Os antigos, os selvagens e a experiencia do tempo no projeto denisiano para a história do Brasil

October 7, 2017 | Autor: M. Oliveira | Categoria: História Da Historiografia, Ferdinand Denis, Indigenismo E Indianismo
Share Embed


Descrição do Produto

Os antigos, os selvagens e a experiencia do tempo no projeto denisiano para a história do Brasil Maria Edith Maroca de Avelar Rivelli de Oliveira (doutoranda - UFOP)

Qu’est-ce en effet qu’un temps temporalisé ? Un temps, actif, acteur, agent, qui est la mesure de la force de l’Histoire, l’inscription de sa puissance jamais en repos. ... Ce temps, qui est celui de l’Histoire, de la philosophie de l’histoire et de l’histoire universelle, telles que les a entendues le XIXe siècle ...(François Hartog -“La Temporalization du temps”: une longue marche)

A ideia de temporalização do tempo e, em decorrência, de um tempo moderno, presente na citação de Hartog, introduz a questão central desta apresentação que será a análise do projeto historiográfico de Ferdinand Denis - tal como proposto em seu "Resumo da História literária de Portugal seguido do Resumo da história literária do Brasil" (1826) - em busca de destacar sua relevância como documento para a história da historiografia brasileira, pela pertinência de sua elaboração da experiencia do tempo na narrativa da história brasileira e pela decorrente reverberação das ideias nele contidas. Esta obra, produzida sob a influencia de uma noção romântica de história literária, tinha por destino associar-se ao "Resumo da História do Brasil" (1825), como narrativa da história brasileira, entendendo-se que às letras pátrias cabia demonstrar o gênio nacional e perpetuar sua memória (DENIS, 1826, 7). Assim, a enunciação de seu projeto para a história da literatura expande-se para a narrativa histórica geral, ao definir temas, conceitos e cronologia da história nacional a ser narrada. Interessa-nos principalmente destacar aqui aspectos distintivos do projeto denisiano: a noção de regime de historicidade moderno (HARTOG) como viés interpretativo (história como continua evolução, disrupção entre passado e presente, confiança no futuro); a construção de uma história individual para o Brasil que se equipare à história européia, influenciada por teorias contemporâneas de história universal; a comparação entre os indígenas brasileiros e os antigos, numa perspectiva que, se por um lado, aproxima a história brasileira da Europeia, fazendo ascendendo o papel dos selvagens, por outro demonstra que a antiguidade está em um momento de desvalor perante a modernidade, no que se separam, então os antigos, os modernos e os selvagens, associando-se os primeiros aos últimos . Quanto à bibliografia e autores consultados: François Hartog e Reinhardt Koselleck, cujas categorias de experiencia do tempo, regime de historicidade, espaço de experiencia e horizonte de

expectativa fundamentam essa analise, bem como nomes associados aos temas específicos da relação entre antigos, modernos e selvagens, como Julie Boche, Bertrand Binoche e François Hartog. Quanto às fontes, nosso trabalho se deterá principalmente sobre o “Discours Préliminaire” (DENIS: 1826, V a XXV) e as “Considerátions Générales sur le charactère que la poésie doit prendre dans le nouveau monde” (DENIS: 1826, 513- 528), em que o autor esclarece seu projeto e conceitos essenciais. regime de historicidade - experiencia do tempo - antigos e modernos - história natural história da historiografia

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.