Olhar a cidade: o flâneur e o etnógrafo urbano

May 31, 2017 | Autor: Beatriz Salgado | Categoria: Walter Benjamin, Flaneur, Etnografia Urbana
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Beatriz Salgado Cardoso de Oliveira

Olhar a cidade: o flâneur e o etnógrafo urbano

Sessões Temáticas - Sessão 1: Antropologia Urbana Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Pesquisa fomentada pelo CNPq 0

Olhar a cidade: O flâneur e o etnógrafo urbano1 Beatriz Salgado Cardoso de Oliveira Mestranda de Ciências Sociais com ênfase em Antropologia da PUC-SP

1) Introdução A cidade é hoje objeto importantíssimo e ao mesmo tempo resistente ao antropólogo contemporâneo. Importantíssimo, pois a antropologia urbana vem ganhando espaço e tornando-se cada vez mais relevante na produção de conhecimento nas ciências sociais (VELHO, 2009, p.1). Por outro lado, a cidade também é resistente ao antropólogo, visto que ainda é difundida nas ciências sociais a visão de que a antropologia busca o estudo do exótico, do distante, não havendo lugar para o estudo do urbano (MAGNANI, 2002). Porém, é inegável o fato de que o objeto de estudo da antropologia sofreu importantes transformações, principalmente no que se refere ao trabalho de campo – o etnógrafo “clássico”2, realizava longas viagens, procurava conhecer o distante, o outro, o “selvagem” e “primitivo”. O etnógrafo contemporâneo, muitas vezes também chamado de pós-moderno (GOTTSCHALK, 1995; BORCHARD, 1998; JENKS E NEVES, 2000; SOUKUP, 2013), possui novos desafios - seu universo tem como um de seus principais campos de estudo a cidade, na qual o outro pode ser ele mesmo e onde o exercício da alteridade torna-se muito mais complexo, pois a linha entre o familiar e o estranho é muito tênue. Acredita-se aqui que a resistência que a cidade impõe ao etnógrafo reside no fato de se transplantar, muitas vezes, os métodos antropológicos “clássicos” para a pesquisa na cidade, cujos aspectos são muito diferentes dos tribais. A cidade possui espaços maiores e mais complexos, povoados por multidões de pessoas, todas sujeitas aos processos de

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Este trabalho foi apresentado no XIII Seminário de Ciências Sociais da UFSCAR, em agosto de

2015, sob o título “O olhar do etnógrafo urbano: flânerie na grande metrópole do século XXI”. Modificações foram feitas após debate e agradeço aqui, imensamente, as considerações da Profa. Dra. Catarina Morawska Vianna, que tornaram possíveis reflexões e novas saídas a este paper. 2

Por etnógrafo “clássico” refiro-me aos autores clássicos da antropologia que tiveram destaque

por seus trabalhos etnográficos, como Bronislaw Malinowski, Marcel Mauss, Radcliffe Brown, Franz Boas, dentre outros. 1

globalização; são espaços porosos que contam com uma alta complexidade e dinamicidade no que tange às relações sociais, comportamento, apropriação e utilização de signos. Este desafio reflete-se em uma produção sobre antropologia urbana, tanto nacional como internacional, permeada por grande arcabouço de ideais e abordagens, muitas vezes contrastantes. Um levantamento e análise de bibliografias sobre etnografia e etnografia urbana produzidas a partir de 1990 até o período atual, revelou algumas questões e formas de construção de conhecimento em comum, porém é perceptível que o campo da etnografia de sociedades complexas ainda está em desenvolvimento - uma grande quantidade de questões é abordada dentro de um mesmo artigo e difícil torna-se a tarefa de traçar e consolidar quais são as abordagens e questões mais relevantes sobre este campo na agenda de pesquisa atual. Diante dessa aparente desordem, procurei aqui abordar uma questão em comum, que permeasse toda a bibliografia estudada. A escolha de tal questão me foi esclarecida quando da leitura de um artigo do professor José Cantor Guilherme Magnani que, na ocasião de uma conferência internacional3, publicou o artigo No meio da trama: a antropologia urbana e os desafios da cidade contemporânea (MAGNANI, 2009). Abordando ideias já exploradas em artigo anterior (MAGNANI, 2002), Magnani aponta uma questão de interesse comum dentre todas as diferentes abordagens da antropologia urbana - o olhar etnográfico. Esta comunicação pretende apresentar a literatura revisada, relacionando a problemática do olhar etnográfico à literatura benjaminiana. O intuito é mostrar o potencial de contribuição da obra de Walter Benjamin para a etnografia urbana, projeto em andamento em minha dissertação de mestrado, Benjamin o leitor da cidade: novas perspectivas para a etnografia urbana, que conta com o auxílio de bolsa integral do CNPq, com previsão de conclusão em 2016. Aqui, o foco primordial será o olhar do flâneur sobre a cidade, explorado por Benjamin em seus textos sobre a Paris do século XIX e a literatura baudelairiana. A escolha por Walter Benjamin é facilmente justificável, visto que

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Trata-se da Primeira Conferência Internacional de Jovens Pesquisadores Urbanos, em 2007,

em Lisboa (FICYurb). 2

diversos textos do autor versam sobre a temática do urbano, cidades nas quais morou, pelas quais passou. Susan Sontag reitera que Benjamin teve uma (...) sutil, aguda e fantasmagórica relação com as cidades. A rua, o trânsito, os passeios cobertos, o labirinto são temas recorrentes em seus ensaios literários e, principalmente, no livro que planejara sobre a Paris do século XIX, bem como em suas obras e reminiscências de viagens (SONTAG, 1986, p. 87).

Desta forma, em primeiro lugar, essa comunicação versa sobre a efetividade da etnografia para a análise das sociedades ditas complexas. Em segundo lugar, procura-se, por meio de uma breve explanação, caracterizar a atitude e o olhar do flâneur na grande cidade. Em terceiro lugar, a literatura que versa sobre a relação entre flânerie e etnografia urbana é apresentada e problematizada. Posteriormente, apresenta-se uma experimentação etnográfica pessoal, em uma região central da cidade de São Paulo. O intuito é mostrar alguns resultados obtidos por meio da abordagem aqui proposta. Por fim, com base na literatura revisada e em minha experimentação etnográfica, apresento argumentos favoráveis e desfavoráveis à abordagem. 2) A favor da etnografia Este subtítulo faz referência ao livro de Mariza Peirano, publicado em 1992, e que leva o mesmo nome. Perante inúmeras críticas ao trabalho etnográfico, Peirano devolve o status merecido à etnografia, defendendo que sua prática faz parte da construção do conhecimento da teoria antropológica, ou seja, etnografia e a teoria antropológica estão em constante inter-relação, daí a iniciativa de se tomar a etnografia por objeto de estudo. Peirano acredita, e aqui se abraça a visão da autora, que a etnografia constitui a ideia-mãe da antropologia, não havendo antropologia sem empiria. Esta questão nos será extremamente importante mais adiante, trata-se da ideia de que a construção do conhecimento antropológico segue um vetor, que vai da etnografia, empiria, à teoria. Etnografia, desta forma, não é método, apesar de se servir dele. É dentro desta proposta que trabalharemos aqui. A primeira questão que coloco é o porquê da escolha da etnografia como meio mais eficaz de se entender a cidade e o homem da urbe contemporânea, o homem das sociedades complexas. Autores da bibliografia analisada defendem claramente o papel da etnografia e cabe-nos aqui trazer brevemente suas visões. No artigo De Perto e de Dentro, Magnani 3

propôs-se explorar as possibilidades que a etnografia traz para a compreensão das formas de sociabilidade nas cidades contemporâneas e argumenta que, na literatura sobre ambientes urbanos, muitas vezes a cidade é vista “como uma entidade à parte de seus membros”, o que culmina no desaparecimento do ator social. Além disso, percebe o autor que há uma insistência em se determinar e analisar o “centro” das cidades, porém é perceptível que as grandes metrópoles atuais possuem diversos e dinâmicos centros que revelam múltiplas redes de sociabilidade. A etnografia das sociedades complexas seria então capaz de revelar estas facetas obscurecidas por outros vieses de estudo, pois que coloca novamente em cena o ator social em suas múltiplas facetas de sociabilidade, pela sua eficácia em dar a atenção devida aos detalhes da vida cotidiana e pela exigência que faz ao pesquisador de ao mesmo tempo ter um olhar externo em relação aos “nativos” estudados e compartilhar as experiências com os mesmos, em um processo de “comunhão para além das diferenças culturais” (MAGNANI, 2002). Ao estudar ambientes hiper-medidados e a cultura digital, Charles Soukup, cujo artigo analisaremos mais adiante, também defende a etnografia como a melhor forma de trazer sentido às experiências fragmentadas da cultura pós-moderna, pois que sua prática no microcosmo do cotidiano possui uma capacidade única de “trazer senso às experiências fragmentadas pós-modernas do cotidiano da vida hipermediada” (tradução livre, SOUKUP, 2013, P.228)4. De qualquer forma, a etnografia urbana não está “acima de qualquer suspeita” e existe uma série de problemas e desafios a serem vencidos. Soukup, por exemplo, procura mostrar como, na cidade, há uma clara dificuldade de se determinar fronteiras, limites sociais e identitários, característica que chama de “hibridez”. Este já é um desafio a ser vencido, visto que o estudo etnográfico se preocupa há tempos em delimitar fronteiras culturais (SOUKUP, 2013, p. 233). Gilberto Velho, por sua vez, acredita que a capacidade da antropologia social para a investigação de ambientes urbanos dependeria de sua flexibilidade metodológica (VELHO, 2009, p. 18). Estas questões e desafios nos são bastante relevantes e reiteram as consequências de se tomar como objeto de estudo 4

“I consider ethnography’s unique capacity to make sense of these postmodern, fragmented

experiences of everyday mediated life” (SOUKUP, 2013, p. 228, em original para benefício do leitor).

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sociedades bastante diferentes das tribos isoladas, por meio das quais se iniciou o trabalho etnográfico “clássico”. Dentre tantos desafios, na cidade, uma das grandes dificuldades do etnógrafo, é conseguir fazer valer a máxima de Malinowski, de transformar estranho em familiar e o familiar em estranho. Magnani mesmo destaca que um ponto em comum em diversas abordagens sobre a etnografia seria a atitude de “estranhamento” ou “exterioridade” perante o objeto de pesquisa (MAGNANI, 2002). Podemos dizer com uma certa segurança que não foi tarefa tão complexa a atitude de estranhamento ou o sentimento de “exterioridade” dos etnógrafos clássicos europeus para com as sociedades tribais: para os primeiros etnógrafos europeus, imersos na cultura, nos costumes ocidentais, as diferenças entre estes e a cultura de uma tribo indígena isolada certamente são mais chocantes e perceptíveis do que para o etnógrafo urbano, para o qual as questões do exótico, do estranhamento e da exterioridade são, num primeiro momento, mais complexas e intrincadas. Trata-se justamente de uma questão explorada por Da Matta em seu célebre texto, Anthropological Blues (DA MATTA, 1978, p.4): no primeiro caso, do etnógrafo europeu, a tarefa primordial e central foi tornar o estranho em familiar. No segundo caso, do etnógrafo urbano, a tarefa primordial é a da outra espécie – tornar o familiar em estranho. Qual seria então o olhar que permite esta transformação, esta atitude de estranhamento? Alguns autores flexibilizam a máxima de Malinowski, introduzindo inovações. Soukup, por exemplo, acredita sim na necessidade de tornar o ordinário em estranho na etnografia, defendendo a importância do papel da auto-etnografia, que torna possível a descoberta de elementos de difícil acesso na vida altamente rotinizada do homem pós-moderno. Seria desnecessário, porém, mostrar como a questão da auto-etnografia é perigosa e problemática cientificamente. Acredita-se aqui que seria mais fácil indagarmo-nos sobre saídas mais práticas e menos problemáticas epistemologicamente. Qual seria então o olhar ou atitude do etnógrafo que desvenda a cidade e reflete sua imagem mais fiel? Nos tópicos abaixo, busco problematizar uma saída proposta por alguns pesquisadores que, baseados na literatura benjaminiana, acreditam que o olhar engajado do flâneur na grande cidade pode ser útil para a etnografia urbana.

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3) O flâneur na metrópole do século XXI Como coloca acertadamente Peirano, não há como ensinar propriamente a fazer pesquisa de campo (PEIRANO, 1995, p.22). Seria extremamente difícil consolidar um método, utilizar-se de um conjunto de técnicas pré-estabelecido, seguir um questionário à risca. Antes de tudo, é necessário lembrar que a pesquisa de campo está sujeita a uma série de contingências que influem diretamente no resultado final do trabalho etnográfico. Todavia, é preciso um começo... O flâneur, personagem baudelairiano explorado por Walter Benjamin em célebres textos sobre a Paris do século XIX e, em especial, no seu projeto inacabado das Passagens, pode nos dar o suporte necessário. A cidade para o flâneur é um grande laboratório. Caminhando sem destino e a “passos de tartaruga”, este personagem faz um verdadeiro culto às ruas da metrópole moderna, ou seja, ele toma a cidade como objeto de análise, é aquele que faz “botânica no asfalto” (BENJAMIN, 2011c, p.34). Sobre tal atitude em relação à cidade, Benjamin comenta: Para ele, os letreiros esmaltados e brilhantes das firmas são um adorno de parede tão bom ou melhor que a pintura a óleo no salão do burguês; muros são a escrivaninha onde apoia o bloco de apontamentos; bancas de jornais são suas bibliotecas, e os terraços dos cafés, as sacadas de onde, após o trabalho, observa o ambiente. Que a vida em toda a sua diversidade, em toda sua inesgotável riqueza de variações, só se desenvolva entre paralelepípedos cinzentos (BENJAMIN, 2011c, p. 35).

O olhar do flâneur é atento e sensível. Este herói benjaminiano é um grande fisiognomonista. Este termo é explorado por Benjamin em Paris do Segundo Império (BENJAMIN, 2011c, p. 9-101), por meio de referências à Lavater, Poe e importantes caricaturistas da época, como Daumier - ser um fisiognomonista é possuir a capacidade de, por exemplo, desvendar a profissão, estilo de vida e até mesmo o caráter de uma pessoa por sua fisionomia. Porém, mais do que fisiognomonista das multidões, o flâneur é fisiognomonista da cidade, seu olhar atento e sensível capta os traços mais marcantes da urbe. Esta forma de ver a cidade é presente em diversos textos de Benjamin, mesmo quando não há referência direta ao flâneur. Por exemplo, os pequenos textos que compõe Rua de Mão Única (BENJAMIN, 2011b), descrevem perfeitamente a caminhada do flâneur pela 6

cidade: ao ler os diversos títulos emaranhados no índice das edições da obra, o leitor pode ser remetido à impressão de estar passeando em uma cidade, lendo as placas, anúncios é como se Benjamin conseguisse textualizar a caminhada na cidade, ou melhor, como se pretendesse ler a cidade como um texto. Sobre a obra, Willi Bolle afirma: Trata-se de uma representação da metrópole moderna, assim como ela se ergue diariamente diante de seus habitantes: uma imensa aglomeração de textos: placas de trânsito, outdoors, sinais, letreiros, tabuletas, informações, anúncios, cartazes, folhetos, manchetes, luminosos – uma gigantesca constelação de escrita (BOLLE, 1194, p. 273). A caminhada do flâneur é ainda melhor definida em pequeno trecho de abertura da obra

Infância em Berlim por volta de 1900, no qual Benjamin afirma: Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto, perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução. Nesse caso, o nome das ruas deve soar para aquele que se perde como o estalar do graveto seco ao ser pisado, e as vielas do centro da cidade devem refletir as horas do dia tão nitidamente quanto um desfiladeiro (BENJAMIN, 2011b, p.68).

A experiência narrada acima trata da questão de perder-se na cidade, porém sem perder os sentidos. É justamente esta a atitude do flâneur ao caminhar na grande metrópole. Seu olhar é atento; na verdade, todos os seus sentidos estão atentos. Muitas vezes, a própria imagem de Benjamin é confundida com a imagem do flâneur e, de certa forma, algumas das experiências narradas em seus textos lembram perfeitamente a flânerie. Interessante, por exemplo, os textos que compõe Imagens do Pensamento – Benjamin trabalha com diversas experiências sensíveis, saindo mesmo da predominância do sentido da visão nas grandes cidades, trabalhando com o paladar, por exemplo, no texto Comer, e com a distorção dos sentidos pela experiência com o haxixe em Haxixe em Marselha. Acredita-se aqui que, quiçá, é este olhar atento e sensível que torna possível a atitude de estranhamento e exterioridade do pesquisador urbano perante as imagens tão familiares, cotidianas e fragmentadas da cidade. Alguns autores também acreditam que a flânerie pode ser útil e eficaz para o etnógrafo urbano, assim, a aproximação entre o trabalho etnográfico e a caminhada do flâneur já foi feita e defendida em algumas abordagens, apresentadas no próximo tópico.

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4) Flânerie como abordagem etnográfica Neste tópico, três abordagens etnográficas com inspiração benjaminiana serão apresentadas, uma brasileira, de Ana Luiza Carvalho da Rocha e Cornelia Eckert, e as outras duas norte-americanas, de Charles Soukup, e Chris Jenks e Tiago Neves. Por fim, um contraponto será apresentado, pela crítica à “etnografia de passagem” proposta por Magnani. Eckert & Rocha desenvolveram a abordagem que chamam de Etnografia de Rua (ECKERT & ROCHA, 2003) que definem como o deslocamento em sua própria cidade, o que significa dizer, dentro de uma proposta benjaminiana, que ela afirma uma preocupação com a pesquisa antropológica a partir do paradigma estético na interpretação das figurações da vida social na cidade (ECKERT & ROCHA, 2003, p. 3).

As autoras aproximam o trabalho do etnógrafo urbano à caminhada do flâneur e definem este empreendimento como uma técnica de trabalho etnográfico (ou seja, uma técnica entre outras possíveis). Com a utilização desta técnica, a exploração dos espaços urbanos seria realizada por meio de caminhadas sem destino. Não se trata apenas de “perder-se”, mas, como já colocado anteriormente em relação à Infância Berlinense, trata-se de perderse sem perder os sentidos. Assim, as autoras propõem: Tornar-se “um” com os ritmos urbanos é perder-se no meio da multidão, se deixar possuir por alguma esquina, fundir-se nos encontros fortuitos, mas é também localizar-se nas conversas rápidas dos habitantes locais, registrar piscadelas descompromissadas dos passantes, rabiscar apressadamente um desenho destas experiências no seu bloco de notas, “bater” algumas fotos, gravar algumas cenas “estando lá” (ECKERT & ROCHA, 2003, p. 4).

Porém, como justificam as autoras, “perder-se na rua” não é algo simples. Trata-se de aprender a cidade “como matéria moldada pelas trajetórias urbanas”, neste sentido o antropólogo deve buscar “recompor os traços aí deixados por homens e mulheres” (ECKERT & ROCHA, 2003, p. 5). A isto, chamam de componente narrativo que marca os deslocamentos humanos. Aqui seria muito difícil não relacionar esta ideia de componente narrativo com a ideia de narração benjaminiana, estritamente ligada à questão da experiência (BENJAMIN, 2011a), ou seja, trata-se de seguir as experiências humanas 8

recompondo os traços que deixam pelo deslocamento na cidade. A etnografia de rua também exige a frequentação da região, a constante presença em campo, visando, como colocam as autoras, uma busca pelas províncias de significado da região. Em uma de suas pesquisas na ocasião de seus pós-doutoramentos em Paris, as autoras aplicaram esta técnica a fim de explorar ruas específicas da cidade, a Rue Faubourg du Temple e a Rue de Belleville. Acredita-se aqui que os resultados obtidos foram bastante interessantes. As autoras conseguiram trazer como resultado desta experimentação etnográfica algo que Benjamin também trouxe por meio de seus textos em Imagens do Pensamento: outras experiências sensíveis foram levadas em conta, experiências que certamente traduzem uma marca singular e original da região estudada, uma visão panorâmica, para utilizar termos benjaminianos. Se Benjamin o fez por meio do paladar, por exemplo, em ensaios como Comer (BENJAMIN, 2011b) as autoras o fizeram por meio da audição, constatando que a região estudada se revelava principalmente por sua pluralidade étnica e cultural, a qual era possível ver e ouvir: Entretanto, caminhar por Paris, nos limites traçados pela Rue de Bellevile nos remetia constantemente ao nosso encontro, como estrangeiras, com a multiplicidade de culturas e etnias denunciadas não apenas pelas diferenças entre tons de pele, cor dos olhos, tipos de roupas, de penteados e adereços, de expressões e gestos etc. dos habitantes locais, homens, mulheres ou crianças, moradores ou não. Havia igualmente a confrontação com as inúmeras sonoridades de voz com que o Outro se apresentava aos nossos olhos (ECKERT & ROCHA, 2003, p. 19).

Passando para a literatura norte-americana, foram selecionados dois artigos para análise. Ambos versam sobre etnografia urbana e buscam saídas para seus desafios operando por meio do flâneur e da literatura benjaminiana. Charles Soukup, professor da University of Northern Colorado, desenvolve pesquisas etnográficas nos conhecidos coffeeshops dos Estados Unidos, analisando a etnografia da cultura que chama de pós-moderna. Para Soukup, se a etnografia procura “definir e/ou descobrir fronteiras coerentes de culturas identitárias e comunitárias” (tradução livre, SOUKUP, 2013, p.230), na cultura pós-moderna, essencialmente fragmentada, estas fronteiras são obscurecidas nas experiências cotidianas. A fim de desvendar estes espaços híbridos, nos quais se misturam identidades, culturas, fronteiras, Soukup propõe algumas 9

premissas para a etnografia pós-moderna, que teriam por função amalgamar os fragmentos da cultura em um “mosaico de justaposições coerentes”. Dentre as premissas propostas, chamam atenção as de que o etnógrafo pós-moderno deve possuir uma um olhar mobilizado da cultura, conseguir apreender os momentos fugazes da cultura com a qual está em contato, assim como o faz o olhar mobilizado do flâneur (SOUKUP, 2013). Soukup também alerta o leitor à necessidade do etnógrafo de tornar o familiar em estranho, fazendo com que o mundano seja sempre como que visto pela primeira vez. O autor acredita que esta atitude seja possível quando se assume o papel do flâneur e se transita entre os contextos “na multidão” e “fora da multidão”. Como já comentado anteriormente, Soukup também ressalta a importância do papel da auto-etnografia, essencial quando tratamos do etnógrafo pós-moderno, imerso na mesma cultura que seu objeto de estudo. O texto de Soukup remete-se muitas vezes a um artigo anterior, de Jenks & Neves, que defendem ainda com mais afinco a importância do flâneur e da literatura benjaminiana para os estudos urbanos, aproximando mesmo a figura do flâneur com a do etnógrafo urbano. Segundo os autores, existem alguns fortes paralelos entre os dois; para citar alguns, em primeiro lugar, ambos anseiam revelar e empoderar as vozes não ouvidas da sociedade; ambos privilegiam também a criação de discursos alternativos da realidade social; ambos possuem um ritmo de trabalho semelhante, assim como se dizia que o flâneur levava tartarugas a passear pela cidade, o etnógrafo deve ser paciente e permanecer longos períodos em campo. Jenks & Neves acreditam que o olhar do flâneur pode revelar pistas para o entendimento das grandes cidades, seu olhar é engajado, possui algo de detetivesco, assim como Benjamin comenta sobre os romances policiais, que dariam certo sentido à ociosidade do flâneur - O Homem da Multidão, de Edgar Alan Poe, é um flâneur por excelência. A definição que dão ao flâneur abarca mesmo os processos que constituem a prática etnográfica, até sua escrita. Assim, definem flânerie como “a observação de pessoas e tipos sociais e contextos, um modo de ler a cidade, sua população, suas configurações espaciais ao mesmo tempo que é um modo de ler e produzir textos” (tradução livre, JENKS & NEVES, 2000, p.1)

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Todavia, esta aproximação do etnógrafo urbano com o flâneur possui seus contrapontos. Magnani, em artigo de 2002, propondo algumas categorias para o estudo de ambientes urbanos, dentro de uma perspectiva que chama de de perto e de dentro, acaba por defender modelos de análise “mais econômicos”, aos quais contrapõe a etnografia de passagem, a escolha de um olhar etnográfico que se assemelha à flânerie: “(...) em vez de um olhar de passagem, cujo fio condutor são as escolhas e o trajeto do próprio pesquisador, o que se propõe é um olhar de perto e de dentro” (MAGNANI, 2002). O tópico abaixo refere-se a uma breve análise de uma experimentação etnográfica com inspiração benjaminiana, realizada na região do Baixo Augusta, próxima ao centro da cidade de São Paulo. Esta experimentação revela um caminho intermediário, que de certa forma afirma a eficácia desse tipo de pesquisa de campo, porém dá também certa razão aos argumentos de Magnani, pois que muitas dificuldades foram constatadas. 5) Experimentos etnográficos: Baixo Augusta, São Paulo Nesta seção pretendo revelar algumas dificuldades e conquistas da utilização das premissas e técnicas apresentadas pelos autores acima, na ocasião de um trabalho etnográfico na região do Baixo Augusta, na cidade de São Paulo. Incluirei alguns trechos de meu diário de campo a fim de exemplificar e esclarecer pontos da pesquisa. O Baixo Augusta, região localizada no bairro Cerqueira César, no eixo norte da Rua Augusta, após a Avenida Paulista, é considerado um dos principais polos culturais e de entretenimento da cidade de São Paulo, contando com a presença das mais variadas casas noturnas, bares, cinemas e comércios, e dos mais variados públicos. Já há alguns anos a região é chamada por este nome, sendo citada em meios de comunicação como epicentro cultural e de lazer da cidade de São Paulo5. O Baixo Augusta já ganhou bloco de carnaval,

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O Baixo Augusta foi um dos temas explorados no website sobre cultura urbana, o Mistura

Urbana. Sobre a região, o site publica em agosto de 2010: "A Rua Augusta sempre teve um papel importante para a história de São Paulo, mas foi nos anos 2000 que a região tornou-se epicentro cultural da noite paulistana, diariamente milhões de pessoas que passam pela região são recebidas por novas experiências de consumo, lojas com designers em ascensão, clubs noturnos importantes, bares temáticos, restaurantes com gastronomia global, cinemas, galerias de arte, livrarias, lojas conceito, hotéis importantes, cantinas italianas tradicionais e diversas outras 11

documentário, livro de fotografias e referências em revistas e guias turísticos6. Sem dúvida, é uma região iconográfica na cidade de São Paulo e, assim como Soukup vê nos coffeeshops uma “anedota, uma sumarização, um protótipo” de uma screen culture mais ampla (SOUKUP, 2013, p. 229), pretendia-se tomar o Baixo Augusta como objeto de estudo para vê-lo como uma sumarização das regiões de lazer jovem da cidade de São Paulo. A primeira visita a campo foi feita com pretensões de reconhecer a região e seu potencial etnográfico. O principal intuito era justamente “perder-se na rua sem perder os sentidos”, buscar tornar-se sensível à todas as imagens, signos, passantes, arquitetura dos bares, hotéis, casas noturnas, agir como o flâneur, “a fazer botânica no asfalto”, ou seja, não apenas a mapear a região espacialmente, mas principalmente por sua ocupação e pela relação dos frequentadores da região com a rua, suas imagens, signos, mercadorias e outros elementos. Foi escolhido um ponto de partida, que considerava o “portal” para o Baixo Augusta, a entrada principal do shopping Center 3 e a escadaria do Banco Safra, lado par da Paulista, na altura do número 2000. As primeiras imagens captadas já foram altamente significativas para responder às perguntas propostas: Por que o Baixo Augusta atrai públicos tão diferentes? Quais são estes públicos e o que procuram? Um trecho de meu diário de campo revela a validade destas perguntas: De cara, o que mais chama a atenção do pesquisador é a presença de uma razoável quantidade de hippies sentados nas calçadas, expondo seus produtos artesanais em tecidos estendidos no chão. A fila de hippies que se estende da porta do shopping Center 3 até a esquina da avenida Paulista com a rua Augusta é um contraste com a paisagem urbana ao redor (...) havia mais de 40 pessoas nas escadas do banco, a maioria, cerca de 16 pessoas, formava casais, homo ou heterossexuais. Havia dois grupos de amigos de três pessoas e dois

opções de entretenimento e cultura" (http://misturaurbana.com/2010/08/livro-fotografico-sobrea-baixo-augusta/, acesso em agosto de 2013) 6

O livro de fotografia do Baixo Augusta, o baixoaugusta, foi publicado pela Editora Zupi em

2010. A publicação faz parte de um projeto mais amplo que contempla também um documentário e um website da região, o baixo augusta rua polifônica, no qual todas as informações sobre o projeto estão disponíveis (http://baixoaugusta.com/index.html, acesso em agosto de 2013) 12

grupos maiores, de quatro e cinco pessoas, além de mais três pessoas sozinhas, uma delas segurando um skate e a outra montando uma bicicleta. Aparentemente, não havia coesão identitária. O grupo que mais se destacava era o de 10 meninos, em sua maioria negros. Eles vestiam tênis de basquete, mochilas e bonés Nike, ouviam música alta e preparavam-se para o que mais tarde seria uma batalha de improviso do estilo de música rap, como observei em meu retorno, às 22h40.

A partir deste momento, a caminhada seguiu-se “no descer a rua”. Através de meu trabalho de observação nesta caminhada descompromissada, me foi possível mapear a região por pedaços, pelas diferenças na ocupação da rua, nos públicos, nos comportamentos e tipos de estabelecimentos frequentados. Por vezes, adentrava em rua perpendiculares ou paralelas, pois que o fluxo de pessoas lá me chamava a atenção. Assim, me foi possível desenhar um “mapa etnográfico” do Baixo Augusta, que me revelou um material antropológico extremamente diverso e relevante no que tange aos estudos de lazer do jovem urbano. A frequentação da região nos mesmos termos, permitiu a continuidade do trabalho, porém revelando certas dificuldades. Seria possível, por meio destas observações, construir um rico ensaio sobre a região e, principalmente, sobre suas marcas e imagens. Seria até mesmo possível traçar um paralelo entre as caminhadas do flâneur, nas multidões em Paris, e minhas caminhadas por entre as multidões de jovens no Baixo Augusta. Porém esta pesquisa de campo também revelou a necessidade de se determinar alguns parâmetros e recortes da pesquisa: quais os limites de meu “mapa etnográfico”, quais suas “bordas”? O que fazem estes jovens quando não frequentam o Baixo Augusta? A quais outros círculos culturais pertencem? Por que frequentam o Baixo Augusta e não outra região de lazer jovem? Outra dificuldade revelou-se no que tange ao formato final do trabalho. O resultado de minhas anotações de campo pode vir a se assemelhar muito com o estilo fragmentário de escrita benjaminiana, ou seja, o resultado tende a ser bastante diferente do estilo convencional de escrita etnográfica e científica. Alguns autores que trabalharam com o mesmo olhar sobre a cidade, acabaram mesmo utilizando-se de uma escrita fragmentária em seus trabalhos etnográficos. Por exemplo, 13

Charles Soukup procurou, durante todo o texto trabalhado nesta bibliografia, utilizar-se de fragmentos, frases soltas de programas televisivos, trechos de música e de seu diário de campo, pois acredita que uma das premissas da etnografia pós-moderna é representar o pós-modernismo em cultura escrita. Para o autor, estes fragmentos introduzidos ao longo do texto aproximam o leitor da experiência. Outros autores, como Simon Gottschalk (GOTTSCHALK, 1995) e Kurt Borchard (BORCHARD, 1998) também operaram de maneira semelhante em seus trabalhos etnográficos sobre a cidade de Las Vegas. Seria mesmo lógico levar em conta que o estudo de uma cultura fragmentada, prenhe de imagens, leve à construção de trabalhos finais que a ela se assemelhem formalmente. Todavia, há de se tomar cuidado. Apesar da disciplina antropológica e do trabalho etnográfico tomarem contato com a arte, em especial a literatura no caso da abordagem aqui trabalhada, acredito que ainda haja um limiar entre ambos, uma fronteira, bastante tênue por sinal. 6) Conclusão A pesquisa que hoje realizo sobre as contribuições da obra benjaminiana para o trabalho do etnógrafo urbano revela inúmeros pontos de convergência. Aqui, apenas um destes pontos foi trabalhado, a questão do olhar do flâneur sobre a metrópole do século XXI. Tal questão, como procurei mostrar mesmo que brevemente nesta comunicação, já foi abordada por outros autores e o fato de estar, mesmo que timidamente, na agenda de pesquisa de antropologia urbana, incentivou-me a abordá-la exclusivamente aqui. A relação entre a atitude do flâneur e do etnógrafo urbano na cidade do século XXI certamente traz importantes contribuições para a pesquisa de campo. Em primeiro lugar, como mostram os autores trabalhados nesta comunicação, a atitude do flâneur perante a cidade permite que se inicie o processo de estranhamento e exterioridade inerente a toda pesquisa de campo. Em segundo lugar, a expressão “olhar do flâneur” seria melhor traduzida pela “atitude do flâneur”, pois que a flânerie como técnica etnográfica não se utiliza apenas do sentido da visão, mas coloca em atividade os cinco sentidos do pesquisador – trata-se sim de uma experiência sensível, que explora todos os estímulos da cidade sobre o pesquisador. Finalmente, perante uma cultura fragmentária, esta atitude em relação à cidade está sempre na busca da captação do efêmero, que perpassa todos os ambientes urbanos. Assim, é possível ter uma maior clareza das fronteiras culturais e identitárias tão borradas da cidade. 14

Todavia, a flânerie como técnica da prática etnográfica revelou-se mais eficaz nos primeiros momentos do trabalho, em especial nas situações de mapeamento da região urbana estudada. Os desafios do trabalho de campo nestes termos são muitos para que se dê continuidade a um trabalho que se utiliza exclusivamente desta técnica de pesquisa. Eckert e Rocha, provavelmente já atentas a este fato, propõe que se combine esta abordagem com outras técnicas, como a coleta de imagens, vídeos e fotografias. A questão do formato do trabalho final constitui também um problema, porém dada a proposta desta comunicação, preferi não discuti-la detalhadamente. De qualquer forma, existe sempre na prática etnográfica o momento da passagem do material coletado para um formato final, uma monografia, por exemplo. A experiência pessoal que tive com o trabalho de campo na região do Baixo Augusta, combinada com a leitura da bibliografia aqui trabalhada, revela que a utilização da técnica da flânerie na prática etnográfica tende a dificultar o trabalho do pesquisador que deseja compor um trabalho final formalmente convencional. Até porque, seguindo o fluxo da cidade, ou como colocam Eckert e Rocha, seguindo as trajetórias humanas, o flâneur entra em contato com experiências estéticas e sensíveis bastante fragmentadas. Caso o autor abrace já a visão de Soukup e outros autores apresentados aqui, e acredite que a pós-modernidade deva ser representada em cultura escrita, da maneira fragmentada que é, o problema passa a ser não sua escrita fragmentária, mas sua defesa epistemológica. É importante que se trate desta abordagem como a proposta de uma técnica. Como colocado anteriormente, abraça-se a visão de Peirano sobre o trabalho etnográfico e o vetor de construção de conhecimento no campo antropológico. A autora reitera a necessidade de “estar aberto” ao campo, às suas experiências e contingências, em um processo que modifica o próprio pesquisador e gera novas interações, quando justamente se dá a construção de conhecimento da antropologia. Soukup mesmo afirma que o flâneur se abre ao inesperado, ao efêmero, seu foco é o transitório, assim como acontece na perseguição curiosa do Homem da Multidão. Desta forma, os desafios do etnógrafo contemporâneo podem ser muito diferentes de seus antepassados colegas, porém a curiosidade que moveu nossos antropólogos “clássicos” a estarem abertos ao campo revela que nossa atitude continua sendo a mesma.

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