Os 200 anos do Banco do Brasil

Os 200 anos do Banco do Brasil


O Banco do Brasil foi criado por um Alvará, expedido no Rio de
Janeiro, pelo príncipe regente D. João, futuro D. João VI, em 12 de outubro
de 1808. Foi o 4º banco emissor do mundo, depois dos bancos da Suécia,
França e Inglaterra. As condições do Brasil à época justificavam a criação
do banco, pois a mineração em declínio, a grande escassez de moedas, a
intensificação das atividades comerciais com a abertura dos portos e as
despesas com a família real reclamavam o aumento do numerário existente.

O alvará de criação do Banco e o estatuto que lhe atribuiu o nome de
Banco do Brasil estão reproduzidos no final do texto.

Como se pode ver da leitura dos estatutos, o Banco do Brasil teria
privilégios com duração de 20 (vinte) anos, findos os quais ou se
dissolveria ou novamente se constituiria. Também é importante notar que,
apesar das facilidades concedidas ao Banco, o início efetivo das operações
do Banco somente se deu em 11 de dezembro de 1809, mais de um ano depois de
sua fundação, com apenas um décimo de seu capital, que, três anos depois,
ainda não passava de 126:000$000 (cento e vinte e seis contos de réis).

A falta de uma administração competente e zelosa, aliada ao excesso
de emissões, foram as duas principais causas do fracasso do Banco nessa
primeira fase de sua existência. No livro História da Fundação do Império,
do conselheiro Pereira da Silva, relata-se "A administração do Banco nunca
primou por acertada e prudente, espalhando-se, por vezes, boatos tais de
malversações e extravios de dinheiro, que o governo viu-se forçado, não a
proceder a rigoroso inquérito, como aconselhava a salvação do
estabelecimento, mas a impor silêncio pela violência aos que davam curso
àqueles boatos.".

Sem entrar em mais detalhes sobre a desastrosa administração do
Banco, mas em função dela, em 1829 o Ministro da Fazenda Miguel Calmon,
futuro visconde e marquês de Abrantes, enviou a Câmara dos Deputados
proposta do Governo para dissolução do Banco do Brasil através da nomeação
de uma comissão de sete membros, dos quais o presidente e mais três deles
escolhidos pelo Governo e os outros três pela Assembléia.

A Câmara votou pela imediata liquidação do Banco, sancionada em 23 de
setembro de 1829, porem a dissolução foi adiada para 11 de dezembro daquele
mesmo ano, data em que se completariam os vinte anos de privilégio,
previstos na fundação. Dissolvida a instituição, cada acionista recebeu
cerca de 80% do valor primitivo das ações.

Com as novas condições econômicas do Império, em 1851, Irineu
Evangelista de Souza, barão de Mauá, fundou o Banco do Brasil, que era uma
instituição particular, não servindo de elo entre o primeiro Banco do
Brasil e o que hoje existe. O Banco do Brasil de hoje, foi criado pela Lei
nº 683 de 5 de julho de 1853, por iniciativa de José Joaquim Rodrigues
Torres, visconde de Itaboraí, que mais de uma vez foi seu presidente, pela
fusão do Banco do Brasil, do Barão de Mauá e do Banco Comercial.

Toda a história do Banco do Brasil, desde o primeiro, é extremamente
interessante e rica, muito mais do que poderia ser dito aqui. O fato é que
dos 200 anos decorridos da fundação do 1º Banco do Brasil até 2008, por 24
anos não houve Banco do Brasil oficial, e o atual somente passou a existir
em 1853, o que lhe dava, em 2008, somente 155 anos de existência.

Os Correios do Brasil ajudaram um pouco a fazer essa confusão, ao
emitir, em 5 de julho de 1953 um selo comemorativo do centenário do Banco
do Brasil e 55 anos após emitir outro selo comemorando os 200 anos do Banco
do Brasil, o que não faz muito sentido.







Na realidade, como se pode ver pelo texto, o correto é o selo de
1953.

Às 9h da manhã de uma segunda-feira, 4 de novembro de 1861, 10 meses
depois da assinatura do decreto por D. Pedro II, a Caixa Econômica Federal
começou oficialmente suas operações no Rio de Janeiro. Dessa forma o BB é
somente 8 anos e quase quatro meses mais antigo que a Caixa.