Ocupações de pescadores–coletores pré-coloniais na Ilha de São Luís – MA: uma leitura a partir do Sambaqui do Bacanga

July 14, 2017 | Autor: Arkley Bandeira | Categoria: Archaeology, Prehistoric Archaeology, Brazilian Archaeology, Landscape
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Ocupações de pescadores–coletores pré-coloniais na Ilha de São Luís – MA: uma leitura a partir do Sambaqui do Bacanga

Arkley Marques BANDEIRA1

Coordenador da Casa da Memória do Instituto do Ecomuseu do Sítio do Físico, em São Luís – MA e do Projeto Sambaquis do Maranhão. [email protected] 1

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

OCUPAÇÕES DE PESCADORES–COLETORES PRÉ-COLONIAIS NA ILHA DE SÃO LUÍS – MA: UMA LEITURA A PARTIR DO SAMBAQUI DO BACANGA RESUMO Este artigo discorre sobre a pesquisa arqueológica realizada na Ilha de São Luís - MA, em sítio associado a grupos de pescadores – coletores – caçadores e ceramistas popularmente conhecidos como sambaquis. Serão apresentados os resultados obtidos para o Sambaqui do Bacanga, localizado no município de São Luís – MA. Temporalmente, este sítio apresentou entre as ocupações mais antigas a idade de 6.600 anos antes do presente (A.P.), portanto, no Holoceno Médio, se estendendo até cerca de 900 anos antes do presente. A obtenção da documentação empírica se deu com escavações sistemáticas em distintas áreas do sítio, com vistas a identificar os diferentes contextos espaciais depositados nos pacotes arqueológicos, que por sua vez, estão relacionados aos processos de formação do assentamento investigado. Para tanto, foram realizadas superfícies amplas, trincheiras e sondagens para identificação da verticalidade e horizontalidade associadas às ocupações humanas deste sambaqui. No processo de pesquisa foram evidenciadas algumas estruturas arqueológicas, a exemplo de fundos de habitações, sepultamentos, fogueiras, área de oficinas, fornos, etc., bem como uma quantidade significativa de material cerâmico, lítico e faunístico. No processo de interpretação dos dados obtidos em campo o entendimento sobre as ocupações pregressas foi construído sobre sólida cronologia, tendo em vista a inserção do Sambaqui do Bacanga na paisagem, a análise cerâmica e suas correlações com os processos de formação deste assentamento.

PALAVRAS-CHAVE: Sambaqui do Bacanga – Escavação – Cronologia. ABSTRACT

KEYWORDS: Bacanga shellmound – Excavation – Chronology.

Campina Grande-PB, Ano IV – Vol.1 - Número 06 – Junho de 2013

This article is about the archaeological research conducted on the São Luís Island - MA in site associated to groups of fishermen - collectors - hunters and potters popularly known as middens. Will present the results obtained for the Sambaqui Bacanga, located in São Luís - MA. Temporally, this site introduced between occupations older age of 6,600 years before present (BP), so the Middle Holocene, extending to about 900 years before present. Obtaining the empirical documentation occurred with systematic excavations in different areas of the site, in order to identify the different spatial contexts deposited in archaeological packets, which in turn are related to the formation process of the settlement investigated. Therefore, there were large surfaces, trenches and surveys to identify the verticality and horizontality associated with human occupation of this sambaqui. In the research process were found some archaeological structures, such funds dwellings, burials, bonfires, area workshops, furnaces, etc., As well as a significant amount of ceramic, lithic and faunal. In the process of interpreting the data obtained in the field understanding about previous occupations was built on solid chronology, in view of the insertion of the Sambaqui Bacanga the landscape, ceramic analysis and their correlation with the processes of formation of this settlement.

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A PESQUISA CAÇADORES

ARQUEOLÓGICA

EM

SÍTIOS

DE

PESCADORES-COLETORES-

Atualmente, a arqueologia das sociedades costeiras vem ganhando significativa importância para compreensão dos modos de vida de povos que mantinham estreita relação com o universo aquático, seja ele marítimo, estuarino ou insular. Erlandson e Fitzpatrick (2006) definiram adaptações costeiras como qualquer subsistência cujo modo de vida localiza-se às margens de um grande corpo de água que inclui o uso regular de alimentos de habitat aquático. Um amplo leque de modos de vida partilha dessa definição, de quase totalmente terrestres a quase totalmente aquáticos. A arqueologia dos povos costeiros vem desenvolvendo temáticas criativas e linhas de pesquisas diversas. No Brasil, tais reflexos são observados na intensificação dos estudos nos sambaquis, que apesar de serem os sítios arqueológicos mais bem referenciados na literatura brasileira, permanecem sendo revistados sob a luz de novas interpretações e perspectivas teórico-metodológicas. Os sambaquis, segundo o pesquisador André Prous, são assentamentos humanos, cuja etimologia é definida como “tamba (marisco) e Ki (amontoamento) em Tupi” (1992, p. 204), sendo tais sítios obra da atuação humana, caracterizados pela presença maciça de conchas, carapaças de moluscos, e, em menor número, de restos de peixes e outros animais associados a instrumentos líticos e ósseos, objetos cerâmicos e esqueletos humanos, estruturas de habitação e fogueiras, formando colinas que podem alcançar mais de trinta metros de altura em algumas partes do Brasil. enseadas, penínsulas, apicuns e em alguns cursos de rio. Algumas das vantagens desses ecótonos para a subsistência humana são a disponibilidade e variedade dos recursos terrestres e aquáticos em uma área geograficamente limitada, onde estão interagindo organismos únicos da zona interdital da costa, incluindo peixes, moluscos, crustáceos e frutos do mar; com abundância e concentração de alimentos no caso de alguns recursos marítimos e maior condição de produtividade para animais e plantas terrestres (BAILEY e PARKINGTON, 1998). Yesner (1980) propôs que recursos marítimos e costeiros foram extremamente produtivos e altamente atrativos para os grupos humanos, mas que sua produtividade pôde ter crescido em significância apenas após o último glacial, quando a megafauna do Pleistoceno tornou-se extinta e o aumento vagaroso do nível do mar, em torno de 7 mil anos atrás, maximizou a produtividade destes habitats aquáticos, estuarinos e marinhos.

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Tais sítios situam-se em áreas costeiras, estuarinas e ribeirinhas, em ilhas, lagunas,

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Na literatura arqueológica atual há uma concordância em reconhecer que os ambientes costeiros têm tido um importante papel no desenvolvimento e na emergência de complexidade cultural. Os recursos marítimos parecem ter se transformado em uma base econômica fundamental por seu tipo, qualidade, concentração, taxa de renovação, rentabilidade global e previsibilidade, permitindo o desenvolvimento de sociedades complexas, quanto a organização social e política, estimulando agrupamentos mais numerosos, assentamentos cada vez mais sedentários e a inovação tecnológica (LIMA e MAZZ, 1999/2000). A partir deste universo estruturou-se o Projeto Sambaquis do Maranhão, de nossa autoria, tendo em vista o estudo das ocupações costeiras e estuarinas maranhenses, com uma primeira fase sendo desenvolvida na Ilha de São Luís, entre os anos de 2005 e 2013. Os principais aspectos investigados nos oito anos de projeto foram as correlações das ocupações sambaquieiras da Ilha de São Luís com o ambiente marítimo-estuarino-insular em um período de longa duração e a adoção da cerâmica entre esses povos. Além disso, os desdobramentos das pesquisas resultaram na construção de alguns parâmetros analíticos para se compreender os processos de formação de vários sambaquis no Estado, dentre eles, o Bacanga, Panaquatira, Paço do Lumiar e Vinhais Velho, enfocando, para, além disso, a inserção dos sítios na paisagem, cronologia, a análise e interpretação da cultura material cerâmica. Este artigo aborda a pesquisa arqueológica realizada no Sambaqui do Bacanga, com ênfase na descrição das escavações realizadas neste sítio, principalmente a campanha de campo ocorrida em 2010 e a cronologia obtida para os horizontes culturais construídos.

A Ilha de São Luís possui aproximadamente 831,7 km2. É também conhecida como Ilha Grande, Ilha de Upaon Açu ou Ilha do Maranhão, sendo formada por quatro municípios: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa. Ela se situa na porção norte do Maranhão, região Nordeste do Brasil, limitando-se ao norte com o Oceano Atlântico; ao sul, com a baía de São José e com o Estreito dos Mosquitos; a leste com a baía de São José e a oeste com a baía de São Marcos, entre as coordenadas 02º22’23” e 02º51’00” Latitude Sul; 44º26’41” e 43º59’41” de Longitude Oeste. O sambaqui do Bacanga localiza-se na cidade de São Luís, cujos aspectos fisiográficos a classificam como uma zona costeira que apresenta um sistema estuarino e um golfão,

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LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E INSERÇÃO DO SAMBAQUI DO BACANGA

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denominado de Golfão Maranhense, formado pelas baías de São Marcos e São José (IMESC, 2001).

Figura 1 - Localização geográfica da Ilha de São Luís, Estado do Maranhão.

A definição macro-ambiental desta região, segundo dados geológicos, geomorfológicos e paisagísticos de Aziz Ab’Saber (2006) a classifica como pertencente ao “litoral equatorial amazônico”. Geograficamente, o “litoral equatorial amazônico” corresponde a um macrossetor da linha da costa brasileira, com aproximadamente 1.850 km de extensão, dominados por tipos de costa baixa, um golfão de origem complexa e diferentes planícies de marés tropicais fixadas por principalmente pelo ecossistema de manguezal. Um marco desta deste litoral é a dinâmica morfológica e sedimentológica que ocorrem com grande rapidez, em escalas espaciais e temporais, as quais variam de centímetros, em poucos segundos a milhares de quilômetros, em séculos (MENDES, 2003). Nesta região, Aziz Ab’Saber (2006) pesquisou deltas de fundo dos estuários e canais sublitorâneos de Perizes, próximo a São Luís e indicou que entre 12.700 e 5.500 anos antes do presente, o litoral do Maranhão iniciou uma subida de nível, que culminou por altear 3 metros acima de seu nível médio atual. Suguio (1999) considerou que nos últimos 150 mil anos o nível do mar estava a 130 metros abaixo e cerca de 5 a 7 metros mais alto do que está atualmente, sendo que a tendência dominante nos últimos 20 mil anos foi de avanço progressivo em direção a terra, com taxas variando amplamente.

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manguezais. Nesta região existem grandes exceções paisagísticas e ecológicas caracterizadas

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Para a região de estudo, a penetração das águas na atual baía de São Marcos é um bom exemplo das consequências da ingressão marinha durante o optimum climático, com o afogamento que persiste até hoje devido à amplitude das marés (AB’SABER, 2006).

Figura 2 - Ilha de São Luís com a indicação do Sambaqui do Bacanga

PESQUISA ARQUEOLÓGICA NO SAMBAQUI DO BACANGA O Sambaqui do Bacanga foi registrado no Cadastrado Nacional de Sítios Arqueológicos sambaqui situou-se na Zona 23M 579829/9714944 (Longitude O 44° 16' 55''e Latitude S 2° 34' 43”), com elevação entre 24 a 29 m acima do nível do mar. A extensão aproximada da área com material arqueológico é de cerca de 683 m2. A paisagem do Sambaqui do Bacanga é fundamentalmente caracterizada pela presença do rio Bacanga, particularmente da sua foz, em ambiente estuarino, que ao longo de cinco mil anos atuou como regulador das águas marítimas e interioranas da Ilha de São Luís, servindo de berçário para inúmeras espécies, que favoreceu a expansão do ecossistema de manguezal. O sambaqui do Bacanga é o sítio mais bem estudado no Estado do Maranhão, a julgar pelo tempo de pesquisa dedicado a esse assentamento, o número de publicações existentes e a quantidade de parceiros envolvidos na análise dos vestígios arqueológicos identificados e escavados.

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- IPHAN por este autor, em 2006, com código MA 00108. A coordenada na área central do

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Figura 3 e 4 - Vista aérea do rio Bacanga e do ecossistema de mangue característico da região. Fotos: Arkley Bandeira, 2012 e 2009.

Até o momento já foram realizadas treze campanhas arqueológicas, a última ocorrida em setembro de 2012. Calcula-se que a estimativa do material coletado entre cerâmica, lítico e vestígios faunísticos e florísticos cheguem a mais de 30 mil itens. Desde 2005, o Sambaqui do Bacanga já foi objeto de duas dissertações de mestrado: Ocupações humanas pré-históricas no litoral maranhense: um estudo arqueológico sobre o sambaqui do Bacanga na Ilha de São Luís- Maranhão, defendida em 2008 por Bandeira no MAE–USP e Análise de cerâmicas arqueológicas do Sambaqui do Bacanga (São Luís, MA) por EDXRF Portátil, defendida por Renato Akio Ikeoka, em 2009, na Universidade Estadual de Londrina–PR; e dois doutorados: Ocupações humanas pré-coloniais na Ilha de São Luís – MA: inserção dos sítios arqueológicos na paisagem, cronologia e cultura material cerâmica, de líticas presentes em sambaquis na Ilha de São Luís, Maranhão, por cadeias operatórias e sistemas tecnológicos, de autoria de Silva (2013), ambas defendidas no MAE – USP. Além disso, uma outra tese encontra-se em vias de finalização, de autoria de Renato Akio Ikeoka, na UEL. A campanha de pesquisa arqueológica que será apresentada neste artigo foi realizada em 2010, com a presença de uma equipe composta por várias instituições brasileiras e participantes de cinco Estados. A problemática gerada para as atividades de escavação consistiu em identificar o processo de formação do topo do sambaqui do Bacanga, em relação às áreas de declividade já escavadas em outras campanhas de campo (BANDEIRA, 2006, 2007), bem como mapear a espacialidade e horizontalidade do sítio, com a evidenciação das estruturas arqueológicas e disposição dos vestígios in situ.

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autoria de Bandeira (2013) e Bacanga, Paço do Lumiar e Panaquatira: estudo das indústrias

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Para tanto, a implantação da área de escavação, denominada de Superfície Ampla, ocorreu no setor com a maior cota altimétrica do sambaqui, correspondendo na planta topográfica ao número 74, com 29 metros de altura acima do nível médio do mar. O topo do Sambaqui do Bacanga apresentou 9 (nove) metros acima da área mais baixa do sítio, onde existe uma declividade abrupta, provavelmente relacionada a atividades de retirada de conchas para fabricação da cal.

Figuras 5 e 6 - Implantação da Superfície Ampla na área de maior cota altimétrica do Sambaqui do Bacanga. Fotos: Projeto Sambaquis do Maranhão, 2010.

A dimensão da superfície ampla foi definida em 20 m 2, sendo cinco quadrículas no sentido sudeste-sudoeste e quadro quadrículas no sentido sudoeste-nordeste, totalizando 20 quadrículas de 1 m2 cada.

Após a preparação da escavação partiu-se para escavação do sítio, com intervalo na

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Figuras 7 e 8 - Croqui com a planta de escavação da Superfície Ampla. Composição e foto: Arkley Bandeira, 2010.

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retirada dos sedimentos de 10 cm em 10 cm e posterior peneiramento de tudo que era coletado. A medição do X, Y e Z que corresponderam à deposição horizontal e vertical dos vestígios arqueológicos foi obtida manualmente com a utilização dos eixos da quadrícula para retirada das medidas, estabelecendo o posicionamento dos materiais em relação ao plano cartesiano. Ao passo que a profundidade dos vestígios arqueológicos foi obtida manualmente a partir de um marco com 20 cm de altura, com o uso de um nível de bolha, trena e barbante. Ambas as medidas foram feitas com os vestígios arqueológicos in loco, na base de cada nível, em contextos que interessaram a pesquisa, a exemplo de concentração de material arqueológico, estruturas efeições.

Figuras 9 e 10 - Escavação da Superfície Ampla com as quadrículas evidenciadas em diferentes níveis. Fotos: Arkley Bandeira, 20120.

Considerando todos os níveis trabalhados na Superfície Ampla do Sambaqui do material ter desaparecido do registro do sítio em 76 cm de profundidade. Apesar da escavação do último nível das quadrículas ter alcançando 100 cm em camada arqueologicamente estéril, foram realizados poços-teste a partir dessa profundidade, que alcançaram 1,90 m de profundidade, tendo em vista a possibilidade de ocorrência de material arqueológico em maiores profundidades. Pelo exposto, os níveis escavados possibilitaram construir as seguintes considerações: Foram escavados 9 (nove) níveis com intervalos de 10 cm em 10 cm, sendo que o último nível foi escavado com intervalo de 20 cm, alcançando 100 cm de profundidade; Os níveis escavados que corresponderam ao pacote arqueológico se deram entre 0 - 10 cm até 70 cm - 80 cm de profundidade, com material arqueológico ocorrendo até 76 cm de profundidade, portanto no nível 8 (oito);

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Bacanga, a escavação das quadrículas se deu até 100 cm de profundidade, apesar de a cultura

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Figura 11 e 12 - Evidenciação de lâmica de machado polifa e concentração de fragmentos cerâmicos no horizonte relacionado a ocupação sambaquieira. Foto: Arkley Bandeira, 2010.

A camada estéril do sítio arqueológico se deu a partir dos 76 cm de profundidade, correlacionada com a inexistência de material arqueológico e a ocorrência de Latossolo com concreções lateríticas; As características dos níveis escavados, a partir da formação do registro arqueológico, composição do pacote sedimentar, ocorrência da cultura material e observação de eventos pósdeposicionais permitiram identificar 5 (cinco) camadas para o sítio arqueológico; As recorrências e particularidades das camadas evidenciadas, levando em consideração as características dos níveis escavados e suas correlações com o registro arqueológico permitiram identificar 3 (três) momentos distintos de ocupação humana na área do Sambaqui do Bacanga. As camadas que formaram Perfil Sudoeste da Superfície Ampla do Sambaqui do Camada 1 – Latossolo com concreções lateríticas coloração – 7.5 YR 5/8, consistência argiloarenoso, sem ocorrência de material arqueológico. Essa camada apresentou espessura variada de acordo com o grau de penetração das camadas imediatamente depositadas sobre ela e que formam o pacote arqueológico. No Perfil Sudoeste, Quadrículas A1 e A2, o Latossolo com concreções lateríticas ocorreu entre os níveis 8 e 9, avançando nas cotas do perfil de 76 cm a 100 cm de profundidade. Apesar de algumas bioturbações ocasionarem a penetração e o avanço da camada de concha sobre o Latossolo, criando bolsões de conchas, o material arqueológico desapareceu do registro, sendo, portanto, o nível 9 considerado arqueologicamente estéril. A Camada 1 correspondeu ao nível arqueologicamente estéril do sítio, sendo solo característico da Formação Barreiras, onde as ocupações humanas se assentaram, sendo observada por toda a área da Superfície Ampla.

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Bacanga apresentaram a seguinte composição:

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Camada 2 – Arenosa com concha em decomposição – coloração 7.5 YR 5/8, associada à ocorrência de material arqueológico, principalmente por conchas residuais e em decomposição, carvão, material ósseo de peixes, mamíferos e répteis, cerâmica e lítico. Essa camada situou-se entre o Latossolo com concreções lateríticas, e a Camada 3, formada pelas conchas do sambaqui. O pacote arqueológico correspondente a ela por vezes avançou na Camada 3, misturando o sedimento arenoso com as conchas. Por esse motivo, a espessura da mesma variou de acordo com a quadrícula escavada. . No Perfil Sudoeste, Quadrículas A1 e A2, a camada Arenosa com concha em decomposição ocorreu entre os níveis 4 a 8, avançando nas cotas do perfil, de 40 cm a 76 cm de profundidade. Correspondeu à camada residual do sambaqui, com forte presença de cultura material associada a esse momento de ocupação. Estruturas de combustão, sepultamento e habitação, além de várias feições e concentração de materiais arqueológicos foram observadas nessa camada. Camada 3 – Concha – coloração 2.5 YR 2/1 – conchas majoritariamente trituradas ou em decomposição associada a lentes de conchas inteiras e calcinadas de várias espécies de bivalves e gastrópodes e grande quantidade de material arqueológico, principalmente fragmentos cerâmicos e restos faunísticos. Foram observadas várias espécies de bivalves, a exemplo da Anomalocardia brasiliana, Ostrea sp. e Ostrea mangle, Mytella guyanensis, Lucina pectinata; e gastrópodes, a exemplo de Thais sp., Megalobolimus sp. Nessa camada foram observados ossos de várias espécies animais; grande quantidade de carvão, restos vegetais, fragmentos cerâmicos, material lítico e blocos de laterita. Entremeando a camada de concha, finas lentes de sedimento arenoso de coloração cinza ou amarelada formavam microcamadas Sudoeste, Quadrículas A1 e A2, a camada de concha ocorreu entre os níveis 3 a 8, avançando nas cotas do perfil, de 38 cm a 96 cm de profundidade. Correspondeu ao pacote arqueológico da ocupação sambaquieira, com forte presença de cultura material associada a esse momento de ocupação. Estruturas de combustão, sepultamento e habitação, além de várias feições e concentração de materiais arqueológicos, foram observadas nessa camada. Camada 4 – Terra Preta – coloração 7.5 YR 3/1 (preta) – consistência arenoargilosa formada por restos orgânicos, fragmentos cerâmicos, material lítico, carvão, ossos e blocos de laterita. Lentes residuais de conchas, a partir dos 30 cm de profundidade associaram-se à camada de terra preta na face noroeste da escavação. No Perfil Sudoeste, Quadrículas A1 e A2, a camada de terra preta recobriu toda a superfície do sítio arqueológico, avançando nas cotas do perfil de 3 cm até 76 cm de profundidade. Correspondeu ao pacote arqueológico associado à

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com distintas características. A maioria delas foi observada recobrindo as fogueiras. No Perfil

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ocupação humana pós-sambaquieira, com forte presença de cultura material relacionada a esse momento de ocupação. As conchas e restos de fauna não formam mais os principais elementos do registro arqueológico, sendo observados nessa camada estruturas de combustão, áreas com concentração de material cerâmico, bolsões de lascamento e poucos vestígios faunísticos. Camada 5 – Húmica – coloração 7.5 YR 2.5/1 (preta) – consistência arenoargilosa formada por restos orgânicos, principalmente folhas, raízes, caules e galhos decompostos, associados ao material arqueológico, principalmente cerâmico e lítico. Trata-se da camada superficial do sítio arqueológico, correspondendo ao momento atual, quando processos de formação natural e antrópico incidem diretamente na formação do registro arqueológico. No Perfil Sudoeste, Quadrículas A1 e A2, a camada húmica recobriu toda a superfície do sítio arqueológico relacionada à ocupação humana que resultou na formação da terra preta, avançando nas cotas mais superficiais do sítio arqueológico, entre 3 cm e 1 cm de profundidade, do perfil de 3 cm até 76 cm de profundidade. Correspondeu ao pacote arqueológico que mais vem sofrendo deposição sedimentar nos dias atuais pelas ações da chuva, do vento, de animais e do homem. Pelo fato de apresentar coloração enegrecida, a exemplo da camada de terra preta, a camada húmica confunde-se com os períodos finais de ocupação do sítio arqueológico, sendo evidenciado na superfície bolsões de lascamento e áreas com fragmentos cerâmicos.

ESTRUTURAS E FEIÇÕES As principais estruturas observadas na escavação da Superfície Ampla do Sambaqui do Bacanga foram de combustão, habitação e sepultamento. Além disso, foram registrados alinhamentos com material malacológico que demonstraram alguma intencionalidade em seu

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Figuras 13 e 14 - Perfil Sudoeste com a reprodução gráfica do processo de formação. Desenho e foto: Arkley Bandeira, 2010.

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arranjo espacial. Foram evidenciadas concentrações de material cerâmico, lítico e ósseo não associadas a outros conjuntos vestigiais, sendo registrados isoladamente.

Figuras 15 e 16 - Croqui e imagem da estrutura de sepultamento evidenciado no Sambaqui do Bacanga com cerâmica como acompanhamento funerário. Desenho e foto: Arkley Bandeira, 2010.

Figuras 17 e 18 - Croqui e imagem da estrutura de fogueira, com material faunístico e cerâmico, circundado por blocos de laterita. Desenho e foto: Arkley Bandeira, 2010.

As feições foram representadas por bioturbações ocasionadas, principalmente, pela ação de caules e raízes das árvores, radículas de gramíneas, além de buracos de insetos e de pequenos roedores.

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Figuras 19 e 20 - Croqui e imagem do alinhamento de gastrópodes.Desenho e foto: Arkley Bandeira, 2010.

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CRONOLOGIA Para o Sambaqui do Bacanga foram realizadas 19 (dezenove) datações por diferentes métodos em amostras de naturezas distintas (carvão, cerâmica, concha e osso), oriundas de três setores do sítio (Perfil 1, Trincheira Exploratória e Superfície Ampla). A cronologia obtida para as ocupações humanas demonstrou que a ocupação mais antiga da Ilha de São Luís ocorreu justamente no Sambaqui do Bacanga, com o início da mesma ocorrendo em torno de 6.600 anos A.P. e estendendo-se até 900 anos A.P, conforme a tabela a seguir. Em relação à dispersão temporal das datações obtidas e sua correlação com os métodos utilizados percebeu-se que os resultados das técnicas de AMS e C14 se associaram em um conjunto de datas, entre 2.500 anos A.P até cerca de 900 anos A.P. Ao passo as datações em TL/LOE realizadas em cerâmica se associaram em torno de 3.500 anos A.P até 6.600 anos A.P, para outras áreas já escavadas anteriormente, denotando distintos processos e períodos de ocupação, do que hoje se compreende como o Sambaqui do Bacanga. A respeito destas múltiplas datas para as ocupações de um mesmo assentamento, concluiu-se que ao menos no Holoceno Médio, todo o baixo curso do rio Bacanga já estava ocupado por grupos humanos. Apesar da proximidade deste sambaqui com as zonas alagadas, cabe ressaltar, que o mesmo está localizado em áreas de terra firme, com disponibilidade de nascentes de água doce sedimentar sobrepostas ao embasamento cristalino, caracterizadas pela presença de sequências de idade terciária e quaternária, em afloramentos lateríticos. Corroboram com esta assertiva as datações para os primeiros momentos de ocupação da área, iniciada em torno de 6.600 anos até 5 mil anos. A distribuição das datas pelos setores escavados no Sambaqui do Bacanga indicou que os locais de grande declividade, situados nos bordos da área com maior cota altimétrica, escavada em 2010 e demonstrada neste artigo apresentaram as idades mais antigas para ocupação do sambaqui. Nesta análise a ocupação sambaquieira situou-se entre duas outras ocupações humanas, a primeira anterior à construção do Sambaqui do Bacanga e a seguinte após o abandono da área pelos grupos sambaquieiros.

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e braços de rios para navegação, que deságuam no mar. Estas áreas apresentam ambiente

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AMOSTRA

TEC/LAB. CÓDIGO

IDADE

CALIBRADA

HORIZONTE

TE/175 – 160 cm P1/ 175160 cm

Cerâmica

6.600 anos A.P.

Não

Pré-sambaqui

1.860 anos A.P.

AP 1870 a 1710

Pré-sambaqui

TE/147160 cm

Cerâmica

LOE-TL - Fatec – SP/01 AMS/Beta Analytic - Miami/USA (306446) LOE-TL - Fatec – SP/02

5.800 anos A.P

Não

P1/ 177147 cm

Cerâmica

LOE-TL - Fatec – SP/03

4.800 anos A.P.

P1/ 147137 cm P1/ 137130 cm TE/137 – 130 cm P1/130 – 122 cm TE/1,22 1,13 cm P1/117 – 111 cm TE/ 0,88 - 0,77 cm P1/ 0,88 0,77 cm SA/B4 – 0,40 – 0,50 cm SA/A5 0,40 – 0,30 cm

Cerâmica

LOE-TL - Fatec – SP/04 LOE-TL - Fatec – SP/05 LOE-TL - Fatec – SP/06 LOE-TL - Fatec – SP/07 C14 - CNEN – RJ/08 LOE-TL - Fatec – SP/09 C14 - CNEN – RJ/10 C14 - CNEN – RJ/11 AMS/Beta Analytic – Miami/USA (296881) AMS/Beta Analytic – Miami/USA (296880)

SA/B4 0,50 – 0,60 cm TE/ 0,57 - 0,46 cm P1/ 0,51 0,44 cm

Carvão

P1/ 0,26 0,17 cm

Concha

C14 RJ/14

TE/ 0,18 - 0,3 cm

Concha

C14 RJ/15

Carvão

Cerâmica Cerâmica Cerâmica Concha Cerâmica Concha Concha Carvão

Carvão

Concha Concha

VARIAÇÃO MÁXIMA E MÍNIMA 8000/5200 anos A.P. 1890/1830 anos A.P

OBS.

Pré-sambaqui

6900/4700 anos A.P.

Não

Sambaqui

5900/3700 anos A.P.

4.100 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

3.900 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

3.800 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

3.500 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

2.430 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

2.100 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

2.070 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

1.940 anos A.P.

Não

Sambaqui

anos

Sambaqui

2.150 anos A.P.

AP 2290 a 2280

Sambaqui

5100/3100 A.P. 4900/2900 A.P. 4600/3000 A.P. 4300/2700 A.P. 2630/2230 A.P. 2600/1600 A.P. 2270/1870 A.P. 2140/1740 A.P. 2180/2120 A.P

Contato présambaqui e sambaqui Contato présambaqui e sambaqui Sambaqui

anos

Sambaqui

1.940 anos A.P.

AP 1930 a 1820

Sambaqui/terra preta

1970/1910 anos A.P

AMS/Beta Analytic – Miami/USA (296882) C14 - CNEN – RJ/12 C14 - CNEN – RJ/13

1.860 anos A.P

AP 1860 a 1710

Sambaqui

1890/1830 anos A.P

1.830 anos A.P.

Não

Sambaqui

Sambaqui

1.480 anos A.P.

Não

Sambaqui

2030/1630 anos A.P. 1680/1280 anos A.P.

CNEN



1.080 anos A.P.

Não

Sambaqui

1280/880 A.P.

anos

CNEN



900 anos A.P.

Não

Terra preta

1100/700 A.P.

anos

Contato camada do Sambaqui com a terra preta Terra preta

pré-sambaqui pré-sambaqui

Contato camada do Sambaqui com a terra preta Sambaqui

Sambaqui

Tabela 1 - Cronologia obtida para o Sambaqui do Bacanga

Correlacionando os períodos de ocupação do sítio pelos tipos de ocupação percebeu-se uma amplitude temporal na presença de grupos sambaquieiros em relação as registro arqueológico dos demais povos que ocorreram na região.

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SETOR

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Quadro Geral de Datações do Sambaqui do Bacanga 0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

6500

7000

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

20 22 24 26 28 30

LOE/TL

C14

AMS

Figura 21 - Quadro geral das datações do Sambaqui do Bacanga por método e idade

Quadro Geral de Datações do Sambaqui do Bacanga 0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

0 2 4

8 10 12 14 16 18

20 22 24 26 28 30

P1

TE

SA

LOE/TL

C14

AMS

Figura 22 - Quadro das datações do Sambaqui do Bacanga por setor, método e idade.

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6

TARAIRIÚ – Revista Eletrônica do Laboratório de Arqueologia e Paleontologia da UEPB

Quadro Geral de Datações do Sambaqui do Bacanga 0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000

4500

5000

5500

6000

6500

7000

0 2 4 6 8

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

P1

SA

TE

Cerâmico Inicial

Conchífera

TPA

Figura 23 - Quadro geral das datações do Sambaqui do Bacanga por período de ocupação, forma de ocupação, setor escavado e idade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados obtidos no Sambaqui do Bacanga possibilitaram construir conhecimento sobre os processos de ocupação humana ocorridos neste sítio, sendo considerados contínuos e de longa duração, cuja produção de artefatos cerâmicos constituiu-se como elemento caracterizador Para o período de ocupação sambaquieira, objeto deste artigo, os vestígios faunísticos indicaram que os grupos que se assentaram neste sítio, entre 5.500 anos até 1.500 anos A.P. se organizaram em torno da pesca, da coleta de frutos do mar e vegetais e da caça de pequenos mamíferos. Sobre a organização social, a grande quantidade de cerâmica, estruturas de fogueiras, sepultamento e de habitações levaram a crer que essa população estava ocupando a mesma área por um grande período de tempo, possivelmente vivendo em assentamentos semisedentários. A cronologia obtida para o sambaqui do Bacanga atestou uma longa sequência de ocupação para a Ilha de São Luís, iniciando em torno de 6.600 A.P. até 900 anos A.P.; denotando fortes traços de um adensamento populacional, suportado pela estabilidade climática

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e comum as ocupações pré-sambaquieiras, sambaquieiras e pós-sambaquieiras.

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e do nível do mar e a expansão dos mangues, com grande abundância de recursos alimentares e matérias-primas. Nesta longa duração, a formação da ocupação sambaquieira se deu, entre 5.500 anos até 1.500 anos A.P. Pelo exposto, a Ilha de São Luís apresentou desde o Holoceno Médio um ambiente marítimo-estuarino-insular com alta taxa de produtividade ocasionada por ecossistemas litorâneos, principalmente dos manguezais, que favoreceu a chegada, fixação e permanência de populações humanas, há pelo menos a 6.600 anos A.P. A estabilidade climática em zonas tropicais após 7 mil anos AP, como é o caso da Ilha de São Luís, forneceu as condições necessárias para o surgimento e expansão dos manguezais, que tiveram fundamental importância na estabilidade desses grupos humanos, uma vez que a disponibilidade regular de recursos conduziu ao uso contínuo e a reocupação regular de áreas costeiras e estuarinas da Ilha de São Luís por um longo período e por distintos povos, transformando toda a Ilha de São Luís em um "lugar persistente” e aprazível para a habitação. A cerâmica apresentou relativa antiguidade nas primeiras ocupações humanas, além de diversidade relacionada à manufatura das peças, forma, tratamento de superfície e emprego social, de acordo com o tipo de ocupação investigada, com destaque para a tradição Mina, característica dos grupos sambaquieiros desta região.

REFERÊNCIAS

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