Opinião dos estudantes do Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças (ISGECOF) do Niassa/Moçambique em relação a escolha dos seus cursos

May 28, 2017 | Autor: E. Rassude | Categoria: Educational Psychology
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Opinião dos estudantes do Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças (ISGECOF) do Niassa/Moçambique em relação a escolha dos seus cursos.

Eurico Luciano Rassude Docente do Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças do Niassa. Funcionário da Direcção Provincial de Saúde do Niassa (Hospital Pronvincial de Lichinga) [email protected] ou [email protected]

Resumo Foi feito um estudo qualitativo entre os meses de Agosto e Setembro de 2013, com o objectivo de conhecer os critérios utilizados pelos estudantes do Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças da Província do Niassa – Moçambique, na escolha de seus cursos. Participaram no estudo 162 estudantes de quatro cursos, nomeadamente: Administração Pública, Comércio e Finanças, Economia, Contabilidade e Auditoria e Direito. O estudo apurou que 58% dos estudantes abrangidos escolheram o seu curso por vocação. Contudo, foi apurada uma percentagem de 14,2% de estudantes que escolheram seus cursos por mera afeição de profissionais do ramo. A interferência dos grupos sociais (pais, amigos, encarregados de educação) não foi determinante na escolha dos cursos, devido a natureza dos estudantes envolvidos no estudo (pós-laboral) que em princípio, possuem autonomia na tomada de decisões. Palavras-chave: estudantes, escolha de cursos, Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças (ISGECOF), orientação vocacional. ABSTRACT A qualitative study was done between August and September 2013, with the objective of meeting the criteria used by students of High Institute of Management, Business and Finance of Mozambique-Niassa, about choosing their courses. Was involved 162 students in the study of following courses: Public Administration, Commerce and Finance, Economic, Accounting and Auditing and Law. The study found that 58% of students chose their course covered by vocation. However, it was determined that 14.2% of students chose their courses by mere affection of similar professionals. The interference of social groups (parents, friends, carers) was not decisive in the choice of courses, due to the nature of the students in the study (after work) that in principle, have autonomy in decision making. Keywords: students, choice of courses, High Institute of Management, Commerce and Finance, vocational guidance.

INTRODUÇÃO Este estudo foi feito com o objectivo fundamental de conhecer os critérios utilizados pelos estudantes do ISGECOF na escolha de seus cursos. Constituiu igualmente, intenção do estudo, a recolha de opiniões dos estudantes sobre a instituição assim como do processo de ensino e aprendizagem. Optar por uma profissão é necessário dentre o nosso âmbito social, durante toda nossa vida temos de realizar uma série de escolhas … apesar de termos muitas escolhas para realizar no decorrer da nossa vida, muitas delas não acarretarão em grandes consequências, por outro lado existem, aquelas que implicam em enormes obstáculos, se forem realizadas de maneira errónea, uma delas é a opção profissional (Silva, 2011). Outrossim, uma boa escolha da profissão requer uma orientação vocacional a qual deve ser conduzida por pessoal especializado. A orientação vocacional não é só um processo de desenvolvimento pessoal, educacional e social, como também continua a ser alvo constante de alterações, adaptativas as mudanças de pensamento da sociedade em que estamos inseridos, sendo por isso ela própria, ao mesmo tempo, fruto e criadora de um processo de crescimento, progresso e integração. É um processo pessoal e social de desenvolvimento do indivíduo, com e para ele, devendo este ser o principal motor de funcionamento do processo, salvaguardando a importância da posição do psicólogo em momentos chave (Reis, 2006). A escolha profissional não depende de uma única variável, ao contrário, é multi-factorial. Vários factores influenciam na maior ou menor “qualidade” da escolha e no tipo de vínculo que o sujeito vai desenvolver com o seu objecto de trabalho. Dentre eles podem-se citar: os políticos, os económicos, os sociais, os educacionais, os familiares e os psicológicos. Em relação aos factores psicológicos, algumas variáveis podem influenciar a escolha profissional, tais como: os interesses, as habilidades, os traços de personalidade, os valores, as expectativas com relação ao futuro e a maturidade para a escolha profissional (Neiva, Silva, Miranda, & Esteves, 2005). De acordo com Super (1995) citado por Neiva et.al. A maturidade é conjunto de atitudes e comportamentos que devem ser empreendidos, visando a inserção profissional, (2005).

Procurando comparar o papel dos pais na escolha da profissão, Staudt & Wagner (2008) citados por (Lopes & Paula, 2011), referem que, mesmo que actualmente o pai pareça estar assumindo um papel mais participativo na vida dos filhos, as crenças e os valores presentes no imaginário social, não se transformam abruptamente. Concomitantemente a essa demanda de um homem mais presente na vida privada, observa-se que ainda persiste no seno comum a vinculação da maternidade a uma aura idealizada, diferente da paternidade. As mulheres acabam assumindo a tarefa de corresponder a esse papel idealizado que culturalmente lhe é imposto e que acaba fazendo parte daquilo em que elas mesmas acreditam.

MATERIAL E MÉTODOS Participaram neste estudo de natureza exploratória e descritiva, um total de 162 estudantes de ambos os sexos, seleccionados através da combinação da amostragem por conveniência e aleatória simples, de um universo de 433 estudantes sendo 156 de Cuamba e 277 de Lichinga. O estudo foi feito combinando a abordagem qualitativa com a quantitativa, com maior destaque para a primeira. Foi garantido o anonimato, autonomia e livre consentimento a todos participantes do estudo, como forma de salvaguardar os princípios éticos em pesquisas com seres humanos. O estudo teve a duração de dois meses contados a partir de Agosto de 2013. Os dados foram colhidos com recurso a um questionário, sendo o seu processamento viabilizado com o programa informático SPSS for Windows versão 19. Para a operacionalização deste estudo, foram utilizadas as seguintes variáveis: sexo, idade, ano de frequência, curso, motivo de escolha curso do ISGECOF e aspectos que devem ser melhorados no ISGECOF.

RESULTADOS E ANÁLISE Principais questões em foco Assinale com X a alternativa correspondente ao sexo A esta pergunta responderam 160 estudantes dois quais, 54% do sexo masculino. A maior participação masculina deve-se ao facto de maior número de estudantes da instituição serem deste sexo. Assinale com X o intervalo da sua idade

Responderam a esta pergunta 161 estudantes. Com a variação de 18 e mais de 40 anos, o intervalo com maior número dos pesquisados (27,2%) foi o de 40 ou mais anos de idade, seguido de 25 a 29 e 35 a 39 anos, ambos com 17,9%. O intervalo de 18 a 24 anos contribuiu com 19,1% e por último o intervalo dos 30 a 34 anos com 17,3%. Tomando em consideração que o ISGECOF lecciona na sua maioria cursos pós-laborais, justifica-se que maior parte dos participantes estejam no intervalo de 40 ou mais anos de idade. Curso vs o ano em frequência Tabela 1: Relação entre o curso e o ano em frequência

APCF Curso em Freq

Total

Primeiro Ano 7

Ano de Freq Segundo Terceiro Ano Ano 3 3

Quarto Ano 4

Total 17

Economia

0

0

0

20

20

Direito Cont. e Auditoria

33 13

1 0

20 21

35 2

89 36

53

4

44

61

162

Estas questões foram respondidas por todos os participantes no estudo. Observa-se que os estudantes do quarto tiveram maior participação com 38%, seguida do primeiro ano com 33%, terceiro ano com 27% e por último segundo ano com 2%. Quanto aos cursos, a maior participação coube ao curso de Direito 55% seguida de Contabilidade e Auditoria com 22%. Diga o que lhe motivou a escolher o ISGECOF como instituição de ensino superior Tabela 2: Razões de escolha do ISGECOF como instituição de ensino superior

Motivo de escolha do ISGECOF Sem resposta Melhor Organização do Ensino Única Alternativa no momento do Ingresso Acessibilidade de propina Influencia de amigos e familiares Melhores condições de Ensino Outros

Frequency 4 23 64

Percent 2.5 14.2 39.5

12 7 36 16

7.4 4.3 22.2 9.9

Valid Cumulative Percent Percent 2.5 2.5 14.2 16.7 39.5 56.2 7.4 4.3 22.2 9.9

63.6 67.9 90.1 100

Total

162

100

100

Responderam a esta pergunta 158 estudantes dos quais maior parte (39,5%) referem ter escolhido o ISGECOF por ser única alternativa de oferta de cursos superior no momento do ingresso. Um outro grupo considerável de estudantes (22,2%) referiu ter escolhido o ISGECOF por possuir melhores condições de ensino, seguido daqueles que escolheram o ISGECOF por possuir melhor organização do ensino (14,2%). Diga o que lhe motivou a escolher o curso em frequência Tabela 3: Razões de escolha do curso Motivo da escolha do curso Sem resposta Vocação Sugestão de amigos, familiares e outros grupos sociais Afeição por pessoas da mesma profissão Falta de quadros do ramo Outros motivos Total

Frequency

Percent

2 94 16

1.2 58.0 9.9

23 15 12 162

14.2 9.3 7.4 100.0

Valid Cumulative Percent Percent 1.2 1.2 58.0 59.3 9.9 69.1 14.2 9.3 7.4 100.0

83.3 92.6 100.0

Respondida por 160 estudantes, esta questão revela que maior parte dos estudantes (58%) escolheram o curso por vocação. Um outro grupo considerável (14,2%) referiu ter escolhido o curso por afeição de pessoas que exercem profissão relacionada com o curso. Relação entre Sexo e o motivo da escolha do curso Tabela 6: Sexo vs razões da escolha do curso Motivo da Escolha do Curso Sugestão Afeição de por Falta de Sem amigos, pessoas Outros Total Vocação quadros resposta familiares da motivos do ramo e outros mesma g. sociais profissão 0 2 0 0 0 0 2 Sexo Masculino 1 53 5 13 8 7 87 Feminino 1 39 11 10 7 5 73 Total 2 94 16 23 15 12 162

A maior parte dos homens e das mulheres escolheram o curso por vocação (61% para os homens e 53% para as mulheres), o que revela maturidade em ambos os sexos na escola do curso. A outra percentagem significativa (15%) é a dos homens que referem ter escolhido o curso por afeição de pessoas da mesma profissão. Igualmente, 15% de mulheres referem ter escolhido o curso por influência de grupos sociais. Que aspectos julga ser necessário melhorar no ISGECOF

De entre vários aspectos que devem ser melhorados no ISGECOF, destacam-se: necessidade de seleccionar criteriosamente os docentes, reduzir propinas, apetrechar o acervo bibliográfico, possuir instalações próprias e melhoria da comunicação direcção e estudantes.

DISCUSSÃO Embora maior parte dos estudantes tenham dito que seleccionaram os cursos por vocação, existe ainda, um número considerável de estudantes cujas razões de escolha dos cursos não estão relacionados com a vocação. Este facto é crítico, visto que, tais estudantes correm o risco de exercerem uma profissão indesejada, facto que poderá concorrer a prováveis frustrações profissionais no futuro. O facto revela ser necessário proceder com a orientação vocacional aos candidatos antes de ingressarem nos cursos, processo que pode ocorrer no ensino pré-universitário, ou então, mediante aconselhamento por cientistas sociais (psicólogos/sociólogos) por parte do estudante.

O facto de existirem estudantes (39,5%) referindo que escolheram a instituição porque não havia outra alternativa na altura de ingresso, é um indicador que deve merecer atenção por parte da instituição, visto que, aparecendo instituições com a mesma oferta, poderão eventualmente atrair uma parte dos estudantes. Os achados do Estudo apoiam os resultados da pesquisa feita por Pereira e Garcia (2009) no Brasil, segundo os quais, a maioria dos estudantes escolhem os seus cursos de formação por vocação. Contudo, não foi possível apurar que os grupos sociais (pais, amigos e outros) têm maior influência na escolha dos cursos. Este facto pode estar associado a natureza de estudantes do ISGECOF (maioritariamente adultos) e portanto com muita experiência e autonomia no processo de tomada de decisão. De igual maneira, os nossos achados assemelham-se aos do estudo feito por Lopes, S. R., & Paula, S. F. (2011) segundo o qual, existe uma certa influência pelos grupos sociais na escolha profissional, embora tal não seja factor determinante.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados do estudo revelam maturidade na escolha dos cursos para ambos os sexos. Contudo, é necessário continuar a estimular a prática de orientação profissional para reduzir situações de escolha de cursos sem que sejam da vocação do estudante. Deverão merecer atenção da direcção da instituição os aspectos levantados pelos pesquisados, tal é o caso de apetrechamento do acervo bibliográfico, o rigor na selecção de docentes pois, poderão concorrer para a melhoria da qualidade do processo de ensino e aprendizagem.

IMPLICAÇÕES Embora os resultados do estudo não sejam extrapoláveis para todos os contextos, os mesmos contêm informação que poderá ser útil para futuras pesquisas. Para o Instituto Superior de Gestão, Comércio e Finanças do Niassa, o estudo constitui uma oportunidade para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem assim como de aspectos organizacionais.

REFERÊNCIAS Alvim, J. L., & Menin, M. S. (2011). A escola contemporrânea: orientação para a profissão ou para competição? Portal dos psicólogos , pp. 2-9. Lemos, G., Almeida, L. S., & Primi, R. (2007). Habilidades Cognitivas, Desempenho Académico e Projectos Vocacionais: Estudo com alunos portugueses do 5º ao 12ºano. pp. 110. Neiva, K. M., Silva, M. B., Miranda, V. R., & Esteves, C. (Junho de 2005). Um Estudo sobre a Maturidade para a Escolha Profissional de Alunos do Ensino Médio. Red de Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal , pp. 2-15. Reis, M. A. (2006). A orientação vocacional como um processo social de desenvolvimento . Portal dos psicólogos , pp. 1-10. Silva, D. B. (2011). Importância da Escolha Ocupacional . Portal dos Psicólogos , pp. 1-16. Lopes, S. R., & Paula, S. F. (2011). A importância da figura paterna no processo de escolha profissional: um estudo comparativo entre jovens universitários. Psicologia Teoria e Prática , pp. 2-15. Pereira, F. N., & Garcia, A. (2009). Amizade e Escolha Profissional: um Estudo com Alunos de Escolas Particulares e Públicas. Pesquisas e Práticas Psicossociais , pp. 1-11.

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