OBSERVAÇÕES A CERCA DO ESTÁGIO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS DE BAIRRO, O EXEMPLO DE DOIS CASOS NA CIDADE DE PELOTAS.

October 6, 2017 | Autor: Ticiane Pinto Garcia | Categoria: Convivencia y Clima escolar, Ensino de História, Estágio Supervisionado
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Acadêmica do curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Bolsista do PET Diversidade e Tolerância.
Acadêmica do curso de História Licenciatura da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Bolsista PROBEC do Museu Etnográfico da Colônia Maciel.
Para mais informações sobre a grade curricular do curso de licenciatura em História da Universidade Federal de Pelotas, se pode consultar o link: http://wp.ufpel.edu.br/historia/licenciatura/projetopedagogico/ Acesso em agosto de 2014.


OBSERVAÇÕES A CERCA DO ESTÁGIO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM ESCOLAS DE BAIRRO, O EXEMPLO DE DOIS CASOS NA CIDADE DE PELOTAS.
Ângela Pereira Oliveira.
Universidade Federal de Pelotas.
[email protected]

Ticiane Pinto Garcia.
Universidade Federal de Pelotas.
[email protected]

Resumo: O presente trabalho baseia-se em um relato de experiência do estágio curricular obrigatório do Ensino Fundamental, do curso de História Licenciatura, da Universidade Federal de Pelotas. Essa disciplina é ofertada no currículo do curso para alunos ingressantes do quinto semestre. O texto abordará experiências a partir da perspectiva de um comparativo entre dois estágios, ocorridos em escolas diferentes, mas com alunos de mesma série. Os estágios foram realizados em escolas afastadas do centro da cidade de Pelotas, isto é, em escolas de bairros. Mais especificamente, uma no Areal e a outra no Fragata. Estas escolas, em sua maioria, são frequentadas por alunos residentes nas proximidades. O texto visa fazer um comparativo entre as metodologias desenvolvidas na disciplina, apresentando as particularidades das turmas trabalhadas. O enfoque se dará sobre as dificuldades de se lecionar identificadas no estágio. Relatando-se o sentimento de (des) preparação em relação ao currículo formativo trabalhado dentro da Universidade. Abordando como foram os problemas cotidianos que perpassam a sala de aula, como, por exemplo, lidar e se relacionar com a diversidade escolar. Percebeu-se, constantemente, um grande descaso, da sociedade em geral, com a educação.
Palavras-chave: Ensino de história, estágio curricular, escola.
OBSERVACIONES SOBRE LA ETAPA DE EDUCACIÓN BÁSICA EN LA ESCUELA DE BARRIO, EL EJEMPLO DE DOS CASOS EN LA CIUDAD DE PELOTAS.
Resumen: Este artículo se basa en un informe de la experiencia del plan de estudios obligatorio de la etapa de la escuela primaria, el curso de grado historia de la Universidad Federal de Pelotas. Este curso se ofrece en el programa del curso para los estudiantes que entran en el quinto semestre. El texto se discutirán experiencias desde la perspectiva de una comparación entre dos etapas que ocurren en diferentes escuelas, pero con alumnos de la misma serie. Las etapas se realizaron en las escuelas de la ciudad de centro de Pelotas, es decir, en los distritos escolares. Más específicamente, Una en el Areal y otra en el Fragata. Estas escuelas, en su mayoría frecuentados por los estudiantes son residentes cercanos. El texto tiene como objetivo hacer una comparación entre las metodologías desarrolladas en la disciplina, la presentación de las particularidades de las clases trabajado. La atención se centrará en las dificultades de la enseñanza identificadas en el escenario. Reporte un sentimiento de (des) la preparación con respecto al plan de estudios de formación trabajó dentro de la Universidad. Abordar cómo eran los problemas cotidianos que passam en clase , por ejemplo, tratar y relacionarse con la diversidad de la escuela. Se observó, constantemente, un gran descuido, la sociedad en general, con la educación, ampliar la formación.
Palabras clave: Enseñanza de la Historia, etapa curricula, escuela.
REMARKS ABOUT THE STAGE OF BASIC EDUCATION IN SCHOOLS NEIGHBORHOOD, THE EXAMPLE OF TWO CASES IN THE CITY OF PELOTAS.
Abstract: This work is based on an experience report of the mandatory curriculum of elementary school stage, the course of history degree from the Federal University of Pelotas. This subject is offered in the course curriculum for students entering the fifth semester. The text will discuss experiences from the perspective of a comparison between two stages occurring at different schools, but with students from the same series. The stages were realized in schools far from The center of Pelotas. More specifically, the one and the other in Areal Frigate. These schools, mostly frequented by students are residents nearby. The text aims to make a comparison between the methodologies developed in the discipline, presenting the particularities of classes worked. The focus will be on the difficulties of teaching identified in stage. Reporting a feeling of (un) preparedness with regard to the training curriculum worked within the University. Addressing how were the everyday problems that permeate the classroom, for example, deal with and relate to school diversity. It was noticed, constantly, a great neglect, society in general, and education.
Key words: History teaching, curricular training, school.

A disciplina de estágio curricular supervisionado, de caráter prático e obrigatório, para o ensino fundamental, no curso de História Licenciatura, da Universidade Federal de Pelotas, é ofertada, na grade curricular do quinto semestre do referido curso. Sendo, as disciplinas do currículo, da graduação em História, oferecidas semestralmente, no semestre seguinte, portanto, no sexto semestre, temos a cadeira que dá continuidade ao estágio curricular do ensino fundamental.
Isto é, as práticas de observação e ensino iniciadas no semestre anterior prosseguem, aliadas a elaboração de um relatório final sobre a experiência da prática docente. Destinando-se ao total um ano da graduação para que estejamos presentes no ambiente escolar, para preparação e convivência com diferentes situações, a fim de se trabalhar na prática as questões teorizadas ao longo da graduação, além de, é claro, planejar e dar aulas.
Ao decorrer da graduação se percebe uma imensa desmotivação dos acadêmicos com a profissão de professor, mesmo inseridos em um curso de licenciatura. Percebeu-se, pelo tempo em que se esteve na Universidade, que alguns colegas acabam por abandonar o curso quando se aproxima a fase de dar aulas, outros trocam de curso.
E, tem aqueles que nem tentam ingressar no curso de história, mesmo nutrindo afinidades com a disciplina, pelo fato de não quererem tornar-se professores. Isso ocorre, em grande medida, devido à condição de desvalorização crescente deste profissional ante a sociedade, que se reflete nos baixos salários pagos a esse profissional.
Pensando na necessidade de uma formação continuada do professor, isto é, a cobrança da livre concorrência de mercado para que este mantenha seus estudos sempre atualizados, devido às exigências e necessidade de qualificação, cada vez serem maiores, se aponta somado ao fator financeiro, como um dos pontos de desmotivação da escolha de cursos de licenciatura. Esse dado foi destacado através das conversas informais que se manteve com os alunos dentro da sala de aula.
Agregado ao que foi mencionado ressaltamos que há também um grande descaso social e político administrativo com a educação, uma vez que os investimentos nela não são prioridades dos governos, indiferente de este ser municipal ou federal. Ela é usada nas propostas de campanhas políticas para se ganhar eleições, mas as transformações necessárias a elas são temidas e cautelosas.
Dentro do âmbito universitário nota-se que os próprios professores do curso incitam, na licenciatura, para que os graduandos se direcionem ao ramo das pesquisas, indicando, assim, que a junção dos dois, dará uma melhor formação acadêmica ao futuro profissional.
Obviamente que a pesquisa torna-se muito importante, tendo em vista que, somos também titulados pesquisadores, mas num mercado que não é tão abrangente como o de historiador e, em se tratando de um curso de licenciatura, se deduz que este não será o destino da maioria. E que, portanto a uma valorização dentro da academia daquele que pesquisa em detrimento daquele que leciona.
Iniciando os estudos no referido curso, nos depararemos com uma grade curricular que consta, como sendo obrigatório, um total de seis disciplinas que compõem o chamado núcleo de formação pedagógica. Ressaltando que, identificamos somente aquelas que são consideradas obrigatórias no currículo, descartando aquelas que podem ser buscadas como uma formação livre e optativa, pois não é a todo o momento que estas são ofertadas.
Sendo, portanto limitados os alunos que conseguem buscar essa formação complementar em função da compatibilidade de horários com as disciplinas da grade curricular. O que se busca com esse destaque é relatar que estas cadeiras, em sua maioria, são oferecidas na grade obrigatória dos semestres iniciais do curso e, que a prática da disciplina é bastante diferenciada da vivenciada dentro da escola.
Acreditamos que não existe um manual a ser ensinado aos futuros professores sobre a prática docente, mas que os subsídios ofertados são insuficientes para o preparo do profissional. Essa insegurança gerada pela falta de prática acaba por deixar, muitas vezes, um sentimento de inaptidão quanto ao enfrentamento da sala de aula, refletindo, assim, nas escolhas de muitos acadêmicos, pela troca e até mesmo desistência do curso de licenciatura.
Ao longo de nosso estágio constatamos que a metodologia utilizada na sala de aula não dialoga com o aprendizado propagado dentro do meio acadêmico. Assim sendo, torna-se uma grande dificuldade, para os estudantes-professores, conseguirem estipular, em seus estágios, um ponto de relação e um meio termo entre, por exemplo, as desconstruções que a Academia procura fazer ressaltando aspectos imprescindíveis para a história do homem e as colocações resumidas e superficiais expostas nos livros didáticos.
Além do mais, se percebe que poucas disciplinas, em sua maioria, as pedagógicas mais do que as ditas científicas, remetem os graduandos a, de acordo com o conteúdo trabalhado, propor atividades que se possa realizar em sala de aula. As disciplinas pedagógicas são ministradas por professores com diversas formações e, nem sempre eles têm alguma formação ou conhecimento histórico.
Nesse sentido as aulas expositivas adquirem um caráter mais geral no que se refere à didática e ao preparo de planos de ensino, quando as aulas são ministradas, por exemplo, por pedagogos. Focando-se assim os ensinamentos sobre as questões mais burocráticas do ensino em detrimento de indicações de materiais e atividades que possam vir a serem feitas de acordo com os conteúdos que são utilizados, com a idade dos alunos trabalhados. Isto é, não se prioriza que material usar, como usar e, em qual momento usar.
Logo, ressalvamos que o objetivo do trabalho em questão é apresentar algumas das dificuldades encontradas na prática do estágio curricular supervisionado do ensino fundamental. Para consequentemente estabelecer um diálogo constante com a formação recebida no âmbito universitário e a rotina presenciada na escola. Justamente esse diálogo nos proporcionará trazer, ao longo do texto, algumas reflexões sobre o curso de licenciatura no papel formativo, que serão ressaltados ao longo do texto.
Ademais, entre alguns aspectos que se busca especificar estão à prática docente de duas acadêmicas que não tinham experiência de sala de aula até o momento do estágio. Se salientando, ao longo do texto, como foi o preparo para lidar com as especificidades de cada aluno (a) e/ou turma. Relatar-se-á aspectos positivos para que esses possam ser copiados e, que se demonstre o lado esplêndido da profissão escolhida.
Para também se demonstrar que o estágio é uma etapa muito enriquecedora e construtiva. No entanto, o enfoque principal, será sobre as experiências negativas, por se acreditar que elas possibilitam um maior crescimento profissional uma vez que são mais desafiadoras do que as demais experiências.
Atrelado ao que fora exposto, se busca fazer uma ressalva sobre o tipo de profissional que está atuante em sala de aula no período de estágio e posteriormente, aquele que cotidianamente faz dessa a sua atividade profissional. Destacar-se-á aspectos como a preparação das aulas e a motivação inicial em comparação àqueles profissionais encontrados nas escolas no momento em que realizamos o nosso estágio.
Por fim, o texto retrará também algumas sugestões e propostas para transformações do projeto político pedagógico do curso, visando às demandas observadas, durante o desenvolvimento do estágio e, ao longo do processo formativo na Universidade. Além de, em alguns momentos discutir a estrutura, as condições de trabalho e as precariedades encontradas ao longo desse processo.
Estágio Curricular do Ensino Fundamental: desafios e reflexões.
A princípio, as dificuldades encontradas com o estágio se deram no momento de procura por uma escola que acolhesse aos acadêmicos da História. Isto porque, houve uma incompatibilidade de calendários, uma vez que, não havia um alinhamento curricular do calendário escolar com o calendário letivo da Universidade. No momento em que se buscou o estágio muitas escolas já haviam iniciado seu bimestre ou trimestre e, o estagiário iniciaria suas atividades já com estas em andamento.
Sendo assim, algumas escolas alegaram que o estagiário poderia ter dificuldades de início, até conseguir um acompanhamento pleno das aulas. Sob essa alegação algumas instituições optaram por não receber estagiários, o que não ocorreu nesse caso. Outras alegaram que o seu quadro de estagiários já estava completo tendo em vista a busca tardia, não podendo aceitar novos acadêmicos.
Destacando pelos relatos de colegas que essas escolas que não aceitaram estagiários em sua maioria ficam no centro urbano. Assim se estabelece como dica aos demais, que encontrarem dificuldades em conseguir uma escola para a realização de seus estágios, para buscarem em escolas um pouco mais afastadas da área central, nas escolas de bairro.
Contudo, mais do que as colocações das escolas, que foram alguns casos isolados, se destaca que a maior dificuldade encontrada nesta fase, pelos graduandos, para a realização do estágio, ocorreu no sentido de conseguir uma conciliação entre os horários disponíveis para a realização do estágio com os horários que o professor titular ministrava a disciplina. Mesmo em meio as dificuldades citadas se iniciou as atividades de estágio no segundo trimestre de 2013.
Inicialmente, como aconselhado pelo professor supervisor do estágio, se optou pelas escolas que perpassam o deslocamento habitual do acadêmico, evitando a necessidade de maiores deslocamentos até o local de trabalho. Consequentemente, os dois estágios se deram em escolas localizadas próximas a nossos locais de moradia.
Evidencia-se que a realização do estágio é de extrema importância, sendo essencial e imprescindível para o aperfeiçoamento da didática que se busca como professor em um curso de formação em Licenciatura. No primeiro momento, o estágio funcionou como uma inserção no mundo escolar. E para que isso se desse o estagiário participava ativamente no cotidiano da escola.
Dessa maneira, ele estava incumbido de observar as aulas do professor titular e participar das reuniões pedagógicas. Em especial, aquelas que pautassem assuntos produtivos para o professor-estagiário, a fim de apropriação e resignificação deste espaço. Proporcionando uma nova visão sobre a escola, enquanto professor, diferenciada daquela memória construída enquanto aluno.
Frisando que o professor-estudante não necessitava comparecer durante todos os dias letivos na escola. Era preciso que ele estivesse somente nos dias em que as aulas de seu conteúdo fossem ministradas, até mesmo para estar preparado caso houvesse a ausência de algum outro professor e se necessitasse subir o período da disciplina ministrada.
Constatamos que essa prática, de passar uma grande parte do dia observando as atividades escolares, auxilia na apropriação e na formação do profissional para lidar com a realidade educacional. Uma vez que ficar teorizando dificuldades em sala de aula não proporciona tanta experiência quanto se deparar com elas no espaço escolar.
A presença na escola além do horário do período da disciplina ministrada auxilia no entendimento do funcionamento da instituição e, também dos mecanismos burocráticos que a mantém em funcionalidade. Além de propiciar a criação de vínculos nas relações com os demais integrantes da comunidade escolar, sejam alunos, professores, coordenadores e demais trabalhadores que ali também passam uma grande parte do seu dia.
No instante em que se depara com a ida para a Escola é que se depara também com os anseios conjuntamente com as ideias e as visões a repeito do ser professor. Os anseios aumentam quando é passado um cronograma de trabalho onde temos que lecionar algum conteúdo que ainda não nos aprofundamos na Universidade.
Muitos questionamentos surgem neste momento, essencialmente, no que se refere a qual propriedade se tem sobre a temática para ensina-la. Esse tipo de preocupação é constante, a cada conteúdo novo das aulas, saber mediar aquilo que se tem mais conhecimento com os conteúdos que se tem pouco domínio.
Durante as observações efetuadas na escola se constatou um ensino ainda muito reprodutivo, isto é, ainda fortemente marcado pelo positivismo. Esse ensino nada mais é do que uma proposta na qual "o conteúdo das disciplinas é para ser ensinado, não para ser discutido, debatido, ou modificado" (FAUSTINO e GASPARIM, 2001, p.164). Essa proposta fica clara, na ausência de discussões sobre o que está sendo trabalhado em sala de aula.
Contraditoriamente, essa abordagem reprodutiva do conteúdo se diferencia do que é pautado no espaço acadêmico por não suscitar debates. Na Academia é cobrado interpretações, apropriações e reflexões sobre o os acontecimentos que envolvam a humanidade.
Já na escola, quando se efetua esse tipo de cobrança os alunos se assuntam, pois só sabem reproduzir tal e qual a resposta do caderno ou copiar trechos de textos. Eles não estudam refletindo, estudam decorando. Além do que, nas cadeiras pedagógicas se trabalha muito no sentido de instigar a criatividade do estudante. Uma dicotomia entre o que se ensina na Universidade e a prática que se realiza no ambiente escolar.
A citação, a seguir, destaca como se pensa a prática do conteúdo na prática escolar através das colocações acadêmicas e como acreditamos que seria a melhor forma para se trabalhar.
O conteúdo, ou seja, o conjunto de saberes historicamente sistematizados e de informações contextualizadas que, estruturados organizadamente, torna-se algo sobre o qual alunos e professores irão se debruçar, seja para construir conhecimentos, fazer transferências de aprendizado, gerar atualização, seja para orientar, mediar ou facilitar o aprendizado ao outro. Ou ainda e num sentido convergente: gerar diálogos que criem condições ilimitadas de possibilidades educacionais. (CORDEIRO e ROSA e Freitas, 2006, p.02)
Porém, se verifica que os estudantes estão totalmente imersos nessa reprodução conteudista do ensino de história. Constatou-se que os alunos demonstram certo conservadorismo no que se refere às mudanças propostas na metodologia de sala de aula. No que se refere tanto as aulas como ao sistema avaliativo. Mas, como aborda FIORI apud DUARTE "A grande aventura do homem não é ser uma cópia do mundo, mas um sujeito capaz de atuar no mundo, transformando-o e contribuindo ativamente para a continuação de sua história" (2011, p.04).
Portanto, o apresentado na citação a respeito de gerar diálogos a partir dos conteúdos e o estímulo à criatividade tanto cobrado pela Academia não se verifica na prática. Em grande parte, pela resistência dos alunos como fora apresentado anteriormente.
Em suma, aos poucos as novas ideias propostas de trabalho, acabam sendo desmotivadas por essa resistência com o novo e, pela passividade dos estudantes na doutrina de obtenção do conhecimento. Alguns se mostram resistentes por preguiça de aderir ao novo, enquanto outros, não participam do novo, de forma alguma, por estarem tão imersos na doutrinação da mesma metodologia de copiar e decorar.
Salientando que a disciplina de história atua na formação e auxilia no posicionamento opinativo dos estudantes. Ao menos teoricamente, ela possui essa demanda. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, consta a necessidade de instigar o aluno a "posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas" (1998, p.07).
No entanto, se contata que o desinteresse apresentado pelos estudantes e, a resistência que eles apresentam em pensar e, posicionar-se, gera, em muitos professores, um comodismo com a situação de estimular seus alunos a decorar a matéria trabalhada. Como se fosse menos trabalhosa uma aula sem questionamentos e argumentação do porque tal acontecimento se deu desta ou daquela maneira.
Através das observações feitas dentro da escola, aliado a curta experiência obtida nela, constata-se que a Universidade não mantém um diálogo permanente com o profissional da educação. Mantendo uma distância entre as discussões acadêmicas e escolares.
Pois, ao adquirir alguns conhecimentos enquanto discente universitário o professor passa a lecionar sem um controle maior sobre sua didática. Esse controle referido se daria com base nas formações continuadas, através de parcerias entre a Universidade e a Secretaria de Educação e, não no sentido de uma retirada de autonomia do profissional.
Durante o período em que se estive na escola, observando e lecionando, notou-se um abandono da Secretaria de Educação Municipal, com relação ao nível de profissional que está atuando nas escolas, no processo de formação educacional e cidadã dos estudantes.
Uma vez que se constatou que os cursos proporcionados por eles são poucos, ocorrem em sua maioria aos sábados e, muitos professores não tem liberação da escola para poderem participar. Além do que as temáticas tratadas também são superficiais, não sendo muito práticas e específicas a cada área.
A fim de ter um melhor salário o professor se sobrecarrega na sua carga horária. Esse tempo excessivo dentro da escola diminui as oportunidades de ele participar de simpósios, congressos e outros cursos que possam atualizá-lo e apresentar-lhe inovações para suas aulas. Os baixos salários dos professores também contribuem para a dificuldade dos professores em adquirir materiais novos e diferenciados como, por exemplo, bons livros e alguns jogos respectivamente, atrelados aos altos custos deste tipo de material.
Apesar disso, nos deparamos com muitos bons professores, com suas aulas bem estruturadas, com planejamento e organização de suas atividades. Somada a boas argumentações sobre as temáticas nas exposições orais, dinâmicos e, sobretudo informados sobre os debates mais suscitados dentro da Academia.
Porém, se nota que o descaso geral com sua profissão tem refletido muito sobre a autoestima deste profissional. Observa-se nas conversas na sala dos professores que muitos deles tomam remédios constantemente, seja para depressão, estresse ou outras doenças causadas pelo trabalho exaustivo e em excesso. Algo preocupante para aqueles que estão iniciando nessa carreira.
Outra questão importante a destacar sobre o estágio se refere à falta de infraestrutura nas redes de ensino. Além do que a falta de estrutura também é um complicador da situação de descaso com os professores, prejudicando as aulas e o aprendizado. Pode-se, como exemplo desta situação referida, citar a falta de caixas de água na escola localizada em uma parte periférica do bairro Areal. Durante alguns dias, muito quentes do ano, as crianças foram dispensadas por não haver água na região.
Sobretudo, não tendo essa infraestrutura necessária na escola, os banheiros se tornaram insalubres. Ademais, as crianças com sede, não tinham mais água para beber. As condições de higiene se tornam precárias para qualquer frequentador deste ambiente desestimulando o ensino e o aprendizado.
Além disso, nesse espaço de escola pública de bairro, comumente se depara com um cenário de alunos em dificuldades de aprendizagem e em dificuldades sociais. Esses fatores colaboram para que o desempenho do estudante não seja, por vezes, satisfatório. Não é raro, nas escolas de hoje, encontrar nas turmas, ao menos um aluno com laudo médico.
Notou-se que qualquer aluno que tinha um comportamento dito fora de padrões, é encaixado em um laudo de hiperatividade, por exemplo. A distribuição maciça de laudos médicos para essas crianças que se diferenciam das demais é vista também como um elemento de contribuição na baixa estima desses estudantes.
Salienta-se que nas duas escolas trabalhadas obtiveram-se alunos com laudos, dos mais variados. Alguns consideramos apenas crianças mais agitadas que foram rotuladas. Porém, outros com cuidados mais específicos, por apresentarem algum tipo de dificuldade de aprendizado, necessitavam de uma atenção especial.
O acompanhamento de um psicólogo para esses alunos se faz essencial pelo fato de que esses se sentem menosprezados por terem uma compreensão que não acompanha a mesma lógica dos demais colegas de classe.
Sobre este aspecto, se nota que as dificuldades de aprendizagem com que se depara nas escolas são diversas, há aqueles que não conseguem interpretar textos e, por isso se saem mal nas provas, uma vez que não entendem o que a pergunta indaga. Uma forma obtida para burlar essa dificuldade é, por exemplo, à explicação do que era para ser feito em cada exercício, antes dos alunos iniciarem sua avaliação. Um modo simples, mas que para muitos alunos com dificuldades faz uma grande diferença.
Outro problema notório é em relação ao trabalho em grupo. Esses alunos que tem maiores dificuldades acabam possuindo poucas expectativas sobre si em função da exclusão que lhes é imposta, por sua condição de aprendizado ser diferenciada dos demais colegas.
Por mais que se integre a algum grupo, os outros colegas, muitas vezes, preferem apenas colocar o nome deles não os deixando participar por julgar que esta é a melhor forma de lidar com a dificuldade de se expressar ou de compreender do colega. E, que desta forma o trabalho também não será prejudicado. Assim, limitam a participação de alunos com dificuldades crendo que está é a melhor forma de lidar com o colega, não percebendo que o que está sendo feita é a exclusão do mesmo.
Mudando para outro ponto, se observarmos o cotidiano escolar se notará que a maior dificuldade nessas escolas de bairro é estabelecer uma relação com a família. Muitas delas são numerosas e, os pais, sobretudo daqueles alunos que mais tem problemas na escola de disciplina e desinteresse, não atendem ao chamado da escola para dialogar sobre a atual condição de seu filho. A não participação dos pais na vida escolar ocasiona o aumento do desinteresse e reprovação, ou seja, um mau desenvolvimento do aluno na escola.
As crianças aprendem por repetição e, para isso, elas necessitam ser ensinadas, isto é, moldadas, fazendo diversas vezes a mesma atividade até entenderem que precisam desempenha-la. "De acordo com Ausubel, pode-se conseguir a aprendizagem significativa tanto por meio da descoberta como por meio da repetição" (PELIZZARI, 2002, p.39).
Em função do exposto orienta-se que é preciso criar para elas uma rotina de estudos, cobrar-lhes sobre os temas, os cadernos em dia com o conteúdo e principalmente uma assiduidade na escola.
Notou-se que a falta de estrutura familiar também complementa as dificuldades que os alunos desenvolvem no âmbito escolar. É preciso que os alunos tenham menos responsabilidades com o cuidado de irmãos mais novos e, mais com os seus estudos, por exemplo. Assim sendo é fundamental haver uma cobrança maior dos pais nesse sentido e não ao contrário.
Mesmo com a pouca idade que possuem os alunos da quinta série e do sexto ano é comum encontrar muitos deles trabalhando de modo informal, para auxiliar no ambiente familiar. Isso ocorre, até mesmo por uma cobrança dos próprios pais, pensando em manter seus filhos ocupados para que esses não tomem um caminho da marginalidade.
Nesse curto tempo, de quase um ano, dentro do espaço escolar foi concebível sentir que há uma cobrança familiar pela frequência do aluno na escola por parte dos familiares.
Principalmente, quando este possui algum beneficio do governo, no sentido de continuar recebendo algum auxílio governamental por manter um filho na escola do que, por reconhecer a importância de transformação deste espaço. Não havendo expectativas e crenças de que o estudo venha a trazer melhores condições e perspectivas de vida para aquele núcleo familiar.
Constata-se que esses alunos que frequentam a escola como uma espécie de passatempo, ou seja, por mera obrigação de manter uma frequência escolar, não participam das atividades propostas pelos professores, e com isso demonstram um total desinteresse pela escola. Observa-se que o descaso do professor com o aluno nesses casos é recíproco.
Essa exclusão que os professores fazem a estes alunos é claramente exposta aos seus colegas de profissão nas reuniões como, por exemplo, o conselho de classe. Levando em consideração, as diversas reuniões e conselhos de classe presenciados, podemos também inferir que alguns dos profissionais, muitas vezes, desconsideram o sujeito aluno.
Assim, não é incomum ouvir os demais professores declararem que agem da mesma maneira e, que partilham da mesma opinião, a de excluir o aluno, tentando ignorar a sua existência na sala de aula, para que assim, possa dar continuidade ao seu trabalho. Mas o trabalho do professor não é transmitir conhecimento independente de quem for?
Nesse caso, é necessário que a escola como um todo tome providências mais sérias, buscando uma inclusão desses alunos e, não apenas uma integração deles nesse ambiente. As notas baixas de alguns alunos não é motivo de nenhuma preocupação a eles, a escola e até a seus familiares.
Tal problema referido é algo muito sério mesmo sendo tratado, seguido, como sendo banal. Acontece também de muitos responsáveis serem solicitados na escola para tomarem consciência do que se passa com o seu filho, no que se refere tanto ao interesse e, muitas vezes, também a falta de respeito com os professores e colegas, pela bagunça em excesso e desrespeito com a aula. Constantemente se houve de várias mães o seguinte desabafo: "não sei o que fazer com o meu filho".
Tal desabafo leva a uma questão muito relevante para ser trabalhada a partir das escolas que é a formação das famílias moderna. Mães solteiras que não com seguem gerir a família sozinha, famílias que trabalham o dia todo e que não ficam muito tempo com seus filhos, não tendo muito controle sobre as atividades que ele realiza enquanto seus pais estão ausentes.
A escola poderia se esforçar mais para realizar algumas transformações na comunidade. Por exemplo, realizar palestras de auxílio educacional as famílias. Sabe-se que a grande maioria dos pais não participa. Principalmente, daqueles alunos que realmente necessitam de maior atenção de seus familiares, mas se fosse uma prática permanente e, uma parceria, por exemplo, entre a Secretaria de Educação e a Secretaria de Saúde, talvez as demandas começassem a ser sanadas.
Logo, passa-se imediatamente a narrativa de dois casos de alunos que chamaram a atenção em meio a estes problemas de descaso. Como o final do ano estava se aproximando e o desenvolvimento da turma trabalhada não era dos melhores, em termos de médias avaliativas. A maior preocupação deles se dava em torno das reprovações.
Independente disso, através do acompanhamento da rotina de estudos durante o tempo de estágio foi possível notar que, muitos estudantes haviam se esforçado bastante com o objetivo de atingir uma boa nota final. Ressaltando que, alguns desses estudantes aqui referidos, estavam na mesma situação pela terceira vez, isto é, eram alunos repetentes da quinta série.
A menina possuía quinze anos, sendo que a idade para se cursar essa série regularmente é em torno de onze anos. Notou-se que ela tinha várias limitações que lhe complicavam o aprendizado, como dislexia, entre outras que, não eram possíveis de identificar, mas se percebia a existência de dificuldades. Essa menina que se sentava sempre ao fundo da sala, tinha notoriamente um semblante triste, desestimulado e, quase nunca se ouvia propagada a sua voz.
Nas conversas com os demais professores e os seus colegas se soube que ela trabalhava nas madrugadas como babá. Apesar de ser sempre muito dócil com os professores, tê-la em sala de aula era um temor por não se saber ao certo como lidar da melhor maneira para o que aprendizado dela fosse pleno. Segundo a escola suas dificuldades já estavam sendo tratadas, mas não saber lidar com as suas dificuldades gerou um grande sentimento de incompetência ao professor.
Outro caso, bastante marcante do processo de estágio no ensino fundamental, foi o de um menino, também cursando a quinta série, com dezessete anos. Isto é, ele também fora reprovado algumas vezes como ocorrerá no caso anteriormente citado.
Esse estudante também possuía mais duas irmãs na mesma sala de aula. Somente uma delas estava cursando corretamente a quinta série com a devida idade escolar. Esta foi à única dos três irmãos que aprovou em todos os testes e avaliações sem nenhuma recuperação.
Mas, o menino foi sempre quem mais despertava a atenção pelo fato de participar de um projeto social onde, além de atuar na escola como estagiaria também se atuava como voluntária, possibilitando, assim, um maior contato com o aluno. Isso permitiu o conhecimento aprofundado e a percepção sobre seus esforços e dedicação.
O menino tinha um grande potencial para seguir em frente, apesar das poucas perspectivas que a própria escola depositava nele. Não alcançando a média que ele necessitava para poder ingressar no próximo ano, ele acabou ficando em recuperação. Com uma nota pouco abaixo do que necessitava para atingir a média.
Casos como o deste aluno levam a questionamentos sobre o papel das avaliações, intituladas de prova. Um teste de conhecimento que põe em questionamento o saber do aluno. O que é de se estranhar é que durante as conversas na sala de aula, não havia maiores problemas, ele era participativa, apesar da timidez, tinha seu caderno com todos os exercícios propostos feitos. Porém, como o próprio estudante relatava 'na hora da prova eu fico muito nervoso'.
Sendo, uma norma do professor titular da disciplina, a forma como se pode avaliar os alunos e, uma discussão para ser tomada nas reuniões pedagógicas da escola, uma vez que faz parte do seu plano pedagógico. Na condição de estagiaria fica difícil de querer fazer grandes transformações na escola. Porém, isso não é impedimento para que se questione e demonstre que as avaliações tem que ser diversas assim como são as formas de saber, de aprendizado e de estudo.
Em síntese, se pode sugerir sobre algumas das mudanças que poderiam ser feitas, a fim de melhorar a preparação para os estágios. Por se tratar de um curso de licenciatura, propomos que as disciplinas ditas técnicas acrescentem ao seu plano de ensino um caráter prático que possa ser utilizadas no ensino. Também seria ainda mais proveitoso, se as cadeiras pedagógicas guiarem-se no ensino de história em específico.
Na formação do corpo docente que compõe o curso, temos vários professores habilitados a lecionarem cadeiras que trabalhem a temática proposta. No entanto, as disciplinas pedagógicas, em sua maioria, como exposto em ouro momento, são aplicadas por professores do curso de pedagogia. Sentimos uma grande desmotivação por parte dos professores que ministram cadeiras naqueles que não são o seu curso de origem. O que prejudica a aprendizagem do estudante e o desmotiva em relação à prática do ser professor.
Não se pode desconsiderar que muitos professores já incorporaram a seus planos de ensino, por exemplo, a produção de jogos, planos de aula e avaliações escolares, como meio de se exercitar e entender o ofício de lecionar, conectando os saberes adquiridos na academia com a profissão de professor. A didática e os métodos de ensino necessitam ser passados sempre em diálogo de modo que a teoria seja passível de aplicação na prática pedagógica, principalmente no que se refere à realidade das escolas públicas brasileiras.
Percebeu-se, ao longo da graduação, pouco incentivo na produção de materiais para serem trabalhados na sala de aula. Esse tipo de conduta leva muitos profissionais a chegarem às escolas não sabendo como instigar o aluno ao conhecimento, nem produzir uma inter-relação com materiais diversos, utilizando suas aulas fielmente ao livro didático.
Enfim, se sente uma necessidade de melhor trabalhar com os futuros professores, tanto no que diz respeito a alunos que reprovam por dificuldades na aprendizagem, em caráter cognitivo, como em relação aos problemas que o envolve o aluno no sentido socioeconômico. Esses aspectos foram identificados como os mais problemáticos nas relações aluno-estagiário.
O estágio foi uma maneira de colocar-se em prática o aprendizado adquirido na Universidade, assim como agregar novo saberes. Por exemplo, através da experiência se treinou a didática do ser professor observando aspectos positivos e que dão certo, podendo ser aplicados como também aqueles que não funcionam. Concluindo, o estágio também permitiu uma troca com os demais professores e funcionários da Escola dando uma visão sobre este ambiente de trabalho. Nota-se que esse espaço é propício há uma troca constante de aprendizagem.
Referências
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: história / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC / SEF, 1998. 108 p.
CORDEIRO, Bernadete M. P.; ROSA, Cynthia; FREITAS, Marilene de. Educação a distância e o conteudista: uma relação dialógica. 2006. pp.01-09. Disponível em: http://www.abed.org.br/seminario2006/pdf/tc034.pdf Acesso em outubro de 2014.
FAUSTINO, Rosângela Célia; GASPARIN, João Luiz. A influência do positivismo e do historicismo na educação e no ensino de história. 2001. pp.157-166. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHumanSocSci/article/viewFile/2765/1896 Acesso em março de 2013.
FIORI, Ernani Maria apud DUARTE, Alisson José Oliveira; ABREU-BERNARDES, Sueli Teresinha. Fundamentos filosóficos da educação em Ernani Fiori. Revistas UNIUBE. Encontro de Pesquisa em Educação. 2011. pp.01-05.
PELIZZARI, Adriana; KRIEGL, Maria de Lurdes; BARON, Márcia Pirih; FINCK, Nelcy Teresinha Lubi; DOROCINSKI, Solange Inês. Teoria da aprendizagem significativa segundo Ausubel. Revista PEC. Curitiba, jul. 2001-jul. 2002. v.2, n.1, p.37-42. Disponível em: http://www.virtual.ufc.br/solar/aula_link/llesp/A_a_H/didatica_I/aula_02-6547/imagens/02/teoria_aprendizagem_significativa_ausubel.pdf Acesso em setembro de 2014.


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