Organizações colaborativas como sistemas abertos: contribuições do metaprojeto para fomentar ações de inovação social Coral Michelin, Carlo Franzato, Karine Freire, Gustavo Borba
Pensamento de percurso • Percurso no PPG Design Estratégico da Unisinos (mestrado) • Que encontra nós, pontos, onde acredita-‐se haver alguma possibilidade de expansão: • Da perspecCva • Das conexões • Do diálogo…
Objeto de pesquisa • Específico: casa(s) colaboraCva(s)/comparClhada(s) • Geral: organizações colaboraCvas TentaCva de manter mais abstrato • Percurso • Apropriação/teste da proposta em diferentes contextos
Organizações Colabora:vas (OCs) •
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(Manzini, Meroni, Jégou) Comunidades criaCvas (empreendimentos) que aprimoram as a:vidades de suas localidades ao encorajarem relações diretas entre produtores e consumidores que, neste caso, viram coprodutores das soluções projetadas. Relações pessoa-‐a-‐pessoa criam/fortalecem confiança mútua + valores comparClhados EsCmulam visão de bem-‐estar mais sustentável Desafiam o sistema sociotécnico vigente, por meio de suas ações
Mas porquê? • Fora a urgência do contexto atual; • E a [óbvia] necessidade de certas rupturas do macro sistema... • OCs não conseguem crescer, se expandir segundo as lógicas mais comuns. Então como fomentá-‐las? Como propagar suas ações de inovação social?
1º Pensamento • Quais as caracterís:cas das OCs? • É preciso adotar uma visão ecossistêmica (sustent) 1ª Relação: Organizações colaboraCvas são sistemas abertos.
Sistemas abertos (SAs) • • • • • •
(Morin/Fischer e Giaccardi) Dependência de alimentação externa (materiais, energéCcas, organizacionais e informacionais); Fechamento pela abertura (integridade); Altamente dependente do meio onde se situa; Sistemas que sustentam a criaCvidade precisam ser abertos para oportunizar a adaptação e evolução; Possuem maior maleabilidade e capacidade de resposta a problemas emergentes; Tratam de contextos internos colaboraCvos.
4 Princípios dos SAs 1. 2. 3. 4.
(Fischer e Giaccardi) SA deve evoluir para lidar com contextos que mudam com o tempo e com a imprevisibilidade; SA deve evoluir na mão dos seus usuários, dando aos atores a habilidade de modificá-‐lo; SA precisa ser projetado, desde o princípio, para a evolução; A evolução do SA é distribuída, no tempo, no espaço e entre seus atores.
OCs como SAs • OCs não fazem senCdo se isoladas do seu contexto; • Realizam trocas dinâmicas com o meio onde estão inseridas; • Evoluem pela mão de seus usuários; • Podem ser projetadas para evolução distribuída no tempo e no espaço e entre os atores do sistema.
2º Pensamento • Como pode o design estratégico dar apoio a essas Organizações colaboraCvas como sistemas abertos? • Como contribuir para o estabelecimento, para a manutenção ou para a replicação das OCs? 2ª Relação: SA podem receber contribuições do metaprojeto MP – framework conceitual que define e cria infraestruturas sociais e técnicas que evoluem com o tempo e uso, nas quais novas formas de design colabora:vo podem acontecer.
Contribuição 1: Seeding • Idealizar, desde o “momento zero” um sistema não somente aberto, como também possuindo caracterísCcas que esCmulem sua evolução no tempo. • Projetar um sistema aberto evolu:vo, uma semente. • Uma semente é projetada para evoluir e fomentar o design colabora:vo durante seu tempo de uso, em um processo de evolução conjnua. • Grande potencial de replicar as OCs em diferentes contextos.
Seeding “quando discuCmos a possibilidade de difusão das organizações colaboraCvas, devemos levar em consideração que, na realidade, o que está sendo replicado não é esses casos altamente localizados com todas suas caracterísCcas, nem as comunidades criaCvas que os geraram, visto que são compostas obviamente por grupos de pessoas não replicáveis, mas sim as ideias de serviço que esses grupos de pessoas inventaram (MANZINI, 2008, p.89-‐90, grifo nosso)” O que pode ser replicado na semente é a ideia de serviço.
Seeding A semente que gera o sistema não é nem um template e nem um esquema, mas é um pedaço de conhecimento, conteúdo ou código. A evolução da semente em um sistema e a evolução do sistema em si ao longo do tempo (adaptação) se dá pelas mãos dos atores – usuários, co-‐designers – desse sistema. Os meta-‐designers do sistema são considerados designers que projetam ambientes de design que podem ser modificados pelos co-‐designers na hora do uso.
Contribuição 2: Codesign • O designer como facilitador, arCculador e mediador, viabilizando o acontecimento de eventos e insCgando a par:cipação cria:va dos diversos atores; • Dar a todas as pessoas acesso ao banco de ferramentas e recursos dos designers, para que se tornem co-‐designers das soluções; • Informed par0cipa0on: indivíduos com diferentes conhecimentos transcendem além da informação dada para se converterem em “donos” dos problemas.
Codesign • Para poderem agir colaboraCvamente, os indivíduos precisam ter liberdade de expressão e de engajamento em aCvidades pessoalmente significa:vas. • Algumas formas com as quais se pode incenCvar a parCcipação criaCva dos indivíduos, tornando-‐os co-‐ designers das soluções e do sistema: • Usando o know how do designer especialista, principalmente aquele parCcularmente funcional para a ação estratégica; • Visão comparClhada e difusão da cultura da organização para gerar engajamento e idenCficação; • Empoderamento: alternância do papel dos atores -‐ aprendizes/ tutores/designers -‐ comparClhando conhecimento.
Tangibilizando • Tribo Viva • Rede de consumo colaboraCvo • Conecta produção agrícola de mulheres com consumidores na cidade (POA) através de uma plataforma • Consumidores são os distribuidores locais
• Casas ColaboraCvas • Locais comparClhados com profissionais e empreendimentos geralmente ligados de alguma forma às indústrias criaCvas • Naturalmente atuam de forma colaboraCva, pontualmente ou de forma mais generalizada • Promovem ações para o grande público
Próximo passo • Aprofundar as possibilidades do seeding Qual o potencial da semente em uma rede? A semente pode funcionar como um ritornelo para a inovação social? Ou para uma (r)evolução social? • ParCr para a pesquisa aplicada, em cima das casas colaboraCvas.
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