Olaria Mariense: Registos Paroquiais, Breves Considerações
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Olaria Mariense Registos Paroquiais: breves considerações
Img.1 -Oleiros marienses do século XX
João Melo*
Resumo: O documento aqui apresentado debruça-se sobre a fonte arquivística entendida como os registos paroquiais, procurando dar a conhecer o seu potencial para o tema da cerâmica local e as problemáticas e obstáculos que são inerentes à sua análise.
Abstract: The present text addresses the document that is understood as parochial records, seeking to share its potential to the growing knowledge of the mariense pottery subject, along with the issues and obstacles that are inherent to their analysis.
1
Introdução Actualmente tem-se assistido a um progressivo incremento da promoção da temática da cerâmica açoriana, recentemente traduzida numa obra que reúne toda a informação acerca do assunto1. Por outro lado, esse estudo tem vindo a ser materializado em projectos de investigação arqueológica, os quais, directa ou indirectamente, acabam por lidar com o material pertinente ao tema em mãos. Entre essas intervenções é merecido destacar aquelas que se realizaram em território mariense, nomeadamente, os trabalhos no forte de São João Baptista na Praia Formosa, e a escavação do forno na rua dos Oleiros em Vila do Porto. Ambos têm resultado na recuperação de espólio cerâmico, mas, até ao momento, é sem dúvida o forno, devido à natureza do seu contexto, que tem nos providenciado com um número considerável de material para estudo. Contudo, exumado
tem
insuficiente
o
conjunto
se
revelado
quando
se
pretende explorar o passado dos indivíduos responsáveis pela
sua
criação.
Entre Img.2 – Forno, Rua dos Oleiros
milhares de remanescentes cerâmicos, são raros aqueles que nos felicitam com alguma indicação directa sobre quem os manufacturou, particularmente no contexto mariense, onde, salvo um único exemplar em museu, não foi, até ao momento, recuperado mais nenhum artefacto que possuísse essa informação. Consequentemente, a fim de desbravar o manto que cobre as origens da olaria mariense, foi e está a ser feito de modo contínuo um trabalho de pesquisa arquivística, do qual se partilharão agora algumas considerações, mas, acima de tudo, resultados, dificuldades e perspectivas futuras.
1
“Cerâmica dos Açores”, Centro Regional de apoio ao Artesanato, Vice – Presidência do Governo, 2014.
2
Definição A investigação consiste na consulta dos registos paroquiais da ilha de Santa Maria2, em concreto, a análise das entradas relativas a Baptismos e Casamentos, uma vez que os dados que se buscam só se encontram, até ao momento, nesses campos. O seu enquadramento geográfico ficou restringido à freguesia de Assunção, pois os núcleos oleiros que se conhecem actualmente estavam confinados a Vila do Porto. Quanto aos parâmetros cronológicos, explicar-se-á o porquê da dificuldade no seu estabelecimento e o motivo pela sua aparente incerteza.
Objectivo A motivação que suporta esta pesquisa passa pela curiosidade e necessidade de esclarecer as origens da olaria mariense, pois muito se tem tecido e dito acerca do tema, com a aparente concordância de como essas origens e influências estariam conectadas às vagas migratórias. Ao mergulhar na inesperada imensidão que é o contexto dos registos paroquiais, ambicionou-se identificar, primeiramente, os artesãos de Vila do Porto e, se possível, os mais antigos, precisando, em simultâneo, a sua localização de modo a entender a que centro oleiro teriam pertencido. Enquanto a pesquisa prosseguia, poderá dizer-se que foi colocada também como meta, embora, admita-se, não com a mesma prioridade do acima explanado, a identificação e análise familiar, uma vez que, como é sabido, a hierarquia nas antigas oficinais podia assentar em relações familiares.
Dificuldades O primeiro obstáculo que se impôs de imediato foi, sem dúvida, a caligrafia empregue nestes antigos documentos, pois são registos que recuam até à primeira década do século XVII e, face à falta de preparação no âmbito da paleografia, muitos destes pequenos textos se demarcam pela sua ilegibilidade. 2
Acessíveis em: http://www.culturacores.azores.gov.pt/ig/registos/Default.aspx
3
Como seria de esperar, quanto mais antigo é o documento, pior é o seu estado de conservação, pois muitos se encontram deteriorados ao ponto de se verificar a perda total de algumas entradas ou resultar numa leitura parcial, logo, incompleta das mesmas. Outra condicionante que afectou o estudo foi os critérios utilizados aquando da elaboração dos registos, ou mais indicado será dizer como se criou uma expectativa quanto ao tipo de informação que se ia encontrar, porque, em primeiro lugar, foram consultados documentos mais recentes, os quais, comparativamente com os mais recuados, são evidentemente mais completos. Consequentemente,
foram
tiradas
conclusões
precipitadas
e
erróneas,
nomeadamente pensar que nos mais antigos não eram apontadas as profissões dos indivíduos do sexo masculino, neste caso, dos pais do recém-nascido, parâmetro basilar da investigação. A definição cronológica, referida anteriormente, seria então difícil de determinar, requerendo assim a explicação de como foi feito o processo de identificação.
Discussão De modo a rastrear os oleiros de uma primitiva Vila do Porto, destaca-se um aspecto fundamental: a presença das palavras oleiro ou oficial de oleiro, sem as quais, evidentemente, não seria possível registar os artesãos de outrora. Em determinado momento na pesquisa, talvez motivado pela frustração na ausência de resultados, a simples referência da profissão dos indivíduos do sexo masculino foi vista positivamente, principalmente nas entradas mais recuadas, o que poderia evidenciar uma mudança no que concerne à informação que era registada. A título de exemplo, apresenta-se o seguinte cenário: motivado pela condição e legibilidade do texto, o parâmetro cronológico mais antigo, inicialmente, definiu-se pela última vintena do século XVIII (1783), pois, nos Baptismos, foi a partir desse momento que se reparou que as ocupações dos indivíduos masculinos eram mencionadas. Contudo, após renovado esforço, efectuou-se uma nova consulta dos registos mais antigos e, inteiramente por acaso, encontrou-se a transcrição parcial
4
feita pela BPARPD para alguns dos registos compreendidos entre os anos 16671697, o que permitiu recuar esse limite cronológico em cerca de uma centúria. Este achado aleatório possibilitou também atestar ao grau de evolução da quantidade de informação colocada nestes documentos, a qual, como se tem transmitido ao longo deste trabalho, melhorou progressivamente.
A fim de ilustrar como podem ser diferentes, veja-se esta comparação entre os seguintes textos: Freguesia: Assunção
Série: Baptismos
Cronologia: 1667-1697
638. Bárbara, filha de Manuel da Costa, oleiro, e de Maria da Fonte; b.a 14-2-1680, foi padrinho Pedro Cabral e madrinha Maria de Moura, mulher de Domingos da Fonte Madeira [Fls.64]. Freguesia: Assunção
Série: Baptismos
Cronologia: 1783 - 1796
Pg.0019. Francisco Filho de António Joachim official de oleiro e de sua mulher Ignacia Rosa naturais desta Matriz da Nossa Senhora da Assumpção desta Villa do Porto ilha de Santa Maria moradores na rua da Misericórdia desta dita villa neto pela parte Paterna de Manuel Joze Coutinho e de sua mulher Anna Maria e pela parte Materna neto de Manuel de Souza e de sua mulher Luzia (?) Francisca todos naturais desta (?) dita villa nasceu em os vinte e dois dias do mês de Dezembro de mil sete centos oitenta e três annos digo nasceu em os quatorze dias do dito mês e foi baptizado nesta Matriz Parochial de Nossa de seus Pais e nos vinte e dois dias do mesmo mês de Dezembro foi por mim Pedro Baptista Melo (?) foram padrinhos Francisco Jose homem marítimo e sua mulher Margarida Ignacia moradores na Rua da (?) desta mesma villa foram testemunhas Reverendo (?) Beneficiado desta Matriz Francisco Xavier Puim e Jose Baptista Monteiro que comigo asignaram dia, mês e anno (?)
A primeira entrada já é uma transcrição do texto original pelo que, aparentemente, não se trata de uma, digamos, tradução literal, contendo somente a informação
5
essencial. De qualquer modo, essa cópia reflecte a simplicidade do registo original, o qual apresenta uma descrição sucinta do ocorrido. Nesse primeiro texto a informação que pode ser retirada é o nome do recémnascido, dos pais, a profissão do pai, data de nascimento e quem foram o padrinho e madrinha. Comparativamente, observamos de imediato o quanto mais completo é o registo do século XVIII. Além dos parâmetros constatados naquele do séc. XVII, vemos outros critérios, designadamente, a naturalidade dos pais da criança, a sua morada, a referência dos avós paternos e maternos e a sua respectiva naturalidade, o local do baptismo, a ocupação do padrinho e a morada de ambos, além da menção das testemunhas do sucedido. Quando se prossegue com a pesquisa, nota-se o dito carácter aleatório do registo, pois por vezes é apontada a profissão da mãe, dos avós, do padrinho e das testemunhas.
Abaixo, apresentam-se três quadros onde estão reunidas 59 entradas, as quais estão dispersas por 3 centúrias. Neste registo é aparente a descontinuidade acima referida, ora devido à inexistência de parâmetros ou pelo formato de amostragem que o trabalho acaba por assumir, pois face a quão vastos são os registos paroquiais, optou-se, por agora, reunir algumas das entradas de três séculos diferentes. Constatar-se-á que entre estes 59, vários dos nomes repetem-se ao longo dos anos, o que pode influenciar uma contagem mais precisa dos artesãos marienses. Contudo, essa repetição não deixa de ser útil, já que possibilita, até certo ponto, perceber até quando um determinado oleiro permaneceu em funções, isto é, no caso daqueles que tiveram múltiplos filhos ou que estiveram envolvidos, de uma forma ou outra, em várias cerimónias. Veja-se, a título de exemplo, o oleiro Baltasar Andrade, operando no século XVII, o qual é mencionado três vezes entre os anos 1682 e 87, ou Agostinho José de finais do século XVIII, que surge em 1778 e cuja última menção data do ano 1790, compreendendo um período de 12 anos. Poderá então ser possível dizer, ou, no mínimo, deduzir que estes oleiros exerceram a sua actividade ao longo destes ciclos em que estão aqui balizados.
6
Independentemente, a fim de melhor precisar os registos, logo, excluindo a repetição dos nomes, contabilizam-se 13 indivíduos identificados como oleiros, a maioria dos quais no século XVII, 30 oficiais de oleiro e 5 oficiais de telheiro, ambos distribuídos entre os finais do séculos XVIII e XIX. Seis desses oleiros laboraram no séc. XVII, 5 no séc. XVIII e 1 no século XIX, deixando-se um de fora porque, ao rever o quadro, notou-se que Francisco Inácio aparece mencionado como oleiro e oficial de oleiro. Com respeito àqueles rotulados como oficiais de oleiro, registam-se 21 indivíduos como tal no séc. XVIII e 8 no século XIX. A partir dos ditos quadros, é possível extrapolar ainda mais alguns dados, nomeadamente a aparente ausência de oficiais de oleiro durante o século XVII, situação que pode reflectir uma eventual simplificação ou omissão parcial do seu título, algo a que se assiste em exemplos posteriores, uma vez que alguns artificies surgem identificados como Oleiros em certas entradas e Oficiais de Oleiros em outras. Igualmente evidente é como o registo, em especifico, da morada evolui progressivamente com as centúrias. No século XVII essa especificidade é inteiramente ausente, sendo apenas possível inferir que, uma vez que a consulta se restringe à freguesia da Assunção, as ocorrências se tenham verificado dentro de um limite primitivo de Vila do Porto. Ao entrar no século XVIII, já se constatam apontamentos ligeiramente mais completos, embora aquém daquilo que seria desejável para uma delimitação do espaço em que funcionaria a olaria mariense. Só na década de 80 do dito século é que se verifica alguma variação neste âmbito, com algumas entradas registando lugares como Salvaterra, Flor da Rosa, ou as raras menções de ruas como a Rua da Misericórdia ou Rua Nova. Neste último caso, essa poderia ser a designação primitiva concedida à rua conhecida hoje como Rua dos Oleiros, uma vez que em alguns documentos, em particular, o livro de registo predial de finais do século XIX/início de XX, encontram-se algumas entradas onde essa artéria urbana está identificada como Rua Nova dos Oleiros, daí a associação. Quanto ao século XIX, é claro como é mais abragente o preenchimento desse parâmetro comparativamente às centúrias anteriores, pois na maior parte dos registos são enunciados os nomes das ruas, alguns dos quais hoje já estão
7
alterados, como a Rua da Cruz que actualmente é a Rua Teófilo de Braga, e a Rua ou Lugar do Arrabalde que se localiza hoje nas proximidades do actual Hotel Praia Vila do Lobos Assim sendo, relativamente aos primeiros dois séculos aqui abordados, conclui-se que não há informação suficiente para arriscar a dita delimitação do espaço onde se encontravam estes oleiros, ou, ao menos, onde viviam, porque há que ter em conta que o local de habitação e trabalho de um oleiro podiam ser diferentes, embora pudesse ser habitual que a tenda do artesão fosse um espaço confinado no piso térreo. No ortofotomapa à esquerda estão identificados os eixos urbanos mencionados nos registos. ▪ Amarelo: Lugar/rua do Arrabalde ▪ Vermelho: Rua dos Oleiros ▪ Azul: Rua Teófilo de Braga (Rua da Cruz) ▪ Verde: Rua da Misericórdia Evidentemente, que
os
isto
registos
demonstra estão
em
concordância com o cenário que é pintado nas fontes arquivistas em relação à olaria mariense: que parte dos artesãos estava centrada na vila propriamente dita. Contudo, como foi dito acima, a Fig.1 –Ortofotomapa 1:10000
quantidade de dados é insuficiente para esclarecer essa questão. Essas fontes, por norma, estabelecem dois centros cerâmicos: a rua dos Oleiros e Santo Antão. Por outro lado, o que é necessário ter em conta aqui é que estas são as artérias onde se localizavam as habitações destes indivíduos e não, possivelmente, os sítios onde se empregavam. Somente no caso daquele que habita na dita Rua Nova é que se poderia fazer esse argumento, embora, como foi exposto acima, o carácter
8
artesanal da industria oleira mariense pode significar que o espaço que compreendia tanto a habitação como o local onde o oleiro trabalhava podiam ser o mesmo.
9
Baptismos Número
Data
Identificação
Morada
1
14-21680
Manuel da Costa
Não identificada
Oleiro
Pai
1667 – 1697
Pág.0190 Nº 638
2
3-111680
Manuel Teixeira
X
Oleiro
Pai
X
Pág.0192 Nº 668
3
24-41681
Manuel Costa
X
Oleiro
Pai
X
Pág.0193 Nº684
X
Oleiro
Pai
X
Oleiro
Pai
X
João de Freitas
X
Oleiro
Padrinho
X
Baltasar de Andrade
X
Oleiro
Pai
X
Manuel da Costa
X
Oleiro
Pai
X
Baltasar Andrade
X
Oleiro
Pai
X
Manuel da Costa
X
Oleiro
Pai
X
Manuel da Costa
X
Oleiro
Pai
X
Não identificado
X
Oleiro
Pai
X
Pág.0228 Nº118
X
Oleiro
Pai do padrinho
17771783
Pág.008
Testemunha
X
Pág.0011
Padrinho
X
Pág.0025
Padrinho
X
Pág.0027
Pai
X
Pág.0030
7
5-71682 21-91682 2-41683 2-81684
8
19-81686
4 5 6
11
24-51687 24-91691 30-121693
12
(?)-61696
9 10
Baltasar de Andrade Melchior de Andrade
13
1-5-1777 José de Moura
14
5-6-1777 José (?)
17
27-111777 20-11778 14-21778
18
22-31178
15 16
19 20 21 22 23
Vila do Porto
Custódio José
Vila do Porto
António José
Vila do Porto
Francisco (?)
Vila do Porto
Custódio José
Caetano de 3-4-1778 Andrade & José de Sá Francisco dos 4-9-1778 Reis 13-9Agostinho José 1778 27-3Duarte Francisco 1779 16-5Francisco Caxias
Ocupação
Oficial de oleiro Oficial de oleiro Oficial de Oleiro Oficial de Oleiro
Relação
Série
X
Registo
Pág.0196 Nº727 Pág.0197 Nº738 Pág.0197 Nº747 Pág.0199 Nº767 Pág.0201 Nº795 Pág.0203 Nº815 Pág.0212 Nº944 Pág.0221 Nº1046
Vila do Porto
Não Identificado
Padrinho
X
Pág.0031
Vila do Porto
Oficiais de Oleiro
Testemunhas
X
Pág.0034
Testemunha
X
Pág.0043
Pai
X
Pág.0044
Testemunha
X
Pág.0056
X
Pág.0060
Vila do Porto Vila do Porto Vila do Porto Vila do Porto
Oficial de Oleiro Oficial de Oleiro Oleiro Oleiro
Testemunha
10
Obs. Mesma pessoa do nº3
Mesma pessoa do nº1 Mesmo do nº 7
Pai defunto Mesmo do nº 4 Não tem relação com o nº1/3 Mesmo do nº 4/7 Mesmo do nº 1/3 Mesmo do nº 8 Mãe é Clara de Sousa Defunto
Poderá ser o mesmo do nº15
1779
24 25 26 27 28 29 30 31 32
22-51779
Vila do Porto
Francisco Xavier
Vila do Porto
Inácio José
Flor da Rosa
Agostinho José
Vila do Porto
Francisco Maciel
Vila do Porto
15-101783
Jerónimo de Andrade
Almagreira
Telheiro
22-121783 13-21784 1-101784
António Joaquim
Rua da Misericórdia
Inácio Sousa
Salvaterra
Agostinho José
Rua Nova
Oficial de Oleiro Oficial de Telheiro Oficial de Oleiro
(?)-51780 29-51780 29-61780 19-101780
33
30-101784
34
24-41786
35 36
37
Oficial de Oleiro
Custodio José
22-51786 13-121786 10-31787
João Pedro de Andrade & Manuel Duarte António Joaquim & João Francisco dos Reis Jerónimo de Andrade Francisco (?) de Rezendes Agostinho José de Jesus & João Francisco & Custódio José de Mello
Oficial de Oleiro Oficial de Telheiro Oficial de Oleiro Oficial de Oleiro
Pai
X
Pág.0060
Pai
X
Pág.0083
Pai
X
Pág.0086
Pai
X
Pág.0086
Testemunha
X
Pág.0092
Pai
17831796
Pág.0013
Pai
X
Pág.0019
Pai
X
Pág.0023
Pai
X
Pág.0034
Mesmo do nº21
Mesmo do nº27
Salvaterra
Oficiais de Telheiro
Pai & Avô Paterno
X
Pág.0035
Vila do Porto
Oficiais de Oleiro
Pai & Pai da Madrinha
X
Pág.0058
O mesmo António do nº30
Pai
X
Pág.0058
Mesmo do nº29
Pai
X
Pág.0062
Salvaterra Vila do Porto
Oficial de Telheiro Oficial de Oleiro
Rua Nova
Oficiais de Oleiro
Pai & Pai do Padrinho & Testemunha
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Testemunha Marido da Recipiente da criança & testemunha & Pai da testemunha
X
Pág.0075
X
Pág.0068
X
Pág.0069
14-31787
Francisco Xavier
39
17-101787
Jerónimo de Andrade & Francisco Inácio & João Francisco dos Reis
Vila do Porto
Oficial de Telheiro & Oficiais de Oleiro
40
14-21789
António Joaquim
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Pai
X
Pág.0095
41
4-101789
Joaquim de Freitas
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Avô Materno
X
Pág.0109
42
19-81790
Agostinho José de Jesus & Francisco Inácio
Vila do Porto
Oficiais de Oleiro
Testemunhas
X
Pág.0122
43
3-101790
Francisco Inácio
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Pai
X
Pág.0123
38
Não é o mesmo do nº18
11
Mesmo Agostinho do nº21/27/ 32
Mesmo Jerónimo do nº29/35; Mesmo João do nº 34 Mesmo do nº 35 e 30 Defunto Mesmo Agostinho do nº 21/27/32 /37 Mesmo do nº42
44
19-101790
Francisco Xavier
Vila do Porto
Oleiro
Testemunha
X
Pág.0124
45
8-8-1791 António Joaquim
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Pai
X
Pág.0132
46
4-3-1792 Francisco Inácio
Vila do Porto
Oleiro
Pai
X
Pág.142
47
10-71794
António João & José Gabriel
Vila do Porto
Oficiais de Oleiro
Testemunhas
X
Pág.0180
48
10-101794
António João
Vila do Porto
Oleiro
Testemunha
X
Pág.0184
49
22-111795
António José Joaquim
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
50
16-11796
51
17-111872
José Francisco de Vila do Porto Andrade & José Joaquim Vitorino Augusto Rua do Baptista Arrabalde
Telheiro & Oficial de Oleiro Oficial de Oleiro
52
9-121873
António Maurício Lugar do Travassos Arrabalde
53
17-11875
Manuel dos Reis
54
Arrabalde
4-7-1875 José Maria Cabral Rua da Cruz
Pai
X
Pág.0204
Pai & Testemunha
X
Pág.0206
Mesmo do nº 38 Mesmo do nº 30/35/40 Mesmo do nº 39/43 Filhos de João Francisco dos Reis
Mesmo do nº 30/35/50 /45
Pai
18701874
Pág.0040 / nº81
Oleiro
Pai
X
Pág.0044/nº 96
Oficial de Oleiro
Pai
18751879
Pág.0006/nº 9
Oficial de Oleiro
Pai
X
Actual rua Pág.0028/nº Teófilo de 60 Braga
55
12-121875
António (?) Baptista
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Padrinho
X
Pág.0041/nº 92
56
19-121875
Manuel Travassos
Arrabalde
Oficial de Oleiro
Pai
X
Pág.0043/nº Familiar 96 do nº 52
57
20-21876
José Pacheco de Figueiredo
Oficial de Oleiro
Pai
X
Pág.0010/nº 19
58
5-3-1876
Pai
X
Pág.0012/nº 24
59
25-31877
Pai
X
Pág.0009
António Travassos João Coelho Baptista
X Rua Nova Rua da Misericórdia
Oficial de Oleiro Oficial de Oleiro
12
Casamentos Número 1 2 3 4
Data Identificação 3-21869 24-61871 25101871 20121871
Morada
Ocupação Oficial de Oleiro Oficial de Oleiro
Relação
Registo
18651869 18701874
Pág.0005 Nº3 Pág.0005 Nº3
Obs.
José Pacheco
Vila do Porto
Manuel dos Reis
Arrabalde
Dâmaso José Lopes
Salvaterra
Telheiro
Testemunha
X
Pág.0011 Nº11
Manuel Maurício Travassos
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Noivo
X
Pág.0013 Nº14
Vila do Porto
Oficiais de Oleiro
Noivo & Testemunha
X
Págs.001 1/12 Nº11
Arrabalde
Oficiais de Oleiro
Noivo & Pai do Noivo
X
Pág.0003 Nº1
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Pai do Noivo
18751879
Pág.0005 Nº3
Rua Nova & Arrabalde
Oficiais de Oleiro
Testemunhas
X
Pág.0005 Nº3
Mesmos do nº 1 e 5
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Testemunha
18801884
Pág.0005 Nº3
Mesmo do nº7
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Testemunha
X
Pág.0005 Nº3
Mesmo do nº7 e 9
Noivo
X
Pág.0004 Nº4
João Coelho Baptista & Victorino Augusto Baptista António Maurício Travassos & Maurício Travassos Bernardino Joaquim de Freitas José Pacheco de Figueiredo & Victorino Augusto Baptista Bernardino Joaquim de Freitas
Testemunha
Série
Noivo
5
10-71872
6
14-11874
7
22-51878
8
22-11879
9
22-81880
10
28-41881
11
6-21882
Bernardino Joaquim de Freitas Manuel Pacheco Machado
12
1-61882
Manuel Travassos
Vila do Porto
Oficial de Oleiro
Testemunha
X
Pág.0007 Nº5
13
6-41883
Manuel Pacheco
Salvaterra
Oleiro
Testemunha
X
Pág.0005 Nº3
14
7-111883
José Joaquim da Graça
Salvaterra
Oficial de Telheiro
Noivo
X
Pág.0012 Nº13
15
6-71885
Manuel Machado dos Reis
Rua da Conceição
Oficial de Oleiro
Noivo
X
Pág.0010 Nº10
16
3-81886
José Lopes
Salvaterra
Oficial de Telheiro
Testemunha
X
Pág.0012 Nº12
17
11-101886
Salvaterra
Oficial de Oleiro & Oficial de Telheiro
Testemunhas
X
Pág.0016 Nº18
Manuel Pacheco Machado & José Lopes
Ribeira de São Oficial de Domingos Oleiro
13
Irmão do nº4
Mesmo do nº4
Mesmo do nº 11 & nº 16
18
20-111889
Amâncio Figueiredo
Rua da Boa Nova
Oficial de Oleiro
Noivo
X
Pág.0011/ 12 Nº14
Além da pesquisa nos baptismos, foi feita em paralelo uma investigação breve dos registos de Casamentos, cujos resultados estão expostos acima. Em um total de 18 entradas, excluindo as repetições, contabilizam-se 13 indivíduos ligados à produção de loiça e 4 ao fabrico de telha, alguns dos quais já se tinham verificado nos quadros dos baptismos, como Victorino Augusto Baptista, António Maurício Travassos, Manuel Travassos ou José Pacheco de Figueiredo. Com respeito a dados inéditos, estas entradas não acrescentam muito ao que já foi exposto, salvo algumas excepções, como o facto de um destes oleiros habitar na Ribeira de São Domingos, entendida hoje como sendo parte do sítio de Moinhos da Rocha, informação a partir da qual se pode inferir que, tendo em conta os meios disponíveis na época e a distância que teria de percorrer, este individuo laborasse no núcleo oleiro de Santo Antão. Regista-se também outro novo endereço, ou melhor, uma morada já referida mas agora sob outra identidade: Rua da Conceição, entendida como outra designação dada à Rua da Cruz, hoje Teófilo de Braga. Os dados exemplificam um caso a que se aludiu previamente, nomeadamente o facto de algumas olarias funcionarem segundo uma hierarquia de carácter familiar ou como esta arte seria progressivamente passada para os descendentes. Fala-se dos indivíduos António e Manuel Maurício Travassos, ambos filhos de Maurício Travassos, sendo os três identificados como oleiros. Por intermédio de familiares actuais, sabe-se que até meados do século XX se dedicava ainda a esta arte uma pessoa de nome Jacinto Maurício Travassos, que, segundo o seu neto Sr. António Alves, tinha a sua tenda na rua dos Oleiros, directamente a Sul do forno que foi alvo de intervenção arqueológica.
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Conclusão Da imensidão fragmentada que é esta fonte arquivista, a que conclusões se podem, finalmente, chegar? Entre centenas de registos parciais e ilegíveis, foi possível, até ao momento, obter algumas dezenas marcadamente importantes para o trabalho em mãos. Apesar disso, a informação, no fundo, não acarreta consigo contributo significativo, quando o objectivo passa por desvendar o vínculo entre o homem e o seu produto. Continua-se sem saber quem foram os artesãos que fabricaram a loiça arqueologicamente recuperada, ou quem foram as suas influências. Sabemos que essas origens jazem no continente, mas o trabalho aqui apresentado não permite recuar até a um momento cronológico em que seja possível especificar o local de onde viajaram os primeiros oleiros, posteriormente, insulares. Portanto, o objectivo traçado inicialmente, de compreender as origens da olaria mariense, ficou por alcançar. Porém, no decorrer da investigação, o procedimento de amostragem foi assegurado, já que se identificou uma variedade de artesãos ligados a este contexto, recuando até ao final do século XVII, algo que se provou ser inédito nesta investigação. Assim sendo, conseguiu-se elaborar uma listagem parcial de alguns dos antigos oleiros de Santa Maria, cuja utilidade se provará na eventualidade de alguém ter a felicidade de encontrar um artefacto que se encontre devidamente rotulado, facilitando assim todo o processo de associação. Além disso, esta amostragem poderá servir de base para o contínuo estudo das famílias de oleiros, um ponto que somente se abordou levemente neste trabalho, e que com certeza será de interesse, pois permitiria esclarecer que olarias funcionavam de acordo com uma hierarquia familiar, e a partir e até que momento no espaço cronológico o fizeram.
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Bibliografia BASTO, José Luciano Gonçalves, Um ilustre etnólogo e arqueólogo açoriano fala sobre a cerâmica popular das ilhas dos Açores, Sobral de Monte Negro, 1971 DIAS, Urbano de Mendonça, A vida dos nossos avós, Vila Franca do Campo: Tip. A Crença, 1944-1948 MARTINS, Rui de Sousa, A produção de cerâmica nos Açores: uma perspectiva sistémica, in Arquipélago. Ciências Sociais, Ponta Delgada: Universidade dos Açores, 1998, nº 11-12, vol.8, págs. 581 – 634 RIBEIRO, João Adriano, A olaria nos Açores: elementos para o seu estudo, Ponta Delgada: Direcção Regional do Comércio, Indústria e Energia, 1996 SOUSA, Élvio, “Ilhas de arqueologia: o quotidiano e a civilização material na Madeira e nos Açores: (séculos XV-XVIII)” dissertação de doutoramento apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 2013, págs. 209 – 279 & 382 – 412 Cerâmica dos Açores, Centro Regional de apoio ao Artesanato, Vice – Presidência do Governo, 2014. Documentos Electrónicos Registos
Paroquiais
dos
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acessíveis
em
http://www.culturacores.azores.gov.pt/ig/registos/
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