Oratória: considerações para uma apresentação oral

July 12, 2017 | Autor: E. Damasceno | Categoria: Oratoria
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O

Oratória

Considerações para apresentação oral

Elizabete Aparecida Damasceno

São Paulo 2015 1

ORATÓRIA considerações para uma apresentação oral Elizabete Aparecida Elizabete Aparecida Damasceno

Introdução Sabemos que o sujeito-falante de uma dada e definida comunidade é um ator social e que, pelo uso da fala e da escrita, constrói o processo histórico e cultural de uma dada e definida sociedade em que atua, e que, atuando na comunidade em que vive, faz uso de sistemas simbólicos e semi-simbólicos. A Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, também denominada Declaração de Barcelona, enfatiza os direitos linguísticos importantes para a construção de

subjetividades e do próprio processo histórico por meio do uso da língua, definida como sistema simbólico, elemento caracterizador da humanidade. E, em contrapartida, esse documento também acentua a responsabilidade dos sujeitos-falantes em relação à sua própria contribuição para a permanência e difusão dos bens e valores culturais de cada sociedade, até, e inclusive, em relação ao uso de seu próprio idioma, um bem social e expressão de conceitos e visões de mundo historicamente construídos. Nesse sentido, considera-se o sujeito-falante de uma dada e definida comunidade como um ator social e construtor do processo histórico-cultural e assim o faz, num dado tempo e num determinado espaço, por meio de textos, por meio dos quais, por pertencer o falante a um grupo social, em sua produção de textos verbais, não-verbais e sincréticos (falados ou escritos), sob diferentes gêneros, manifesta ideias, emoções, sentimentos, além de expectativas individuais e coletivas, que revelam diferentes concepções, ideias, valores, visões de mundo e interesses. Cada texto produzido, desse ponto de vista, define-se como uma unidade de sentido e produto de uma criação coletiva, em que “a voz do seu produtor manifesta-se ao lado de um coro de outras vozes que já trataram do mesmo tema e com as quais se põe em acordo ou em desacordo” em discurso. (FIORIN:1996:25) As línguas trabalham com categorias linguísticas concretas e abstratas, relacionadas não somente às categorias da realidade, exterior e visível, mas também às categorias criadas pelo discurso, de que resultam duas formas básicas de discurso: as construções figurativas e as construções temáticas, aquelas são construções com figuras ou termos concretos; estas, com temas ou palavras abstratas. Esta é a razão por que encontramos textos em que há a dominância de figuras ou de tema: “os textos figurativos produzem um efeito de realidade, e, por isso, representam o mundo, criam uma imagem do mundo, com seus seres, seus acontecimentos etc ; os temáticos explicam as coisas do mundo, ordenam-nas, classificam-nas, interpretam-nas, estabelecem relações e

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dependências entre elas, fazem comentários sobre suas propriedades. Os primeiros criam um efeito de realidade porque trabalham com o concreto; os segundos explicam, porque operam com aquilo que é apenas conceito. Os primeiros têm uma função representativa. Os segundos, uma função interpretativa. (...) Tematização e figurativização são dois níveis de concretização do sentido.” ( PLATÃO & FIORIN - Organização Fundamental. In.: Lições de texto: leitura e produção, SP:Ed. Ática: 1996: 88-9).

O texto, uma prática social, não pode ser, desse ponto de vista, então, definido como um conjunto de frases ou uma lista de ideias, e nem ser considerado, apenas, uma manifestação individual; pois, por mais que alguns autores insistam em que o texto seja considerado um produto objetivo e neutro, o texto é uma manifestação de um posicionamento de um sujeito face a uma assunto ou questão. E, então, como uma manifestação oral, o texto é uma construção que envolve um sujeito-comunicador e um sujeito-interpretante, além de outros elementos intrínsecos ao processo da comunicação. Este estudo tem o propósito de oferecer ao leitor algumas considerações pertinentes a situações e contexto de comunicação verbal, na modalidade oral, em que o texto verbal e/ou sincrético é elemento essencial e característico da comunicação de conteúdos.

I - Quesitos presentes em uma apresentação oral Uma situação de apresentação oral, além da preocupação com a construção do texto verbal e/ou sincrético, constitui-se de alguns quesitos igualmente importantes para o sucesso de uma apresentação, quais sejam: QUESITOS 1. Nervosismo: como lidar com ele Apresentar-se em público é considerado, por muitas pessoas, uma atividade estressante, ainda que expositores sejam profissionais experientes e comumente se apresentem em público e que, por profissão, têm habitualmente que atuar diante de plateias, mesmo esses profissionais confessam que, geralmente, sentem alguma forma de ansiedade. “Há até uma explicação biológica para esse sentimento. Expor-se a um público, tornar-se o objeto da atenção de outras pessoas, muitas vezes desconhecidas, é uma situação que relembra conflitos arcaicos” e “não é exagero dizer que aquele que se apresenta diante de uma audiência enfrenta uma autêntica ameaça”, porque“ está sendo observado, não pode falhar, arrisca a expor-se ao ridículo. Esse conflito, verdadeiramente arcaico, produz adrenalina e gera excitação, daí o conhecido nervoso”, afirma o Prof. Gabriel Lacerda (FGV:2013). Uma explicação plausível é dizer que essa reação constitui-se de normalidade e de natural efeito comportamental, dado que o organismo e os sentidos , bem como componentes físicos, psicológicos, cognitivos e afetivos são estimulados, numa situação de comunicação vivenciada, como um combate vivenciado interna e externamente em uma situação dialógica, em que dois opostos encontram-se em interação – o comunicador e a sua audiência. 3

O primeiro e fundamental segredo do orador é, portanto, usar a seu favor os elementos que produzem o nervosismo, aproveitar a energia vinda da injeção de adrenalina para ficar mais vivo, mais inteligente. Nem todos conseguem. Casos existem em que a dificuldade de lidar com o nervoso é tão grande que vence a vontade. Grandes artistas já passaram isso e sofreram grandes prejuízos. Alguns até tiveram que abandonar carreiras que poderiam ser bem sucedidas. Mas existem mecanismos que podem ajudar a superar o nervosismo, afirmam os psicólogos. No teatro, por exemplo, existem métodos e escolas surpreendentes para apaziguar e canalizar as energias em prol da boa atuação do ator. Já, para a área do Direito, recomendamos os cursos livros sobre Oratória de Reinaldo Polito (www.polito.com.br). Em primeiro lugar é preciso ter consciência de que o nervosismo existe e é natural senti-lo. Dizer-se a si mesmo: o nervoso é normal. Preciso mobilizá-lo e não suprimi-lo. E a tarefa consistirá buscar em si as forças para encontrar as respostas ao “Como? Não é simples. Mas é possível”, ensina-nos Gabriel Lacerda. Dirão os mais experientes que a mais óbvia de todas as recomendações é prepararse bem. Conhecer profundamente o que se vai dizer é a base indispensável para sentir-se seguro. Seja em um elogio fúnebre, em uma sustentação oral, em uma aula, ou em um discurso de campanha, é indispensável: • pensar antes; • fazer notas; • se possível ensaiar mentalmente ou diante do espelho. Eventualmente, vale até gravar os ensaios para estudar posturas, cacoetes, gesticulação, maneiras de olhar o público e outros apontamentos e detalhes que merecerão atenção, recomenda Lacerda, professor de curso de Direito da FGV, no Rio de janeiro. E, fica, então, a pergunta: e no momento da exposição? Como proceder? Certo é que cada expositor deve procurar desenvolver seus próprios mecanismos, e, dirão alguns. até mesmo suas eventuais “rezadeiras”, e que até momentos de meditação valem para preparar o esquema conceptual do expositor, a fim de canalizar suas forças e energias – positivas e negativas também - para o momento da apresentação. Há alguns truques mais comuns, por exemplo: a) iniciar a fala com alguma coisa leve, com um dito espirituoso e até com um toque de humor: isso contribui para relaxar o expositor e estabelecer uma ligação mais leve com a audiência, ajudando, como se diz, a “quebrar o gelo”, ou, dito de forma mais elegante, a quebrar no espectador a expectativa que este também tem; b) procurar na audiência um ou mais olhares amigos: as plateias, por definição, reúnem sempre personalidades diversas. Em uma turma de faculdade, em um tribunal, ou em uma solenidade, há de tudo, desde pessoas que vivem problemas pessoais e gostariam de estar naquele momento em algum outro lugar, até outras, especialmente interessadas. Entre expositor e quase que cada um dos assistentes, formam-se naturalmente fluidos inconscientes de empatia e antipatia. Percorrendo com o olhar uma audiência é geralmente possível localizar um ou mais assistente amigo. O olhar do expositor pode e deve percorrer toda a plateia mas, sem fixar exclusivamente, deve localizar e procurar periodicamente o olhar amigo, ensina o Prof. Lacerda (FGV). 4

c) falar pausadamente: o nervoso tende a produzir a aflição e a aflição tende a levar o expositor a falar rapidamente, atropelando as palavras. Com isso, muitas vezes atropela o próprio pensamento. E gera desconforto na audiência. A velocidade com que se pronuncia um discurso é facilmente controlável, com uma pequena dose de disciplina. É óbvio ainda que qualquer exagero é prejudicial. Se é ruim atropelar as palavras, falar devagar demais dá sono. Dosar a velocidade do discurso é tarefa simples e ajuda a controlar o nervoso. d) usar de recursos de tecnologia: atualmente o expositor pode usar dos muitos recursos de tecnologia disponíveis. Recursos como o uso de power point , uso de transparências, e vale até mesmo o uso de “dalhas” (cartolinas com textos escritos, caso a apresentação seja filmada, como em programas televisivos em que os repórteres leem textos e fica-nos a impressão de que o texto é “falado” pelo profissional), ou até valer-se de fichas de anotações. Todavia, recursos tecnológicos podem eliminar o nervoso, mas uma palestra poderá ser desqualificada pela audiência em razão do uso inadequado dos recursos da tecnologia pelo expositor. Por isso, antes da exposição, certifique-se de que sabe usá-los e, no momento da apresentação, que os equipamentos estão aptos ao funcionamento. e) capturar e manter a atenção da audiência: de regra, o expositor não está falando para si mesmo. Desta feita, deve-se observar o vocabulário, o tom da voz, por exemplo. De fato, é o público, a audiência, que determina o tipo de discurso. Entenda que uma conversa entre amigos em um encontro informal, tal qual um happy-hour, é diferente de uma apresentação de um determinado projeto numa empresa. Uma sustentação oral perante o Supremo Tribunal é diferente de uma sustentação oral perante um juiz singular. Um discurso de campanha política em um sindicato é diferente de um discurso de campanha em almoço de empresários. Mas, convenhamos!, em todos eles, o nervosismo precisa ser controlado. “Em um modelo ideal, o bom orador é aquele que, qualquer que seja a audiência e o tema, expressa-se com naturalidade, à vontade, como se falasse em uma roda de amigos”.

2. Dicção e forma no discurso 2.1.

Dicção

A fala pausada colabora para controlar o nervosismo. No entanto, é preciso mais do que falar compassadamente. Observe, ainda: a) o tom da voz, a altura e o timbre para que a sua voz torne-se audível, as palavras sejam bem articuladas e bem pronunciadas para que haja boa escuta e boa compreensão por parte da audiência; b) a sua postura, como a expressão corporal que ajuda a expressão verbal, que faz uso da língua falada e de uma gramática específica, a gramática da língua

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falada que é, em parte, diferente da gramática da língua escrita A sintaxe da língua falada admite hesitações, repetições, pausas, mas sem exagero, além de outros expedientes. Um orador estático, rígido, mecânico, não comunica. É preciso ilustrar o que se diz com uma dose razoável de movimentos corporais, mas não com exageros ou com gesticulação inadequada, que venha a comprometer o orador ou o conteúdo de sua exposição. É o caso de, por exemplo, fazer o mau uso de expressões faciais a ponto de expressões faciais atrapalharem ou deporem contra o conteúdo da mensagem. Dependendo do tipo de comunicação, pode ser recomendável fazer gestos, erguer a mão com polegar estendido, ou fazer o bom e adequado uso da manifestação simbólica corporal. Uma falha bastante comum em oradores inexperientes é a ausência de ênfase, produzindo um discurso sem ritmo, no mesmo tom de uma corda só — ‘blá, blá, blá, blá’. Deve-se dar cor ao discurso, elevar e abaixar o tom da fala, mudar a velocidade e tom. Isto quer dizer fazer uso da harmonia. Melódica constitutiva da sintaxe da língua falada e da harmonia constitutiva da organização estrutural que dá a perfeita construção de um texto, que faz bom uso dos processos de coesão e de coerência e progressão temática. É sabido que a dicção tem, sempre, que ser correta e é fácil de avaliar. Em relação ao uso da língua falada, é uma questão de pronunciar correta e completamente as palavras. Já definir quais sejam a postura e ênfase ideais varia em cada caso. Só as circunstâncias, a sensibilidade e o bom senso são capazes de chegar à dose certa, evitando exageros, ensina Lacerda e também Polito. E, se for necessário, não se acanhe em procurar a ajuda de profissionais competentes, como é o caso de fonoaudiólogos que podem perfeitamente prestar auxílio por dispõem de estudos e, sobretudo, de recursos, técnicas e práticas que auxiliam no correto uso da voz e posturas adequadas. 2.1.

Forma

Cada pessoa tem seu jeito próprio de se comunicar, seja na conversa coloquial, seja na vida social cotidiana, seja em situações do cotidiano, seja em situação e contexto mais formal. Em um discurso, porém, espera-se, geralmente, algum cuidado especial na forma, porque não se deve fazer um discurso ou uma apresentação apenas em tom de conversa, como quem conta uma história ou uma piada, ainda que o uso de uma história (storytelling) ou de uma piada sejam recursos e mesmo estratégias linguísticas e discursivas à disposição do orador. Por outro lado, há de se compreender que, em certas circunstâncias, todos até podem dar muito bem o recado oratório, de um modo não convencional, falando com naturalidade, usando linguagem popular. Isso requer, no entanto, uma habilidade especial. No entanto, costuma-se entender que, geralmente, um discurso há de ser diferente do tom coloquial. No dizer de Lacerda, reafirmado pelo professor de oratória Reinaldo Polito, “Quão diferente?” há de ser o discurso. São unânimes em considerar que “um defeito frequente do discurso é que a preocupação com a forma seja de tal modo exagerada que o resultado acabe sendo inadequado, maçante ou ridículo. O grau correto de elaboração formal, como tudo mais em matéria de oratória, depende das circunstâncias, inclusive da própria personalidade do orador”. 6

Esses mesmos autores, dizem haver algumas regras de bom senso podem ser estabelecidas para ajudar a encontrar a forma justa, tais como: a) utilizar a linguagem correta do ponto de vista léxico e gramatical e do ponto de vista da área e domínio do saber com o qual se trabalha e em função do público-alvo e da comunidade a qual se dirige; b) não usar palavras cujo significado precise ser procurado no dicionário; c) não usar gíria nem palavras chulas, ou de baixo calão. Em relação a tudo o que normalmente chamamos de estilo também se poderia classificar, como Lacerda, sob uma questão de forma, aplicável tanto à expressão oral como à escrita. O cânone fundamental da comunicação verbal é a clareza. Fala-se e escreve-se para ser compreendido. Estudos sobre o assunto existem, e, a propósito de se querer começar por fazer um estudo mais aprofundado, indicamos Aristóteles e seus estudos sobre retórica, em que o assunto oratória é também explorado. Indicamos a leitura de manuais de estilo, além do estudo de técnicas literárias que auxiliam profissionais que devem fazer uso do expediente da comunicação oral em situações de trabalho. São, nesse sentido, interessantes as acentuações destacadas pelo Prof. Gabriel Lacerda em curso na FGVRJ:2003, a saber: a) Falando ou escrevendo, não poupe o uso do ponto final. Evite frases longas demais ou curtas demais. Em princípio, um período, entre dois parágrafos, deve ter em torno de 28 palavras e não mais que três orações; b) Evite a substantivação. O verbo é o núcleo da frase. É ele que expressa a ação. O brasileiro desenvolveu, talvez a partir do uso frequente de eufemismos, quase que o vício de substantivar frases. Diz que uma pessoa deu uma saída em vez de dizer simplesmente que saiu; que vai se proceder à oitiva de testemunhas em vez de dizer que vai-se ouvir as testemunhas;

c) Cuide da construção frasal e cuidado com a voz passiva. Outro vício comum do discurso do brasileiro é a tendência a exagerar no uso da voz passiva, prejudicando a brevidade e a clareza da frase. É muito mais claro dizer que o gato comeu o passarinho do que o passarinho foi comido pelo gato; d) Ligue as frases. Procure encadear cada afirmação de seu discurso. Um dos pontos mais difíceis do estilo é evitar que o discurso se pareça a um conjunto de sentenças isoladas, soltas no espaço. Cada frase, em princípio, deve guardar alguma relação ou conexão com a precedente, sem precisar de conectivos, ou operadores do tipo lógico;

e) Itemize. Em um texto escrito, a itemização (ou uso da estruturação por enumeração), procure dar preferência ao trabalho com a enumeração a vários níveis (1,2,3 — (a), (b), (c) — (i), (ii), (iii)) simplifica grandemente a ligação e a sequencialização e sequenciação do conteúdo a ser exposto. Em uma exposição verbal, feita sem apoio de texto, a itemização é mais difícil. Mas, na preparação, pode-se sempre arrumar o que se vai dizer observando alguma

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forma de ordem lógica, fazendo, para isso, o uso do raciocínio demonstrativo ou do raciocínio dedutivo (Damasceno: 2014); f) Use adjetivos e advérbios com parcimônia. Adjetivos e advérbios são o tempero da frase. Se ausentes, tornam a fala insossa; se usado sem excesso, o resultado é desagradável. Saber encontrar o ponto certo é, para a cozinha e para a oratória, uma verdadeira arte. Mas com um pouco de bom senso podese, sempre, chegar a uma receita aceitável.

3.

Tempo da apresentação oral

Como na própria vida, a administração do tempo é fundamental. Discursos, se muito longos entediam e se são curtos, decepcionam. O equilíbrio é, sem dúvida, a tarefa a ser buscada. Há muitas circunstâncias, em que o tempo da manifestação oral já é prédeterminado, cronometrado. Nos tribunais, por exemplo, o controle é rigoroso e a administração do tempo tem que merecer atenção constante. E nada melhor do que “a experiência e a prática como as melhores professoras da administração do tempo” (Lacerda). A administração do tempo, embora difícil, é sempre possível. A melhor maneira de aprender é, certamente, ensaiar, à frente de um relógio: o orador deve ter a sensibilidade de perceber, usando a intuição, o tempo justo de sua fala. O prazo de 10 minutos, isto se sabe, já não será o tempo suficiente para uma arguição oral em aula de direito constitucional ou para um discurso de posse na Academia Brasileira de Letras. Disso depreende-se que há adequação de discursos e do tempo necessários às diferentes situações e contextos de comunicação verbal, na modalidade oral. Dois recursos, na esteira de Lacerda e de Polito, são comumente utilizados para ajudar o controle do tempo: a) o meta-discurso (inserções não diretamente ligadas ao conteúdo da apresentação) sobre o qual falaremos mais abaixo, bem utilizado, permite esticar e encolher falas. Típico uso desse recurso é contar histórias pessoais. Assim, por exemplo, em um discurso fúnebre, dizer como conheceu o falecido, narrar experiências de vida com ele; b) o trecho maleável, quase toda fala pública, quando bem sucedida, tem uma parte que, por sua própria natureza, pode ser estendida ou reduzida para controlar o tempo. Em sua forma mais simples, o uso do recurso da exemplificação ou recurso da ilustração (GARCIA), empregados, geralmente, no final ou perto do final. Nas notas ou na cabeça, o expositor deve fazer uso de um estoque de cinco ou seis exemplos de algumas das ideias. Se estiver sobrando tempo, pode-se usar todos; se o tempo estiver curto, cortamos alguns. A mesma técnica pode ser usada para o uso de argumento(s), que deve(m) ser bem construído(s) segundo a modalidade (oral ou escrita) e finalidade a que se destina a comunicação. para esse assunto indicamos, de início, a obra de Garcia, Comunicação em prosa moderna, ainda que sua preocupação primeira seja o uso da língua escrita, mas as técnicas linguísticas e discursivas estudadas são perfeitamente aplicáveis às situações de comunicação oral.

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4.

Finalidade e objetividade do conteúdo da apresentação oral

Todo discurso é orientado para um fim. Ensina o renomado professor da FGV, que “o advogado que sustenta oralmente um caso em um tribunal deve ter disso uma ideia bem nítida. Toda sua fala tem um propósito evidente: convencer o tribunal que seu cliente tem razão. Quero mostrar que o recurso que fiz merece ser provido e que a decisão anterior, que foi contrária, merece ser reformada. Formular esse propósito ao subir a uma tribuna em uma corte de justiça é mais ou menos a mesma coisa que um jogador de futebol, ao entrar em campo, pensar que seu time tem que tentar fundamentalmente apenas duas coisas: fazer gols e não levá-los. Em outros tipos de discurso, a noção de finalidade não fica por vezes tão nítida. Mas precisa existir sempre. Em uma aula de direito constitucional, por exemplo, o propósito é ser claro o suficiente para que os alunos entendam os conceitos expostos e, de preferência, consigam fixá-los. Mas que fazer em alguma manifestação que, na sua essência, não tenha um propósito específico e nítido?” (Lacerda, G.:2013) O uso da imaginação e da reflexão são recursos extraordinários, desde que em sintonia e convergência com o assunto sobre o qual se discorre. Na Academia de letras, por hipótese, “o orador pode fazer um discurso analisando a ameaça que os novos meios de divulgação representam para o livro e propondo alguma forma de atitude em relação a isso” e até mesmo passando ao convencimento de que há outros modos de divulgação da autoria. Em um discurso de formatura, é comum “analisar dados atuais da sociedade e ligá-los à turma que se forma”. Atualmente, diriam, por exemplo, seria típico começar dizendo que vivemos uma época de crise econômica, ou, este ano, haverá eleições para Presidente, levando gradualmente a uma conclusão sobre a responsabilidade da turma face a esse momento, preferencialmente alguma exortação de conduta. Lacerda aconselha: “uma boa forma de lidar com esse quesito é lembrarse das crônicas de Nélson Rodrigues que, muitas vezes, terminavam com uma frase padrão — eis o que eu queria dizer — seguida de dois pontos, introduzindo uma única frase final: o defunto era um grande sujeito; ou, vai ser duro arranjar um substituto para o jogador que hoje se aposenta. Continua Lacerda a afirmar que “de um jeito ou de outro uma fala, qualquer fala, deve, como norma, ser orientada a um fim. A preocupação com o final, porém, se levada ao excesso, tende a produzir ansiedade na plateia; em vez de acompanhar o que está sendo dito, o espectador, percebendo a orientação para o fim, se desinteressa e acaba se distraindo. O objetivo deve estar presente mas não de forma obsessiva”. E assegura que, mais do que o objetivo, é indispensável dar um conteúdo à fala, com a finalidade de que algo se tenha a dizer, e não que se faça pronunciação de um discurso vazio que muito bem arruma palavras bonitas, pronunciadas em tom solene e não diz nada. Antes de qualquer pronunciamento, aquele que fala deve pensar o que quer dizer e refletir sobre a forma de fazê-lo. O conteúdo, por sua vez, deve ser passado de forma agradável. Para isso, Lacerda orienta seus alunos com algumas técnicas conhecidas, como, por exemplo: a) uso da lente zoom: uma lente zoom pode ser ajustada para focar alternadamente o pormenor e o ambiente, a floresta e a árvore. A alternância permite a compreensão e mantém o interesse. Uma exposição pode seguir a 9

mesma técnica, indo do conceito ao exemplo, do exemplo ao conceito, do geral ao particular e do particular ao geral. Isso mantém animado o discurso, exercita o raciocínio do espectador; b) uso de metáfora ou imagem: O uso não exagerado de metáforas é outra forma de manter o interesse e animar o discurso. A metáfora está para o discurso assim como a ilustração está para o texto escrito. No entanto, é bom tomarmos cuidado: as metáforas devem ser bem construídas para não se colocar a perder a essência da mensagem; c) uso da contradição dialética: O uso da contradição é uma técnica comum para reforçar ideias. Para ilustrar, temos em Shakespeare, autor clássico, quando na oração fúnebre de Júlio César, pronunciada por seu amigo Marco Antônio: em resposta à explicação que havia sido dada ao povo, reunido em praça pública, de que César fora assassinado porque esta era única forma de conter sua desmedida ambição, Marco Antônio começa dizendo: O nobre

Brutus veio aqui dizer que César era ambicioso. E ser ambicioso é uma grande falta. Antônio começa então a descrever feitos positivos de César, entremeando cada frase com o refrão — mas Brutus diz que César era ambicioso e Brutus é um homem honrado. Opõe a opinião de Brutus aos fatos

e, desta maneira como uso desse recurso linguístico-discursivo, vai gradualmente mudando a percepção dos espectadores;

d) uso do meta-discurso: O prefixo grego meta significa além de. Meta discurso são os termos introduzidos pelo orador no discurso que não são o próprio discurso. O exemplo mais flagrante é o clássico — “vou ser breve, não pretendo tomar muito tempo”, recurso largamente empregado. Observe, porém, que a frase não deixa de ser contraditória porque aumenta – desnecessariamente - o tempo do discurso para dizer que ele vai durar pouco tempo. Histórias pessoais, anedotas, confissões de estado de espírito cabem nessa categoria. O meta— discurso tanto pode empobrecer ou até arruinar um discurso, como pode enriquecê-lo. Uma pequena dose, quando mais não seja, a evocação inicial — minhas senhoras e meus senhores — é notadamente indispensável. O meta-discurso bem usado ajuda a dar o clima, faz a ligação entre a pessoa do orador e a audiência e o ambiente; e) uso de perguntas retóricas: uma outra técnica comumente usada para ilustrar exposições orais é formular perguntas e respondê-las, apresentando ideias como respostas a dúvidas pré-existentes ou dirigindo-se a um suposto interlocutor. Famosa nesse particular a primeira frase dos famosos discursos do senador e orador romano Marco Túlio Cícero, contra seu adversário Lúcio Sérgio Catilina (as famosas Catilinárias): Porquanto tempo ainda abusarás, Catilina, de nossa paciência? Até quando nos iludirá esse teu furor? Exercício que será bastante produtivo é assistir ao vídeo - Catilinárias , em pronunciação em latim;

f) uso da repetição: em muitas alocuções há pontos importantes a enfatizar. Insistir nele, repisá-los de diversas formas, muitas vezes é um recurso útil que enfeita o discurso e ajuda a produzir o resultado desejado. Exemplo famoso

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dessa técnica é a já citada oração fúnebre em louvor de Júlio César em que Marco Antônio repete várias vezes o quase refrão— mas Brutus diz que César em ambicioso e Brutus é um homem honrado; g) uso de recursos não verbais: em situações especiais, especialmente em arengas políticas, ou defesas em tribunais, uma certa teatralidade pode ajudar a tornar um discurso mais convincente e, por isso, mais eficaz. Alguns exemplos (Lacerda:2013) podem ser formulados: o famoso processo de Frineia, em que um advogado grego, ao defender uma assassina confessa, desnudou –se adiante dos juízes, dizendo que não poderiam condenar tanta beleza. Ainda da Grécia antiga, a resposta de Esparta ao mensageiro mandado por inimigos que pedia que lhe entregassem um pouco de água e um pouco de terra para significar que aceitavam render-se. Os espartanos simplesmente atiraram o mensageiro ao fundo de um poço. Saber que esses recursos existem é importante, mas, evidentemente somente cabe cogitar desse tipo de artifício em situações excepcionais;

h) uso do apoio: os oradores podem e devem buscar o apoio a seus discursos, isto é, valer-se de alguma forma de recurso. Em um extremo, bastante comum, está o discurso simplesmente lido. Em certas circunstâncias, de fato, é indispensável ao orador simplesmente ler textos escritos, muitas vezes até de autoria de ajudantes ou assessores. A ninguém ocorreria abrir a assembleia da ONU falando de improviso. Em outras situações, ao contrário, a leitura de um texto é contraproducente, distrai a atenção e mesmo produzir uma toada monocórdia e afeita a incômodos e contraproducentes bocejos ou tosses ou desarranjos dos ouvintes. Autoridades e artistas de televisão são treinados especialmente a ler, como se não estivessem lendo, textos impressos que vão correndo à sua frente enquanto falam. Os programas de computador, especialmente as apresentações em power point são um recurso simples e precioso, que precisa ser usado com parcimônia e consciência, para que as flâmulas não sejam a expressão do que é lido. E, portanto, não devem ser usado como um recurso de leitura compartilhada, limitando-se a repetir para a plateia exatamente o que já mostram os slides. Finalmente, Gabriel Lacerda orienta aos expositores que “algumas notas escritas e discretamente consultadas ajudam até mesmo experimentados oradores a manterem a organizarem suas manifestações”. A esse quesito junta-se a expressão corporal, a voz e a postura, além, evidentemente, da organização estrutural e temática que dá o encadeamento lógico-semântico às ideias para a composição de uma unidade de sentido, que é o texto. 5.

Coerência Interna do texto

Deve ser sabido que todo discurso tem que ter um estilo, um tom. Desta feita, falar um texto que se mostra em oposição a alguma ideia deve receber o tom de uma indignação, como, por exemplo, quando “um político de oposição fala indignado contra o governo. Um orador que faz um elogio fúnebre há de falar com tristeza, um discurso de posse na Academia de Letras tem que ser solene e elaborado, uma despedida de solteiro informal e alegre” (Lacerda). Já nos ensina Fiorin que o discurso deve ser coerente para também, além de que a coerência é a garantia da progressão temática, atender ao fim a que se destina. Todavia, o que parece ser o 11

óbvio, nem sempre é seguido por alguns falantes, pois apresentam discursos que desafinam, pois são textos mal estruturados, que apresentam frases arrastadas, entrecortadas, frases de ladainhas ou até mesmo a construção de enunciados incompletos, que tornam dificultosa, senão impossível, a compreensão da mensagem pelo ouvinte. Além dessas situações graves, é improcedente também fazer uso de frases e ditos informais em uma oração formal, fazer brincadeiras impróprias em ambientes sisudos etc. É claro que, numa situação de comunicação, pode-se admitir alguma forma de brincadeira, desde que cuidadosa e propositalmente incluída, às vezes preparada por uma ou outra frase de meta-discurso, à guisa de construir-se um explicação. Como exemplo típico, pode-se “imaginar que orador, ao fazer o discurso fúnebre de Chico Anísio, introduza frases ou formas tiradas de um ou mais dos personagens cômicos por ele criados”, já que ele mesmo era renomado humorista. 6.

Coerência consigo mesmo

Sabemos que as pessoas tem estilos diferentes, jeito de ser específico que lhe dá suas próprias características e perfil. Em nome da simplicidade, busque o que há de melhor em si mesmo e procure administrar seus valores e suas próprias qualidades e virtudes. Admitindo-se que o discurso é tanto melhor quanto maior a naturalidade. Assim, “quem, por vocação ou modo, é solene deve ser solene ao discursar. Quem constrói um tipo informal deve buscar a informalidade. Há que ser, em resumo, coerente consigo mesmo, com o próprio modo de ser”. No entanto, deve-se saber ponderar e adequar-se à situação e ao contexto em que se procurar inserir-se, buscando valorização e autoestima, sem abusos ou narcisismos ou posturas egocêntricas completamente desnecessárias. 7.

Originalidade

O convencionalismo é o maior defeito de muitas das apresentações orais. Mesmo nas situações mais repetidas, há que procurar alguma forma que não dê ao ouvinte a ideia de que qualquer um, naquele momento, diria exatamente a mesma coisa. É evidente que qualquer discurso tem elementos comuns, quase que verdadeiros chavões, o mais clássico dos quais a exortação inicial: uma sustentação oral começa sempre e necessariamente dirigindo-se aos julgadores — Egrégia Câmara! ou Exmos Srs. Ministros! No caso, são os juízes os destinatários da fala e há que enfatizar isso. A uma turma de alunos pode-se dizer simplesmente bom dia, em uma convenção partidária — nobres colegas, em uma despedida de solteiro — pessoal! Outro elemento convencional quase que obrigatório no início de uma fala é o orador dizer alguma coisa sobre porque ele está ali. A oração fúnebre de Marco Antônio, tantas vezes citada, é uma obra prima nesse particular: Vim para enterrar César, não para louvá-lo. Ou, o que é pior, numa abertura de sessão, o orador, desatentamente, abrir uma sessão compartilhando a todos o seu próprio cansaço advindo de uma jornada estressante a que se submete ou até exortando negativamente a instituição que o acolhe no momento. Lacerda ensina que é costume também indicar alguma coisa que explique porque aquela pessoa em particular está falando naquele momento e, conforme o caso, agradecer a oportunidade. Assim, por exemplo, em um discurso celebrando as bodas 12

de prata dos próprios pais, iniciar, por exemplo, explicando, após a invocação inicial (Queridos pais! Minhas senhoras e meus senhores!): Meus irmãos me pediram que eu

dissesse algumas palavras nesta ocasião festiva. Sou o mais velho dos quatro filhos e sou advogado. Por isso, fui eu, o escalado. É preciso atentar para as convenções, os modelos clássicos, as fórmmulas conversacionais e até a cultura construída no e pelo local em que se vai atuar, mesmo porque países tem formas diferentes de comportamentos sociais e quase sempre devem ser obedecidos, senão respeitados. A despeito dessas considerações, a originalidade tambem é expressão e marca de discurso. E um exemplo célebre de fórmula original, foi um sermão que teria sido proferido por um sacerdote católico, em uma missa, celebrada em um domingo de carnaval. Depois de, falando com forte sotaque, verberar contra os exageros e as orgias, o padre, concluiu: E lembrrai-fos zemprre: tepois do farrra — ENO. Mas, parra a alma, NÃO HÁ SAL DE FRRUCTA ENO. A originalidade, adverte-nos o Lacerda e Polito, pode estar tanto no fecho da fala, como em sua estrutura. Para exemplificar, Lacerda aponta um discurso, e que recomendamos a leitura, o discurso do pastor americano Martin Luther King — eu tenho um sonho, inclusive disponível em mídia (vídeo). A frase, uma frase, tornou-se um tema e marcou a fala. Ainda norte-americano, e mais que centenário, o famoso discurso de Gettysburg em que, falando de improviso, no momento em que um determinado terreno era transformado em cemitério para os que morreram em uma sangrenta batalha da guerra civil, observou que nem ele nem os presentes poderiam consagrar aquele terreno — os que lutaram aqui já o fizeram, muito além de nosso

poder de acrescentar ou diminuir.

Ainda que seja quase impossível deixar de ser fundamentalmente convencional, um esforço deve ser feito para criar alguma espécie marca, que fixa na memória da audiência. Um outro exemplo clássico, dános o próprio Lacerda, e de nota original, é a exposição de um advogado que, em um júri em que sustentava a negativa de autoria e o cadáver não havia aparecido, anuncia que a suposta vítima estava viva e ia entrar na sala naquele instante. Aponta para uma porta e os jurados instintivamente olham na direção apontada. E o advogado conclui então que o fato dos jurados terem feito o movimento de virar a cabeça e olhar a porta, já mostra, por si só, que têm dúvida sobre a autoria.(Lacerda:2013) 8.

Comunicação com a audiência

Todo discurso dirige-se a um público. No dizer de Aristóteles, a uma audiência. Desta feita, deve-se pensar a quem se dirige o discurso, seja discurso oral , seja discurso escrito. No caso de discursos orais, há profissionais especializados que estudam possíveis reações da audiência e que, em relação a comportamentos prospectados, recomendam linhas e posturas o mais adequado possível para o sucesso de apresentações. Para isso, fazem estudos de oratória. Isto nos leva a repetir que se deve sempre o expositor, o apresentador, o profissional que faça uso da comunicação oral deve procurar traçar para si mesmo um objetivo, em consonância com as suas metas, tendo conhecido o seu público e a comunidade para a 13

qual se dirige a palavra. O orador ainda precisa para manter a atenção e o rumo de fazer uso de estratégias de persuasão e de convencimento do auditório, seu interlocutor. Efetivamente, devemos entender, é mister o diálogo. 9.

Sumarização  Atributos de uma boa oratória:     

Credibilidade; Uso adequado e saudável da voz; Uso do vocabulário; Uso da expressão corporal; Cuidado com a aparência;

 Algumas técnicas de apresentação:          

Planejar a apresentação; Cumprimentar a audiência; Conquistar a adesão da audiência; Informar o que vai ser falado; Fazer retrospectiva ou levantar situação-problema; Indicar ou apontar as partes ou que partes vai tratar/abordar sobre o temário/tema; Tratar do assunto com argumentos e de maneira a relacionálos entre si; Refutar possíveis objeções, mas com polidez, e com solidez no conteúdo; Recapitular em uma ou duas frases o que acabou de dizer para manter a atenção; Encerrar com informações consistentes que levem à reflexão e à curiosidade e à ação da audiência.

 Aspectos do texto da apresentação oral:   

Construir enunciados bem formados; Evitar frases de ladainha, arrastadas, de conteúdo duvidoso, entrecortadas, e, sobretudo, inconclusas; Saber do assunto de que vai tratar.

Conclusão

Nos ensinamentos de Gabriel Lacerda encontramos um trecho que o autor retira de uma página da Internet. É um trecho de um discurso de formatura em uma faculdade de direito:

“Olhando um pouco para trás, quanto coisa mudou em cinco anos de 14

estudo. Só não mudaram nossos desejos. Entramos na faculdade de Direito com o sonho de fazer justiça, saímos, agora, com o poder e o dever de realizá-la.” (Discurso de aluno, apud Lacerda: 2013)

Para concluirmos, o professor comenta e finaliza seu ensinamento, esclarecendo-nos que esse texto não é especialmente rico nem extremamente original. Mas é conciso e firme. E, sobretudo, arremata bem o que quer que tenha vindo antes. Todo discurso tem que ter alguma espécie de fecho. Em alguns casos, continua Lacerda, “quando a finalidade da fala é por si só bastante clara, este fecho, no discurso falado, muitas vezes, é-se necessário dizer ao ouvinte que o discurso terminou, à guisa de que não tem páginas que se viram. À falta de fecho mais imaginoso, é comum poder-se usar o chavão clássico — Tenho dito. Muito obrigado”, finaliza. E, com um pouco de imaginação e, sobretudo, refletindo previamente, adverte o professor Gabriel Lacerda da FGV, que “será possível encontrar maneiras mais elegantes de acabar um discurso”. Deixamos esse final de discurso para você, leitor, construí-lo.

Referências Bibliográficas Lacerda, Gabriel – Oratória, RJ, FGV, 2003 Damasceno, E. A. – Da estruturação de textos: do raciocínio à produção textual – texto mim. Garcia, O. M. - Comunicação em prosa moderna, RJ, FGV, 1997 Aristóteles – Organón, Bauru, Editora EDIPRO, 2005 Polito, R. – Oratória, SP: Editora Saraiva, 2008

Sampa/2015

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