Oficina Continuada em Estudos de Performance - baldio CURSO EXPERIMENTAL EM ESTUDOS DE PERFORMANCE

Share Embed


Descrição do Produto

TOMAR POSIÇÃO | O POLÍTICO E O LUGAR Curso Experimental em Estudos de Performance Setembro – Dezembro de 2016, Polo Cultural Gaivotas | Boavista Rua das Gaivotas 8, Lisboa

baldio | estudos de performance

TOMAR POSIÇÃO A posição define-se tradicionalmente como um conjunto de coordenadas, que podem ser mudadas – daí que se ‘tome’ uma ‘posição’, ainda que tal possa não implicar mais do que permanecer no lugar, ou mudar de disposição. Por ‘tomar posição’ entendemos a atenção à implicação do lugar a partir do qual agimos – lugar geográfica e historicamente situado, social e culturalmente marcado. Tomar posição é pois assumir a dimensão situada de qualquer acção, processo ou objecto – e atentar às políticas e às economias das práticas a que damos corpo. TOMAR POSIÇÃO | O POLÍTICO E O LUGAR, Curso Experimental em Estudos de Performance (CEEP) constitui-se como proposta de encontro em estudo, estudo para encontros a haver, numa convergência de práticas de leitura, discussão, investigação e experimentação: um curso com a duração de três meses, ao longo dos quais se experimentam ferramentas, metodologias e discutem temáticas e problemas afins aos Estudos de Performance, interrogando o presente. Os Estudos de Performance, Estudos da Performance, Estudos Performativos ou Estudos sobre Performance (como já foram chamados) são um campo interdisciplinar de pesquisa que cruza as humanidades, as ciências sociais e a arte. Encontram-se entre o teatro e a antropologia, as artes visuais, os estudos de folclore e a sociologia, a história, a semiótica e a teoria crítica, os estudos de género e a psicanálise, a teoria da cultura popular e dos media, os estudos culturais, os estudos pós-coloniais e o pósestruturalismo, entre os eventos performativos e o performativo dos eventos. Procuram produzir as lentes para uma análise sustentada das práticas performativas e do performativo das práticas, debruçando-se sobre teatro, dança, arte da performance, rituais, dramas sociais e práticas incorporadas. Considerando as formas de expressão cultural como prática e como episteme, partem do princípio que a experiência pode ser compreendida como um modo de saber e de conhecer, o que transporta consigo consequências metodológicas e políticas. Metodológicas na medida em que pensar o trabalho de campo como performance questiona a ideia da simples “recolha de dados” de um observador sobre um observado; políticas, porque situadas (não neutras), e porque atentas à forma (performativa) como se reproduzem, sustentam, subvertem, criticam, e naturalizam as ideias, os discursos e as práticas.

1

O CURSO Tomar Posição, Curso Experimental em Estudos de Performance, tem lugar entre Setembro e Dezembro de 2016. O Curso comporta uma oficina continuada, Problemas em Estudos de Performance, que se constitui como fio condutor estendendo-se ao longo de todo o curso, e três eixos temáticos com duração mensal: Práticas Urbanas Situadas, Incorporações da Linguagem e Do Arquivo como Gesto - Travessias Digitais. Tendo lugar regularmente às Segundas-feiras e perfazendo um total de doze sessões apresentadas por diferentes investigadores do CEEP, esta oficina constitui-se como ponto de encontro regular entre todos os participantes no Curso. Os três eixos temáticos pretendem constituir-se enquanto lugares de agenciamento entre práticas artísticas, práticas teóricas e convivência quotidiana. Afirmando a contingência da produção de pensamento crítico, o curso caracteriza-se por uma estreita relação entre o performativo e o experimental, privilegiando a conversação entre as diferentes disciplinas: teatro, dança, música, artes visuais, arquitectura, antropologia, filosofia, política, história, teoria crítica, literatura. Inaugurando com Tomar Posição | o Político e o Lugar, um ciclo de três dias em que se dá as boas vindas aos participantes, o curso arranca com um conjunto de performances e debates, apresentações e lançamento de edições, numa abertura à conversa em que a posição – geográfica, sociocultural, linguística – de onde se fala é ponto de partida para uma imaginação dialogante com um campo de estudos maioritariamente anglófono. A problematização do contexto onde nos situamos, conjugando-se com a necessidade de criar condições para re-imaginar noções não redutoras de identidade e pertença, insere-se na reflexão sobre um mundo pós-colonial descentrado que tem caracterizado o baldio, nomeadamente através do recurso a práticas e discursos que não se limitam ao cânone europeu. Para além de uma introdução ao Curso que apresentará as várias oficinas, este ciclo apresenta igualmente a performance Cidade Oráculo de Fernanda Eugénio, o objecto performativo Inter(in)animated Archives de Paula Caspão, e o lançamento da revista Jeux Sans Frontières #2 – on spaces of Resistance and Practices of Invention, por Ana Bigotte Vieira, Sandra Lang e convidados a anunciar. O curso termina com um ciclo final de três dias, concebido como espaço para apresentação e discussão dos processos de investigação desenvolvidos pelos participantes entre Setembro e Dezembro.

2

CALENDÁRIO Set ABERTURA Tomar Posição | o Político e o Lugar baldio | estudos de performance

Out

Nov

12, 13, 14 18h3021h30

OFICINA CONTINUADA

19 Set. a 5 Dez.

Problemas em Estudos de Performance baldio | estudos de performance

Seg. 18h30-21h30

Práticas Urbanas Situadas Fernanda Eugénio e Joana Braga Incorporações da linguagem Ana Mira e Ricardo Seiça Salgado

Dez

20 Set. a 12 Out. Ter. e Qua. 18h30-21h30 18 Out.o a 9 Nov. Ter. e Qua. 18h30-21h30

Do Arquivo como Gesto (Travessias Digitais) Ana Bigotte Vieira, Ana Riscado e Paula Caspão ENCERRAMENTO Tomar Posição | o Político e o Lugar baldio | estudos de performance

15 Nov. a 7 Dez. Ter., Qua 18h30-21h30 13 e 14 18h3021h30

3

CALENDARIZAÇÃO DAS SESSÕES E SALAS* Sessões: OF-PEP: Oficina Continuada Problemas em Estudos de Performance PURBS: Práticas Urbanas Situadas IL: Incorporações da Linguagem AGTD: Do Arquivo como Gesto – Travessias Digitais Salas: SP: Sala Polivalente ST: Sala de Teatro SD: Sala de Dança *sujeito a alterações

Data

Sessão

Sala

Data

Sessão

Sala

SEG. 19.09.2016

OC-PEP

SP

SEG. 07.11.2016

OC-PEP

ST

TER. 20.09.2016

PURBS

SP

TER. 08.11.2016

IL

SD

QUA. 21.09.2016

PURBS

SP

QUA. 09.11.2016

IL

SD

SEG. 26.09.2016

OC-PEP

SP

SEG. 14.11.2016

OC-PEP

SP

TER. 27.09.2016

PURBS

SP

TER. 15.11.2016

AGTD

SP

QUA. 28.09.2016

PURBS

SP

QUA. 16.11.2016

AGTD

SP

SEG. 03.10.2016

OC-PEP

SP

SEG. 21.11.2016

OC-PEP

SP

TER. 04.10.2016

PURBS

SP

TER. 22.11.2016

AGTD

SP

QUA. 05.10.2016

PURBS

SP

QUA. 23.11.2016

AGTD

SP

SEG. 10.10.2016

OC-PEP

SP

SEG. 28.11.2016

OC-PEP

SP

TER. 11.10.2016

PURBS

SP

TER. 29.11.2016

AGTD

SP

QUA. 12.10.2016

PURBS

SP

QUA. 30.11.2016

AGTD

SP

SEG. 17.10.2016

OC-PEP

ST

SEG. 05.12.2016

OC-PEP

SP

TER. 18.10.2016

IL

SD

TER. 06.12.2016

AGTD

SP

QUA. 19.10.2016

IL

SD

QUA. 07.12.2016

AGTD

SP

SEG. 24.10.2016

OC-PEP

ST

SEG. 12.12.2016

OC-PEP

SP

TER. 25.10.2016

IL

SD

TER. 13.12.2016

Ciclo de encerramento

SP

QUA. 26.10.2016

IL

SD

QUA. 14.12.2016

Ciclo de encerramento

SP

SEG. 31.10.2016

OC-PEP

ST

TER. 01.11.2016

IL

SD

QUA. 02.11.2016

IL

SD

4

PROGRAMA OFICINA CONTINUADA Problemas em Estudos de Performance 19 de Setembro a 5 de Dezembro, Segundas-feiras, das 18h30 às 21h30 (12 sessões)

Equipa de Investigação Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado.

SINOPSE Nesta oficina continuada, de periodicidade regular, propomos abordar a complexidade epistemológica, estética e política deste campo de estudo, trabalhando um conjunto de conceitos operativos fundamentais para a abordagem das problemáticas que têm atravessado os Estudos de Performance, tais como: performance, performer, performativo, performatividade, performático, reperformance. Começando por posicionar estes termos nos seus contextos históricos de emergência, passaremos em seguida a experimentar as suas possíveis deslocações, convocando materiais provenientes de geografias, registos e suportes diversos. O seu reposicionamento propõe-lhes tonalidades e modulações outras, que possibilitam a extensão das suas implicações a distintas áreas da prática, tanto do fazer artístico como do fazer teórico, atendendo às formas de vida que os sustentam.

SYLLABUS E MATERIAIS DE LEITURA 1ª SESSÃO: 19 Setembro 2016 Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado

O político e o lugar. Apresentações Entrega do dossier TOMAR POSIÇÃO o político e o lugar | Curso Experimental em Estudos de Performance, Setembro – Dezembro de 2016, Polo Cultural Gaivotas - Boavista, Lisboa, baldio | estudos de performance. Apresentação do Curso Experimental em Estudos de Performance: conteúdos programáticos, materiais de leitura, métodos de pesquisa, relação pedagógica, objectivos, estrutura e calendarização, espaços físicos e modos de funcionamento. Apresentação da equipa de investigação e dos participantes, através de um dispositivo-jogo performativo com enfoque nas noções que compõem a designação do Curso - tomar posição / político / lugar / curso / experimental / estudos / performance. Apresentação dos eixos temáticos Práticas Urbanas Situadas, Incorporações da Linguagem, Do Arquivo como Gesto - Travessias Digitais.

2ª SESSÃO: 26 Setembro 2016 Paula Caspão & al.

Estudos de Performance & Performances do Estudo: genealogias em composição Performance Studies & Study Performances: genealogies in composition A palavra ‘performance’ e derivados encontra-se em variadíssimos domínios da vida contemporânea. Convocando as várias Palavras-P que circulam actualmente na esfera pública, no discurso de várias disciplinas, nas humanidades e nas ciências sociais (tanto no meio académico como artístico), desenharemos uma genealogia situada focando o cruzamento dos diversos campos do teatro (em sentido lato) e dos estudos de performance. O objectivo é colocar em conversação (contaminação) os vários vocabulários, e localizar as questões mais apelativas das várias perspectivas para cada um de nós, a partir das práticas que nos ocupam. Trabalharemos com uma colecção de fragmentos de texto, excertos de vídeos e de ficheiros de som, praticando uma noção de ‘estudo’ como performance e passeação.

Referências bibliográficas e audiovisuais: “What is Performance Studies? Interview Series”. 2013. New York: Hemispheric Institute of Performance and Politics. http://hemisphericinstitute.org/hemi/en/hidvl/hidvl-int-wips Bleeker, Maaike. 2013. Lecture given in the frame of “Lectures in baldios”, Generative Indirections. International meeting for artists and researchers curated by baldio, supported by the Performance Studies international (PSi) Regional Clusters, Montemor-o-Novo. Carlson, Marvin. 2004 [1996]. Performance: A critical Introduction. New York: Routledge. Carter, Paul. 2004. Material Thinking. The Theory and Practice of Creative Research. Melbourne University Press. Conquergood, Dwight. 1989. “Poetics, Play, Process, and Power: The Performative Turn in Anthropology”. Text and Performance Quarterly 1 82-91. Cvejic, Bojana & Vujanovic, Ana. 2012. Public Sphere by Performance. Berlin, Paris, Belgrade: b_books, Les laboratoires d’Aubervilliers, TkH. Cvejic, Bojana. 2015. “Six Notes on a Society of Performance”. Presented at Symposium – Moderna Museet – Stockholm, June. https://vimeo.com/132356005 De Sousa Santos, Boaventura & Meneses, Maria Paula (eds). 2009. Esfera pública e Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina. Jackson, Shannon. 2004. Professing Performance: Theatre in the Academy from Philology to Performativity. New York: Cambridge University Press. Lepecki, André & Joy, Jenn (eds). 2009. Planes of Composition. London: Seagull Books. McKenzie, Jon. 2001. Perform or Else: From Discipline to Performance. New York: Routlegde. 1

Rancière, Jacques. 2000. Le partage du sensible. Esthétique et politique. Paris: La Fabrique. _______________. 2008. Le spectateur émancipé. Paris: La fabrique.

*Começa Oficina Práticas Urbanas Situadas

3ª SESSÃO: 3 Outubro 2016 Ricardo Seiça Salgado

Performative Turn: da antropologia da performance à performance da etnografia Performative Turn: from the anthropology of performance to the performance ethnography A antropologia da performance coincide com a viragem pós-moderna, no seu objectivo de desmontagem das incongruências do positivismo, num caminho que veio também constituir os estudos de performance. Há um movimento em que se olha o mundo como um palco e a performance como mimese-imitação versus mimese-jogo. O movimento mapeia ainda a performance como liminaridade e transformação, colocando a ênfase da performance como luta, intervenção, ruptura, num refazer que se assume como acto sociopolítico e que enquadra o etnógrafo-artista no mundo dialógico e engajado da co-performance que passa a caracterizar a etnografia. A sessão fará a viagem desta reviravolta epistemológica e as repercussões na posição do etnógrafo-artista no seio de trabalhos colaborativos que caracterizam a etnografia, com vista a expor os modos como o poder e a ideologia moldam a pessoa, o desejo e a consciência.

Referências bibliográficas e audiovisuais: Benjamin, Walter. 2006, “O autor como produtor”. In A modernidade. Obras escolhidas de Walter Benjamin, (edição e tradução de João Barrento). Lisboa: Assírio & Alvim, pp. 271-293. Castañeda, Quetzil E. 2006, “The Invisible Theatre of Ethnography: Performative Principles of Fieldwork”, Anthropological Quarterly, vol. 79, n. 1 (Winter), pp. 75-104. Carlson, Marvin. 1998, “The Performance of Culture: anthropological and ethnographic approaches”. In Performance: a Critical Introduction. London and New York: Routledge, pp. 13-33. Conquergood, Dwight. 2002, “Performance Studies: Interventions and Radical Research”, The Drama Review: TDR, vol. 46, n. 2 (Summer), pp. 145-156. Denzin, Norman, 2003. “The Call to Performance”. In Performance Ethnography: Critical Pedagogy and the Politics of Culture. Thousand Oaks, London, New Delhi: Sage Publications, pp. 3-24. Denzin, Norman, 2003. “The Language of Performance”. In Performance Ethnography: Critical Pedagogy and the Politics of Culture. Thousand Oaks, London, New Delhi: Sage Publications, pp. 25-56. 2

Foster, Hal, 1995. “The Artist as Ethnographer?”. In George E. Marcus and Fred R. Myers (eds.), The Traffic in Culture: Refiguring Art and Anthropology. Berkeley, Los Angeles, London: University of California Press, pp. 302-309. Geertz, Clifford, 1989. “Um Jogo Absorvente: Notas sobre a Briga de Galos Balinesa”. In A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC Editora, pp. 185-213. Geertz, Clifford, 1973. “Deep Play: notes on the balinese cockfight”. In The Interpretation of Cultures. Basic Books, pp. 412-453. Giroux, Henry A., 2001. “Cultural Studies as Performative Politics”, Cultural Studies – Critical Methodologies, vol. 1, n. 1, pp. 5-23. Pollock, Della, 1998. “Performing Writing”. In Peggy Phelan and Jill Lane (eds.), The Ends of Performance. New York, London: New York University Press, pp. 73-103. Pollock, Della, 2006, “Marking New Directions in Performance Ethnography”, Text and Performance Quarterly, vol. 26, n. 4, pp. 325-329. Madison, D. Soyini. 2006, “The Dialogic Performative in Critical Ethnography”, Text and Performance Quarterly, vol. 26, n. 4, pp. 320-324. Marcus, George E. 2015, “The Legacies of Writing Culture and the Near Future of the Ethnographic Form: A Sketch”. In Orin Starn (ed.), Writing Culture and the Life of Anthropology. Durham and London: Duke University Press, pp. 35-51. Saldaña, Johnny. 2003, “Dramatizing Data: A Primer”, Qualitative Inquiry, vol. 9 n. 2, pp. 218-236. Schechner, Richard, 1976. “Selective Inattention: a Traditional Way of Spectating Now Part of the Avant-Garde”, Performing Arts Journal, vol. 1, n. 1 (Spring), pp. 8-19. Spariosu, Mihai I., 1989. “Introduction: Play, Power, and the Western Mentality”. In Dionysus Reborn: Play and the Aesthetic Dimension in Modern Philosophical and Scientific Discourse. Ithaca and London: Cornell University Press, pp. 1-28. Spry, Tami. 2006, “A ‘Performative-I’ Copresence: Embodying the Ethnographic Turn in Performance and the Performative Turn in Ethnography”, Text and Performance Quarterly, vol. 26, n. 4, pp. 339-346. Sutton-Smith, Brian. 2001 (1997), “Conclusion”. In The Ambiguity of Play. Cambridge, Massachusetts, London: Harvard University Press. Turner, Victor W. 1992 (1982), “Liminal to Liminoid, in Play, Flow, and Ritual”. In From Ritual to Theatre: The Human Seriousness of Play. New York: PAJ Publications, pp. 20-60. Turner, Victor W. 1974, “Liminaridade e ‘communitas’”. In O Processo Ritual: Estrutura e AntiEstrutura. Vozes, pp. 116-159.

3

4ª SESSÃO: 10 Outubro 2016 Ana Bigotte Vieira & al.

Onde e Quando? questões de periodização e localização Where and When? on periodization and localization. A partir da discussão crítica de algumas referências culturais mais ou menos bem conhecidas de todos, e apresentando outras não tão conhecidas, propõe-se um passeio por alguns marcos-chave da periodização histórica e localização geográfica, tais como Anos Sessenta/Anos Oitenta, Guerra Fria, Trinta Gloriosos, ou Ocidente/Oriente, Leste/Oeste e Norte/Sul. Interrogando-os na ordem mundial a que pertencem e que ajudam a sustentar e problematizando-os enquanto referenciais, contextualizam-se e baralham-se localizações dadas, trocando as voltas à(s) história(s).

Referências bibliográficas e audiovisuais: Bragança, Nuno. 2009. “Directa” in Nuno Bragança Obra Completa 1969-1985. Lisboa. Carvalho, Ruy Duarte. 2003. Os papéis do Inglês. Lisboa: Cotovia. Chaudhuri, Supriya. 2010. “Modernisms in India.” In The Oxford Handbook of Modernisms, editado por Peter Brooker, Andrzej Gasiorek, Deborah Parsons e Andrew Thacker, 942-960. Oxford: Oxford University Press. Deleuze, Gilles. 2003. “Post Scriptum sobre as Sociedades de Controlo”. Conversações. Lisboa: Fim de Século Edições. Fanon, Franz.1983. “A experiência vivida do negro”, Pele Negra, Máscaras Brancas, Rio de Janeiro: Fator. Franko, Mark. 2002. The Work of Dance, Labor, Movement and Identity in the 1930s. Middletown: Wesleyan University Press. Harvey, David. 1989. The Condition of Postmodernity: An Enquiry on The Origins of Cultural Change. Cambridge: MA Blackwell. Jameson, Fredric. 1984. “Periodizing the Sixties.” Social Text 9/10: 178-209. Kapur, Geeta. 2000. When Was Modernism? Essays on Contemporary Cultural Practice in India. New Delhi: Tulika Books. Martin, Puchner. 2002. “Manifesto = Theatre.” Theatre Journal, vol. 54, n.º 3: 449-465. Martin, Randy. 1998. Critical Moves: Dance Studies in Theory and Politics. Durham e London: Duke University Press. Metello, Verónica Gullander. 2007. “Focos de intensidade / Linhas de abertura – A activação do mecanismo performance: 1961-1979.” Dissertação de Mestrado, F.C.S.H.- U.N.L.

4

Mezzadra Sandro e Brett Neilson. 2013. Border as Method, or, the Multiplication of Labor. Durham NC: Duke University Press. Mezzadra, Sandro. 2012. Direito de Fuga. Lisboa: Edições Unipop. Neves, José, S., org. 2010. Como se Faz um Povo - Ensaios para a História do Portugal Contemporâneo. Lisboa: Tinta-da-China. Pinto dos Santos, Mariana. 2011. “Estou atrasado! Estou atrasado! Sobre o diagnóstico de atraso na arte portuguesa feito pela historiografia.” In Representações da Portugalidade, organizado por André Barata, António Santos Pereira, José Ricardo Carvalheiro, 231-242. Lisboa: Caminho. Preciado, Paul B. 2014. “Heterochronia”. Glossary of Common Knowledge. L’InternationaleOnline, Acesso a 7 Novembro 2015. http://glossary.mg-lj.si/referentialfields/historicization/heterochronia/draft-version Ribeiro Sanches, Manuela (ed.). 2005. Deslocalizar a “Europa”. Antropologia, arte, literatura e história na pós-colonialidade. Lisboa: Cotovia. Ross, Kristin. 1995. Fast Cars, Clean Bodies: Decolonization and the Reordering of French Culture. Cambridge, Massachussets: MIT Press. Ross, Kristin. May ’68 and its Afterlives. Chicago and London: University of Chicago Press, 2002. Schechner, Richard. 198q. “The Decline and Fall of the American Avant-Garde.”, Performing Art Journal 5(2): 48-63 Trindade, Luís. 2004. “Excessos de Abril.” Revista História 65. Trindade, Luís. 2014-b. “Os 3 Ds da Derrota Revolucionária: Despolitização, desideologização, desmobilização.” Esquerda.net, 3 de Maio. Acedido em 10 de Maio de 2014. http://www.esquerda.net/artigo/os-3-ds-da-derrota-revolucionaria-despolitizacao-desideologizacaodesmobilizacao/32474. Voldman, Danièle (org.). 1992. La Bouche de la Vérité –Recherche Historique et les Sources Orales, Cahiers de L´Inst. D´Histoire du Temps Présent, nº 21. Paris : IHTP. Williams, Raymond. 1989 “When Was Modernism?.” New Left Review, vol. I, n.º 175 (May-June): 48-52.

5

5ª SESSÃO: 17 Outubro 2016 Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado & Participantes CEEP.

MAPEAMENTO COLECTIVO I Espaço para (de)composição e síntese colectiva do processo. *Começa oficina Incorporações da Linguagem

6ª SESSÃO: 24 Outubro 2016 Ana Mira, Ricardo Seiça Salgado & al.

Diagrama de Artes Expandidas (50s, 60s, 70s) Expanded Arts Diagram (50s, 60s, 70s) Espaços de “heteropia” (Foucault), ou justaposição de espaços heterogéneos num espaço singular. A viragem dos 50s, o legado de Cage /Cunningham, Greenwich Village, Judson Dance Theater, os teatros radicais e a influência da música e das artes visuais.

Referências bibliográficas e audiovisuais: Banes, Sally. 1993, Greenwich Village 1963: Performance and the Effervescent Body, Cap.1. “Another space”, Cap. 7. “The anxiety of the absolute”, Durham: Duke University Press. 13-32 (Cap.1.) e 235-256 (Cap.7.). Banes, Sally. 1993, Democracy’s Body: Judson Dance Theater 1962-1964, Cap. 1. “Robert Dunn’s Workshop”, Durham: Duke University Press, 1-33. Banes, Sally. 1989, “Terpsichore Combat Continued”, TDR - The Drama Review, 33 (4), 17-18. Banes, Sally. 1987, Terpsichore in Sneakers: Post-Modern Dance, Middletown, Connecticut: Wesleyan University Press. Banes, Sally & Manning, Susan. 1988, “Terpsichore in Combat Boots”, TDR - The Drama Review, 33 (1), 13-16 Beck, Julian. 19991. The Life of the Theatre: The Relation of the Artist to the Struggle of the people. New York: Limelight Editions. Cage /Cunningham: A film by Elliot Caplan, 2007, New York: Cunningham Dance Foundation [DVD]. Daly, Ann et al. 1988, ”What Has Become of Post-Modern Dance? Answers and Other Questions by Marcia B. Siegel, Anna Halprin, Janice Ross, Cynthia J. Novack, Deborah Hay, Sally Banes, Senta Driver, Roger Copeland, and Susan L. Foster”, TDR - The Drama Review, 36 (1), 48-69 6

Foucault, Michel. 1984, “Of Other Spaces: Utopias and Heterotopias”, Jay Miskowiec (trans.), Architecture, Mouvement, Continuité, 5, 46-49. Harding, James and Rosenthal, Cindy, 2006, “The Living Theatre: Historical Overview”. In Restaging the Sixties: Radical Theaters and their legacies. Ann Arbor: The University of Michigan Press, pp. 27-73. Manning, Susan. 1988, “Modernist Dogma and Post-Modern Rhetoric: A Response to Sally Banes”, TDR - The Drama Review, 32 (4), 32-39. Shank, Theodore, 1982, “Living Theatre”. In American Alternative Theater. New York: Grove Press, Inc, pp.9-37. Schechner, Richard, 1968, "6 Axioms for Environmental Theatre", The Drama Review: TDR, vol. 12, n. 3, Architecture/Environment (Spring, 1968), pp. 41-64. Schechner, Richard. 1981, “The decline and Fall of the Avant-Garde: Why it Happened and What We Can Do About It”, Performing Arts Journal, 5 (3), 9-19. Trisha Brown: Early Works 1966-1979, 2004, New York: Artpix [DVD]. NOTA: Cronologia da discussão Susan Manning /Sally Banes sobre a dança pós-moderna americana: 1) Terpsichore in Sneakers, Sally Banes (1987) 2) “Modernist Dogma and Post-Modern Rhetoric: A Response to Sally Banes”, Susan Manning (1988) 3) “Terpsichore in Combat Boots”, Sally Banes & Susan Manning (1988) 4) “Terpsichore Combat Continued”, Sally Banes (1989)

7ª SESSÃO: 31 Outubro 2016 Paula Caspão & al.

Performance/Choreographic (Re)Turn? Práticas Expandidas Contemporâneas Performance/Choreographic (Re)Turn? Contemporary Expanded Practices Colocaremos em perspectiva dois grandes eixos de transversalidade em jogo no pensamento da arte contemporânea: 1) os cruzamentos inter-artes (cross-media) e inter-géneros artísticos (crossgenre); 2) os “ecossistemas das práticas artísticas”, ou seja, a estreita correlação do trabalho artístico com os lugares onde acontece, as formas de vida e os afectos que implica, e os dispositivos institucionais que o apoiam e co-constituem. Abordando vários momentos de Performative turn(s) a partir de meados do séc. XX, sublinharemos um certo “choreographic (re)turn” que tem vindo a expandir-se na arte e cultura contemporâneas. Complicaremos assim noções de movimento e de ‘embodiment’ a partir de um pensamento das condições de trabalho e 7

de produção artística em contextos actuais. Continuaremos a trabalhar em modo de ‘estudo como performance e passeação’.

Referências bibliográficas e audiovisuais: “Is the Living Body the Last Thing Left Alive? The new performance turn, its histories and its institutions”. 2014. Para Site International Conference, Hong Kong. http://www.para-site.org.hk/en/conference/is-the-living-body-the-last-thing-left-alive-the-newperformance-turn-its-histories-and-its-institutions-dot-para-site-international-conference-2014 Burrows, Jonathan & Fargion, Matteo. 2009. Cheap Lecture (Parts 1, 2, 3). Supported by Kaaitheater Brussels, PACT Zollverein Essen, Sadler's Wells Theatre London and BIT. https://www.youtube.com/watch?v=8FVMb2m9sjQ&index=1&list=PLF7799EE546B57778 https://www.youtube.com/watch?v=m07diM5RC_U&list=PLF7799EE546B57778&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=SrIVJPiz2Oo&list=PLF7799EE546B57778&index=3 Foster, Susan Leigh. 2011. Choreographing Empathy: Kinaesthesia in Performance. New York: Routledge. Godard, Jean-Luc. 1967. La Chinoise. https://www.youtube.com/watch?v=K0r0x7y4lok Hantelmann, Dorothea. “The Experiential Turn”. Living Collections Catalogue, vol I On Performativity. Walker Art Center. http://www.walkerart.org/collections/publications/performativity/experiential-turn/ Harren, Natilee. 2015. “The Crux of Fluxus”. Living Collections Catalogue, vol II Art EXPANDED 1958-1978. Walker Art Center. http://www.walkerart.org/collections/publications/art-expanded/crux-of-fluxus/ Juren, Anne. 2015. The point. A choregraphic investigation. In collaboration with Varinia Canto Vila, Charlotta Ruth, Elizabeth Ward. Sound-music concept: Christophe Demarthe. Light design/ technical direction: Bruno Pocheron. Artistic Management: Silke Bake. Coaching Foley artist: Céline Bernard. Produced by Wiener Tanz-und Kunstbewegung. Co-produced by ImPulsTanz – Vienna International Dance Festival. Supported by the City of Vienna. With the kind support of BUDA / Kortrijk, Uniarts and DOCH / Stockholm. Kunst, Bojana. 2015. “What does Participation have to do with Precarisation”. Lecture given at Ready to Change Conference, at Bunker, Lubljana. https://vimeo.com/126906513 Laermans, Rudi. 2008. “‘Dance in General’ or Choreographing the Public, Making Assemblages”. Performance Research / On Choreography 13 (1) 7-14.

8

Leibovici, Franck. 2011. “des formes de vie / forms of life”. Les Laboratoires d’Aubervilliers & Questions Théoriques. Fondation nationale des arts graphiques et plastiques, Fonds de dotation agnès b. and Maison rouge.
In collaboration with the Archives of Aubervilliers, dOCUMENTA(13), École nationale supérieure des Beaux-arts, École supérieure d'arts de l'agglomération d’Annecy, the Espace Khiasma, the galerie du jour agnès b. and the Tate Modern. http://www.desformesdevie.org/en/page/forms-life-franck-leibovici Lemon Ralph. 2012. “Making Time”. Presented at the Conference Making Time: Art Across Gallery, Screen and Stage. Keynote Performance-Lecture. https://www.youtube.com/watch?v=tLdMPm4572Y Lepecki, André, Singularities: Dance in the Age of Performance (London & New York : Routledge, 2016). Lingis, Alphonso. Touched Talks (Part 1). 2010. A talk given at the Touched conference, Liverpool Biennial. https://vimeo.com/10742124 Martin, Randy. 2013. “Dance and Finance – Social Kinesthetics and Derivative Logics”. Lecture given at EMPAC / The Curtis R. Priem Experimental Media and Performing Arts Center at Rensselaer Polytechnic Institute. https://vimeo.com/95306125 Mendonça, Luís. 2015. “Expanded Cinema de Gene Younglood: o ‘cinema do amanhã’ hoje”. Seminário de doutoramento Estéticas Pós-media, orientado por Teresa Cruz. https://dossierarkadin.wordpress.com/tag/cinema-expandido/ Müller, Ivana. 2013. Positions. Choreography in collaboration with Jean-Baptiste Veyret Logerias, Anne Lenglet, Bahar Temiz & Galaad Le Goaster. Artistic advise: Sarah van Lamsweerde. Technical direction and light design Martin Kaffarnik. Production I’M’ COMPANY /Chloé Schmidt. Coproduction BUDA Arts Center Kortrijk(B) / Festival NEXT, Musée de la danse / Centre chorégraphique national de Rennes et de Bretagne, Point Ephémère (Paris), Ménagerie de verre, Paris, within the framework of Studiolabs. http://www.ivanamuller.com/works/positions/ https://vimeo.com/88267038 Jackson, Shannon. 2011. Social Works: Performing art, supporting publics. New York: Routledge. Perform a Lecture: a project in six parts exploring the genre of ‘lecture performance’ both practically and discursively. Contributors: Ulf Aminde, Eric de Bryn, Helmut Draxler, Felix Ensslin, Christoph Gurk, Dorothea von Hantelmann, Clemens Krümmel, Solvej Helweg Ovesen, Dieter Roelstraete http://www.anagrambooks.com/perform-a-lecture Pine, Joseph et Gilmore, James. 1999. The Experience Economy. Where Work Is Theatre and Every Business a Stage. Boston: Harvard Business School Press. Richards, Bree. 2014. “Double take: The choreographic (re)turn in contemporary art”. Art Monthly Australia, N° 271 14-17. 9

Schneider, Rebecca. 2015. “New Materialisms and Performance Studies”, The Drama Review vol 59 n°4 7-17. Warhol, Andy. Exploding Plastic Inevitable: Series of multimedia events organized by Andy Warhol between 1966 and 1967. https://www.youtube.com/watch?v=HsR4ghMfq0U

8ª SESSÃO: 7 Novembro 2016 Fernanda Eugénio, Joana Braga & al.

Do objecto à situação: Ethical-Ecological Turn From object to situation: Ethical-Ecological Turn Propomos revisitar uma trajectória do pensamento da arte contemporânea focada na afirmação da porosidade das fronteiras entre os trabalhos artísticos e as esferas social e política, explorando noções de autonomia, heteronomia, interdependência, contingência, suporte, duração, participação, colaboração, conflito e dissenso. Do minimalismo às práticas artísticas relacionais e socialmente engajadas, acompanharemos as diferentes formulações, fazeres e consequências que emergem do reconhecimento da co-implicação do contexto espacial, da intersubjectividade e dos sistemas infra-estruturais da vida social, económica e política como matérias de arte. O lugar histórico da performance como género artístico colaborativo, duraccional e transdisciplinar implica um determinado nível de coordenação sistémica e o pensamento pragmático mas também especulativo sobre o que significa sustentar a colaboração humana no espaço e no tempo. Ao lançar um olhar crítico sobre este percurso, procuremos acompanhar uma mudança de paradigma que se agrava a partir da primeira década do século XXI, caracterizada pela sensibilidade cada vez mais disseminada e distribuída (embora nem sempre praticada) à dimensão ética implicada no fazer artístico que se quer relacional e situado – aquele que toma como matéria, questão ou tema a materialidade do quotidiano e da alteridade. Um fazer que, estabelecendo linhas de tensão sempre singulares com os modos da participação e da colaboração, não cessa de oscilar entre o saque e a dádiva, o uso e o abuso. A partir desta discussão, procuraremos ainda tocar num quadro social e político mais alargado: o das mutações contemporâneas do capital no pós-fordismo, e os seus modos de (re)produção num socius atravessado pela variação-e-alastramento da precarização, e fragmentado pela proliferação intensiva de narrativas dissensuais, mas sem lastro de escuta recíproca.

Referências bibliográficas e audiovisuais: Bishop, Claire. 2012. "The social turn: collaboration and its discontents" in Artificial Hells. Participatory Art and the Politics of Spectatorship. New York: Verso. Boltanski, Luc; Chiapello, Eve. “Part III The New Spirit of Capitalism and the new Forms of Critique” in The New Spirit of Capitalism; 343-482. New York: Verso. 10

Bourriaud, Nicolas. 2002. Relational Aesthetics. Paris: Presses du Réel Canclini, Néstor García. 2010. La sociedad sin relato. Antropologia y estetica de la inminencia. Buenos Aires/Madrid: Katz. Deleuze, Gilles. 1990. "Post-scriptum sobre as sociedades de controle" in Conversações. Rio de Janeiro: Editora 34. Doherty, Claire; Onneil Paul. 2009. “Introduction: Locating the Producers” in Locating the Producers Durational Approaches to Public Art. Amsterdam: Antennae Foster, Hal. 1996. "The artist as ethnographer?", "The return of the real" in The return of the real: Art and Theory at the End of the Century. Cambridge, Mass : MIT Press Gielen, Pascal. 2014. "Situational Ethics: an artistic ecology" in Cools, Guy & Gielen, Pascal (eds.) The Ethics of Art. Ecological Turns in the Performing Arts. Amsterdam: Valiz. Jackson, Shannon. 2011. Social Works: Performing art, supporting publics. New York: Routledge. Kester, Grant. 2012. “Conversation Pieces: The Role of Dialogue in Socially-Engaged Art” (2003) in Theory in Contemporary Art since 1985; 153-165 Nova Iorque: Wiley-Blackwell Krauss, Rosalind. 1979. “Sculpture in the Expanded Field” in October, Vol. 8.. Cambridge MA: The MIT Press. http://links.jstor.org/sici?sici=O162-2870%218 97921%298%3C30%3ASITEF%3E2.O.C0%3B2-Y Kwon, Miwon. 1997. "One place after another" in October, Vol. 80. Cambridge MA: The MIT Press. Pélbart, Peter Paul. 2003. Vida Capital. Ensaios sobre biopolítica. São Paulo: Iluminuras Rancière, Jacques. 2005. "Da partilha do sensível e das relações que estabelece entre política e estética" in A partilha do sensível. Estética e Política. Rio de Janeiro: Editora 34. Sholette, Gregory; Stimson, Blake. 2007. “Introduction: Periodizing Collectivism” in Collectivism after Modernism: The Art of Social Imagination after 1945 edited by Blake Stimson and Gregory Sholette; 1-16. Minneapolis: University of Minnesota Press.

9ª SESSÃO: 14 Novembro 2016 Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado & Participantes CEEP

MAPEAMENTO COLECTIVO II Espaço para (de)composição e síntese colectiva do processo. *Começa Oficina Arquivo Como Gesto: Travessias Digitais

11

10ª SESSÃO: 21 Novembro 2016 Fernanda Eugénio, Joana Braga & al.

Comunidade, Comum, Comuns: Formas de Vida e Políticas da Convivência Community, Common, Commons: Forms of Life and Politics of Living Together Nesta sessão colocaremos em conversação diferentes abordagens à questão das políticas da convivência e das formas da vida colectiva: as reflexões acerca da noção e da praticabilidade da "comunidade"; o pensamento filosófico e crítico sobre o "comum" enquanto processo relacional continuadamente suportado por um trabalho de invenção, formulação e operacionalização; e os debates à volta dos "comuns" (urbanos), o seu reconhecimento, performatividade e modos de fazer - reivindicar, reclamar, ocupar, pôr em uso, marcar posição, assegurar. Propomos ainda adicionar à conversa a mais recente formulação da concretude e iminência do fim, do eventual limite das formas de vida (humana); bem como a miríade de consequências desta explicitação. Do decrescer ao decompor, passando pelas potencialidades de alargamento do possível e do pensável através das aproximações perspectivas a outras formas de vida humanas e não-humanas. Será uma oportunidade para aprofundarmos em termos teóricos e analíticos uma discussão entretanto já praticada de modo situado durante o primeiro eixo do curso, na oficina Práticas Urbanas Situadas.

Referências bibliográficas e audiovisuais: Agamben, Giorgio. 1993. A comunidade que vem. Editorial Presença. Barthes, Roland. 2003. "Aula do dia 12 de janeiro de 1977" in Como viver junto: simulações romanescas de alguns espaços cotidianos. São Paulo: Martins Fontes. Blanchot, Michel. 2013. A comunidade inconfessável. Brasília: Lumme/Editora UNB. Butler, Judith. 2011. "Bodies in alliance and the politics of the street" in Occupy Los Angeles Reader, vol1-3, november 2011 Clastres, Pierre. 1990. "A sociedade contra o Estado" in A sociedade contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves. Danowski, Deborah & Viveiros de Castro, Eduardo. 2014. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Florianópolis: Cultura e Barbárie. De Angelis, Massimo. 2003. “Reflections on alternatives, commons and communities or building a new world from the bottom up” in The Commoner Esposito, Roberto. 2010. “Introduction: Nothing in Common” in The Origin and Destiny of Community; 1-19. Stanford: Stanford University Press

12

Frederici, Silvia. 2010. “Feminism And the Politics of the Commons” in Uses of a WorldWind, Movement, Movements, and Contemporary Radical Currents in the United States, edited by Craig Hughes, Stevie Peace and Kevin Van Meter. Oaskland: AK Press. Guattari, Felix. 1992. Caosmose. Um novo paradigma estético. Rio de Janeiro: Editora 34. Jullien, François. 2010. "Ni síntesis ni denominador ni fundamento, o de dónde nos viene lo común" in De lo universal, de lo uniforme, de lo común y del diálogo entre las culturas. Madrid: Siruela. Latouche, Serge. 2012. "La autolimitación y el ideal del decrecimiento: reconstruir un mondo en común" in Límite. Buenos Aires: Adriana Hidalgo Editora. Latour, Bruno. 1994. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Editora 34 Latour, Bruno. 2011. "Il n’y a pas de monde commun: Il faut le composer" in Multitudes. n.45, special, été 2011. Linebaugh, Peter. 2008. “I: Introduction” in The Magna carta Manifesto: Liberties and Commons for All. Berkeley: University of California Press Nancy, Jean-Luc. 2004. La Communauté Désoeuvrée. Paris: Christian Bourgois éditeur Pélbart, Peter Paul. 2013. O avesso do niilismo. Cartografias do esgotamento. São Paulo: N-1 Edições. Preciado, Beatriz. 2014. "O feminismo não é um humanismo" in Filosofia Pop, Jornal O Povo online. Stadvrides, Stavros. 2016. Common Spaces. The city as commons. London: Zed Books. Virno, Paolo. 2004. A Grammar of the Multitude: For an Analysis of Contemporary Forms of Life. Los Angeles: Semiotext(e)

11ª SESSÃO: 28 Novembro 2016 Ana Bigotte Vieira, Ana Mira & al.

Undercommons, gestos desconhecidos e comunidades sensíveis Undercommons, unknown gestures and sensory communities Continuando, contextualizando e desdobrando o diálogo sobre “comunidade” e “comum”, propõese nesta sessão uma discussão sobre aquilo a que Fred Moten e Stefano Harney, reflectindo sobre as condições do trabalho na academia a partir da tradição radical negra, dos estudos pós coloniais e do pensamento operaísta italiano, deram o nome de “undercommons”. Em causa está uma abordagem ao político nos seus aspectos menos visíveis e um esforço de acolher o outro na sua estranheza — para que gestos outros possam surgir. Especial atenção será dada ao conceito de “undercommons” na sua relação com a aprendizagem o ensino e a partilha, visitando-se, para 13

tal, conversas em torno de noções de pedagogia radical e os projectos (editoras, escolas, experiências artísticas) onde e em torno dos quais estas se travam. A sessão aborda ainda o conceito de “nãoperformance”, nos estudos de performance.

Referências bibliográficas e audiovisuais: AAVV, “The Public Commons and the Undercommons of Art, Education, and Labor” Available from: http://www.frankfurtlab.de/aktuelles/detail/the_public_commons_and_the_undercommons_of_art_education_and_labo r.html; vídeo: https://vimeo.com/98073444 and https://vimeo.com/dancetechtv/videos Agamben, Giorgio. 1993. A comunidade que vem. Editorial Presença. Agamben, Giorgio. 2000, Means Without End: Notes on Politics, Parte II "Notes on Gesture", Binetti, V. e Casarino, C. (trad.), Minneapolis, University of Minnesota Press, traduzido em Agamben, Giorgio. 1997. “Notas sobre o Gesto.” In Inter@ctividades, Artes, Tecnologias Saberes. ICTMa97 – Conferência Internacional sobre Tecnologias e Mediação 97, 15-23. Lisboa: ICTMa97. Agamben, Giorgio. 2011. O Aberto – O Homem e o Animal. Lisboa: Edições 70. Agamben, Giorgio. 2010. “O que é um povo?” In A Política dos Muitos – Povo, Classes e Multidão, coordenação de José Neves e Bruno Peixe Dias, 31-34. Lisboa: Tinta-da-China. Blanchot, Michel. 2013. A comunidade inconfessável. Brasília: Lumme/Editora UNB. Deleuze, Gilles & Guattari. 2004, Mil Planaltos: Capitalismo e Esquizofrenia 2, Cap.10 “Devirintenso, Devir-animal, Devir-imperceptível”, Rafael Godinho (trad.), Lisboa: Assírio & Alvim, 299393. Esposito, Roberto. 2010. “Introduction: Nothing in Common” in The Origin and Destiny of Community; 1-19. Stanford: Stanford University Press Esposito, Roberto. 2013. “Community, Immunity, Biopolitics.” E-Misferica, vol. 10, n.º1. Acesso em 24 Janeiro 2014. http://hemisphericinstitute.org/hemi/pt/e-misferica-101/esposito. Gerko Egert, Ilona Hongisto, Michael Hornblow, Katve-Kaisa Kontturi, Mayra Morales, Ronald Rose-Antoinette, Adam Szymanski (editors), “Radical Pedagogies”, Inflexions nº8. Available from: http://www.inflexions.org/radicalpedagogy/main.html Harney, Stefano & Moten, Fred. 2013, The Undercommons: Fugitive Planning & Black Study, New York: Minor Compositions. Harney, Stefano & Moten, Fred. 2015, “Mickey the Rebelator”, Performance Research: A Journal of the Performing Arts, 20 (4), 141-145. Leão, Nuno. 2014. “Espécie de Preâmbulo Não definitivo e Não Científico”, Trabalho de Mestrado em Filosofia Contemporânea, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

14

Lepecki, André. 2000, ”Still: On the Vibratile Microscopy of Dance”, In: ReMembering The Body, Gabriele Brandstetter & Hortensia Volckers (eds.), Ostfildern-Ruit: Hatje Cantz Publishers. Lepecki, André. 2006, Exhausting Dance: Performance and the Politics of Movement, Cap. 6 “The Melancholic Dance of the Postcolonial Spectral”, London: Routledge, 106-122. Moten, Fred. 2003, In the Break: The Aesthetics of the Black Radical Tradition, Cap. “Resistance of the Object: Adrian Piper’s Theatricality”, Minneapolis: University of Minnesota Press, 233-254. Moten, Fred. 2015, Blackness and Nonperformance, YouTube [online], Available from: https://www.youtube.com/watch?v=G2leiFByIIg [Accessed 15.09.2016]. Moten, Fred. 2015, Fred Moten on Chris Ofili: Bluets, Black + Blue, in Lovely Blue, YouTube [online], Available from: https://www.youtube.com/watch?v=04aEVHhIVTw [Accessed 15.09.2016]. Moten, Fred. 2016, The Blur and Breathe Books: A Lecture by Fred Moten, Department of Performance Studies [online]. Available from: https://tisch.nyu.edu/performancestudies/events/FredMotenLecture [Accessed 15.09.2016]. Nancy, Jean-Luc. 2004. La Communauté Désoeuvrée. Paris: Christian Bourgois éditeur Raunig, Gerald. 2007. “Instituent Practices, No. 2 - Institutional Critique, Constituent Power, and the Persistence of Instituting.” Eipcp.net, Janeiro. Acedido em 26 Fevereiro 2009. http://eipcp.net/transversal/0507/raunig/en. _______________. 2006 “Instituent Practices - Fleeing, Instituting, Transforming.” Eipcp.net, Janeiro. Acedido a 18 de Junho 2009. http://eipcp.net/transversal/0106/raunig/en. _______________. 2004. “The Double Criticism parrhesia: What is a Progressive (Art) Institution?.” Republicart.net, Abril. Acedido a 18 de Junho 2009. http://www.republicart.net/disc/institution/raunig04_en.htm. Shukaitis, Stevphen. 2012. “Studying Through the Undercommons: Stefano Harney & Fred Moten – interviewed by Stevphen Shukaitis [online]. Available from: https://classwaru.org/2012/11/12/studying-through-the-undercommons-stefano-harney-fred-moteninterviewed-by-stevphen-shukaitis/ Turner, Victor. 1991. “Liminality and Communitas” in The Ritual Process: Structure and AntiStructure 131-165. Cornell: Cornell University Press Turner, Victor. 1991. “Model and Process” in The Ritual Process: Structure and Anti-Structure 131165. Cornell: Cornell University Press Ver também: http://autonomedia.org/, http://semiotexte.com/, http://www.minorcompositions.info/, http://www.inflexions.org/radicalpedagogy/main.html

15

12ª SESSÃO: 05 Dezembro 2016 Ana Riscado & al.

A performance da imagem The performance of images Como podemos olhar a produção de imagens a partir da lente dos estudos de performance? A imagem - em movimento ou fixa - possui características indexicais próprias que permitem determinar a sua performatividade. Paralelamente, podemos dar uso a essas características e construir novos significados para a imagem, performando-a. O ensaio audiovisual tem-se revelado uma ferramenta profícua para pensar criticamente a produção de imagens e durante a sessão discutiremos a sua capacidade de discursar sobre a cultura visual e a visualidade do mundo.

Referências bibliográficas e audiovisuais: Mulvey, Laura, 2006 Death 24x a Second Stillness and the Movie Image Cap. 4 “The Death Drive:Narrative Movement Stilled” , London: REAKTION BOOKS, 67-84 Mulvey, Laura, 2006 Death 24x a Second Stillness and the Movie Image Cap. 9 “The Possessive Spectator”, London: REAKTION BOOKS, 161-180 Adorno, T.W., Hullot-Kentor, Bob, Will, Frederic, The Essay as Form, New German Critique No. 32 (Spring - Summer, 1984), Duke University Press, DOI: 10.2307/488160, 151-171 Stable URL: http://www.jstor.org/stable/488160 Daney, Serge, 2000 The Critical Function, Translated by Annwyl Williams in Cahiers du Cinéma: Volume Four, 1973-1978 : History, Ideology, Cultural Struggle : an Anthology from Cahiers du Cinéma, Nos 248-292, September 1973-September 1978, By Jim Hillier, David Wilson, Nick Browne, Bérénice Reynaud, published by Routledge, 2000, 323 pages fonte: Chronicle of a Passion The Home Page of Steve Erickson http://home.earthlink.net/%7Esteevee/function.html Interact Revista Online de Arte, Cultura e Tecnologia, Cinema, Crítica Digital e Ensaio Audiovisual, n.24-25 http://interact.com.pt/category/24/ Film Studies for Free http://filmstudiesforfree.blogspot.pt/ In Transition a media commons / cinema journal project http://mediacommons.futureofthebook.org/intransition/ 16

13ª SESSÃO: 12 Dezembro 2016 Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado & Participantes CEEP

MAPEAMENTO COLECTIVO III Espaço para balanço e integração dos processos de investigação desenvolvidos pelos participantes e equipa de formação entre Setembro e Dezembro.

EIXO PRÁTICAS URBANAS SITUADAS Fernanda Eugénio, Joana Braga Datas das Sessões 20 de Setembro a 12 de Outubro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30 (8 sessões)

SINOPSE Que práticas concretas constituem um determinado espaço urbano? Que limites, implícitos ou explícitos, nos são (im)postos pela sua arquitectura, regulamentos próprios ou regras gerais? Como podem o uso e a habitação fazer dessas condicionantes, condições? Que formas de tensão e exclusão se desenham neste espaço? A que movimentos e gestos específicos convida, que modos de encontro possibilita? Que tipo de relações – entre pessoas, entre coisas; entre coisas, pessoas e entorno – facilita ou dificulta? E que novas composições, mais ou menos improváveis, se podem desenhar? Como fazer aparecer tais recortes ou traçar outros, abrindo brechas para formas de estar e viver menores ou menos prováveis? A oficina Práticas Urbanas Situadas emerge do encontro entre abordagens vindas da antropologia, da arquitectura, dos estudos urbanos e dos estudos de performance – abordagens entretanto reposicionadas por uma sensibilidade aos modos de (re)existência (de fora para dentro ou viceversa) que se processam no viver. Combinando modos de fazer etnográficos, topográficos e coreográficos, propomos activar zonas de atenção à performatividade do que (já) está presente nos espaços da cidade, procurando oferecer ferramentas para reconhecer e descrever as cooperações sempre contingentes entre geografia e arquitectura, usos e desvios, sensibilidades e ritmos. Através de estudos de caso e exercícios presenciais, procuraremos debater as questões implicadas nos usos – artísticos, sociais e políticos – da materialidade quotidiana na criação e experimentação de modos de re-imaginar, re-performar e re-habitar a cidade. Por um lado, será apresentado e debatido um conjunto de práticas artísticas urbanas escolhidas e dispostas por afinidades imanentes e pela sua relação com as duas questões teóricas que estruturam a oficina: “Existir, Resistir e Re-existir no Urbano” e “Re-imaginar, Reposicionar e

17

Reabitar o(s) Comum(s)”. Esta amostra, que não se configura como panorama exaustivo nem como sequência histórica, servirá como mote para uma problematização conceptual. Por outro lado, através de um conjunto de exercícios que terão lugar nos espaços circundantes da Escola das Gaivotas, propomos explorar duas das modulações mais quotidianas do movimento dos corpos – a caminhada e a paragem – enquanto potenciais práticas operativas para mapeamentos situados, sensoriais e afectivos. Caminhada e paragem, circulação e permanência, nas suas mais variadas gradações, compõem o “espaço vivido” dos usuários e habitantes da cidade. Multiplicam continuadamente o espaço urbano em incontáveis circuitos singulares: aqueles que se vão desenhando na própria “trajetividade” (às vezes errática, outras vezes sistemática) dos percursos individuais e colectivos. Activados intencionalmente como estados de atenção e como procedimentos para a descrição-circunscrição das disposições urbanas, os gestos de circular e permanecer possibilitam a composição de cartografias atmosféricas, a partir da vivência imediata do espaço mapeado. Exercitar este modo de fazer necessariamente relacional, aberto e contingente, será também um convite a experimentar modos transversais para a formulação de problemas situados – capazes de superar a dicotomia entre subjectividade e objectividade e assim se posicionarem nos intervalos entre perspectivas.

EIXO INCORPORAÇÕES DA LINGUAGEM Ana Mira e Ricardo Seiça Salgado Datas das Sessões 18 de Outubro e 9 de Novembro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30 (8 sessões)

SINOPSE Debruçamo-nos sobre os escritos de artistas do teatro, da dança, da performance e das artes visuais postos numa relação de ressonância com outros textos críticos vindos da antropologia, da filosofia e dos estudos de performance. Procuramos aceder a essas linguagens assombradas pelo corpo, investigando o que se pode com elas fazer se não lhes resistirmos nem obedecermos. Propomo-nos (intensi)ficar (n)as brechas do instrumento de poder que são as linguagens, através de práticas de leitura, de experimentação do corpo, de reflexão e de escrita. Este eixo tem ainda como objectivo compreendermos como a força performativa das diferentes linguagens abordadas, assim como o movimento de transposição entre elas, pode ser integrada no testemunho e na linguagem das pesquisas desenvolvidas por cada participante.

18

EIXO DO ARQUIVO COMO GESTO – TRAVESSIAS DIGITAIS Ana Bigotte Vieira, Ana Riscado e Paula Caspão Datas das Sessões 15 de Novembro a 7 de Dezembro 2016, Terças e Quartas-feiras, das 18h30 às 21h30 (8 sessões)

SINOPSE Com a crescente disseminação das redes digitais de informação, têm vindo a emergir novas formas de conceber e praticar o arquivo, a documentação, a memória e o museu. Entre a World Wide Web 2.0, cujo modo participativo nos é actualmente familiar – integrando a participação do utilizador na produção dos conteúdos e uma evidente dimensão social –, e a perspectiva actual da sua extensão para uma Web 3.0 (ou “Web semântica”) – onde a própria máquina adquire a capacidade de interpretar o contexto da informação –, urge olhar para os modos específicos em que o digital reconfigura a experiência do quotidiano, e em particular as formas de processamento e disponibilização das nossas experiências de actualização do passado. Concretamente, considerando que tanto a nossa vida privada como a esfera pública e as suas instituições se tornaram, em larga medida, inseparáveis da existência da Internet e do trabalho digital, propomo-nos observar de perto as capacidades e problemáticas inerentes à experiência e ao pensamento viabilizados pelo suporte digital, tentando perceber de que modo as poéticas, estéticas, políticas e economias de uns e de outros se afectam. Parece-nos importante fazê-lo em oficina, partindo de estudos de caso e privilegiando dispositivos de investigação colectiva.

19

INFORMAÇÕES GERAIS

Equipa de investigação: Ana Bigotte Vieira, Ana Mira, Ana Riscado, Fernanda Eugénio, Joana Braga, Paula Caspão, Ricardo Seiça Salgado e convidados. Local: Polo Cultural Gaivotas | Boavista. Rua das Gaivotas, n.º 8 | 1200-202 Lisboa Email: [email protected] Website: https://baldiohabitado.wordpress.com Facebook: https://www.facebook.com/baldiohabitado/ Total de horas: 130 h Horário do curso: Segundas, terças e quartas-feiras, entre as 18h30 e as 21h30 Horário de atendimento: Por telefone: segundas, terças e quartas-feiras entre as 16h e as 18h, Tel.: Lara Pires 934211204 No escritório: segundas-feiras entre as 16h e as 18h, baldio habitado | Estudos de Performance, Polo Cultural Gaivotas – Boavista, Sala C, 2º andar, com elementos da equipa de investigação.

Duração: 12 de Setembro – 14 de Dezembro 2016 Salas onde o curso decorre: polivalente, de música, de dança, de teatro e de formação (todas no 1º andar).

20

HISTORIAL DO BALDIO | ESTUDOS DE PERFORMANCE Espaço discursivo onde se ensaia uma abordagem interdisciplinar (cruzando as artes, as ciências sociais e as humanidades), teórico-prática (encarando a arte como forma de criar mundo) e politicamente comprometida (não partindo do princípio da neutralidade da ciência e da arte), a que se dá o nome de Estudos de Performance (Performance Studies). Os últimos anos foram marcados por um primeiro contacto com pessoas a trabalhar nesta área, ou áreas afins, tanto dentro como fora de Portugal, que se concretizou em convites e open calls abertos a investigadores e artistas para participar em diversos eventos. Lançou-se um site onde procurámos definir alguns dos usos comuns do termo performance, traçar algumas linhas daquilo que poderia ser uma espécie de genealogia nacional das várias áreas que compõem os Estudos de Performance — revisitando as histórias da Antropologia, dos Estudos de Teatro, da Performance Arte, dos Estudos Culturais, a que gostaríamos de acrescentar os Estudos de Dança, os Estudos de Género e os Estudos Pós-Coloniais —, e publicou-se um conjunto de entrevistas a teóricos do campo sobre o que são e o que poderiam ser os estudos de performance. Paralelamente, realizámos uma série de actividades públicas regulares de investigação/apresentação em torno da partilha dos nossos próprios trabalhos em processo (teses, metodologias, propostas artísticas) – baldio no ANDLab – e da exploração conjunta do campo semântico de uma série de conceitos escolhidos e trabalhados por nós (grupo de tradução). Os eventos que referimos inicialmente, para os quais convidámos um conjunto de artistas e investigadores, acabaram por conter, involuntariamente, uma dimensão “curatorial”. Não só se debruçaram sobre um tema específico, como tiveram lugar em espaços e tempos circunscritos, consequentemente adoptando a intensidade como característica. Em causa estava sempre a criação de condições para o encontro e a partilha. Falamos de 5 minutos, 2 ideias no espaço Alkantara (Julho 2013 e Maio 2014), onde artistas e/ou investigadores de diferentes áreas apresentaram sucintamente, em 5 minutos, os seus trabalhos e processos, possibilitando uma auscultação do que em torno dos estudos de performance se anda a fazer. Mas referimo-nos sobretudo a Indirecções Generativas em Montemor-o-Novo (Setembro 2013) e a Em Reunião | das reuniões como práticas performativas, das práticas performativas como reuniões no Teatro Maria Matos (Março 2014). Indirecções Generativas foi um evento internacional apoiado pela Performance Studies international, onde um grupo de cerca de 70 investigadores e artistas se reuniu por 4 dias no Espaço do Tempo,em Montemor-o-Novo, para investigar a relação entre formas de vida, arte, sociedade e política, explorando as potencialidades do campo dos Estudos de Performance na abertura de um espaço crítico capaz de dar voz a epistemologias contra-hegemónicas e de colocar num mesmo plano teoria e prática. Assumindo a posição semiperiférica que é a portuguesa (e, dentro do país, a posição interior de Montemor-o-Novo) partiu-se dos textos “Epistemologias do Sul” (Boaventura de Sousa Santos), “Manifesto Neo-Animista” (Ruy Duarte de Carvalho), e “Manifesto Antropofágico” (Oswald de Andrade). Com um olhar pós-colonial, 21

procurava-se uma atenção ao local, ao menor, evitando importações apressadas de campos teóricos maioritariamente anglófonos. O modus operandi deste evento apoiou-se na ideia de hospitalidade, do fazer entre todos, construindo assim um plano de conversação e (re)invenção. No segundo evento, em co-curadoria com o Teatro Maria Matos, levámos a cabo um ciclo de 3 dias intitulado Em Reunião | das reuniões como práticas performativas, das práticas performativas como reuniões. Fazendo incidir o foco sobre a organização e a acção colectiva (o próprio acto de reunir), este ciclo contemplou várias conferências, um seminário com André Lepecki, e um evento duracional para o qual que se convidaram nove colectivos. Casa do Vapor, AndLAb, DEMIMONDE, Primeiros Sintomas, OBSERVATÓRIO DAS TRANSFORMAÇÕES XXXX DA CIDADE DE LISBOA, Corpo de Multidão, ARTÉRIA, PEDRAS, UNIPOP e Stress.fm habitaram o espaço do teatro em conjunto, reunindo em torno de necessidades e vontades dos colectivos, que nesse dia se fizeram públicas. A difusão em streaming destas reuniões foi assegurada pela stress.fm. Em Reunião surgiu de uma necessidade interna do baldio num momento em que nos parecia fazer falta tanto reactivar as capacidades de uma possível acção colectiva como compreender os moldes, os limites e as possibilidades de a colocar em prática, procurando gerar um acto consequente num tempo em que a cidade de Lisboa e todo o país está no seio de uma crise económica, em que muitas colectividades se extinguem, enquanto outras se reinventam para não morrer. O que temos desenvolvido assenta numa experimentação interdisciplinar a que se dá corpo no fazer. Trata-se muitas vezes de mudar os regimes de percepção, chamando à experiência sentidos que vão para além da visão: toque, som, cheiro, sabor, convocando assim uma proximidade; uma temporalidade que se partilha, ritmos que se combinam, em experiências permeáveis ao contexto que os impulsiona e sobre o qual estas práticas agem. Práticas nas quais tem havido algo de cumulativo, um abrir espaço físico, discursivo e experiencial, que é criação de mundo.

FICHA TÉCNICA Iniciativa (Curated by): baldio | Estudos de Performance Financiamento (Funding): República Portuguesa Cultura / Direcção Geral das Artes Parceiros (Partners): And_Lab, BUALA Associação Cultural, Jeux Sans Frontières, Projecto BUH! Apoio (Support): Câmara Municipal de Lisboa | Pólo Cultural Gaivotas-Boavista, O Espaço do Tempo, Fórum Dança, O Rumo do Fumo. Centros de Investigação Portugal (Research Centres Portugal): IHC - Instituto de História Contemporânea (FCSH/UNL), CRIA - Centro em Rede de Investigação em Antropologia (FCSH/UNL, FCT/UC, ISCTE/IUL,UM), CET – Centro de Estudos de Teatro (FL/UL)

22

Centros de Investigação Brasil (Research Centres Brazil): CESAP – Centro de Estudos Sociais Aplicados (UCAM/IUPRJ), CORPOREILABS (UFRJ/UFF/FAV), R.A.I.U. - Rede de Pesquisa LusoBrasileira em Artes e Intervenções Urbanas (Lajus UFC) e Jongo da Serrinha. Agradecimentos (Thanks to): André Lepecki (Professor no Departamento de Performance Studies/Tisch School of Arts New York University), FITEI Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, Teatro Praga, Seminário Nómada Estudos da Performance Créditos Imagem (Image Credits): Cidade-Jardim, Isabel Brison Design Gráfico (Graphic Design): Marco Balesteros (letra.com.pt)

CONTACTOS: baldio | estudos de performance [email protected], Lara Pires 934211204

23

24

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.