OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO VILLANUEVA EM ROLÂNDIA (PR)

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Anais do III Simpósio Internacional de Educação a Distância e V Simpósio de Educação Inclusiva e Adaptações - 2015

OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO VILLANUEVA EM ROLÂNDIA (PR) Ariel Pereira da Silva Oliveira1, Luis Henrique Dorta Tinoco 2, e Thiago Cesar Sandi 3 1

Graduando de licenciatura em Geografia, Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected] 2 Graduando de licenciatura em Geografia, Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected] 3 Graduando de licenciatura em Geografia, Universidade Estadual de Londrina (UEL). [email protected]

Resumo: O presente artigo tem como objetivo contribuir com a discussão acerca da inclusão de alunos deficientes em escolas regulares, o artigo surgiu como resultado de uma oficina de sensibilização aplicada no colégio Villanueva em Rolândia (PR). O objetivo da oficina foi promover sensibilização dos alunos, e a partir disso que eles entendam e respeitem as diferenças, entende-se que atividades como esta contribuem para que a escola seja um lugar que inclua e integre as pessoas com algum tipo de deficiência. A oficina foi realizada no dia 03 de Novembro de 2014. Essa atividade fez parte da disciplina Ensino da Geografia e Estágio de Vivência Docente (6EST308), do 3º ano de Geografia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). No tocante à metodologia houve levantamentos e leituras de bibliografias relevantes e condizentes à temática, processo de planejamento da oficina, confecção de questionários que foram aplicados aos alunos no fim da oficina pra termos um feedback acerca da mesma, além disso, houve sistematização dos dados coletados, redação preliminar, e final. Palavras chave: Oficina, Inclusão, Deficiência. Abstract: This work has as main purpose the interest to contribute directly into the discussion about the inclusion of disability students on regular schools; the work is a result of a workshop applied on the Colégio Estadual Professor Francisco Villanueva, located in Rolândia, State of Paraná, Brazil. About the Workshop, it relied on the intention of developing a new approach to the theme, putting students closer to these people's reality with their difficulties and problems. Making the students respect, and, understand the differences, were our main goal. On the otherside, the school has also been encouraged to welcome these students more friendly. This workshop was realized on November 3rd, 2014 in a discipline curricular and mandatory discipline in Universidade Estadual de Londrina (UEL). The development of this work has gone through some steps whose relies on our methodology, which includes readings of bibliographies, allowing us to carefully plan the activity and, of course, the application of "surveys" to the students involved in the workshop after its completion, as we were really interested on their vision about the activity held in their school. Following these procedures, the data collected was then analysed by us, making the final work possible. Keywords: Workshop; Inclusion; Disability

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1 Introdução Atividades como a que será relatada no presente artigo são de extrema relevância por contribuir tanto para a formação inicial de futuros docentes de Geografia quanto para sensibilizar alunos de escolas regulares acerca das dificuldades e desafios enfrentados diariamente por pessoas com deficiência, tentamos tocar os alunos por meio da empatia isso é, fazer com que eles se colocassem no lugar do outro; e mostrar que coisas fáceis do dia a dia podem ser muito difíceis para quem tem algum tipo e deficiência, portanto os deficientes além de serem respeitados merecem ser admirados por se adaptar as mais diversas adversidades impostas por uma sociedade que ainda não esta preparada para lidar com a deficiência como deveria. O tema do artigo é relevante principalmente pelo fato e ultimamente ter aumentado discussões acerca do tema inclusão de alunos com algum tipo de deficiência no ensino regular. O presente artigo surgiu como resultado de uma atividade da disciplina Ensino da Geografia e Estágio de Vivência Docente (6EST308), do 3º ano de Geografia, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). No tocante à metodologia houve levantamentos e leituras de bibliografias relevantes e condizentes à temática, processo de planejamento da oficina, confecção de questionários que foram aplicados aos alunos no fim da oficina pra termos um feedback acerca da mesma, além disso, houve sistematização dos dados coletados, redação preliminar, conversa com a orientadora e por fim, a redação final.

2 Panorama da deficiência no Brasil Antes de tecer considerações acerca do panorama da deficiência no Brasil é interessante apresentar um breve histórico sobre o tema que nos é apresentado por Fernandes, Schlesener e Mosqueira (2011), segundo os autores o modo como à sociedade lida com o deficiente é antes e tudo cultural, para eles a cultura define o processo de educação de um povo. Na história da humanidade houve períodos onde o deficiente carregava a imagem de deformação, de imperfeição humana, a deficiência era vista como castigo de Deus; as instituições que os abrigavam, protegiam e educavam os deficientes, os excluíam ao mesmo do convívio social. Ainda segundo os autores, no século XX é possível ver uma grande mudança no tratamento que os deficientes passaram a receber, eles começaram ser considerados cidadãos, nesse período iniciou-se uma atenção especializada, e a realização e estudos, para aprofundar conhecimento acerca das deficiências, houve também uma preocupação com a educação dos deficientes. No Brasil o atendimento escolar para pessoas com deficiência começou com o decreto nº 1.428 de 12 de setembro e 1854 com a criação de “Imperial Instituto Dos Meninos Cegos” que atualmente é o

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Instituto Benjamin Constant. Em 1857 o Imperador Dom Pedro II funda o “Imperial Instituto De Suros Mudos” o atual Instituto Nacional De Educação De Surdos (INES), naquele período o instituto recebia surdos dos quatro cantos do país, a maioria abandonada pela família. Com relação ao Paraná, o Instituto Paranaense de Cegos é fundado em 1939, os autores chamam a atenção para o fato de: Ao verificar nas datas da fundação do primeiro Instituto de Cegos no Rio de Janeiro em 1854 e o Instituto dos Cegos do Paraná em 1939, percebemos a morosidade de implantação de serviços para o atendimento especializado descentralizado das grandes capitais e também a falta de atendimento para outras deficiências. (FERNANDES; SCHLESENER; MOSQUEIRA, 2011, p. 138).

Assim, podemos observar com base em dados da UNICEF trazidos por Kasper, Loch e Pereira (2008) que dos mais de 500 milhões de pessoas com deficiência no mundo, 140 milhões são crianças; os autores trazem também dados da ONU (2005), onde para os países em desenvolvimento a estimativa das pessoas com deficiência fica entre 12 e 15%, podendo chegar até mesmo a 20% do total da população. Ainda com relação ao IBGE, o instituto diferencia deficiência física da motora, como pode ser vista no trecho a seguir: [...] para as pesquisas estatísticas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2003, foi utilizada uma classificação que distingüe a deficiência física da deficiência motora, considerando como deficiência física apenas a tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente e a falta de membros ou parte deles (perna, braço, mão, pé ou dedo polegar). A deficiência motora foi caracterizada como sendo a incapacidade ou grande dificuldade, ou ainda alguma dificuldade permanente de caminhar ou subir escadas. (SANTOS, SILVA, 2008, p. 143).

Kasper, Loch e Pereira (2008) traz a deficiência no Brasil, divida por região, e como ela se espacializa no território, sendo possível fazer uma regionalização, do total de 14,5% da população brasileira em 2000 com deficiência, 4,3% eram crianças na faixa de idade entre 0 a 14 anos, idade onde se espera que essas crianças já frequentem o espaço escolar; na Região Sul, a faixa que correspondente às crianças e adolescentes de 0 a 14 anos correspondia a 3,7%. Os autores chamam atenção ao fato do numero de deficientes no país terem aumentado em relação ao censo realizado em 1991. Ainda segundo os autores os 14,5% do total de pessoas com deficiência no Brasil se divide da seguinte maneira: 1,24% da população com deficiência mental; 0,59% com deficiência física; 2,42% com deficiência auditiva; 6,97% com deficiência visual; e por fim 3,32% com deficiência motora.

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3 Panorama da deficiência na educação Kasper, Loch, e Pereira (2008) trazem dados extraídos de fontes como IBGE e INEP referentes a alunos com deficiências em escolas públicas de ensino fundamental, a fim de trazer uma perspectiva acerca da realidade das escolas brasileiras e de Santa Catarina e contribuir para com o debate sobre a inclusão. Os autores nos trazem alguns dados referentes ao numero de crianças fora da escola, segundo o texto dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) mostra que 2,8% de crianças de 7 a 14 anos em 2003 estão fora da escola. O Censo Demográfico do IBGE (2000) mostrou que quase 1,5 milhões de crianças desta mesma faixa estão fora da escola, circunstancias como a deficiência contribuem para exclusão de alunos para se ter ideia, ainda segundo o IBGE, entre os jovens com 15 anos ou mais (com um tipo de deficiência pelo menos) 32,9% têm no máximo dois anos de escolaridade. Segundo Fonseca e Torres (2012) a taxa de desistência e repetência de alunos com deficiência diminuem com a aplicação de novas propostas pedagógicas, na verdade garante maior rendimento desses alunos. O Censo Escolar elaborado pelo INEP mostra a tendência na queda de matrículas de alunos com deficiências em escolas especiais, e aumento na rede de escolas regulares. Também é possível observar diminuição das matrículas dos alunos com deficiências na rede privada de ensino, isso mostra que a inclusão dos alunos com deficiências precisa ser consolidada, e ainda possui um caminho a ser trilhado (KASPER, LOCH, PEREIRA, 2008). Com relação aos números do Ensino Fundamental: Com relação aos alunos com deficiência matriculados no ensino fundamental em escolas públicas e particulares, no ano de 2004, estes somavam 535.367 estudantes, e a maior parte recebia atendimento na rede pública de ensino, sendo exceção de acordo com os dados do INEP os estudantes com deficiências mentais, deficiência múltipla e surdez. Analisando-se os dados, percebe-se que nos anos de 2003, 2004 e 2005 houve um aumento significativo das matrículas dos alunos com deficiências, com uma ampliação na esfera pública. Além de superar a esfera privada em número de matrículas a partir do ano de 2002, as escolas públicas em 2004 já concentravam 57,7% desses alunos (INEP, 2005 apud. KASPER; LOCH; PEREIRA, 2008, p. 241).

Biaggio (2007) concorda com o fato do número de crianças com algum tipo de deficiência aumentar na rede regular, e esse fato vem crescendo a cada ano, e segundo ela, isso é resultado da mobilização social, no passado o atendimento educacional a crianças com deficiência era papel quase exclusivo de escolas especiais, essa dinâmica trouxe consequências negativas como, por exemplo, o

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fato das crianças serem incapazes de conviver com outras sem deficiência. Ao analisar casos isolados é possível encontrar aqueles que contradizem essa pesquisa como, por exemplo, uma pesquisa realizada por alunos de geografia em Uberlândia realizada por Santos e Silva (2008), onde segundo eles ao procurar alunos com deficiência para integrar o projeto, os estudantes tiveram dificuldades para encontra-los em escolas ditas normais, a maioria dos alunos estavam estudando em colégios de ensino especial. Mesmo tendo o direito de estudar em colégios da rede regular assegurado: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL, 1988, Art. 208). É importante ressaltar que existem leis para assegurar o acesso de alunos deficientes, eliminando barreiras e permitindo promovendo recursos humanos e materiais necessários como a Lei 10.098/2000 e a Lei 10.172/2001, como afirma Fonseca e Torres (2012), e ainda na constituição “A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência” (BRASIL, 1988, Art. 227); mas na maioria das vezes essas leis não se aplicam, quando de novo retornamos ao relato de experiência de Santos e Silva (2008) onde segundo eles, nas escolas que eles visitaram existiam varias barreiras arquitetônicas, dificultando a locomoção e o acesso aos locais, a maior dificuldade era com relação aos cadeirantes. Biaggio (2007) mostra que há diferença entre educação inclusiva e educação especial, para ela a educação inclusiva tem por objetivo eliminar a exclusão, para garantir igualdade, propiciar a participação de todos os alunos, com foco naqueles vulneráveis à marginalização e exclusão. A educação especial visa promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas com deficiência, autismo, síndromes ou altas habilidades/superdotação. Para Fonseca e Lima (2012) a educação inclusiva trabalha em prol da melhoria da escola quando utiliza recursos para fomentar o processo ensino-aprendizagem e na inclusão de alunos portadores de necessidades especiais; nesse sentido o processo de inclusão objetiva a ampliação da capacidade das crianças com deficiências. Na educação especial, diferenças são consideradas normais, e a escola deve responder as necessidades de todo os alunos possibilitando uma educação digna. Um documento que merece destaque pela sua relevância nas discussões acerca da inclusão é a Declaração de Salamanca; Segundo o documento UNESCO (1994), se reuniram em Salamanca em 1994 mais de 300 participantes, com objetivo de promover o objetivo da educação para todos; o documento final tem como principio a inclusão e a luta por uma educação para todos, nesse sentido, ocorreu uma estratégia global em prol da educação para crianças e jovens com necessidades

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educativas especiais. Uma pedagógica centrada na criança beneficia todas as camadas da sociedade. O mesmo documento afirma que os governos e os programas cooperativos internacionais devem apoiar a educação de alunos com necessidades especiais como parte integrante de todos os programas educativos. Com relação às escolas elas que devem se ajustar aos alunos e não ao contrario, a linguagem gestual para alunos surdos, por exemplo, deve ser reconhecida como meio de comunicação; outra forma de adaptação das escolas deve ser com relação ao seu currículo; e rever os processos de avaliação. As escolas regulares devem abrir as portas para todos independente das condições físicas, sociais, linguísticas, etc. Com relação à formação de professores, a declaração de Salamanca diz que: É preciso repensar a formação de professores especializados, a fim de que estes sejam capazes de trabalhar em diferentes situações e possam assumir um papel chave nos programas de necessidades educativas especiais. Deve ser adoptada uma formação inicial não categorizada, abarcando todos os tipos de deficiência, antes de se enveredar por uma formação especializada numa ou em mais áreas relativas a deficiências específicas. (UNESCO, 1994, p. 28)

É nesse panorama que a oficina de sensibilização realizada mostra sua importância, pois através dela houve um contato entre a universidade e uma escola publica de ensino regular, a fim de contribuir na busca por essa escoa inclusiva, e tornar os alunos mais tolerantes com relação às diferenças.

4 Resultados e discussão Maria Denise Pletsch (2009) analisa em seu trabalho a formação de professores no Brasil com ênfase na inclusão de pessoas com necessidades especiais. Segundo ela nos últimos 10 anos ocorreram avanços em relação à formação de professores, como por exemplo, a lei de diretrizes e bases da educação brasileira (LDB 9394/96) de 20 de dezembro de 1996 que tinha como objetivo, iniciar mudanças em todos os níveis de educação desde os anos iniciais até ensino superior. Segundo a autora a LDB reafirma o ensino superior como desejável; a formação em nível superior é uma das medidas essenciais para que ocorram medidas educacionais efetivas; por conseguinte, o investimento na formação docente em nível superior por si só não resolverá a complexidade dos problemas educacionais brasileiros. A formação deve atender as necessidades e os desafios da atualidade. A autora destaca a reposta de diretrizes para a formação de professores da educação básica em cursos de nível superior, onde o referido documento aponta para uma revisão urgente no processo de formação de professores entre os problemas centrais apontados pode-se destacar o distanciamento das licenciaturas e o exercício da profissão nos ensino fundamental e médio.

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Para Pletsch (2009) estudos recentes tem ressaltado a importância da melhoria a formação de professores, para ela a falta de preparo impede o professor de responder à altura as necessidades do aluno especial. Portanto, os cursos de formação necessitam contribuir para que os professores possam desempenhar seu oficio de maneira responsável e satisfatória, mas infelizmente - de maneira geral - as licenciaturas não estão preparadas para formar professores. Pautado nos pressupostos acima citados, houve a ideia de realizar a oficina que será descrita a seguir, entendemos que ações com essa traz benefícios tanto aos alunos do colégio que vão ter acesso a discussões acerca da temática, como para os estudantes de graduação que terão contato cada vez maior com a escola e tentar superar a deficiência que os cursos de licenciatura têm na formação de professores aptos lidar com alunos com necessidades especiais. A oficina de sensibilização sobre deficiência motora foi dividida em quatro partes: (1) explicativa (2) prática, (3) discussão e (4) feedback. Usou-se como base o material do Ministério da Educação (secretaria de educação especial), chamado “Projeto Escola Viva: garantindo o acesso e permanência de todos os alunos na escola: necessidades educacionais especiais dos alunos”. O objetivo da oficina era fazer os alunos experimentar a rigidez muscular. A primeira parte consistia em uma breve explicação sobre a deficiência que seria abordada por meio da oficina - no caso a deficiência motora – buscamos diferentes linguagens para dar resaldo a explicação, a explicação ocorreu de forma oral e com um vídeo. Durante as atividades seguimos as recomendações do material explicativo, como pode ser visto a seguir: Explique que a rigidez que eles sentiram nos braços e nos dedos é muito parecida com a rigidez muscular, que a maioria das pessoas com paralisia cerebral tem, muitas vezes no corpo todo. Para elas, é muito difícil relaxar os músculos. O profissional que procura ajudar as pessoas com paralisia cerebral a ficarem com a musculatura menos rígida, chama-se fisioterapeuta. Para isso, o fisioterapeuta usa jogos e atividades parecidas com aquelas que foram feitas depois da simulação. (BRASIL, 2005, p. 19)

Depois teve inicio a segunda parte, a parte prática, foram selecionados alunos voluntários que se dirigiram na frente da sala para participar da dinâmica, os materiais usados na oficina foram pares de meias grossas e um jaleco e uma fita adesiva. Primeiro foi passado a fita adesiva ao redor das mãos dos alunos que participaram da dinâmica, depois foi colocada a meia e vestido o jaleco, o objetivo da gincana era abotoar e desabotoar o jaleco. Com o termino da gincana teve inicio a discussão, ou seja, a terceira parte, onde os alunos foram na frente da sala e fizeram um relato de experiência aos colegas, eles responderam questões como:

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 Como você se sentiu vestindo e abotoando a camisa com as luvas nas mãos?  Você se sentiu envergonhado?  Você imaginava que seria tão difícil fazer uma atividade que para a maioria das pessoas é algo simples? Os alunos que foram voluntários relataram a dificuldade que sentiram para realizar uma tarefa que para eles era algo banal. Um dos melhores momentos da oficina foi quando a sala toda – inclusive o professor - começaram a contar experiências e se envolver nas discussões, eles se lembraram de uma aluna que frequentava a escola, e enfrentava dificuldade, pois a escola não estava adaptada para recebê-la. Por fim, os estudantes responderam um questionário, elaborados pelos ministrantes da oficina, essa foi a quarta parte da oficina, ou seja, o feedback necessário, para entendermos ate que ponto a oficina foi relevante e necessária. Os resultados do feedback será apresentado a seguir: Ao concluir a oficina e fazer uma interessante discussão com os alunos foi aplicado um questionário, para ver ate que ponto a oficina foi importante e contribuiu para conscientização e sensibilização dos alunos. Na questão 1 foi perguntado para os alunos se eles já tinham tido alguma aula, oficina o outra forma de abordagem que tratasse do tema “inclusão”, nas duas salas 100% dos alunos responderam “não”, ou seja o tema nunca tinha sido abordado, como pode ser visto na tabela 1, que retrata o índice de alunos que já tiveram uma experiência parecida com oficina. Tabela 1: Resposta dos alunos Sala 1 Sala 2

Número de Alunos Sim Não 14 0 100% 28 0 100%

Fonte: Dados do questionário aplicado pelo autor Na questão 2 os alunos foram questionados se ao sair da oficina, os alunos sairiam com um maior respeito e preocupação pra os problemas enfrentados pelos alunos deficientes, como por exemplo a falta de acessibilidade, todos responderam “sim”, como pode ser visto a seguir na tabela 2, que retrata o índice de alunos que relataram ficar mais sensível com dificuldades enfrentadas por pessoas com alguma deficiência motora. Tabela 2: Resposta dos alunos Sala 1 Sala 2

Número de Alunos Sim Não 14 100% 0 28 100% 0

Fonte: Dados do questionário aplicado pelo autor Na questão 3 foi solicitado para os alunos darem uma nota de 0 a 10 para a oficina, como

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pode ser visto na figura 1. Foi possível ver que os alunos gostaram e deram um nota alta para a oficina, somente um aluno na “sala 1” deu uma nota baixa (nota 4), fora esse caso isolado as outras notas foram superior a 7. Para concluir na “sala 1”, 78,5% dos alunos deram para a oficina nota 10, já na sala 2 a oficina recebeu nota 10 por 57,1% dos alunos.

Notas- Sala 2

Notas - Sala 1 Nota 04

Nota 07

Nota 08

Nota 08

Nota 09

Nota 09

Nota 10

Nota 10

Figura 1: Nota dada pelos alunos para a oficina aplicada Fonte: Dados do questionário aplicado pelo autor

Considerações Finais Resumindo, podemos dizer que o professor deve valorizar a diversidade como aspecto importante no processo de ensino-aprendizagem. Além disso, necessita ser capaz de construir estratégias de ensino, bem como adaptar atividades e conteúdos, não só em relação aos alunos considerados especiais, mas para a prática educativa como um todo, diminuindo, assim, a segregação, a evasão e o fracasso escolar. (PLETSCH, 2007, p. 149)

Com base nas leituras e na experiência empírica proporcionada pela oficina, foi possível entender que mais que pertinente, à discussão acerca da inclusão é necessária. Mesmo com o aumento das discussões acerca da temática debatida, leis e resoluções que garantam o acesso de alunos deficientes ao ensino regular o assunto é pouco abordado dentro dos colégios, no caso do colégio visitado os alunos nunca tinham tido um contato maior com o tema, e isso é preocupante já que para ocorrer de fato à inclusão, é necessário que o aluno além de estar inserido na sala suas diferenças sejam respeitadas principalmente pelos colegas de sala. É necessário mais experiências como a que foi relatada no presente artigo, pois além de aproximar a universidade da comunidade externa, atividades assim contribuem para formação de futuros professores e dos alunos do colégio. Consideramos ações como esta de extrema necessidade nos cursos de licenciatura como um caminho possível a ser trilhado a fim de reverter à deficiência dos cursos de licenciatura na formação e professores aptos a lidar com a educação inclusiva.

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