OFICINA DE CRIAÇÃO DE AVATARES HEROICO-EDUCACIONAIS : OPERAÇÕES E AGENCIAMENTOS POÉTICOS NO ESPAÇO/TEMPO DA EDUCAÇÃO Paper VI Encontro Nacional de Licenciaturas IV Encontro Nacional de Coordenadores PIBID X Seminário Institucional PIBID/PUCPR

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OFICINA DE CRIAÇÃO DE AVATARES HEROICO-EDUCACIONAIS : OPERAÇÕES E AGENCIAMENTOS POÉTICOS NO ESPAÇO/TEMPO DA EDUCAÇÃO
Paper

VI Encontro Nacional de Licenciaturas
IV Encontro Nacional de Coordenadores PIBID
X Seminário Institucional PIBID/PUCPR

Paula Mastroberti
Instituto de Artes da UFRGS

Agências Financiadoras: CAPES e CNPq

Ao lado do cargo de docente que ocupo na universidade, sou também artista e escritora. Minha subjetividade complexa emite um discurso igualmente complexo, abrindo frestas entre os espaços disciplinares e administrativos, diluindo suas dimensões e dilatando a linearidade do tempo. O tempo dedicado ao educar precisa ter/tem coerência narrativa, precisa ser/é poético e precisa integrar/integra às realidades temporais e espaciais dos sujeitos-personagens e de suas histórias em um universo ficcional +imaginário+virtual. Os três últimos termos, unidos pelo símbolo de adição, compõem um significado para o qual não há um único signo ou palavra, apontando para o maravilhamento e para a curiosidade diante dos mistérios do mundo. Maravilhamento e curiosidade são as qualidades que desejo despertar ao promover o conhecimento através da arte.
Acredito que as realidades que compõem o todo da educação necessitam passar por um revigoramento contínuo de práticas e discursos, começando por ampliar a subjetividade persona-educadora em direção a uma atuação mais poética e criativa, capaz de aumentar a carga semântica do espaço-tempo educacional através da ficção+imaginação+virtualização. Vejo, portanto, no exercício da ficção+imaginação+virtualização um modo de transfigurar e empoderar sujeitos e como método-discurso para a promoção de conhecimentos disciplinares ou interdisciplinares, sejam eles de interesse estritamente acadêmico ou extensivos à comunidade sociocultural como um todo.
A partir dessas premissas, tenho desenvolvido uma metodologia para o Curso de Licenciatura em Artes Visuais, integrando as modalidades artísticas em junção à escrita criativa. Isso não se dá apenas como conteúdo ou temática interdisciplinar, mas como parte efetiva do discurso metodológico e de suas práticas. Ao desenvolver propostas a partir do uso de técnicas e de tecnologias variadas, integradas às poéticas como parte indissolúvel das ações educativas, espero a valorização das artes incluindo a literatura como arte como linguagem comunicativa de conhecimentos e como um saber em si. Ao mesmo tempo, através de uma metodologia que estimula a criação de discursos ficcionais+imaginativos+virtualizadores inseridos na educação, promovo, na mesma medida, uma maior integração entre as subjetividades educacionais e os conteúdos de ensino em uma dada dimensão espaço-temporal disciplinar ou cursiva. A partir da exploração de recursos analógicos e/ou digitais e da (re)invenção de signos culturais em um trinômio ficcional+imaginário+virtual, promovo, da mesma forma, o empoderamento dos alunos como coautores/protagonistas do discurso acadêmico e educacional coletivo.
Justifico, assim, o oferecimento de uma atividade prática embasada, entre outros, no pensamento sistêmico e nos novos paradigmas derivados do conceito de autopoiese proposto por H. Maturana e F. Varela (1972), nos estudos cognitivos que reconhecem a mente corpórea, como os protagonizados por F. Varela (1991), e na esquizoanálise de F. Guattari e G. Deleuze (2010), entre outros autores. Tal metodologia desenvolve-se através de didáticas de cunho a/r/tográfico (IRWIN, Rita et al., 2007), gerando discursos poéticos gráficos e textuais que podem incluir a produção de ilustrações, zines, relatos e/ou performances, usando ou não recursos eletrônico-digitais tais como blogs, animações e videos. Esta proposta se insere numa outra mais ampla, chamada Avatares Educacionais (MASTROBERTI, 2016), disseminada de várias maneiras. Como atividade disciplinar, ela é incluída a cada semestre como trabalho de avaliação, em que muitas vezes se agrega um diário gráfico disciplinar. Como atividade de extensão, ela pode tomar por foco um tema específico, como por exemplo, o mito do herói, trabalhado em oficina realizada para as equipes PIBID UFRGS e para o Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Imaginário Social (GEPEIS) do Centro Educacional da UFSM, em parceria com o Projeto Raciocinado de Licenciaturas do Prof. Luciano Bedin (FACED/UFRGS), com finalidade de desenvolver nos participantes uma persona heroica educacional.
É este mesmo tema que desejo reapresentar em formato de oficina no ENALIC, com o objetivo de oferecer uma experiência imersiva na metodologia. Os participantes estudantes, professores em formação continuada, pibidianos serão incentivados, a partir de estímulos poéticos e teóricos, a refletir sobre sua opção pelos caminhos da educação, através a criação de um mapa conceitual que resulte em uma metáfora (se sintética ou icônica) ou alegoria (se sintática ou narrativa) sobre suas relações subjetivas com as disciplinas de sua atuação, tendo em vista um contexto histórico e sociocultural do momento.
Os resultados alcançados e a receptividade dessa proposta por estudantes e professores têm me mostrado a importância de se pensar o sujeito integrado aos conteúdos educacionais desde os períodos de formação inicial. Ao fazer uso da poesia literária e artística para comunicação e produção de conhecimentos, ao valorizar a voz autoral de cada subjetividade presente e em estado de cooperação com as propostas desenvolvidas, ofereço a oportunidade para que cada participante seja ele das artes visuais ou de qualquer outra área torne-se autor-protagonista de sua narrativa e, assim, corresponsável pelo discurso coletivo da rede educacional.
Por fim, se é papel da Arte (com A maiúsculo, em seu caráter de transversalidade disciplinar) contribuir, através das formas poéticas, para com a ampliação e a humanização dos sujeitos, teremos então uma diluição entre os conceitos Arte e Educação: a Arteducação (aglutinação que defendo, para o bem da própria educação em artes) ultrapassaria, afinal, as fronteiras formativas de um único curso, mas, ao modo de uma episteme, poderia estender-se como método cognitivo extensivo à toda forma de produção e de compartilhamento de saberes, ao fazer uso da ficção+imaginação+virtualização. Os impulsos de maravilhamento e de curiosidade esta sem o qual, como dirá Edgar Morin, não há prazer na obtenção do conhecimento (MORIN, 2005) , se despertadas a partir de um educar poético, passariam a fazer parte do jargão de qualquer área, sejam elas ditas exatas, linguísticas ou humanas.

Palavras-chave: poéticas educacionais, inovação metodológica, arte e educação, imaginário e educação, discursos educacionais, práticas didático-criativas

Referências

GUATTARI, Felix; DELEUZE, Gilles. O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: 34, 2010.
MASTROBERTI, Paula. O avatar educacional como narrativa autopoiêutica: metodologias e didáticas a/r/tográficas para o curso de Licenciatura em Artes Visuais. In: REVISTA MATÉRIA PRIMA, vol. 4, n. 1. Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa e Centro de Investigação e de Estudos em Belas-Artes, janeiro-abril 2016, 40-50.
MATURANA, Humberto; VARELA, Francisco. Autopoeisis and cognition: the realization of the living. Holland/London: D. Reidel, 1972.
MORIN, Edgar. O método 3: o conhecimento do conhecimento. Porto Alegre: Sulina, 2005.
SALAVISA, Eduardo. Diário gráfico. Site do autor, 2011. Disponível em: http://diariografico.com/index.htm Data do último acesso: 19 de abril de 2016.
SPRINGGAY, Stephanie; IRWIN, Rita; LEGGO, Karl e GOUZOUAZIS, Peter (Org). Being with A/r/tography. EUA: Lightning Source, 2007.
VARELA, Francisco et al. A mente corpórea: ciência cognitiva e experiência humana. Lisboa: Instituto Piaget, 1991.







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