Origem do Mal - Psicologia

July 18, 2017 | Autor: Cleyde Ingles | Categoria: Psicología
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Escola Secundária da Amadora No âmbito da disciplina de Psicologia B 2013/2014

ORIGEM DO MAL

Trabalho realizado por: Cleyde Inglês, nº5 Joana Bonito, nº11 Joana Ferreira, nº12 12º10

Índice Introdução ..................................................................................................................................... 3 Psicopatia ...................................................................................................................................... 4 Transtornos de Personalidade .................................................................................................. 4 Sintomas ................................................................................................................................... 5 O psicopata ............................................................................................................................... 6 Tipos de psicopata .................................................................................................................... 6 Psicopata versus Sociopata ...................................................................................................... 7 Diagnóstico ............................................................................................................................... 8 Serial Killer ................................................................................................................................ 9 Tratamento ............................................................................................................................... 9 Tríade Negra da Personalidade .................................................................................................. 10 Bandura e a Aprendizagem Social.............................................................................................. 11 John Watson ............................................................................................................................... 12 O Behaviorismo ...................................................................................................................... 12 Sigmund Freud............................................................................................................................ 14 O Inconsciente ........................................................................................................................ 14 Mente de um Psicopata .............................................................................................................. 16 Mentes perturbadas.................................................................................................................... 18 Ed Gain .................................................................................................................................... 18 Mary Bell ................................................................................................................................. 19 Gertrude Baniszewski ............................................................................................................. 20 Conclusão .................................................................................................................................... 22 Bibliografia .................................................................................................................................. 23 Sites......................................................................................................................................... 23 Livros ....................................................................................................................................... 23 Vídeos ..................................................................................................................................... 23 Imagens................................................................................................................................... 23

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Introdução Este trabalho foi realizado no âmbito da disciplina Psicologia B e tem como título “A Origem do Mal” devido ao facto do nosso tema ser a psicopatia e a origem dos comportamentos e acções de indivíduos que são considerados pela sociedade como monstros. O que nos levou a escolher este tema foi essencialmente um dos tópicos que nos apareceu nas pesquisas feitas em aula, a tríade negra da personalidade que nos direcionou especificamente para psicopatia, e obviamente pelo facto de ser um tema interessante mas que muitas vezes é ignorado pelo público geral pois tende a ferir susceptibilidades mas de qualquer maneira aceitamos o desafio. Temos como principal objectivo definir a psicopatia, as suas características e sintomas, formas de diagnóstico e de tratamento, conceitos específicos e diferenças entre conceitos tais como: transtornos de personalidade, psicopata VS sociopata, tríade negra da personalidade; serão apresentados as teorias que reforçam a origem dos comportamentos e acções de um psicopata: a aprendizagem social de Bandura; o behaviorismo de John Watson: ib, ego e superego de Sigmund Freud; e a importância dos factores biológicos e do meio apresentados por James Fallon. Também serão apresentados três casos específicos de psicopatas: Ed Gein, Mary Bell e Gertrude Baniszewski que serão utilizados como reforço para a conclusão do nosso trabalho.

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Psicopatia Etimologicamente, a palavra psicopatia vem do grego psykhé (que significa alma) e pathos (que significa sofrimento). Pode portanto ser definida como uma anomalia psíquica que provém duma desordem da personalidade ou transtorno anti-social da personalidade, devido à qual, apesar da integridade das funções psíquicas e mentais, a conduta social do indivíduo encontra-se alterada. Tem como características um comportamento anti-social recorrente, uma diminuição da capacidade de empatia, culpa ou/e remorso, baixo controlo comportamental e uma atitude de dominância. A psicopatia pode estar relacionada com um vasto conjunto de factores, quer biológicos quer socioculturais. Os três principais factores são disfunções cerebrais/biológicas, predisposição genética e traumas sociopsicológicos na infância. Este distúrbio tem uma eclosão mais evidente no final da adolescência ou início da idade adulta, manifestando-se de forma diferente nos homens e nas mulheres. No entanto, já em crianças, é possível reconhecer algumas características que indicam para esta anomalia psíquica, como crueldade para com os animais, interesse pelo fogo ou outros meios maliciosos, anti-sociabilidade, dificuldades de aprendizagem ou falta de empatia. É, no entanto, muito difícil diagnosticar estas crianças, e mesmo quando o são, elas não respondem às técnicas de tratamento usadas com crianças mal comportadas, sendo necessário desenvolver um plano específico.

Transtornos de Personalidade Os transtornos de personalidade são constituídos por 3 grupos de distúrbios mentais que se caracterizam por padrões de incapacidade de adaptação de comportamentos e de cognições, desviando o indivíduo das normas da cultura ou ambiente em que se insere. A patologia é interpretada pelo individuo como “normal” logo o transtorno só pode ser diagnosticado a partir de uma perspectiva exterior. Grupos dos transtornos de personalidade: Grupo A (transtornos excêntricos ou estranhos) 

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Transtorno de personalidade paranoica: Caracterizado por um nível de desconfiança irracional, incapacidade de confiar em outros indivíduos e constante interpretação das acções e motivações de terceiros como mal-intencionadas; Transtorno de personalidade esquizoide: Distanciamento e falta de interesse por relacionamentos, incapacidade de expressão emocional; Transtorno de personalidade esquizotípica: Desconforto e ansiedade a níveis extremos em momentos de interacção social. Cognições e percepções distorcidas.

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Grupo B (transtornos emocionais, dramáticos e imprevisíveis)  

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Transtorno de personalidade anti-social: Desrespeito e violação dos direitos de outras pessoas, falta de empatia e insensibilidade; Transtorno de personalidade borderline: Comportamento instável em termos de relacionamentos, identidade e imagem pessoal que pode levar o indivíduo a agir de forma impulsiva e autodestrutiva; Transtorno de personalidade histriónica: Comportamento excessivamente emocional que tem como objectivo capturar a atenção de terceiros; Transtorno de personalidade narcisista: Caracterizado por superioridade, uma constante necessidade de admiração e falta de empatia.

Grupo C (Transtornos ansiosos e receosos) 

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Transtorno de personalidade dependente: Carência extrema, constante necessidade de estar com alguém para se sentir concretizado em termos psicológicos e físicos; Transtorno de personalidade esquiva: Timidez e sensibilidade extrema que levam o indivíduo a sentir-se socialmente inibido e a reagir negativamente a críticas; Transtorno de personalidade obsessiva-compulsiva (não confundir com desordem obsessiva-compulsiva): Perfecionismo e controlo extremado, obsessão rígida por regras.

Sintomas A característica principal da psicopatia é o narcisismo – acham-se superiores aos outros, são imprevisíveis, egoístas, egocêntricos e manipuladores. A princípio, os psicopatas nunca mostram esta característica, mas ela acaba sempre por se revelar nas suas acções. São individualistas e exageram na maior parte das coisas que fazem – comem muito, dormem muito, … Não são pessoas muito responsáveis e não conseguem fazer uma mesma coisa durante muito tempo, quer seja ter o mesmo grupo de amigos ou trabalhar sempre no mesmo local. Têm, portanto, uma tendência ao tédio muito forte, que os leva muitas vezes a comportamentos impulsivos. Normalmente, os psicopatas vivem de forma a ocultar as suas intenções, o que lhes é fácil devido à sua capacidade de mentir e manipular. São calculistas, frios e falsos. São intolerantes a frustrações e stress, motivo esse que muitas vezes os leva a adoptar comportamentos extremos. Neles há uma grande ausência de emoções, sentido só superficialmente e de forma teatral. Muitas vezes são pessoas vingativas, que acabam por agir sem lógica devido a esse traço de personalidade. Alguns são sadistas, o que explica a forma como muitos dos seus crimes são cometidos, e oscilam de um comportamento dominador para um em que se fazem de vítimas.

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São anti-sociais, não seguindo as regras e normas estabelecidas, e não parecem ser capazes de manter um vínculo afectivo por longos períodos de tempo. Em vez de amor, sentem muitas vezes posse sobre o outro. Uma das características mais marcantes é a sua racionalidade e inteligência, que facilita muitas das suas acções e os leva a conseguir a escapar das culpas. Por não sentirem culpa, é muito difícil corrigir o comportamento característico dum indivíduo com psicopatia. As mulheres são, por norma, mais discretas que os homens, sendo mais fácil reconhecer nele os sintomas da psicopatia do que nela.

O psicopata Estudos revelam que 1 em 25 pessoas são psicopatas. Algumas das suas características inconfundíveis são a falta de emoções, de capacidade de se colocar no lugar dos outros para tentar imaginar o seu sofrimento. Ele vê os outros simplesmente como objectos, tira prazer do seu sofrimento, e acha-se mais racionais do que eles. Há, nos psicopatas, um sentimento de desprezo por obrigações sociais, desviando-se frequentemente da norma, e uma tendência a culpar os outros dos seus comportamentos conflituosos com a sociedade. As suas acções são raramente planeadas, sendo feitas de forma impulsiva. Um grande motivo associado à forma como o psicopata se comporta é o o facto de quase nunca terem adquirido medos condicionados, porque são mais ou menos insensíveis à dor física, e assim não distingem o bem do mal. Os psicopatas mais perigosos são os mais inteligentes e que têm capacidade suficiente para se misturarem na sociedade e passarem despercebidos. A diferença entre um psicopata de índole violenta e um aceite na sociedade é o seu status social, o seu intelecto e a sua ambição, por frequentemente, estes últimos procuram, por meios políticos, chegar ao topo e adquirir controlo de grandes massas, como foi feito por vários ditadores. Na verdade, muitos têm alguns traços que os psicopatas apresentam, mas isso não significa que se venham a tornar criminosos. Em vez disso, usam as características como forma de ganharem sucesso.

Tipos de psicopata Existem diferentes tipos de psicopata. Os psicopatas primários, comunitário ou de grau leve são capazes de esconder os seus impulsos anti-sociais, mas apenas porque isso é algo que lhes convém no momento. Eles não respondem ao castigo, tensão e desaprovação, e as palavras parecem ter um significado diferente para eles. Não têm projectos de vida e não experimentam emoções genuínas. Dificilmente chegam à violência, e não apresentam todos os critérios de diagnóstico. Possuem inteligência acima da média, mas são frios, racionais, mentirosos e manipuladores. Raramente são presos ou condenados, mas quando são, acabam por ser mandados embora mais cedo por causa do seu suposto 6

bom comportamento, que, na verdade, não passa de uma fachada. Neste grupo inserem-se predominantemente as mulheres. Os psicopatas secundários, anti-social ou de grau moderado a grave satisfazem quase todos os critérios de diagnóstico e são explicitamente anti-sociais. Apresentam características de psicopata comunitário, mas os comportamentos são tão extremos que eles deixam de passar despercebidos, pois não são capazes de reagir à tentação. São agressivos, impulsivos, frios, mentirosos, não possuem empatia e estão muito associados a violência física. Os de grau grave obtêm prazer no sofrimento dos outros, sendo extremamente problemáticos do nível emocional. Eles têm noção de que agem erradamente perante os standards da sociedade, mas não conseguem deixar de o fazer. Neste grupo encontram-se os serial killers. Ambos subdividem-se em: 



Os psicopatas descontrolados aborrecem-se e descontrolam-se com mais frequência. Caracterizam-se por possuírem desejos muito fortes, quer sexuais quer relacionados com drogas. Os psicopatas carismáticos são mentirosos, encantadores e atraentes, sendo dotados de algum talento que usam para obterem o que desejam e manipular os outros.

Psicopata versus Sociopata Muito frequentemente pensa-se que psicopata e sociopata são conceitos iguais, e alguns especialistas até afirmam que são. De facto, hoje em dia ambos estão associados ao transtorno de personalidade anti-social, mas no entanto, há diferenças. Robert Hare afirma que a diferença entre a psicopatia e a sociopatia consiste na origem do transtorno. Quando o distúrbio é originado a partir do meio social, é denominado de sociopatia. Quando já envolve factores biológicos, genéticos e socioculturais, estamos perante um psicopata. Para outros especialistas, estes dois conceitos são manifestações diferentes do transtorno da personalidade anti-social. Para eles, os psicopatas nascem com características básicas como impulsividade ou ausência de medo, o que os leva a correr riscos e a ter atitudes anti-sociais, visto não serem capazes de seguir a norma. Por outro lado, o sociopata tem um temperamento mais aproximado ao da pessoa psicologicamente estável, e o seu comportamento é adquirido no processo de socialização. Em conclusão, a psicopatia está mais ligada a factores genéticos e biológicos, ao passo que a sociopatia está mais ligada a factores socioculturais.

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Diagnóstico É muito difícil diagnosticar um psicopata, visto terem tanta facilidade em manipular e mentir. Existem várias formas de diagnosticar um psicopata. Segundo o Manual de Diagnóstico de Doenças Mentais, é possível seguir o seguinte conjunto de critérios: 

Padrão contínuo de desrespeito e violação dos direitos dos outros, que ocorre desde os 15 anos, notável por pelo menos 3 de um conjunto de critérios que passa pela impulsividade, irritabilidade, agressividade, desrespeito pela segurança própria, dificuldade em conformar-se com as normas sociais, entre outras;

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Idade mínima de 18 anos; Existência de evidências de Transtorno de Conduta com início antes dos 15 anos; Ocorrência do comportamento anti-social

Há, no entanto, outros métodos. Robert Hare criou o PCL-R, um método de avaliar se alguém é ou não psicopata. Este teste consiste em atribuir uma pontuação de 0 a 2 a 20 critérios, os quais passam pela manipulação, inexistência de remorso até à inexistência de controlo sobre o comportamento. A pontuação máxima é 40, o que significa que o indivíduo é um pleno psicopata. Existe também o Inventário de Personalidade Psicopata, no qual se percebe a extensão da personalidade psicopata através de respostas sobre dois factores: o primeiro associado à eficácia social e o segundo às tendências de adaptação. Este nunca refere de forma explícita as características anti-sociais ou comportamentos criminais. Há ainda um outro tanto número de métodos, alguns dos quais conseguem não só identificar a psicopatia mas também outras doenças mentais, como a obsessivocompulsiva, narcisismo, ansiedade, paranoia, pânico e o transtorno de personalidade borderline.

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Serial Killer Um serial killer é alguém que apresenta psicopatia, mas nem todos os psicopatas são serial killers. Este é definido como alguém que mata mais do que 4 pessoas, e depende do número de víctimas, do período de tempo e da razão dos homicídios. Alguns dos factores que influenciam o indivíduo a tornar-se serial killer são o abuso físico e sexual e a sua victimização. São, portanto, factores sociais que são determinantes da formação deste indivíduo. O serial killer tem, por norma, tendências sádicas e está virado para a cumpulsão e repetição dessas tendências. Ele é alguém muito metódico, tendo os seus crimes muitas semelhanças entre si.

Tratamento O tratamento de um psicopata é complicado, pois muitas vezes eles não têm noção de estar errados, assim como não sentem empatia. Por esses motivos, muitas das técnicas normalmente usadas não funcionam. A melhor forma de o convencer a mudar é referir que isso é algo que está no seu próprio interesse. Como não se interessam pelos outros, é importante convencê-lo por motivos individuaistas, e trabalhar isso de uma forma que favoreça a sociabilidade. O mais comum é utilizar medicamentos, como neurolépticos, psico-estimulantes ou anti-depressivos. No entanto, estes, muitas vezes, revelaram-se sem efeito. Alguns indicam que a terapia cognitivo-comportamental (uma forma de psicoterapia que se baseia no conhecimento empírico da psicologia) é um bom método para tratar o transtorno de personalidade anti-social. Outros referem a terapia analíticocomportamental (tipo de psicoterapia baseada no behaviorismo) para tratar a regulação afectiva de forma mais eficaz. A verdade é que as psicoterapias têm sido aquilo que surge melhor efeito. Mas a psicopatia é uma condição inata, impossível de tratar a 100% - consegue-se, no entanto, controlar minimamente os impulsos e levar os pacientes a pensar na consequência dos seus actos.

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Tríade Negra da Personalidade Tríade negra é um grupo de três características de personalidade: narcisismo, maquiavelismo e psicopatia. O termo “negra” é utilizado para demonstrar o aspecto aversivo das três características. O narcisismo é caracterizado por superioridade, egoísmo, orgulho e falta de empatia; maquiavelismo é caracterizado por manipulação e exploração de outras pessoas, cinismo em relação à moralidade, decepção e focalização do interesse pessoal; a psicopatia é caracterizada por comportamentos antissociais, egoísmo, impulsividade, falta de remorso e insensibilidade. Estudos recentes apresentam o sadismo como uma possível característica subclínica a adicionar ao grupo, criando assim a Tétrade Negra De acordo com os estudos de Sharon Jakobwitz e de Vincent Egan, investigadores da universidade Caledonian de Glasgow, a amabilidade está dissociada das três características enquanto que a falta de consciência, insensibilidade, manipulação e um comportamento neurótico estão fortemente associados à tríade. Geralmente a tríade negra vem sempre acompanhada pelo termo subclínico, sem manifestação de sintomas, logo a tarefa de identificar indivíduos que detenham estas características tornasse extremamente complicada de diagnosticar ou de intervir devido ao facto de não interferirem no dia-a-dia de um indivíduo. Os investigadores consideram estas características como patologias que precisam de ser acompanhadas e tratadas. Identificando correlações com agressão, racismo e bullying como evidência da natureza aversiva das características constituintes da tríade negra. As pesquisas iniciais de cada característica da tríade negra foram realizadas isoladas umas das outras. Sendo o termo maquiavelismo apresentado pela primeira vez no século XVI pelo Príncipe Niccolò Machiavelli; em 1914, Sigmund Freud introduziu o narcisismo no seu ensaio Zur Einführung des Narzißmus; e em 1941 a psicopatia foi referenciada pela primeira vez na obra A Máscara da Sanidade de Hervey Clekley. Foi apenas na década de 60 e 70 que a psicopatia e o narcisismo começaram a ser formalmente estudados. No caso da psicopatia, destaca-se Robert Hare com o PLC, Psychophathic Checklist, avaliações psicológicas comuns utilizadas para medir o nível de psicopatia através de uma entrevista semi-estruturada (uma entrevista sem regras fixas que permite alguma flexibilidade e abertura, criando novas ideias e perguntas de acordo com o desempenho do indivíduo que está a ser entrevistado). Em 1979, Raskin e Hall criam o NPI, Narcissistic Personality Inventory, a forma mais comum de medir o narcisismo nas pesquisas de psicologia social. O maquiavelismo, essencialmente visto como uma construção de personalidade, nunca foi referenciado como um distúrbio psicológico pelo manual DSM, Diagnostic and Statistical Manual, publicado pela Associação Psiquiátrica Americana.

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Bandura e a Aprendizagem Social A Aprendizagem Social por Observação ou por Modelação foi desenvolvida por Albert Bandura, que inspirado na teoria behaviorista também rejeitava a introspecção. Bandura mostra interesse na observação do comportamento dos indivíduos durante a interacção e nos factores cognitivos. Watson defendia que o meio tinha um papel importante no comportamento do ser humano e Bandura, não diferindo na totalidade, considera que o contexto social tem um grande papel na aprendizagem de comportamentos. Após várias experiências, Bandura confirma que a experiência dos outros pode conduzir à aquisição de novos comportamentos e assim, um individuo pode adquirir um novo comportamento a partir da observação de um modelo, através do processo designado por modelação que envolve: a observação, imitação e integração, em que o individuo aprende um comportamento que passa a integrar o seu quadro de respostas. A aprendizagem social processa-se através da socialização, que decorre desde o nascimento ate à morte do individuo. Esta constatação leva Bandura a evoluir a teoria da aprendizagem social para uma teoria cognitiva e social, considerando muito importante as capacidades cognitivas do sujeito. Cada sujeito possui um conjunto de competências que permitem a aprendizagem e o desenvolvimento: capacidade reflexiva para avaliar o ambiente e se avaliar a si próprio.

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John Watson John Broadus Watson foi um psicólogo nascido nos Estados Unidos, considerado o fundador do behaviorismo, ou, em português, comportamentalismo. Nasceu em 1878, na Carolina do Sul. Watson é considerado o pai da psicologia científica pois demarcouse de forma radical de toda a psicologia tradicional, que tinha por objectivo o estudo da consciência e por método a introspecção. Ao constatar que não consegue aplicar a técnica da introspecção, inicia um processo de investigação em que procura uma nova abordagem para a psicologia e um outro método de estudo. Um ano depois de dar aulas sobre a Psicologia Animal na Universidade John Hopkins, John Watson passa a dirigir uma revista muito influente, com o título de Psychological Review, e nesta revista publica um artigo que depois será considerado o artigo fundador da nova corrente behaviorista. Watson defendia que a única forma de a psicologia se constituir como ciência experimental e objectiva é cortar com todo o seu passado, o estudo da consciência e método da introspecção. John Watson concordava com a teoria evolucionista de Charles Darwin e, por isso, defendia também que todas as espécies tinham evoluído naturalmente a partir de um tronco comum. Portanto, existiria assim uma continuidade entre os seres humanos e os outros animais que justificava o fim da divisão entre a psicologia humana e animal. A psicologia deveria, então, adoptar o objecto e o método da psicologia animal: O estudo do comportamento pelo método experimental.

O Behaviorismo O principal objectivo de Watson foi distinguir-se da psicologia tradicional, que tinha como objecto de estudo a consciência, através do método da introspecção. Defende uma necessidade de a psicologia se constituir como uma ciência natural e experimental. Apesar de não negar os estados mentais e a consciência considera que estes não podem ser considerados como objecto de estudo da psicologia, por não serem objectos de uma ciência. Watson pretendia para a psicologia o mesmo estatuto da biologia. Logo para se constituir como ciência rigorosa e objectiva, o psicólogo terá de assumir a atitude do cientista, trabalhando com dados que resultam de observações objectivas e acessíveis a qualquer outro observador. O psicólogo terá de renunciar à introspecção e limitar-se à observação externa, à semelhança das outras ciências. Para adquirir este estatuto de ciência, Watson orienta a sua concepção em termos de estimulo-resposta. A psicologia terá de definir como objecto de estudo o 12

comportamento. O Comportamento é o conjunto de respostas (R) de um individuo a um estímulo (E) ou a um conjunto de estímulos. A corrente behaviorista procura estabelecer as relações entre os estímulos e as respostas, entre causas e efeitos. Os defensores desta concepção, definem o comportamento como o conjunto de respostas objectivamente observáveis determinadas pela situação do meio físico e social. Pode ser objectivamente observado e quantificado manifestando-se através de movimentos osculares e secreções glandulares. Ex: Simples reflexo – afastar a mão de uma agulha ou actos mais complexos – ler, escrever etc. Na teoria Behaviorista estímulo define-se como qualquer objecto do meio geral. Por resposta entende-se tudo o que o animal faça. Preconiza-se, então, que se parta da análise dos comportamentos mais simples para se compreender os mais complexos. Por serem comum, nos seres humanos e animais, os comportamentos mais elementares, é possível tirar conclusões a partir do desenvolvimento de pesquisas em animas O esquema estímulo-resposta pode ser aplicado a todos os comportamentos. A psicologia deve observar, quantificar, descrever o comportamento enquanto relação causa e efeito, mas nunca interpretá-lo. O objectivo seria enunciar leis do comportamento a partir do estudo da variação das respostas em função dos estímulos, para o poder controlar. Watson, considera também que o ser humano é essencialmente produto do meio ambiente, defendendo que os factores hereditários seriam irrelevantes pois, o meio constrói o ser humano. Para se aproximar das ciências naturais, aplica-se ao estudo do comportamento o método experimental, seguindo as regras desta metodologia: 

Define uma amostra da população, dividindo-a em dois grupos.



No grupo experimental faz variar o factor que considera responsável pelo comportamento.



No grupo de controlo não há qualquer intervenção.



O comportamento dos dois grupos é depois comparado.

Watson defendia que só o método experimental asseguraria o carácter científico à psicologia liberta de métodos qualitativos e subjectivos.

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Sigmund Freud Sigmund Freud nasceu em Freiberg, na república checa mas muda-se para Viena de Áustria quando tinha 4 anos. Reconhecendo as suas capacidades desde cedo, a sua família tenta apoiá-lo nos estudos, em que se revelou um aluno excelente. Formou-se em Medicina e desenvolveu trabalhos experimentais em biologia e fisiologia. Paralelamente interessava-se por clássicos gregos e latinos e por literatura europeia. Esta formação humanística teve uma grande influência no modo como encarava os seres humanos e na sua obra. Durante cerca de ano, estudou com o professor Jean Charcot, que recorria à hipnose para tratar a histeria. Na época acreditava-se que a história era uma perturbação exclusivamente feminina. Manifestava-se por um conjunto de sintomas orgânicos mas não tinham origem no sistema nervoso. Estas experiências com Charcot, levam Freud a considerar a existência do inconsciente. É com Breuer que decide, então, aprofundar esta hipótese. Os dois consideravam que a causa das perturbações teriam de ser procuradas no inconsciente e por isso recorriam à hipnose como terapia para os sintomas histéricos. Em 1896, Freud desiste de trabalhar em conjunto com Breuer, por considerar que a hipnose não era o método adequado para a cura e pelo facto de Breuer discordar com a interpretação de Freud, que acreditava que a histeria era de origem sexual. Sozinho, Freud, desencadeia um conjunto de concepções que vão constituir uma teoria sobre o psiquismo humano e uma técnica terapêutica: a psicanálise.

O Inconsciente A experiencia com Charcot e sobretudo com Breuer leva Freud a concluir que não é possível compreender muitos aspectos do comportamento humano se só se admitisse a existência de consciente. Para se conhecer o ser humano, tem de se admitir a existência do inconsciente, que define como uma zona do psiquismo constituída por desejos, pulsões tendências e recordações recalcadas, fundamentalmente de carácter sexual. Freud elabora uma nova concepção de psiquismo, apresentado em dois momentos diferentes, duas interpretações do psiquismo humano, a primeira e a segunda tópica. Na primeira tópica, recorre à imagem de um iceberg, no qual o consciente corresponde à parte mais pequena do iceberg, a parte visível (emersa), enquanto o inconsciente corresponde à parte maior do iceberg, a parte invisível (submersa). O inconsciente, sendo uma zona do psiquismo muito maior, relativamente ao consciente, exerce uma forte influência no comportamento humano. Ao consciente, constituído por imagens, ideias, recordações, pensamentos, é possível aceder de forma voluntária, 14

através da introspecção. Os materiais inconscientes tendem a tornar-se conscientes. No entanto, existe uma censura que impede esta tendência, recalcando os desejos e pulsões que tendem a tornar-se conscientes. O recalcamento é desta forma um mecanismo de defesa que devolve ao inconsciente os materiais que procuram tornarse conscientes. Ao constatar que esta primeira tópica apresentava as zonas do psiquismo de forma estática, Freud reformula a sua concepção de psiquismo, apresentado então, em 1920, a segunda teoria sobre a estruturação do psiquismo, que é constituído por três instâncias: id, ego e superego. O id constitui a maior zona do psiquismo humana, é a zona inconsciente, primitiva e instintiva, a partir da qual se formam o ego e o superego. Existe desde o nascimento do ser humano, e é constituído por pulsões, instintos e desejos. O id está desligado da realidade, não se orientando por normas ou princípios morais, sociais ou lógicos. Regese pelo princípio do prazer, tendo como objectivo a realização e satisfação imediata dos desejos e pulsões. Grande parte desses desejos é de natureza sexual, sendo o id o reservatório da líbido, energia das pulsões sexuais O ego é fundamentalmente consciente. Rege-se pelos princípios da realidade, orientando-se por princípios lógicos e decidindo quais os desejos e impulsos do id podem ser realizados. É o mediador entre as pulsões inconscientes e as exigências do meio, do mundo real, tendo de gerir as pressões que recebe do id e do superego. O superego forma-se entre os 3 e os 5 anos. É a zona do psiquismo que corresponde à interiorização das normas, dos valores morais e sociais. Resulta do processo de socialização e da interiorização de modelos como os pais. É a componente ética e moral do psiquismo, que pressiona o ego a controlar o id. Ao longo da análise que desenvolve com os seus pacientes, Freud conclui que muitos dos sintomas que apresentavam, eram manifestações de conflitos psíquicos relacionados com a sexualidade. Muitos desses conflitos remetiam para experiências traumáticas vividas na infância e recalcadas no inconsciente. Ao afirmar que não é a consciência que controla a vida humana, mas as forças do inconsciente que ele desconhece e pouco controla, Freud veio revolucionar a forma de encarar o ser humano. Com Freud, nasce um novo conceito de ser humano, dominado desde o nascimento por pulsões, sobretudo de carácter sexual, vivendo conflitos intrapsíquicos que se manifestam no comportamento do nosso dia-a-dia.

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Mente de um Psicopata O estudo da mente de um psicopata realizou-se por acaso em Orange County quando o Dr. James Fallon, neurocientista e professor de psiquiatria e de comportamento humano na Universidade da Califórnia, que estava encarregue do estudo de radiografias e de testes relacionados com alzheimer, fez a descoberta mais chocante da sua vida. Enquanto analisava radiografias dos cérberos da sua família, reparou que a sua radiografia era bastante diferente relativamente às outras cinco. As principais diferenças eram os baixos níveis de actividade no lobo frontal e occipital e o tamanho reduzido das amígdalas cerebelosas (grupos de neurónios que formam 2 cm esféricos de massa cinzenta). Fallon reportou aos colegas encarregues do laboratório que devia ter ocorrido um erro ou que houve uma troca de resultados. Após a confirmação de que aqueles resultados eram de facto seus, este deparou-se com uma descoberta tenebrosa: possui a mente de um psicopata. Ao revelar este facto à sua família, a sua mãe acabou por revelar um segredo que manteve sobre dois familiares mais afastados do pai de Fallon: Thomas Cornell, enforcado em 1667 pelo homicídio da sua mãe e Lizzie Borden, acusada em 1892 pelo homicídio dos seus pais. Os factos são conclusivos, James Fallon tem todos os factores biológicos que caracterizam um psicopata. Em termos cerebrais, à falta de actividade no lobo frontal que tem como principais funções o pensamento abstracto e criativo, a capacidade de respostas afectivas, de manter relações emocionais, fluência do pensamento e linguagem, capacidade de julgamento social e determinação/vontade para a acção; no lobo occipital que é responsável pela compreensão daquilo que se vê e nas amígdalas cerebelosas que são reguladoras dos sentimentos, comportamentos sexuais e agressivos, e organiza os nossos conteúdos emocionais e as nossas memórias. Os baixos níveis de actividade destas aéreas cerebrais devem-se aos factores genéticos do lado paterno da família de James Fallon, ou seja, tem uma pré-disposição biológica para comportamentos agressivos e impulsivos, falta de empatia e para a incapacidade de sentir grande parte das emoções que um ser humano normal sente o que o leva à incapacidade de se relacionar e manter laços emocionais com outras pessoas. Mas no seu dia-a-dia, James Fallon não se comporta de tal forma apesar de admitir que durante a sua adolescência sofrer recorrentemente de ataques de pânico e de ter uma desordem obsessiva-compulsiva, considera-se extremamente competitivo e diz que sente um prazer imenso ao dominar e destruir uma pessoa em termos intelectuais, como por exemplo durante um debate.

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Apesar de tudo, é um homem que ama a sua família e amigos, mantem um emprego, tem os seus hobbies, basicamente é um indivíduo normal integrado na sociedade e cultura onde vive. E de acordo com James Fallon, a sua pré-disposição para comportamentos psicopatas foi revertida devido ao amor e carinho que recebeu dos seus pais, ou seja, durante um dos períodos mais importantes da vida e formação de um ser humano, a infância, não esteve exposto a ambientes ou situações que impulsionassem a sua pré-disposição agressiva. O meio em que se integrava teve uma grande influência em Fallon mas neste caso foi positiva. Fallon caracteriza-se como um psicopata pró-social, ou seja, que aprendeu a sentir empatia por outros seres e a usar as suas capacidades para o bem comum. As suas capacidades foram muito bem aplicadas especificamente na área de estudo relativa à psicopatia que se destacou quando lançou o livro The Psycopath Inside, que expôs ao público geral a perspectiva pessoal de um neurocientista que levou a vida a estudar mentes perturbadas e que acaba por descobrir que a sua não se insere nos standards de normalidade. Exposição da importância dos factores biológicos e do meio para formação de um psicopata.

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Mentes perturbadas Ed Gain Ed Gein nasceu a 27 de Agosto de 1906 em La Crosse. A sua infância e idade adulta foram passadas em grande na quinta de 160 hectares em Plainfield, Wisconsin com o seu irmão Henry, o seu pai George e a sua mãe Ausgusta. Foi uma infância traumática devido ao alcoolismo do pai e principalmente a influência extremamente negativa que Augusta tinha sobre Ed e Henry. Era uma mulher controladora e doentiamente religiosa, contaminando a mente dos seus filhos com falsos ideais religiosos sobre sexo e mulheres, considerados por Augusta como pecados imundos. Ed perdeu o seu pai em 1940 devido ao alcoolismo, em 1944 faleceu o seu irmão num incêndio e a sua mãe acabou por falecer em 1945. Foi a partir do momento que Ed se encontrou em solidão completa que começou a planear tornar as suas fantasias sexuais doentias realidade. Com a ajuda de Gus, um indivíduo igualmente perturbado que partilhava as mesmas fantasias que Ed, começaram a abrir covas para roubar cadáveres dos cemitérios. Os cadáveres de mulheres, inclusive o cadáver de Augusta, eram utilizados em actividades como necrofilia, desmembramento e canibalismo. Ed utilizava a pele dos cadáveres para fazer fatos e outros acessórios para concretizava o seu maior desejo, de estar no corpo de uma mulher. Estes actos horrendos duraram mais dez anos. A busca pelo fato de pele humana perfeito levou Ed a procurar pele mais fresca e finalmente obter a mudança de sexo que tanto desejava. A 8 de Dezembro de 1954, Ed Gein matou Mary Hogan, proprietária de 48 anos de uma taverna, e a 16 de Novembro de 1957 matou Bernice Worden, proprietária de uma loja de ferragens e mãe do xerife local, a única vítima que fez com que levantassem suspeitas em relação a Gein e que eventualmente a verdade fosse desvendada. Numa noita a policia fez uma busca pela fazenda de Gein e acabou por encontrar o corpo mutilada e decapitado de Bernice Worden. Após a fazenda, foi feita uma busca pela casa de Gein e lá dentro encontraram todo o tipo de atrocidades tais como: sofás e joias feitos de pele humana, caveiras utilizadas como tigelas, faces humanas utilizadas como máscaras, um frasco com vulvas pintadas de prateado, e ainda o coração de Bernice numa frigideira posada no fogão. Os objectos encontrados na casa de Gein pertenciam aos corpos desaparecidos de 15 mulheres. 18

A sentença de Ed Gein foi encarceramento perpétuo no Hospital psiquiátrico de Waupun. Acabou por falecer aos 78 anos devido a um cancro. Quando interrogado sobre os seus crimes, Ed Gein admitiu que preferia os corpos de mulheres mais velhas devido a relação de amor-ódio com a sua mãe.

Mary Bell Mary Bell é uma inglesa, actualmente com 56 anos, que entre os 10 e 11 anos revelou o seu lado psicopata, ao matar duas crianças. Para percebermos o porquê desta criança agir assim, é necessário perceber a sua história de vida. A mãe de Mary, que engravidou aos 17 anos, era uma prostituta especializada em técnicas masoquistas, que passava muito tempo fora de casa. Quanto ao seu pai, não é conhecido quem ele é mas durante quase toda a sua vida, Mary acreditou ser Billy Bell, um criminoso que acabou por ser preso por roubo armado. Vários familiares dizem que, várias vezes, a mãe de Mary tentou matá-la nos seus primeiros anos de vida, tentando fazer parecer um acidente. Para além disso, Mary afirma que sofreu abusos sexuais dos clientes da mãe, sendo ela quem obrigava a criança a participar nos actos sexuais. Havia, então, uma grande rejeição e maus tratos da parte da mãe para com a sua filha. Mary não era uma criança comum – era extremamente dominante e manipulativa, que queria ter sempre as coisas a correr como ela desejava. Ela era frequentemente má para as outras crianças, especialmente as mais novas, havendo relatos dela atirar um rapaz de 3 anos de um telhado (deixando a criança magoada) e de apertar os pescoços de 3 raparigas. Como era muito inteligente, Mary conseguiu sempre escapar destes delitos. Mas um dos seus mais graves foi a morte de Martin Brown, um rapaz de 4 anos, numa casa abandonada. Mary, apenas com 10 anos, apertou-lhe o pescoço até ele ficar sem ar, mas como ela era uma criança, logo tinha pouca força, as marcas eram quase inexistentes. Pensou-se então que a morte da criança tinha sido causada por comprimidos, encontrados ao lado do corpo, mas testes posteriores comprovaram que não havia vestígios de nada no seu sangue. Depois do corpo ser encontrado, Mary Bell foi até à casa onde a criança vivia e pediu para ver o rapaz no seu caixão, o que revela o seu gosto pelo sofrimento dos outros.

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Depois disto, Mary e a sua mãe mudaram-se para Newcastle, onde Mary conhece Norma Bell (sem relação familiar entre elas), e as duas tornam-se amigas muito próximas. Juntas aterrorizam o seu bairro e vandalizam uma creche, deixando pistas sobre a morte de Martin, mas que são ignoradas pela polícia. Mais tarde, quando já tinha 11 anos, Mary envolve-se num outro homicídio. Desta vez, juntamente com Norma, Brian Howe, com apenas 3 anos, é estrangulado numa lixeira. Para além disso, Mary usa uma lâmina para lhe marcar um “M” na barriga e uma tesoura para lhe cortar o cabelo, o pénis e fazer cortes nas suas pernas. Mais uma vez, as marcas de estrangulamento são quase nulas, o que leva a concluir que a morte tinha sido causada por uma criança. Assim, as crianças do bairro são questionadas e Mary e Norma sobressaem, sendo então interrogadas. Inicialmente, Norma tenta esconder o sucedido, mas acaba por admitir que tinha sido Mary a matar tanto Brian como Martin. Já Mary, ao ser interrogada, nega todo o sucedido e acusa Norma de ser mentirosa. Entretanto, Mary é vista no funeral de Brian a rir-se, e acaba por voltar a ser interrogada e aí revela ter estado presente em ambas as mortes, mas que tinha sido Norma a matar as crianças. Os inspectores encontram assim dois depoimentos contraditórios, e as duas meninas acabam por ser acusadas. Elas foram julgadas em conjunto, mas havia uma diferença significativa – Norma chorava continuamente e notava--se que se sentia confusa e assustada, enquanto que Mary não se mostrava arrependida e não chorou. Esta sua reacção mostra como a rapariga tem o perfil de psicopata, pois não mostra empatia perante os seres humanos que ela fez sofrer. Norma acabou por ser libertada mas Mary foi diagnosticada por psiquiatras como tendo características psicopatas. Considerada um perigo para as outras crianças, Mary foi sentenciada à prisão por tempo indefinido. Foi libertada 12 anos depois, aos 23 anos, e foi-lhe dado anonimato, assim como à filha que teve quatro anos depois de ter saído da prisão.

Gertrude Baniszewski Gertrude Baniszewski nasceu em 1929 e foi a terceira de 6 filhos. Em 1940, viu o seu pai morrer de ataque cardíaco e 5 anos depois, desistiu dos estudos para se casar com um deputado, John Baniszweski, com quem teve quatro filhos. Apesar do temperamento instável de John, o casal esteve casado durante 10 anos, acabando por se divorciar. Após um casamento curto com outro homem, Gertrude volta a casar-se com John, com quem teve mais dois filhos, mas em 1963 divorciam-se permanentemente. Então, aos 34 anos, Gertrude 20

passa a viver com Dennis Lee Wright, que abusa dela e gera um filho. Depois do nascimento da criança Dennis abandona Gertrude e desaparece. Em Julho de 1965, Lester e Betty Likens, viajantes trabalhadores de um parque, pedem a Gertrude que cuidasse das suas filhas, Sylvia e Jenny Likens, a troco de 20 dólares por semana enquanto eles trabalhavam noutras zonas do país. Quando o primeiro pagamento, vindo dos pais das duas irmãs, se atrasou, Gertrude descarregou a sua fúria nas duas adolescentes e bateu-lhes. A partir daí, elas começaram a levar tareias por comer doces que Gertrude as acusava de ter roubado. Para além de físicos, os abusos eram também verbais. As duas jovens eram frequentemente chamadas de prostitutas e Gertrude permitia que os seus filhos participassem na agressão. Como frequentavam a mesma escola, os filhos de Gertrude convidavam alguns dos seus colegas e vizinhos, para depois das aulas irem a sua casa assistir os abusos contra Sylvia. Deixando também que estes participassem nos actos de violência, que incluíam queimar a rapariga com beatas de cigarro. As condições em que as raparigas viviam eram desumanas e a maior parte das vezes, Sylvia, a mais velha, passava as noites no porão da casa onde grande parte dos abusos ocorria. Numa das noites, Sylvia urinou na cama e como castigo Gertrude fez com que ela se despisse em frente aos amigos do seu filho e colocasse uma garrafa de coca-cola na vagina. Como se isso não bastasse, Gertrude utilizou uma agulha quente e linha para marcar na barriga de Sylvia a frase: “Eu sou uma prostituta e tenho orgulho nisso”. Após abusos contínuos e uma tentativa de fuga, Sylvia acaba por ser assassinada pelo filho de Gertrude. Gertrude acaba por ser condenada a prisão perpétua mas com apenas 18 anos cumpridos, é libertada por boa conduta.

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Conclusão Durante a realização deste trabalho não tínhamos noção do tema que havíamos escolhido, ou seja, é um tema que deve ser estudado e trabalhado com cuidado pois estende-se para diversas áreas e levantas inúmeras questões à medida que vai sendo desenvolvido. Logo foi importante manter o foco no objectivo do trabalho senão seria impossível o concluir. Esclarecemos várias dúvidas e ideias fixas que tínhamos em relação à psicopatia, por exemplo, antes do trabalho caíamos no erro de considerar qualquer indivíduo que cometesse um crime violento como psicopata, agora é-nos claro que um psicopata tem características e padrões específicos. E essencialmente acreditávamos que a origem do “mal” era simplesmente influenciada pelo meio onde o psicopata se desenvolveu ou traumas que possa ter vivido. Hoje está claramente provado que pode existir uma influência biológica devido ao padrão genético de um indivíduo (podem ter antecedentes que tinham tendências violentas) que depois influência os níveis de actividade cerebral que podem ser diferentes de um ser humano comum (um psicopata tende a ter amígdalas cerebelosas muito pequenas e os lobos frontal e occipital têm um nível de actividade quase nulo) logo reduz por completo o nível de emoções e as expressões emocionais, a incapacidade de se relacionar e de amar outros seres, uma ideia muito elevada de si mesmo, tendências violentas, retorcidas e sádicas, manipulação e impulsividade. Características que podemos verificar nos três casos de mentes perturbadas. Em termos da origem dos seus comportamentos e acções podemos de facto confirmar que foram devido à influência do meio e de traumas que viveram, por exemplo, Ed Gein era atormentado pelo os ideais religiosos distorcidos sobre sexo e mulheres que a sua mãe lhe incutiu, Mary Bell era forçada a participar em actos sexuais com os clientes da sua mãe, e Gertrude era uma mulher amargurada que sofria constantemente de violência doméstica e atormentada pela vida de dona de casa e o papel de mãe que nunca desejou. Em termos das teorias apresentadas, concluímos que a teoria que na nossa opinião expressa melhor a mente de um psicopata e a origem do mal é a de James Fallon pois sendo a mente humana tão complexa como de facto é, o seu desenvolvimento e actividade não se pode cingir apenas a uma das influências. Os factores biológicos e do meio complementam-se e ambos têm uma forte influência no desenvolvimento de um distúrbio psíquico tão grave como a psicopatia.

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