MelIo, da Ordem de Malta,contribuíu com 200$000 rs para
dos
a edificação da Igreja de Cacilhas)29.
cemitérios que se estabelecem definitivamente
Na segunda metade do século xviii, uma
a partir do Liberalismo, ainda que em Almada
antes
boa parte das construções foram efectivamente reconstruções parciais por causa da ruína
anteriormente
causada pelo terramoto de 1 755, como foi
um estudo sobre o património religioso existente
o caso das Igrejas de Aldeia de Paio Pires (1756), do Monte de Caparica ( 1 756-58), Cacilhas ( 1 756-59), Seixal ( 1 756-62, fig. 1 5), Corroios ( 1 757-58), Piedade ( 1 757-62), Amora (1757-65)
tenham
existido
alguns
provisórios
de 1834.
Como
já
1 Figura !
dedicámos
:‘ ,
—
Assinatura de Liberato re’es, Condutor de Obras
e Arrentela
Púb!icas no Lazareto
94
( 1 758,
fig.
1 6). Em todas elas
No século xix a edificação de edifícios é
religiosos
praticamente
inexistente
na primeira metade, ainda que aqui se tenham estabelecido cemitérios a partir de 1 834, estes só muito mais tarde irão ter direito a espaços autónomos fora do perímetro dos adros eclesiais e dotados de capelas
mortuárias
próprias,
como acontece por exemplo com o Cemitério de Almada na década de 1 850. Fruto do seu desenvolvi mento u rban ístico são edificados de raiz, já na segunda metade do século xix,
novos templos nas localidades de Porto Brandão ( 1 856), Trafaria ( 1 856-58, reformado em 1 890, fig. 1 7), Costa da Caparica (1874, reformada em 1880) e Aldeia de Paio Pires
( 1 880-8 1
,
fig.
1 8),
obras
realizadas
com
o financiamento das comunidades locais, ainda que em alguns dos casos com apoio financeiro Fïgura 3
greja de STiago ( 724).
do poder central e de mecenas locais, como
se fintaram os moradores e oficiais locais (por ex. os barqueiros na Amora, ou os pescadores
o conhecido caso de João lnácio da Costa, que pagou do seu bolso 1 conto de réis para
e arrais no Seixal, Arrentela e Cacilhas) para contribuírem, cada um na medida das suas posses
as obras da Igreja da Costa em 1880. Alguns processos de obras foram muito
e rendimentos, para a rápida recuperação dos edifícios, em Almada, como em Lisboa, ‘ançaram
longos como o caso da Trafaria, onde houve licença de edificação de uma Igreja dada em 1787,
dos ilegados pios (dinheiros devidos pelo cumprimento de missas perpétuas), das rendas das confrarias e dos foros das igrejas para o mesmo fim. De igual modo contribuíram mão
os particulares com esmolas para a reedificação dos locais de culto públicos como a Igreja do Convento
de S. Paulo (reedificada de raiz entre 1 756 e 1 76 1) ou a Ermida de St.a Marta (1 758). Durante este período só foram edificados de raiz dois lugares
7
de culto público novos, a Igreja do Pragal (1758-63) e a Igreja da Costa da Caparica (inicialmente feita de colmo, na década de 1 770, e depois reedificada em 1 794), por iniciativa popular dos habitantes
destes dois lugares então em desenvolvimento, e que mais tarde vão dar origem a confrarias de defesa de interesses locais.
Figui a 4 igreja de S. Sebast!ão (1729/3%)
95
Figura 5 Igreja do Seixal ( 1 726-28, reed. 7566%).
Figura 1 6 !grcja de Arrentela (mcd. 758).
mas cuja conclusão de uma primeira e deficitária construção, só se deu pelos anos de 8 3, iá outros não chegaram a ser construídos como o caso da Igreja da Ordem Terceira de Nossa
manifestos
-
-
de
defesa
militar
e
sanitária
da Capital. Em regra nas primeiras a iniciativa partia das populações que, por intermédio do senado municipal, as manifestavam ou aos
Senhora do Carmo, que depois de abandonar a Igreja de S. Sebastião, em ruínas por causa do terramoto, tentou em vão edificar novo templo
representantes locais do poder central, o juiz de Fora e o Corregedor da Comarca, no Antigo Regime, ou ao seu representante na Câmara dos Deputados, no regime Liberal. No Antigo Regime
para o qual chegou a adquirir um terreno na rua Direita de Almada em 1 764 30
o processo decisório era muito mais complexo e implicava várias instâncias de apelo, a Provedoria
Análise e conclusões
de Setúbal, o Ministério do Reino e em última
A análise dos dados das obras públicas realizadas nos territórios dos actuais concelhos de Almada e Seixal entre 1 640 e 1 9 1 O, além dos elementos próprios de cada uma, cuja análise não cabe num texto tão curto, permitem ainda assim tirar algumas conclusões importantes. As obras públicas realizadas no território de Almada e Seixal no período que vai da segunda metade do século xvii até ao início do século xx decorriam de necessidades específicas da população local ou por interesses Figura 7 Igreja daliafaria ($56-5$, rest. 890)
96
ínstância o Desembargo do Paço, em último caso a decisão competia sempre ao soberano régio,
na realidade o mercado de construção local não seria suficiente para manter um corpo
não se podendo usar os impostos municipais ou lançar novos impostos ou fintas para obras públicas sem a sua aprovação. Muitas vezes
alargado de mestres locais.Aforma mais comum
a única forma de financiar algumas destas obras era pelos fundos próprios (como eram
em praça, pois a Câmara de Almada não tinha corpo próprio de obras. Em regra os trabalhos
os casos das Confrarias e Irmandades) ou pelo mecenato particular. No período do Liberalismo
eram pagos por braças (ou seïa medindo e pagando mensalmente o trabalho efectuado e materiais aplicados), ou contratado
o de
processo
decisório
empréstimos
ou
sobre
a
subsídios
de
municipais,
atribuição para
contratação,
efeito
era
por
exemplo
através
da
das
obras
arrematação
na totalidade à cabeça com o pagamento a ser feito em prestações e estabelecendo-se prazos
de obras públicas era, à partida, mais simples democrático, em regra deliberado e ou ao nível das Câmaras de Deputados e dos Pares ou ao nível Ministerial, sendo posteriormente
de pagamento e juros no caso de ficarem valores em dívida. Mestres pedreiros e de obras lisboetas encontrados foram Inácio da Costa (Igreja de St.a
confirmada pelo soberano régio, ainda que nem sempre afastado de interesses corporativos.
Luzia de Cacilhas, em 1 702)
31,
Manuel Antunes
Da documentação consultada verificamos que os trabalhos eram realizados por alguns
( Igreja do Seixal, em 1 726, ver acima)32, Luís da Silva ( Obra da Fonte da Pipa e casas dos Priores no Castelo
mestresdeobras locais, embora na maior parte das vezes se recorresse a mestresde
de Almada, em 1 726), Justiniano Francisco (Torre dalgrejadoSeixal,em 1 775)33,VicenteRibeíro(Capela
-obras lisboetas e zonas vizinhas, sobretudo
do
em
em 1 782) e Domingos Monteiro (Igreja da Trafaria, em 1 856-58).
trabalhos
mais
especializados,
pois
Si:
dos
Passos,
na
Igreja
do
Monte,
Entre os outros artífices e artistas lisboetas encontrados, merecem destaque os ourives Alexandre de Paiva (peças de prata feitas
Figur a ! 9 Assinatura dc Manuel Antunes -
para a Irmandade do Santíssimo de Arrentela, em l 74 1 )36 e José Tavares Nogueira (peças de prata feitas para a Irmandade do Santíssimo do Seixal, em 1 745) (37); os pintores dou radores
1
Tomé de Sousa Vilar (dourar o retábulo da Capela de N. Sr,a do Rosário da Igreja de 5. Paulo, em 1 720) (38), António Carvalho
t pintura
flgura 8 llgreja deAdea de Pao Pires CfJO 8!)
97
e douramento do altar mor e tribuna
da Igreja deArrentela, em 72 1) (MENDES, 2010), e António Damásio (dourar e brinar a Capela da Casa de St a Ana e pntar o respectwO portco, 744)39; o mestre na Igreja de Arrentela, em 1 azulejador AntonIO FrancsCO Vidgal, que em 1754 azulejou a Ermda de S Sebastão por encomenda da Ordem Terceira do Carmo (°); os mestres entalhadores Tome de Sa (retabulo da Igreja de Amora, em 1 684) (MENDES, 2010), João Vrcente (Igreja de S Tiago, em 1724) (MENDES, 20 1 0), Jose Gomes Trock (tribuna da Capela mor da Igreja do Castelo, em 1738) (41), Francisco Rodrigues Mendes (retabulo da Ermida de S Sebastião, em 1 738) e Francisco a Jose da Silva (novo retabulo de N Sra
( 756 6 ). Quanto aos engenheiros e arquitectos presentes em obras públicas neste território, citados anteriormente no texto, destacamos grea de S. Paulo, arq.° Rodrigo Franco
Figura 2 1
do Rosano em S Paulo de Almada, em 1762) (42); e por fim João Baptísta «mestre de obra de estuque, morador a Campolide da cidade de Lisboa», que por 5:000 cruzados, em 1 763, fez uma «obra na igreja de Nossa Senhora da Consolação
até ao século xviii Pedro Nunes Tínoco (caminho da Fonte da Pipa, 1 6 1 8-29), Manuel da Maya (fortificação da ribeira de Almada, 1701-06), Mateus do Couto (Lazaretos 1/1420), Pe. Francisco Tinoco da Silva (Igreja
de Árrentela, que inclui tecto da igreja, segundo o risco dele dito mestre, e da capela mor na forma e risco que lhe deram os reverendo procuradores»43
de S.Tiago, 1714-24),J0ã0 Frederico Ludovice (atr. Ermida do Lazareto, 1 725), oão Baptísta Barros (atr. casas dos Priores no Castelo deAlrnada,em 1 726) Carlos Mardel (Enfermaria do Lazareto, 1 743/44), Rodrigo Franco (Igreja de S. Paulo, l 756-6 1 fig. 2 1 ), Mateus Vicente de Oliveira (obras no Lazareto, 1 76 1 ), Manue ,
Figura 20 Assinaturas de Mestres pedreitos João Baptista
‘
4
e Bonifácio Monteiro
ø.
¶_
;
•
r;
‘_!
mestres pedreiros locais merecem destaque João Baptista (Igreja de S. Sebastião, 1 729-32, fig. 14), Bonifácio Monteiro (Igreja de S. Paulo, 1 7566l fig. 22), João Rodrigues (rec. Igreja Dos
i i.
)-
s:’:;
,
i
,
1 757-58), Manuel de Barros e Bernardo António Lisboa (mestres de obras arrematantes de diversas obras locais na segunda
de
‘
Corroios,
!
Projecto da igreja do Castelo, arq.° Manuel Caetano de Sousa (1772, não construída). Figura
metade do século xviii). 98
%
Figura 23 Assínaturas de Rodrigo Franco e Manuel Caetano de Sousa, dois arquitectos das ordens miiitares que desenharam e acompanharam obras em Almada -
Caetano de Sousa (atr Paços do Concelho, 1 77 1 95, obras na Ogreja do Espruto Santo, 1772, projecto de nova Igreja no Caste’o, 772, fig 22, na Igreja de S Paulo, 1 776-80), Francsco obras d’Alicourt (obras na Torre Velha, 1794-96, Castelo de Almada, 1797).
representando
apenas
25
%
total
do
de obras públicas realizadas no então concelho
de Almada, agravado pela quase ausência de investimento público no território seixalense na primeira metade do século xix. Sem embargo de uma análise mais profunda e tendo
a alguns gráficos e tabelas Recorrendo resumo, tendo por base a amostra consderada (a qual tendencalmente aumentara a medida
em consideração as várias
representações
que os povos do futuro concelho do Seixal apresentaram quer ao nível do poder municipal, quer central, queixando-se da falta de investimento nesta parte do território,
que novos dados e novas fontes forem sendo tratadas), e posswel conclur que durante aquele o número de obras públicas realizado período no actual território do concelho do Seixal foi
confirmada aqui sido
esta
na
pela análise factual, terá
realidade
uma das grandes
substancialmente inferior ao de Almada, que para esta analise dividimos entre a zona Almada
causas pelas quais os seixalenses procuraram
e a de Capanca (correspondente as respectilvas freguesias exstentes no nco do seculo xx)
de Almada, conseguindo
estabelecer-se de forma autónoma do concelho
relação
ao
longo
a
evolução
já na segunda metade do século xix, com (ofltd
m
()dr)
Obras públicas por área geográfica
desta
—
dos
diversos
AíA
ALMADA CAPARICA
do século xvii à 2. metade do século xix e início do século xx) verificamos que até a primeira metade do seculo xix as localidades
SEIXAL
que depois veram a consttuir o concelho do Seixal, até 1836 integradas no concelho um
PrÇodo (1) ALMADA CiAR CA SEXAL TotafGeral,
desequilíbrio
restantes
-
penodos
cronológicos (aqui divididos em seis períodos de aproximadamente 50-60 anos, da 2. metade
de Almada, apresentam relativamente às duas
meios
Mesmo depois da separação do Seixal, o concelho de Almada vem a confrontar-se,
de Lisboa, partcularmente mportante ao nivel mihtar e santario, como atras referimos consderarmos
os
necessários para aumentar significativamente o n.° de obras públicas neste território.
Esta realidade, particularmente evidente ate ao inicio do seculo xix pode ser explicada não só pelo maior peso demográfico e político das duas, como também pela maior proximidade
Se
assim
áreas, 99
XVU-2 (2) XV! -1 (3) XVIII-2 (4) XX-1 (5) XX-XX Total Gera’ 1Q 17 19 15 24 85 A E 9 13 41 73 2 11 15 3 24 55 16 34 43 31 89 213
o
crescimento
da
populacional
Teles, vêm tomar preponderância no processo de decisão, o primeiro no decurso da sua
freguesia
da Caparica, potenciado pelo desenvolvimento da faixa nbennha e atlântca (Porto Brandão,
análise
,
tais
a
os
omo o Ba ro
de Pescadores da Costa, na década de 1 $80; a arborização dos areais e a construção a es ra a A lânt a
realizadas na freguesia de Almada). a
e h eresse loca
ras
seja a Caparica a tomar a dianteira ao nível das obras públicas (4 1 intervenções contra as 24 globais
e’
.
e fc
e an a rnaçã
vo
bj
om o
se investiu bastante em obras públicas, como atrás referimos, o que explica que nessa época
termos
o
o e
ep
cn
almadense, por diversas vezes toma a dianteira promovendo iniciativas legislativas e populares
Trafaria e Costa) e pela importância económica da actividade do Lazareto da Torre Velha, onde
Em
n
a
a
ii
re a
afaria e a
.
a,
em 1 884;a conclusão das obras da Igreja daTrafaria, em 1890; o Cais do Porto Brandão, em 1890;
periodal
do número de intervenções ou obras públicas parece indiciar que o seu aumento foi constante
o abastecimen o e água e ii Ca i ha a década de 18 .]á L erato eles, atura e resclente em
de período para período, o que não sendo surpresa, ainda assim uma propriamente
Cacilhas, através da sua actividade de condutor de ob as p’blicas ao serviço do Ministério
merece algumas considerações, por um lado o peso significativo do século xviii, relativamente
do mesmo
ome,
roc a á ga antr
s
& s
ao predecessor O século xvii foi claramente marcado pela Guerra da Restauração, enquanto que
necessários para a realização de várias obras de conservação e restauro de monumentos locais,
teve o Ouro do Brasil, numa primeira fase, e a imperiosa necessidade de reconstrução subsequente ao Terramoto de 1 755, numa segunda.
em especial religiosos, tais como as igrejas de S. Tiago (1895), S. Paulo (1896), N. Sr.a
Verifica-se também uma retracção global na primeira metade do século xix, certamente justificada pelo
Brandão (1899) e Misericórdia (1900). A análise sectorial evidencia dinâmicas
período de crise política e económica causada, quer pela Guerra Peninsular e consequências daí derivadas
temporais diferenciadas, sendo neste particular verificar que as obras de carácter militar
(como seja o fim do Pacto Colonial,que condicionava
têm o seu pico no início dos séculos xviii e xix, coincidindo precisamente com períodos
o
XVIII
do Monte
o comércio de e para o território Brasil a partir de outras nações), quer pela Guerra Civil.
( 1 897),
Espírito Santo
( 1 898),
Porto
de conflitos militares particularmente significativos, mais o segundo (Peninsular) que o primeiro
O dinamismo de investimento em obras públicas na segunda metade do século xix,
( Sucessão), como se vê no gráfico abaixo. Obras Militares por Época
a que se chamou de Fontismo, decorre evidente da análise da tabela acima e é o resultado também
a análise sectorial evidencia dinâmicas temporais diferenciadas, sendo neste particular
]á
de um penodo de relativo crescimento economico potenciado pela progressiva industrialização, quer
Militar
da capital, quer dos territórios adjacentes, nos quaisAlmada e Seixal se destacam. É ainda durante asegunda metade do séculoxix,mais concretamente nas décadas de 1 880 e 1 890, que a acção de política
MiIita
de algumas figuras locais como o Deputado Costa Pinto ou o Condutor de obras Liberato
(1) XVII 2
100
(2) XVIII 1
(3) XVIII 2
(4) XIX 1
fs) xix xx
verificar que as obras de carácter militar têm o seu
Notas: 1
pico no início dos séculos XVIII e xlx, coincidindo precisamente com períodos de conflitos militares
A N /TT Ministerio do Reino Colecção de Plantas doexAHMF cx 5285 n°7 PIMENTEL(l90$) p 237 2 A.D.S., Notariais de Almada, Cx. 4388, Lv. 27, f. 196v.
particularmente sign ificativos, mais o segundo ( Peninsular) que o primeiro (Sucessão), como se vê no gráfico anterior.
3
A.H.M.A., liv. 2460, Livro n.° 1 de Traslados de demandas e pleitos ( 1 732- 1 $30), f. 23v-24: «Provimento que se fez nesta Vila de Almada neste ano de 1 76 7: e por lhe constar que obra das casa da camara e da cadeia nova a qual se deu principio. Manda acabar esta obra do que preciso seja e igualmente acudir ao reparo a Igreja do Glorioso Mártir São Sebastião apontando os meios necessários para esta obra se fazer e ser paga pelas sobras da cizas (f 25 l 768 ) do provimento da Correição do ano passado quanto a obra das casa da Câmara estar afécto a S.M. a resolução da conta que se deu sobre a mesma obra ( 26 1 770) quanto à obra das Casas da Camara estar ainda por resolver e determinar a consulta a S.M. (f 30 1 775) pede-se a graça para se poder continuar as obras da Casa da Camara e Cadeira Nova e reparado da Ermida e Igreja de 5. Sebastião, que o procurador certificou que se fez entrega do Pedido no tribunal do Paço em 1 0-1 0-1 775.» A.N.T.T. Ministério Maço 367 do Reino Cx 490: Est. 5 «Semilhante se ftira na praça publica desta villa huma cadea com a toda a necessaria segurança repartida em duas salas livres huma para homens e outra para mulheres huma enxovia e trez ou quatro segredos, e hum açougue publico, fiizendo-se também em outro cham na mesma praça humas casas para aposentadoria dos Ministros, sala para a Camara e outra para a de audiência, curral do conselho, em sítio separado da villa, e dois açougues mais nos lugares do termo donde athe agora se tem vendido as carnes, cujas obras todas se executarão fielmente pela Planta, que fizer Ingenheiros, que sua Mag.e fr servido nomear; e no caso de ser preciso comprar algum cham, ou casas para quaisquer destas obras, se obervará no disposto do Cap. 7 do Es. 34 practicando-se o mesmo em quaesquer estradas publicas que for precizo alargarem-se as quaes se consertarão e também as calçadas nos cítios que mais necessitarem (l 771)». 4 Diário do Governo de 1$ de Junho de 1$49, N.° 141: «E authorisada a Camara Municipal do Concelho do Seixa Districto de Lisboa, para contrahir um emprestimo até á quantia de um conto e seiscentos mil réis, a fim de poder comprar o edifício em que celebra actualmente as suas sessões, e em que se acha estabelecida a sala das audiências do Julgado, e a Cadea pública». 5 A.N./T.T., Provedoria de Setúbal, Mç. 92, Cx. 693, N.° 36. 6 A.N./T.T., Chancelaria Régia, D. Pedro II, Doações, liv. 20, ff. 153-153v. 7 A.NJT.T., Notariais de Lisboa, Of.° 9-B (antigo 1 2-B), Cx. 3, Lv. 2, ff. 77v-7$v. 8 Em 1 776 os Religiosos de N. Sr.a da Piedade (Caparica) pediam para serem aliviados de pagar os dois réis por cada arratel de vaca destinados para os médicos e calçadas. Cf. A.N,/T.T., Provedoria de Setúbal, Mç. 1 24, n. 47. 9 Gazeta de Lisboa, 1 7.9. 1 8 1 9 : «LISBOA l 9 de Setembro 1 Tocámos na Gazeta de Sexta fèira que no dia l 5 do corrente, anniversario da nossa èliz Restauração, se assentará a primeira pedra do Caes do Pontal de Cacilhas () adoptando e propondo a S.M. o actual Juiz de Fora de Almada o Doutor José Maria de Lemos Carvalho Sousa Beltrão hum meio fácil de a pôr em pratica e obtendo a Régia approvação grande numero
Obras Públicas porTipologia Ao
nível
tipologia
da
dos
espaços
-
e obras de raiz verifica-se a predominância de duas tipologias, as de carácter sanitário
-
-
80 70 0 40
30
-
j’
-
7h
II
1
0
e, (p
/ , /
8
Const. Obras
8
a’
&‘
( chafarizes,
poços, hospitais, cemitérios, etc.) e as de carácter religioso, o que no fundo define as duas principais preocupações desta população que são as relacionadas com o corpo
e com o espuroto A tercera maus predomnante é a tipologia militar, isto pelos motivos já aduzidos anteriormente relacionados com a proximidade à capital. De menor significado no universo e período estudado foram as construções de raiz de carácter cultural (locais de espectáculos, teatros e coretos), escolar e urbannstco (calçadas e caminhos) e que no fundo vão marcar as principais preocupações já no século xx!
101
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nas mãos dos Titulares acima mencionados e do Capitão Mór e Desembargadores da Casa da Supplicação referidos as diversas moedas sendo então tanto estas, como a lamina metidas por elles em huma urna de prata a qual se encerrou hua de pedra e se passou a collocar esta na cova aberta na rocha sobre a qual se assentou a grande pedra fundamental. Neste momento se arvorou o Estandarte Real e clamou o Doutorjuiz de Fóra tres vezes Viva ElRei Nosso Sr. ao que correspondêrão os Illustrissimos e Excellentissimos assistentes, toda a Nobreza Clero e Povo tocou a Musica o Hymno NacionaL subirão girandolas de fogo ao ar derão salvas as embarcações surtas naquella vizinhança e deo tres descargas de fogo de alegria a tropa alli postada, como annuncio de ter terminado este solemne acto. Retirou se o Senado para a Casa das suas sessões, com o mesmo acompanhamento no meio do applauso de huma multidão de espectadores que coroavão aquelles contornos cheios de çatisfação de verem principiar naquelle Pontal huma tão útil obra, que concluída em breve fará esquecer a omissão dos nossos antepassados em a não terem emprehendido e recordar aos nossos vindouros com gratidão a memoria daquelles que generosamente se prestão para o seu desempenho e do Ministro que a promove A lnscripção comemorativa gravada na lamina he do theor seguinte: Este Monumento Consagrado á publica utilidade Pelo amor da Patria pelo zelo pela beneficência Pela liberalidade De muitos e honrados Cidadãos Portuguezes Cujo nome fica immortalizado Nos Arquivos desta VilIa de Almada E na memoria de todos Depois de conseguida a liberdade oppressa Pela Tyrannia e pela Perfídia De poderosos inimigos Firmado defendido e exaltado O Throno Portuguez Restituido á Independência e Soberania Que por sete Séculos tinha gozado Reinando no mesmo Throno O Muito Alto e Muito Poderoso Monarca D]oão VI Pio Feliz Magnânimo Pai da Pátria. Restabelecida a Paz em todos os Estados da Europa. Florecendo a Religião as Artes o Commercio. Em o memorável dia IS de Setembro De 1 8 1 9, Undécimo de sua gloriosa Restauração E lançando lhe a primeira pedra Em nome de Sua Magestade O Desembargador do Paço Alexandre José Ferreiro Castello Entre universal applauso do Povo Portuguez Foi Posto». ‘°A.H.M.A., liv. 2460 Livro n.° deTraslados de demandas e pleitos ( 1 732- 1 830), f. 49: 1 8 1 5 f
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