Once upon a time: estratégias de formação narrativa e fidelização de público

May 25, 2017 | Autor: Priscila Vaz | Categoria: Fairy tales, TV Series, Contos De Fadas
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Once upon a time: estratégias de formação narrativa e fidelização de público Priscila Mana VAZ 1 Universidade Federal Fluminense, Niterói, Rio de Janeiro

Na formação dos universos narrativos na ficção seriada televisiva, as estratégias para a composição da narrativa envolvem o uso de critérios e artifícios que ajudam ao público a se aproximarem desses universos. Além de funcionarem como um guia para o desenvolvimento das histórias, essas estratégias também são elementos-chave no processo de fidelização de público. Através de uma pesquisa quantitativa e qualitativa com os espectadores da série Once upon a time, buscamos identificar se o uso de critérios como alteração temporal, verossimilhança e quebra de expectativa, na construção do universo diegético da série, é bem recebido pelo público. Também investigamos se a união desses critérios com alguns artifícios narrativos como a re-apropriação de histórias já conhecidas e a fusão de personagens, traz mais possibilidades interpretativas para a série. Segundo Mittel (2006), os produtos ficcionais seriados televisivos, podem ser identificados como narrativas complexas quando oferecem ao público diferentes maneiras de se aproximar da história apresentada. Mittel também enfatiza que o engajamento do público com as séries está relacionado a oportunidade que as narrativas dão aos espectadores de se aprofundarem nas histórias a partir de brechas de interpretação que são deixadas na narrativa (MITTEL, 2006). Com essa pesquisa, buscamos identificar se o universo diegético da série foi composto a partir dessas premissas. Para guiar o trabalho com os espectadores e fãs, foi realizada uma análise de conteúdo dos episódios da primeira temporada da série Once upon a time, visando traçar as estratégias que foram utilizadas para compor o universo narrativo da série. Foram observadas como principais estratégias para apresentar o espaço-tempo da narrativa, os critérios, acima listados, de alteração temporal, verossimilhança e quebra de expectativa e a partir deles, foi possível fazer o questionário para verificar como o público recebeu tais estratégias. Além disso, também foram traçadas as estratégias de apresentação de personagens. Tendo em vista que, a série utiliza as histórias de contos de fadas como referência e em tese, esses personagens já são conhecidos pelo público. Foram encontrados 1

Priscila Mana Vaz - Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense - UFF. Bolsista - CAPES. !1

dois padrões para apresentação dos personagens ao público, a saber, fusão de personagens e apresentação da história prévia do personagem (como ele era antes da história já conhecida nos contos clássicos). O questionário da pesquisa, composto por perguntas quantitativas e qualitativas, foi aplicado em um grupo de fãs da série no Facebook - Once Upon a Time Brasil - com perguntas que corresponderam apenas aos episódios da primeira temporada da série. Os resultados preliminares indicam que o público recebeu bem o uso dessas estratégias e conseguiu se apropriar das brechas narrativas para se aproximar ainda mais da história. Além disso, também verificamos que a estratégia utilizada na primeira temporada da série foi suficiente para fidelizar o público, que permanece assistindo a série após 5 temporadas, nas quais as estratégias de junção de personagens e alteração temporal, por exemplo, continuaram sendo utilizadas e bem recebidas pelo público. A partir disso, concluímos que as estratégias aplicadas na primeira temporada de um produto de ficção seriada televisiva podem definir o futuro de uma série, isto é, sua continuidade na grade televisiva. Ao utilizar estratégias narrativas que engajam o público, a série é capaz de manter a fidelização no produto e assim garantir a formação de um público fã. Referências ALLRATH, Gaby, Marion GYMNICH & Carlota SURKAMP. Introduction: Towards a Narratology of TV Series. In Gaby ALLRATH & Marion GYMNICH. Narrative Strategies in Television Series. Palgrave Macmillan. London, 2005. CHATMAN, Seymour. What novels can do that films can’t. (and Vice Versa) in MITCHELL. W.J.T. (Edited by) On Narrative. The University of Chicago Press. USA, 1981. FOSTER, E. M. Aspects of the Novel (1927); Philippe Hamon, “Para um Estatuto Semiológico da Personagem”, in F. Van Rossum Guyon et Alii: Categorias da Narrativa (1977). MITTELL, Jason. Narrative Complexity in Contemporary American Television. IN: The Velvet Light Trap, Number 58, 29-40. Fall 2006 by the University of Texas Press. NEWMAN, Michael Z. From Beats to Arcs: Toward a Poetics of Television Narrative. IN: The Velvet Light Trap, Number 58, 16-28. Fall 2006 by the University of Texas Press.

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