OLIMPÍADAS 2012, CONVERGÊNCIA E TRANSMÍDIA: telas múltiplas na cobertura jornalística da BBC

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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXII Encontro Anual da Compós, Universidade Federal da Bahia, 04 a 07 de junho de 2013

OLIMPÍADAS 2012, CONVERGÊNCIA E TRANSMÍDIA: telas múltiplas na cobertura jornalística da BBC 1 2012 Olympics, Convergence and Transmedia: multiple screens on BBC coverage Alzamora, Geane Tárcia, Lorena2 Resumo: Com base na constatação de que a cobertura televisiva dos jogos olímpicos vem se caracterizando historicamente como fenômeno midiático regido pela perspectiva monomidiática de transmissão, indaga-se em que medida a perspectiva da convergência de mídias que delineou a cobertura transmídia dos jogos olímpicos de Londres, feita pela BBC em 2012, sinaliza possíveis reconfigurações nas noções de televisão e telejornalismo. Opta-se por discutir a questão no âmbito da cobertura desse evento midiático global por ser ele, historicamente, palco de inovações tecnológicas e de experimentações de linguagens aplicadas ao jornalismo. Palavras-Chave: Telejornalismo. Convergência de Mìdias. Transmídia. Abstract: Based on the finding that television coverage of the Olympic Games has been characterized historically as a media phenomenon governed by the monomediatic transmission perspective, the article asks to what extent the prospect of media convergence that outlined transmedia coverage of the Olympic Games in London, made by the BBC in 2012, points to possible reconfigurations in notions of television and broadcast journalism. The option is to discuss the issue within the global media coverage of this event because it historically stage technological innovations and experimentations language applied to journalism. Keywords: Telejournalism. Media Convergence. Transmedia.

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Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Estudos de Televisão do XXII Encontro Anual da Compós, na Universidade Federal da Bahia, Salvador, de 04 a 07 de junho de 2013. 2 Geane Alzamora é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social/UFMG e membro do Grupo de Pesquisa (CNPq) Centro de Convergência de Novas Mídias. Possui Doutorado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP – 2005) e Mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP – 1996). – [email protected] . Lorena Tárcia é professora do Centro Universitário de Belo Horizonte e membro do Grupo de Pesquisa (CNPq) Centro de Convergência de Novas Mídias. Doutoranda em Comunicação Social (UFMG) e Mestrado em Educação (PUC/MG – 2007). – [email protected]

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1. Introdução A cobertura das Olimpíadas de Londres em 2012 foi considerada um marco pelo Comitê Olímpico Internacional, com o maior volume informativo disponível no maior número de plataformas na história dos jogos. A audiência global de 3,6 bilhões de pessoas foi também recorde. Pela primeira vez na história, as transmissões digitais por internet, celular e outros meios superaram a cobertura da televisão.3 Vários analistas (Hayes, 2012; Carruthers, 2012; Robichaud, 2012) destacaram a cobertura multiplataforma ou multiaparelhos como a marca das Olimpíadas de 2012 em Londres. Antes mesmo da abertura do evento, estudo realizado pela Ipsos4 revelou que seis por cento dos entrevistados acessariam o conteúdo das coberturas jornalísticas pelos seus celulares e quatro por cento por meio dos tablets. Não foi apenas a mudança nas formas de acesso que marcou a cobertura jornalística do ano passado. Na primeira edição dos jogos em formato totalmente digital5, transmídia foi a palavra de ordem: […] estes estão marcados para serem os primeiros Jogos "transmídia". Na época dos Jogos de Pequim, em 2008, sites de mídia social não eram os fenômenos que eles já se tornaram. Naquele ano, smartphones não tinham a sua penetração atual. Assim, como os organizadores vão policiar o que os atletas dizem no Twitter ou quais fotos os espectadores vão postar no Facebook? Será que eles realmente proibiriam Usain Bolt de publicar conteúdo no Twitter para seus seguidores? Em uma tentativa de manter o controle, o COI emitiu seis páginas de diretrizes para os atletas e criou um circuito de mídia social só para eles, mas será que os atletas se preocuparam em lê-las ou usá-lo? (CARRUTHERS, 2012, tradução nossa) 6

A cada quatro anos, mudam-se as tecnologias, as estratégias de cobertura, de acesso, de participação e também os relatórios de marketing do Olympic Broadcasting Services

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Relatório de Marketing Londres 2012, disponível em http://www.olympic.org/Documents/IOC_Marketing/London_2012/LR_IOC_MarketingReport_medium_res1.p df Acesso em Fev. 2013 4 Ipsos Global Advisors. Antecipating the Olympics. Disponível em http://www.ipsosna.com/download/pr.aspx?id=11816. Acesso 06 out 12 5 DEANS, David. BBC Record-Breaking Multi- platform London 2012 Olympics. Disponível em https://geobrava.wordpress.com/2012/08/13/bbc-record-breaking-multiplatform-london-2012-olympics/ Acesso 13 out 2012 6 CARRUTHERS, Brian. A transmedia Olympic Games. Disponível em http://www.warc.com/Blogs/BlogTitle.blog?id=1576 Acesso 06 Out 2012

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(OBS). 1936 é tido como o ano em que as Olimpíadas se tornaram um evento midiático7, transmitido ao vivo pela televisão, ainda que em cabines especiais. Em Berlim, duas empresas alemãs televisionaram os jogos e marcaram a primeira cobertura esportiva a ser transmitida pela televisão em todo o mundo.

Utilizando três câmeras eletrônicas e 24 câmeras de cinema, 162.000 espectadores assistiram à competição em cabines especiais chamadas de "Escritórios de televisão pública" em Berlim e Potsdam. Para além da introdução da televisão, os jogos de 1936 receberam extensa cobertura de rádio, com o um total de 2500 emissoras transmitindo em 28 idiomas diferentes (OLYMPIC BROADCASTING SERVICE, sd, tradução nossa)8

Depois vieram as transmissões com uso de câmeras múltiplas, por satélite, a formação de pools e a venda dos direitos de imagem. Os questionamentos continuaram e o Olympic Broadcasting Service (OBS) passou a permitir que as empresas detentoras dos direitos de reprodução também produzissem conteúdo próprio, focando os jogos e atletas de seus países. Outro pioneirismo das Olimpíadas se deu em 1948, quando pela primeira vez, os jogos chegaram aos domicílios por meio da televisão. 1984 marcou a abertura dos jogos olímpicos enquanto “evento midiático espetacular”9 com usos de técnicas de Hollywood para impressionar telespectadores de todo o mundo (ROCHE, 2000, p. 165) Até 1996, as coberturas estiveram restritas aos jornais, rádios e televisão. A chegada da internet trouxe profundas modificações, não apenas no conteúdo e nas formas de distribuição e circulação das notícias, mas também nas rotinas produtivas, assim como nas estratégias de marketing do Comitê Olímpico Internacional e do OBS. Apesar de a internet ter sido disponibilizada para uso comercial na década de 1990, Peña (2010) considera as Olimpíadas de 2000, em Sidney, como a oportunidade inicial de convergência entre televisão e internet. Este foi o ano em que a BBC lançou o BBC Sport online, com a missão de ser “o site definitivo sobre esportes online”. Empregava 70

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Dayan e Katz (1985) consideram como eventos midiáticos aqueles transmitidos ao vivo, pré-planejados, geralmente patrocinados por agências parcialmente independentes das empresas de comunicação, com início e encerramento claramente definidos e que interrompem as rotinas sociais normais. 8 Olympic Broadcasting Service. Olympic Broadcasting History. Disponível em http://www.obs.es/olympicbroadcastinghistory.html. Acesso 06 Out 12 9 Apesar de alguns autores (Ribes, 2010; Debord, 1997; BOURDIEU, 1997) focarem no conceito de evento midiático em seu aspecto espetacular, este não é o nosso foco de estudo nesta pesquisa. Trataremos as Olimpíadas como Evento Midiático Global, conforme conceito proposto por Hepp e Couldry (2010).

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jornalistas em Londres e incorporava à equipe outros personagens como desenvolvedores e webdesigners. Este artigo parte da constatação de que a cobertura televisiva dos jogos olímpicos vem se caracterizando historicamente como fenômeno midiático regido pela perspectiva monomidiática de transmissão, e indaga quais implicações teriam para a televisão e, mais especificamente, para o telejornalismo, pensá-los no âmbito de uma lógica colaborativa em perspectiva de convergência de mídias, tal como sinaliza a cobertura transmídia dos jogos olímpicos de Londres, em 2012, feita pela British Broadcasting Corporation (BBC). Procuramos analisar a cobertura das Olimpíadas 2012 pela BBC por entendermos que eventos midiáticos globais deste porte são palcos de inovações tecnológicas e de experimentações de linguagens aplicadas ao jornalismo. A BBC possui tradicional associação com as Olimpíadas, desde 1928, quando iniciou as transmissões por rádio. A emissora inglesa televisionou todos os jogos desde 1960 e já renegociou os direitos para os quatro próximos eventos (jogos de verão e de inverno). Além disso, a BBC tem investido sistematicamente na utilização de recursos tecnológicos de ponta nas coberturas jornalísticas e especificamente nos jogos olímpicos. Seu caráter público também permite uma análise desvinculada dos interesses comerciais que costumam direcionar as coberturas de eventos desta natureza. Do ponto de vista deste artigo, interessa observar como as noções de convergência e transmídia permeiam a perspectiva contemporânea da emissora, que progressivamente se distancia do paradigma monomídia que caracterizou sua cobertura dos jogos olímpicos ao longo do século 20.

2. Convergência de mídias

Jenkins (2003) nomeou o leque de mudanças que abrange os mais diversos aspectos da comunicação como convergência de mídias, ampliando o conceito de convergência oriundo da Matemática. De acordo com o Oxford English Dictionary, os primeiros usos do termo datam dos séculos 17 e 18, quando o cientista William Derham escreveu sobre a convergência e a divergência de raios em suas pesquisas sobre a velocidade do som. Darwin, segundo Gordon (2003), também chegou a utilizar convergência em seu livro Origem das

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Espécies, em 1866. Em meados do século 20, o termo passa a ser relacionado às ciências políticas - referindo-se à convergência dos sistemas americano e soviético – e à economia. Nos anos de 1960 e 1970, o desenvolvimento dos computadores e das redes estabeleceu o contexto para novos significados. Governos e empresas começaram a utilizar os computadores para armazenar dados e para transferir conteúdo digital por meio dos sistemas de telecomunicação. Apareceram os primeiros sistemas de videotexto, utilizando as telas de tv. O primeiro serviço online dos Estados Unidos, The Source and CompuServe passou a oferecer acesso discado em 1978. Mais ou menos nesta mesma época, o British Post Office iniciou seu sistema de videotexto, chamado Prestel. Gordon (2003) considera difícil identificar quem primeiro conectou a palavra convergência às tecnologias de comunicação, mas o pesquisador Ithiel de Sola Pool teria sido um dos principais responsáveis por sua popularização ao lançar, em 1983, o livro The Technologies of Freedom, no qual descreve a “convergência de modos”. A explicação para a atual convergência entre os modos historicamente separados de comunicação reside na habilidade da eletrônica digital. Conversa, teatro, notícias e texto são cada vez mais entregues por via eletrônica [...] Tecnologia [E]letronica está integrando todos os meios de comunicação em um grande sistema. (POOL, 1983, p. 27-28, tradução nossa)

Porém, antes mesmo do lançamento do livro de Pool, profissionais da área e pesquisadores já se referiam ao fenômeno da convergência de mídias. William Paley, presidente da CBS, discursou na conferência das emissoras norte-americanas em 1980 e observou que “a convergência dos mecanismos de distribuição de notícias e informação levanta algumas novas críticas a questões da Primeira Emenda” (PALEY, 1980, tradução nossa)10 Antes disso, em 1979, Nicholas Negroponte, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), viajou pelos Estados Unidos em busca de fundos para suas pesquisas, apresentando aos possíveis financiadores, a figura dos três círculos sobrepostos rotulados como “Transmissão e Indústria Cinematográfica", "Indústria da Computação" e "Indústria de Impressão e Publicação.” Ele previu que a sobreposição entre os três círculos se tornaria quase total até 2000. Os executivos convenceram-se de sua visão e ele ganhou milhões de 10

PALEY, William S. Vital Speeches of the Day;8/15/80, Vol. 46 Issue 21, p670. Disponível em http://connection.ebscohost.com/c/speeches/9894086/press-freedom Acesso em 30 nov 2012

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dólares em apoio financeiro para construção do Laboratório de Mídia do MIT, em 1985. (GORDON, 2003; FIDLER, 1997) Segundo Gordon (2003), o então CEO da Apple, John Sculley, também foi importante referência na conexão entre convergência e comunicação. Nos anos de 1980 e 1990, quando o termo aparecia na mídia, estava invariavelmente conectado a ele, à Apple, à ComputServe, America Online (AOL) e Prodigy. A popularização se deu com a chegada da World Wide Web, em meados de 1990 e tornou-se senso comum após a fusão da Time Warner e AOL, anunciada em 2000. Finalmente, lembra Gordon (2003), as empresas passaram a praticar a convergência de conteúdos entre televisão e jornal, na chamada cross-promotion ou cross-media. Os primórdios ocorreram timidamente, com chamadas da programação ou inserção das dicas meteorológicas da televisão nos jornais. Neste período, entretanto, o termo mais utilizado para esta conexão entre empresas era “sinergia”. A esta altura, "convergência" estava sendo usado com tanta frequência, em tantos contextos diferentes, que tinha em grande parte perdido seu valor no foco de discussões sobre jornalismo e os meios de comunicação. Mas, ao mesmo tempo, a popularidade da palavra foi a evidência de seu poder, especialmente entre os defensores de mudanças nas redações, empresas de mídia e nas escolas de jornalismo. Em uma única palavra, esses agentes de mudança encontraram uma etiqueta que transmitia uma sensação de que o mundo estava sendo transformado e uma visão para enfrentar o futuro. (GORDON, 2003, p. 60, tradução nossa)

Quando aplicado ao jornalismo, Kolodzy (2006) ressalta como principal característica da convergência de mídias o fato de variar no tempo e no espaço. Convergência em 1992 não significa o mesmo que em 2000 ou 2012; nos Estados Unidos, difere do Brasil, assim como pode se mostrar distinta de uma empresa para outra. Em sua visão otimista, esta autora considera que o conceito carrega em si a proposta de unir forças por um jornalismo de melhor qualidade, o que nem sempre condiz com as ações das empresas ao se apoiarem no rótulo da convergência. Assim como Jenkins (2003), Kolodzy aponta para a recepção como fator determinante no processo convergente. O hábito cada vez mais frequente de consumir diversas telas, simultaneamente ou não, levaria as empresas a ampliarem o cardápio de opções daqueles que buscam notícia. Caberia ao jornalista, de acordo com estes autores, buscar a melhor forma de contar uma história considerando as características de cada mídia e de cada linguagem.

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Convergência, ressalta Kolodzy (2006), exige flexibilidade e adaptabilidade por parte dos jornalistas. Pensar como seu público já pensa: em múltiplas mídias.

Este pensar

diferenciado exige novas formas produtivas e, sobretudo, exige que se conceba a mídia sob outros parâmetros. Baqués (2012) discute a transformação da televisão, “passando de um consumo passivo a uma experiência de entretenimento interativa, convergente e personalizada (BAQUÉS, 2012, p. 137, tradução nossa). A definição de Jenkins (2003, p. 2) de convergência como “o fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase toda e qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam”, remete ao conceito de transmídia utilizado neste artigo.

3. Jornalismo transmídia

Assim como a noção de convergência interfere nas definições históricas de mídia, a noção de narrativa transmídia interfere nos modos clássicos de produzir e transmitir informações. O termo, que foi utilizado pela primeira vez por Henry Jenkins em 2003, no âmbito do universo cinematográfico, remetia à ideia de que cada acesso à franquia de um filme e às demais mídias deve ser autônomo, porém midiaticamente integrado. Posteriormente, o termo passou a ser aplicado nos mais diversos universos da produção/circulação midiática, como entretenimento, jornalismo e publicidade. Na perspectiva deste artigo, transmídia pressupõe [...] não apenas complementaridade midiática, embora esta seja uma característica relevante do processo, mas principalmente deslocamento das características tradicionalmente marcadas pelos ambientes midiáticos. Constituiria, assim, zonas reticulares de miscigenação de gêneros e formatos entre conexões de mídias digitais. (ALZAMORA; TARCIA, 2012, p. 31)

De acordo com Porto e Flores (2012), o conceito de narrativa transmídia tem sua origem nos conceitos de intertextualidade e hipertextualidade, mas surge efetivamente da articulação entre novos e velhos meios, sendo a noção de participação crucial nesse contexto. Segundo eles, o jornalismo transmídia contempla, ao mesmo tempo, distintos meios, diversas linguagens e diferentes usuários conectados entre si. Os autores caracterizam o

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jornalismo transmídia por sua estrutura líquida, capaz de atrair receptores para a interpretação participativa da mensagem. “Este é um dos pontos necessários para observar uma estrutura transmídia: a expansão da narrativa através da interatividade” (PORTO; FLORES, 2012, p. 82, tradução nossa). Moloney (2011) e Scolari (2013) ressaltam a aplicação dos princípios fundamentais de Jenkins (2003) ao jornalismo. - Expansão Difusão viral de uma história, compartilhamento pelos usuários - Exploração Busca de mais detalhes sobre uma notícia, expansões oficiais das matérias ou nas redes sociais - Continuidade e serialidade Manter a continuidade e explorar as caraterísticas de cada meio. Manter a atenção do público por maior período de tempo. - Diversidade de pontos de vista Adicionar outros pontos de vista à informação, incluindo o público - Imersão Gerar formas alternativas de narração para que o público se aprofunde cada vez mais na história - Extrabilidade Aplicar o trabalho do jornalista na vida cotidiana com comprometimento do público - Mundo real Mostrar todas as matizes da notícia, sem apostar sempre na simplificação - Inspiração para a ação Procurar a intervenção do público em ações reais na busca de solução para os problemas Esses princípios norteadores da narrativa jornalística transmídia evocam a perspectiva da convergência midiática, a qual, cada vez mais, pressupõe conexão com mídias sociais e com dispositivos móveis de comunicação. É com base nessa abordagem que compreendemos a reconfiguração do telejornalismo ensaiada pela BBC na cobertura transmídia dos jogos olímpicos de 2012.

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4. Telejornalismo convergente

A convergência no telejornalismo especifica-se no âmbito das características que tradicionalmente delineiam as transmissões televisivas. Segundo Jost (2010), a noção de televisão ancora-se na ideia de programação, sintaxe audiovisual e emissora como marca. A convergência telejornalística pressupõe, assim, pensar a televisão e suas referências paradigmáticas na perspectiva da internet.

Vive-se a era de convergência. O telefone, a televisão e o computador não são mais objetos delimitados por fronteiras intransponíveis, como usos claramente distintos. Nesse contexto, torna-se difícil saber a qual desses meios de comunicação deve-se reservar o nome de televisão (JOST, 2010, p. 56).

A transmissão convergente dos jogos olímpicos de Londres, feita em 2012 pela BBC, preserva como elementos paradigmáticos da televisão a marca da emissora e a programação. Mas a sintaxe audiovisual, embora tipicamente televisiva, adapta-se às características dos dispositivos móveis e sofre influência das características marcantes de sites de redes sociais, como YouTube, Twitter e Facebook. Relativiza, assim, a noção tradicional de telejornalismo em prol de uma visada que remete às características do jornalismo convergente. De acordo com Ciro Marcondes Filho (2000), a padronização dos telejornais revela paradigmas próprios, os quais se confundem com a própria lógica da televisão. São eles: o modelo esportivo do noticiário; a lógica da velocidade; a preferência do “ao vivo”; a substituição da verdade pela emoção; a popularização; e o expurgo da reflexão. “No modelo esportivo de produção de telejornais, as notícias são apresentadas tal qual um jogo de futebol. As cenas se passam e a intervenção do narrador é mínima.” (MARCONDES FILHO, 2000, p. 80). A transmissão televisiva dos jogos olímpicos parece corroborar, ao longo dos tempos, a consolidação dos paradigmas telejornalísticos, tal como proposto por Ciro Marcondes Filho. Esses paradigmas permeiam também a perspectiva transmídia da cobertura 2012, na qual se destacam o modelo esportivo de produção, a lógica da velocidade e a preferência do “ao vivo”. É justamente por meio da inserção desses paradigmas na perspectiva convergente da cobertura dos jogos olímpicos que a BBC se faz reconhecer, como televisão, na sua

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cobertura multiplataforma dos jogos olímpicos em 2012. Por outro lado, investe-se também de características marcantes das mídias sociais, tais como vinculação e enlace (ISLAS; URRUTIA, 2010). Trata-se, assim, de uma noção ampliada de televisão, a qual remete à convergência entre televisão (lógica vertical de transmissão) e internet (lógica horizontal de participação). A produção televisiva, nesse cenário convergente, lida com audiências que “já não são exclusivas da tela televisiva clássica, mas emigram ou simultaneamente interagem com outras, de maneira diversificada” (OROZCO, 2012, p. 15, tradução nossa). De acordo com Scolari (2012), a configuração da audiência em rede – ou audiência líquida, como ele denomina – interfere na dinâmica da produção televisiva “pois não é o mesmo produzir para uma grande audiência fiel que religiosamente espera frente ao televisor (...) que criar conteúdos para um conjunto fragmentado, mutante e disperso de consumidores” (SCOLARI, 2013, p. 221, tradução nossa). Carlon (2012) chama esse fenômeno “post-tv” de “televisão expandida”, a qual segue como programadora da vida social, em especial, segundo ele, em transmissões de acontecimentos sociais relevantes, como eventos esportivos e cerimônias políticas. “São transmissões que nos obrigam a reconhecer a vigência da linguagem da televisão e da instituição emissora no cenário da post-tv e que habilitam, por conseguinte, um tipo específico de narrativa transmídia” (CARLON, 2012, p. 49, tradução nossa).

5. As telas múltiplas da cobertura 2012

Embora não tenha se referido explicitamente à estratégia de cobertura como transmídia, a BBC tem se posicionado em torno da chamada “narrativa conectada” 11, tendo como mote a proposta de oferecer “um serviço, dez produtos e quatro telas” (RIVERA, 2011) De acordo com Rivera, esta conexão significa três coisas: - Audiências: conectada com a BBC e entre si com o objetivo de criar experiências personalizadas, interativas e sociais;

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Connected Storytelling

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- Editorial: histórias conectadas por curadoria profissional, social e por meio de algoritmos, para gerar experiências mais completas e imersivas; - Dispositivos: conectados entre si para proporcionar experiências em qualquer uma das quatro telas (TV, PC, tablets e celulares) A estratégia da chamada “Olimpíadas Digitais” constituiu-se em cobrir todos os eventos, de todos os esportes, durante todos os dias, com a oferta “de uma quase ilimitada escolha em todas as plataformas”12. Este parece ter sido o grande diferencial e maior orgulho da emissora. Um grande volume de imagens, vídeo, texto e dados foi disponibilizado durante o evento, permitindo ao telespectador circular pelas plataformas e complementar informações, cumprindo um dos princípios do jornalismo transmídia. Apesar de não representar uma inovação em termos de linguagem jornalística de vídeo, as transmissões em múltiplas telas permitiram uma experiência diferenciada em termos de complementariedade midiática. O Chefe de Grandes Eventos da BBC Esportes, Dave Gordon, esteve à frente da cobertura de mais de dez olimpíadas. Para ele, as Olimpíadas de 2012 aconteceram em um momento em que as tecnologias contribuíram de forma única para a oferta de conteúdo 13. Mark Thompson, diretor geral da emissora, em um balanço final sobre o trabalho jornalístico considerou-a como “um novo benchmark para audiências sobre como cobrir grandes eventos no futuro. Em particular, estas foram as primeiras Olimpíadas realmente digitais e deram à audiência mais escolhas e mais controle do que jamais experimentaram antes”14. Assim como em outros momentos de suas coberturas, houve ampla divulgação sobre os bastidores do trabalho dos jornalistas nos blogs da emissora, o que também caracteriza o jornalismo trasnsmídia, mas não consiste em novidade. Todos os artigos publicados estiveram e continuam abertos aos comentários dos internautas, entretanto, em nenhum deles existe diálogo com a emissora. Não há resposta aos questionamentos ou aos muitos elogios registrados nestes espaços.

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http://www.bbc.co.uk/mediacentre/mediapacks/bbc2012/gamestime/broadcasting.html London 2012: BBC will cover every Olympic sport. Disponível em http://www.guardian.co.uk/media/2011/jul/26/bbc-to-cover-every-sport-london-2012-games. Acesso Fev. 2013 14 Thompson, Mark. A thank-you to our staff and audiences. Disponível em http://www.bbc.co.uk/blogs/aboutthebbc/posts/as-a-once-in-a-lifetime-broadc . Acesso Fev. 2013 13

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Em 2012, a BBC credenciou 765 profissionais15 para a cobertura. Nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, foram 437 envolvidos. Este acréscimo se deveu às seguintes mudanças no planejamento de cobertura: quatro vezes mais canais de televisão e uma estação de rádio extra dedicada 24 horas à cobertura do evento; mais serviços online e móveis do que todas as outras coberturas; cobertura com apresentador 24 horas por dia em todas as plataformas, na Inglaterra e no exterior; 24 canais digitais, que exigiram ainda mais apresentadores. Foram mais de nove milhões de acessos à versão móvel do site da BBC durante os dias do evento16·. 2,3 milhões de acessos via tablets, contabilizando cerca de 12 milhões de acessos a vídeos durante duas semanas, por via móvel. Ao todo, as transmissões de vídeo atingiram 106 milhões de visualizações em nas plataformas online: PC, telefone e tablet. As possibilidades da televisão foram multiplicadas e estendidas com a geração de mais de 2.500 horas/vídeo, mil a mais que em 2008 e o correspondente a quatro meses de produção normal. Estas transmissões deram suporte aos canais BBC 1,2 e 3. O casamento da tela televisiva com as telas de tablets, computadores e celulares, permitiu exploração máxima do conteúdo disponível. Pela primeira vez, nenhum esporte deixou de ser abordado. A cobertura de televisão atingiu 51.9 milhões de pessoas. O gráfico 1 contabiliza a audiência, nas quatro telas, durante um período de 24 horas, demonstrando o comportamento dos usuários. - Uso de PC aumenta no meio da manhã e no horário de almoço - Celulares atingem pico de uso às 18 horas, quando as pessoas deixam os escritórios, mas continuam conectadas - Os tablets são utilizados paralelamente à televisão, como segunda tela no período da noite

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Disponível em http://www.bbc.co.uk/blogs/rogermosey/2012/04/probably_the_biggest_single_th.html A rigor, Olimpíada refere-se ao intervalo, unidade de tempo, de quatro anos entre os Jogos Olímpicos, porém no jornalismo, os termos são tratados como sinônimos, o que nos impossibilita de fazer esta distinção conceitual 16

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GRÁFICO 1: uso de mídias por hora de acesso entre 28 de julho e 9 de agosto Fonte: BBC

O consumo de vídeo pelo celular foi o destaque da cobertura destas Olimpíadas, com 12 milhões de acessos, o que nos parece uma possibilidade importante de extensão do conteúdo televisivo. Foram registrados 9,2 milhões de acessos ao site da BBC a partir dos telefones móveis e 2,3 por meio de tablets. Enquanto o uso de PCs e tablets variou durante o dia, o uso de telefone celular foi constante, inclusive quando assistiam televisão, para acessar resultados17. Um dos produtos desenvolvidos pela BBC para a cobertura das Olimpíadas foi o chamado player interativo de vídeo. Por meio dele, foram disponibilizados 24 diferentes streams de vídeo em alta definição durante todos os dias dos jogos. Embora sofisticado em termos de usabilidade e com amplo conteúdo informativo de suporte aos vídeos, o player não permitia interatividade entre usuários, constituindo-se em mais um canal de lógica transmissiva. A interatividade entre os usários pode ser experimentada a partir do aplicativo desenvolvido para a rede social Facebook. Por meio dele, era possível assistir aos eventos com amigos também conectados e comentar cada vídeo. Foi a primeira experiência da BBC

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BBC Sport breaks online records with first truly digital Olympics. Disponível http://www.bbc.co.uk/mediacentre/latestnews/2012/sport-online-figures.html Acesso em Fev. 2013

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de streaming de vídeos pelo Facebook. Fora o aplicativo, entretanto, a página da rede social limitou-se a compartilhar links de conteúdos do website.

Críticas à cobertura

O primeiro dia de transmissão do ciclismo pela BBC foi marcado por uma avalanche de críticas no Twitter, o que levou a BBC a se desculpar publicamente. Um grande número de telespectadores raivosos se manifestou contra erros repetidos, áudio ruim e falta de informações gráficas. Um telespectador escreveu: “Comentários e cobertura do

ciclismo BBC

absolutamente chocante ... sem controle dos tempos e ciclistas identificados erroneamente!”. Outro tuitou: "A cobertura do ciclismo #olympics2012 traz o pior comentário que eu já ouvi. Cobertura embaraçosamente ruim” A resposta da BBC foi dada também por Twitter, pelo apresentador Gary Lineker: "Isso é a Olimpíada. A cobertura é de um pool de emissoras de todo o mundo. Tenho medo de que seja assim, independentemente de quem seja o responsável." O site Open Democracy18 abriu debate online sobre a cobertura das Olimpíadas pela BBC. Recebeu 46 respostas em uma semana. No geral, a experiência ampliada de acesso à informação em várias plataformas agradou ao público. Entretanto, apesar de todo o empenho e do volume de material transmitido, este parece ter sido também o principal problema da cobertura, segundo comentários dos telespectadores. Alguns esportes não foram comentados e a falta de uma estrutura de produção para os jogos secundários deixou a audiência confusa. Outra reclamação foi em relação às limitações das transmissões nos canais gratuitos. Boa parte da cobertura foi transmitida por canais pagos. As transmissões estiveram centradas nos jogos dos quais participaram atletas ingleses. O discurso de interação e conectividade com a audiência nem sempre foi cumprido. Após a cobertura, o pesquisador Stephen Curran, do Massachusetts Institute of Technology publicou no Twitter a informação sobre o custo da cobertura e recebeu mais de 3.400 retuítes.

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A BBC não se pronunciou sobre o assunto e não respondeu aos questionamentos do site Open Democracy. Da mesma forma, as várias oportunidades de manifestação dos prosumidores, nos blogs, websites e redes sociais, raramente tiveram um retorno dos jornalistas da BBC.

Considerações finais Nota-se na cobertura dos jogos olímpicos de Londres em 2012, realizada pela BBC, o predomínio de aspectos delineadores do jornalismo convergente (MOLONEY, 2011; SCOLARI, 2013), como expansão, exploração e diversidade dos pontos de vista. Este último aspecto é particularmente importante porque remete à lógica colaborativa, já que pressupõe a participação do público. Se o telejornalismo do século 20 foi modelado pela perspectiva monomidiática de transmissão, da qual derivam as noções paradigmáticas de programação televisiva e de emissora como marca (JOST, 2010), o telejornalismo do século 21, do qual a cobertura transmídia em análise é exemplo, tem que lidar com o desconforto da participação pública em mídias sociais e da sintaxe audiovisual multiplataforma. Surge daí a possibilidade de um telejornalismo transmídia, que transbordaria a tela da televisão para explorar, de forma complementar e orquestrada, as possibilidades narrativas do PC, do celular e dos tablets, com ampla participação e engajamento dos chamados prosumidores. Trata-se de um telejornalismo que, ao mesmo tempo em que se ancora em paradigmas tradicionais, como modelo esportivo de narração, lógica da velocidade e predomínio do “ao vivo” (MARCONDES FILHO, 2000), expande-se para telas complementares e mídias sociais, investindo-se de suas características marcantes, como vinculação e enlace (ISLAS; URRUTIA, 2010). Mas se por um lado a cobertura televisiva dos Jogos Olímpicos feita pela BBC em 2012 amplia a noção clássica de telejornalismo, em termos de expansão midiática e conexão entre usuários, por outro não se altera em termos de linguagem. A cobertura transmídia desse evento midiático global, portanto, sinaliza um cenário de reconfiguração tanto da televisão quanto do telejornalismo, mas essa reconfiguração não parece se caracterizar por uma negação de suas referências paradigmáticas. Pelo contrário, parece enfatizar tais referências no âmbito da convergência de mídias e da conexão dos usuários por intermédio das mídias sociais acopladas ao dispositivo televisivo.

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Referências

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