optimus e pessimus princeps - roma

July 17, 2017 | Autor: Irene Tavares | Categoria: Roman History, Imperial Rome, Optimus Princeps
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Introdução:
Neste trabalho farei primeiramente um enquadramento à época pós-augustana e à política no tempo de Tibério. Depois disto procederei na análise às vidas de Calígula e Vespasiano para assim definir e comparar um "bom" princeps e um "mau" princeps.
Roma depois de Augusto:
Após a morte de Augusto, deparamo-nos com a inexistência de sucessão hereditária pois os seus poderes não eram nenhum cargo, logo não era algo que se pudesse herdar. Ao mesmo tempo que isto acontece, o número de magistrados vai aumentar e ao mesmo tempo criam-se prefeituras que têm um determinado prazo ou mandato cumprido pelos Prefeitos. Estes eram funcionários que estão no topo da administração e asseguram a estabilidade do poder em todo o império, controlando assim a República. No entanto apesar de tudo isto, ainda há o problema sobre quem irá herdar os poderes de Augusto. O problema aqui é o facto de se houver um sucessor, não existiria República, pois neste regime não é suposto haver sucessão de algo mas sim eleição, e mesmo uma eleição significaria uma magistratura formal, o que não havia. Iria ser eleito para quê?
O senado tinha o poder de promulgar a lex imperium ou lex curiata de imperio, lei que concedia os poderes que tinham sido de Augusto a um individuo escolhido pelo próprio senado, tornando legal a autoridade do princeps. Isto significa que se tornaria como Augusto, com os mesmos poderes, mas sem uma magistratura formal. Os poderes mais importantes deste modelo (para além dos mais secundários como pontifex maximus, entre outros) eram o império proconsulado e o poder tribunício, ou seja, o princeps era intocável e sacrossanto. Apesar de tudo isto, ao contrário do que era na República média, o senado agora era o centro da elite e teve mais poder do que nunca; o senado já não tinha aquela simples e básica função de concelheiro, mas agora para além de conceder os poderes do princeps, também aprovava leis, rebaixando os comícios, e elegia os magistrados, sendo os eleitores somente os próprios senadores. Além disso, os próprios senadores lideravam o exército e as províncias, logo o senado passou a ser o centro de administração imperial e o garante da República.
Na época de Tibério é assim que encontramos o império romano: com um reforço dos poderes do senado e diminuição do poder do populus (que agora não podia eleger). Antes o populus era o garante da República pois era este que votava, mas agora esse poder pertence ao senado, e os papéis invertem-se. Não havia nenhum princeps ou magistrado contra o senado, nem ninguém que quisesse acabar com o senado. Mas seria isto ainda uma República? A resposta seria sim, mas estava-se a caminhar para algo ainda muito diferente. Os princeps que tinham comportamentos que pareciam ir contra tudo o que o senado defendia, possuindo luxos e ostentações, eram considerados como não-republicanos (como foi o caso de Calígula, Nero e Domiciano, Cómodo e Heliogábalo), possuindo assim uma relação conflituosa com o senado. Todos estes imperadores vão ter uma péssima imagem aos olhos do populus. Desta ideia surge a qualificação de "bom" ou "mau" princeps.
"In Latin terms, the behavior of emperors fluctuated between civilitas, the conduct of a citizen among citizens, and superbia, the disdainful bearing of a king and superhuman being."(WALLACE-HADRILL).

Um "bom" e "mau" princeps:
Esta designação é geralmente dada pelo senado e reflecte-se nos seus trabalhos biográficos. Como neste trabalho estamos a comparar Calígula e Vespasiano, podemos designar que o primeiro é definido como "mau" princeps, ao contrário do segundo. Então primeiro falarei sobre Calígula e a razão para a sua designação.
Segundo Suetónio, Calígula teve uma educação baseada na vida militar, tendo sido criado no meio de soldados, e esta educação valeu-lhe a alta dedicação que teve ao exército romano. Mas apesar de toda esta virtude e dedicação, Calígula não podia dominar sua natureza cruel e viciosa, já que assistia com enorme prazer às execuções dos condenados, percorria tabernas de forma disfarçada e adorava o canto e o teatro. Calígula era o último descendente de Júlio César e o mais completamente degenerado; a sua fraqueza de carácter e os seus vícios eram patentes, como já dizia Capri: "este rapaz terá todos os vícios de Sila, mas nenhuma das suas virtudes". O imperador não perdia a oportunidade para mostrar que tudo lhe era permitido e não admitia que alguém recebesse mais honras do que ele. Ordenou que se cortassem as cabeças de todas as estátuas de deuses que era possível encontrar, e mandou que em vez das suas feições originais, se colocassem as próprias feições do imperador. Vivia de luxos extremos que muitas vezes resultavam em grandes impostos pagos pelo populus. Então, segundo a opinião de Suetónio, Calígula era absolutista e sanguinário, tendo por isso sido assassinado em 41 d.C. os comportamentos de calígula fizeram com que este ficasse mal visto.
Segundo Wallace-Hadrill, modestia, moderatio, comitas, civilitas descrevem boas características que um imperador deve ter; o oposto é superbia e arrogantia, e é precisamente estas duas últimas que caracterizam Calígula e por isso, é um "mau" princeps.
Falemos agora de Vespasiano, o primeiro da dinastia dos flávios. Antes de ser imperador, durante o reinado de Cláudio, travou várias batalhas na Germânia e na Britânia, onde reduziu à obediência vários povos belicosos. Por estas façanhas recebeu ornamentos triunfais. Depois de Nero e Galba, enquanto Otão e Vitélio lutavam entre si pelo poder, os romanos viram em Vespasiano a esperança por uma simples razão: na casa de campo que pertencia aos Flávios, perto de Roma, havia um velho carvalho consagrado a Marte, e sempre que Vespásia dava à luz se desentranhava num único e súbito rebento, o que assinalava o destino da criança que acabara de nascer. O primeiro foi débil, o segundo prometia prosperidade e o terceiro (o de Vespasiano) foi forte como um tronco de árvore e por isso sabia-se que tinha nascido uma criança que se viria a tornar imperador. Ao contrário de Calígula, Vespasiano não descendia de grandes famílias, o seu pai um cobrador de impostos diferente dos outros, o que o fez adquirir uma reputação de humildade e honestidade perante o olhar dos romanos. Este imperador não se rendia a luxos e por vezes até podia ser avarento, no entanto o seu nome está ligado a grandes obras públicas como o famoso coliseu romano. Mas estas construções serviam para dar trabalho aos milhares de pessoas arruinadas pelas guerras civis. Ora, são todas estas características que fazem que haja uma opinião positiva acerca de Vespasiano, pois ao contrário de Calígula não desrespeitava o mos maiorum. "Em tudo o mais, do princípio do seu reinado até ao fim, foi moderado e clemente. Nunca escondeu a sua origem humilde e dela se vangloriou muitas vezes" (Suetónio).
Pessoalmente, o rápido apoio do senado também se deveu ao seu sucesso militar de Vespasiano. Além disto era extremamente carismático e tinha uma elevada inteligência comunicacional, por isso, compreendeu que controlar a percepção que as pessoas têm dele era fundamental, para assim assegurar o seu poder e influência. No entanto, é verdade que Vespasiano respeitava as regras da República, sendo por isso um optimus princeps, apesar de por esta altura o termo "República" ser um pouco forçado pois caminhava-se para a Roma imperial muito próxima da monarquia imperial. Outra característica de um optimus princeps é que os que assim foram considerados, aproximavam-se muito a Augusto, que era considerado o modelo de imperador. Trajano era também um imperador considerado como "bom". Havia também imperadores que se encontravam a meio-termo, ou seja nem eram optimus nem pessimus princeps, como é o caso de Adriano.
Penso também que seria importante salientar o facto de Suetónio não ter sido contemporâneo de Calígula nem de Vespasiano; o que escreveu foi baseado em relatos e em documentos deixados, além de poder também ter sido influenciado por um órgão que tinha muito saliente a opinião sobre estes dois imperadores: o senado; logo, não sabemos a que ponto Suetónio se deixou influenciar e como é que isso se reflectiu na sua obra.


Conclusão:
Assim, podemos concluir que na época pós-augustana deparamo-nos com um império romano com um sistema político muito diferente daquilo que era. O senado ganha um enorme poder, sendo agora um órgão imprescindível ao império e sem o qual este poderia subsistir. Agora tinha um grande poder em suas mãos, o princeps, e mais tarde o imperador. No entanto, o cargo de imperador ainda não era um cargo propriamente dito nesta altura, só o foi mais tarde. O que aqui interessa salientar é o facto de o senado ser o grande polo administrativo, tendo assim grande influência na escolha dos imperadores e na reputação de cada um deles. Quem estava contra o senado, estava contra o império, e o imperador que não agradava ao senado, era considerado como uma afronta à República. Podemos então definir o optimus princeps como aquele que respeita o mos maiorum (tradição), tem comportamentos dignos e que faça o bem para a população e para o próprio império, como é o caso de Vespasiano. Já um pessimus princeps é aquele cujo comportamento não agrada ao senado; aquele que não tem respeito pelo mos e que se banha em luxo e vícios, como é o caso de Calígula.





Passo a referir-me só a princeps ao falar de um individuo com os poderes de Augusto, pois a palavra "imperador" apesar de já usada, era ainda muito precoce para esta época e só se passará a definir mais tarde com outros imperadores.
Filho adoptado de Augusto e personagem pouco querido pelos romanos.
Este nome era uma alcunha dada devido á sua vida militar, o seu nome verdadeiro era Júlio César Augusto Germânico.
Na altura o imperador que gostasse de cantar, dançar e fazer teatro era muito mal visto.
De nome completo Tito Flávio Vespasiano.
Mãe de Vespasiano.



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