OS BESTIÁRIOS MEDIEVAIS: SUA HISTÓRIA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A INTELECTUALIDADE MEDIEVAL.

July 7, 2017 | Autor: Jefferson Machado | Categoria: Medieval Sermons, Franciscans, Historia Medieval, History of the Franciscan Order
Share Embed


Descrição do Produto

OS BESTIÁRIOS MEDIEVAIS:
SUA HISTÓRIA E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A INTELECTUALIDADE MEDIEVAL.

Jefferson Eduardo dos Santos Machado – PEM / PPGHC / IFCS

O frade franciscano português Antônio de Lisboa/Pádua, um dos santos
católicos de maior veneração no mundo, nasceu entre os anos de 1190 e 1195
em Lisboa, onde iniciou seus estudos na escola episcopal da Sé de Lisboa e
continuou sua formação intelectual no Mosteiro de São Vicente de Fora. Esta
instituição religiosa foi fundada pelos religiosos do mosteiro mais
influente de Portugal, o de Santa Cruz de Coimbra, que pertencia a ordem
dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho, e onde Fernando Martins, o nome
de batismo de Antônio, concluiu sua fase de estudos em solos portugueses.
Vale citar que estes mosteiros contavam com mestres que estudaram em
Paris e possuíam bibliotecas que tinham em seu acervo obras que
possibilitavam uma formação intelectual que não ficava tão distante das que
eram oferecidas pelas primeiras instituições universitárias da
Europa.(CAEIRO, 1968, p.58)
Após desilusões no âmbito doutrinal e pastoral com os regrantes, o
cônego Fernando tentou encontrar um novo rumo para a sua vida religiosa ao
entrar para a nova, porém já reconhecida, Ordem dos Frades Menores, fundada
por Francisco de Assis. Este religioso italiano foi uma das figuras
fundamentais na virada que a Igreja tentava dar como resposta aos
constantes ataques, oriundos de vários grupos contestadores, as chamadas
heresias, que cresciam rapidamente por toda a cristandade e que traziam a
tona todas as mazelas e falhas que eram praticadas pelos membros da
Instituição romana.
Desta forma, Antônio entrou em um movimento que se encontrava na
vanguarda da busca de uma Igreja Romana reformada a partir da própria
instituição. Assim, quando já entre os frades o português se destacou por
sua pregação, logo foi incluído entre aqueles que implementaram o trabalho
de convencimento da população em geral a favor da causa da Sé Romana contra
os Cátaros, heresia medieval que atuava no norte e sul das atuais Itália e
França respectivamente. Ao se destacar nesta função, foi convidado a ser o
primeiro mestre de Teologia dos Menores. Diante desta incumbência, fundou
algumas casas de estudo e começou, a partir do pedido de seus alunos, a
escrever uma obra intitulada Sermões que foi estruturada como um manual
para que os pregadores pudessem basear-se para fundamentar suas pregações.
(PELLEGRINI, 1999, p.201)
Em sua obra, o lisboense utiliza, constantemente, o exemplo dos animais
e suas características para demonstrar com deveria ser o comportamento dos
cristãos em geral. Esta prática muito comum entre os escritores medievais
tinha como base as obras que foram chamadas de Bestiários.
Os Bestiários eram muito comuns na Idade Média e faziam a associação de
animais, como metáforas e símbolos, aos princípios dogmáticos e morais
cristãos. Segundo Nilda Guglielmi, é "una obra pseudocientífica moralizante
sobre animales existentes y fantasiosos".(AYERRA & GUGLIELMI, 1971, p.7) Um
dos mais antigos bestiários é o Fisiólogo, compilação de "pseudociência",
no qual são encontradas descrições de animais, aves e até pedras, reais e
imaginários, para ilustrar aspectos do dogma e da moral cristãs (por
exemplo, o peixe e o cordeiro como símbolos de Cristo).
Sabemos que Antônio combateu firmemente as práticas contrárias ao que a
Igreja Romana esperava dos religiosos medievais. Assim, o seu maior alvo
eram os componentes do clero secular e das antigas ordens, que incitavam a
população, propagando a desconfiança e até mesmo insultando os muitos
Menores e Pregadores que, com suas pregações incisivas e com seu modo de
vida afrontavam e criavam, involuntariamente, comparações que eram
desvantajosas para aqueles que há muito encontravam-se estabelecidos nas
paróquias e localidades onde ocorriam os trabalhos missionários
implementados pela Igreja no século XIII. (RIGON, 1999, p.295)
Neste trabalho procuraremos entender, através das características
imputadas ao animal imaginário basilisco no Sermão do Sexto Domingo Depois
da Festa de Pentecostes, tendo como parâmetro de análise a comparação com o
que nos informam os Bestiários Medievais, quais eram os problemas
enfrentados pelos religiosos que haviam sido colocados em missão pelo
papado, através das exempla citadas por frei Antônio.
Esta comunicação faz parte de uma pesquisa maior vinculada ao Projeto
Hagiografia e História: um estudo comparativo da santidade, desenvolvida
junto ao Programa de Estudos Medievais (PEM), que tem como meta nos
auxiliar nas pesquisas de elaboração de nossa Dissertação de mestrado junto
ao Programa de Pós-Graduação em História Comparada(PPGHC) da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em nossa análise estaremos utilizando a versão bilingüe latim/português
dos Sermões traduzida e organizada por Henrique Pinto Rema, e utilizaremos,
a fim de podermos observar a visão medieval sobre o Basilísco como símbolo,
a obra Bestiário Medieval, uma coletânea de trechos de bestiários
medievais, que foi compilada e traduzido para o espanhol por Ignacio
Malaxecheverria.
O sermão objeto de nossas reflexões cita o basilisco para exemplificar
aos irmãos que se contra os outros e os censuravam. O frade divide o texto
em quatro partes principais. Na primeira, que chama de Exórdio, procura
orientar aos prelados e pregadores da Igreja Romana quanto a importância da
prática da justiça, tendo como base os ensinamentos bíblicos,
principalmente para que a pregação sobre a salvação das almas seja feita de
forma coerente.
Na segunda parte ele continua sua admoestação aos religiosos, chamando-
os a serem verdadeiros penitentes, afastando-se da soberba e fazendo valer
o significado do batismo, principalmente como um processo de purificação
espiritual. Neste trecho prega ainda sobre a maior importância que deve ser
dada aos bens espirituais para que se alcançasse verdadeiramente o Reino de
Deus.
A terceira parte do sermão, será denominado Sermão contra os iracundos,
trata da besta a qual vamos nos ater na comunicação.
E na quarta parte, o frade deteve-se na necessidade do cristão
penitenciar-se e buscar a devoção a fim de que não se torne um pecador.
Transformando esta parte em uma espécie de manual para a purificação do
homem que quer buscar a Deus.
Em nossa pesquisa constatamos, por muitas vezes, que quando em sua obra
os religiosos são admoestados, normalmente, o frade lança mão de palavras
muito duras. Neste sermão não é diferente e logo em seu inicio Antônio
afirma que,


Ai, quantos religiosos há hoje que clamam ainda no
deserto, na Religião ou no claustro (...). Desde amanhã até o
meio-dia, clamam, dizendo: Baal,[1] ouve-nos. Que é clamar a
Baal senão desejar ser superior? Mas não há voz que responda à
sua vontade. De novo clamam mais forte. Clamar é desejar.
(...) No tempo de Elias, os profetas de Baal clamavam e não
eram ouvidos. Nos nossos tempos, porém, clamam e são ouvidos.
São postos em grau superior, para que a queda seja mais grave.
Antes era a voz humilde, o hábito grosseiro, o ventre
encolhido, a face pálida, a oração em público assídua. Agora,
porém, falam alto com ameaças; caminham de capa e de fíbula;
andam de barriga proeminente, de face rubicunda; bem dormidos
sem qualquer oração.


Aqui fica clara a crítica às ordens mais antigas, inclusive a dos
cônegos regrantes a qual se desligou para ser um frade Menor. Esta clareza
vem do fato de que estes, assim como os Regrantes, as Ordens mais antigas
abandonaram o projeto inicial e agora não conservam os ares primaveris de
suas fundações. Uma vez que, estas quando foram criadas, representavam o
ideal de pobreza e humildade praticadas para se buscar a vivência radical
do Evangelho. Porém, o que se vê no Século XIII são instituições que
buscavam evangelizar mais pela força do que pelo exemplo e vivência da
mensagem cristã.
Para explicar o porque da diferença entre os profetas de baal e os
religiosos de seu tempo, quanto ao atendimento de seus clamores, Antônio
afirma que os antigos profetas não eram atendidos, porém o clero medieval
era atendido pois, ao clamar não clamavam a Baal e sim ao Deus, que é o
mesmo Javé de Elias que os escutava, mas no intuito de dar-lhes uma lição.
Desta forma o frade afirmava que ao chegar ao topo a queda destes
religiosos iria ser muito mais desastrosa e também pedagógica , uma vez que
serviria de exmplo aos outros cristãos.
Para nós, apesar de não utilizar de forma explicita o termo religioso,
ao utilizar, de forma metafórica, a besta conhecida como basilísco, o frade
quer atacar membros do alto clero.
A besta citada por frei Antônio pode ser qualquer poderoso da época,
leigo ou clérigo, porém como objeto de nossa análise trataremos tal
analogia como se este fosse um bispo, já que tal poder relatado pelo frade
pode ser de um líder religioso poderoso, que tira proveito de sua condição
para usurpar toda a população a qual deveria pastorear. principalmente
diante desta afirmativa feita pelo frade: corrompe até a própria atmosfera,
ou seja, a vida dos religiosos; põe no céu da boca, e a língua passa-a para
a terra. Também as serpentes, isto é, os amigos e companheiros,
conhecedores de sua malícia, têm horror do seu sibilo.
No trecho acima quando o frei afirma que este poderoso corrompe até a
própria atmosfera, esclarece que com suas atitudes o religioso prejudica a
própria instituição. E que mesmo aqueles religiosos, que são seus parceiros
de irregularidades e se aproveitam de tal poder tem medo dele.
Para os bestiários esta besta é uma criatura estranha que nace del
huevo de u gallo, como afirma o bestiário de Pierre de Beauvais editado por
P. Cahier.[2] Este ovo era colocado quando esta ave completava sete anos e
já não conseguia cruzar com as galinhas.
Para a postura deste ovo, que não tinha casca, mas contava simplesmente
coma proteção de uma película, o galo fazia um buraco que seria seu ninho e
ficava vários dias indo e voltando do local onde o depositaria. O sapo
ficava atento a estes movimentos e logo depois do ovo ser colocado ia
correndo para chocá-lo.
Quando já havia sido chocado por tempo suficiente o filhote de
basilisco rompia a película protetora e mostrava toda a sua estranha
aparência. Assim como muitas outras bestas medievais, este era uma mescla
de criaturas diferentes. Tal animal tinha a crista, os olhos, as patas e o
peito de galo e o restante do corpo semelhante ao das serpentes.
Após o nascimento, como ainda era filhote, o basilísco escondia-se em
uma gruta ou cisterna, pois se fosse visto pelos homens, estes dariam cabo
do monstro, porém se a besta avistasse primeiro ao ser humano, esta se
transformaria em seu algoz.
Segundo o bestiiis et allis rebus, este ser imaginário es el rey de las
serpientes. Isto quer dizer que ele era o maior entre os demônios, uma vez
que, as serpentes simbolizavam o diabo. Até estas tinham medo do poder
deste animal pois, uma vez que, era impróprio qualquer tipo de aproximação,
pois tudo que estava em sua volta, fosse mordido ou tocado pela criatura
morria.[3]
Quanto ao ser humano este só podia ser morto pelo monstro através de
seu veneno. Para o bestiário PB Tal substância era ejaculada a partir de
seus olhos, de tal forma que era arremessada como labaredas de um lança
chamas, fazendo com que tudo o que fosse atingido por este jato acabasse
queimado.
Segundo os Bestiários, o basilísco possuía uma linda cor e era manchado
de branco, uma vez que Deus havia de fazer alguma coisa para remediar
tamanho perigo que vinha da fera.
Além do homem, o único animal que poderia dar fim ao monstro era a
doninha, que os homens colocavam nas tocas onde moravam as bestas que
quando voltavam eram atacadas e morriam.
Frei Antônio, no Sermão do Sexto Domingo Depois de Pentecostes, cita
algumas características do basilísco,
Nota que o basilísco é um réptil do comprimento de meio pé, e
representa perigo singular sobre a terra. Com seu sopro
extingue ervas, dá cabo das árvores, mata e incendeia os
animais, etc. Corrompe até a própria a atmosfera, de modo que
nem mesmo no ar ave alguma voa impune, infectado como está com
o seu sopro pestilencial. As serpentes têm horror do seu
sibilo, e ao fugirem cada qual corre por onde quer que pode. A
fera não come nada do que seja morto pela sua mordedura. A ave
não lhe toca. É vencido, todavia, pelas doninhas, que os
homens metem nos buracos, onde ele se oculta.


Ao mostrar as características de uma pessoa poderosa a qual ele não
informa nem o nome, nem a região que vive e nem qual seria sua função
social, o frade lança mão do exempla do "rei das serpentes" e diz que,


(...) pelo veneno da iracûndia, extingue com o sopro da sua
malícia as ervas, isto é, os pobres; dá cabo das árvores, ou
seja, dos ricos, mercadores e usurários deste século; mata e
incendeia os animais, que são os seus domésticos; corrompe até
a própria atmosfera, ou seja, a vida dos religiosos; põe no
céu da boca, e a língua passa-a para a terra. Também as
serpentes, isto é, os amigos e companheiros, conhecedores de
sua malícia, têm horror do seu sibilo. Quando se lhe inflama a
ira, cada um precipita-se em fuga, correndo a esconder-se em
qualquer lugar, mesmo que seja um curral de porcos. Este
senhor tão fero, tão ignorante de si mesmo e inflamado pelo
espírito diabólico, é vencido pelas doninhas, que são os
pobrezinhos de espírito. Não o temem, porque nada têm a
perder. Os homens onerados pela terra da pecúnia, não ousando
aproximar-se dali, metem-nos nos buracos onde este fero se
esconde. Falai-lhe, vós, dizem, porque nós não temos coragem.


Podemos observar, a partir desta narração, que um homem letrado como o
menorita lisboense, fez uma transposição direta e sem nenhuma filtragem dos
Bestiários para os seus Sermones. Vemos, também, que ele não se preocupa em
nenhum momento em tratar o animal como uma espécie imaginária. Esta
característica da opera antoniana nos possibilita afirmar que para um homem
como ele, que estudou com mestres formados em Paris e conviveu com vários
intelectuais em Bolonha, a citação de uma besta como esta era algo normal,
que fazia parte do seu cotidiano.
A partir de uma leitura superficial e sem atentarmos para o período
onde os bestiários são escritos e compilados, poderíamos concluir que estes
tinham como publico alvo os iletrados da sociedade.
Porém se tomarmos frei Antônio de Lisboa/Pádua como membro do grupo
daqueles que possuíam acesso aos estudos durante o medievo, constataremos
que tais modelos de narrações maravilhosas, não eram construídas somente
para orientar àqueles que não estudavam, mas a todos os homens e mulheres
que tivessem acesso tanto aos escritos, às pinturas, às esculturas ou às
narrativas orais, como deveriam acontecer nas pregações dos franciscanos.
Desta forma entendemos que estas obras, direta ou indiretamente, quando
eram utilizadas como exempla nas pregações, faziam parte da didática,
inclusive nos estabelecimentos de ensino onde os medievais preparavam-se
intelectualmente e não tinham como público alvo os ignorantes e sem
instrução e sim todos os habitantes da Europa Medieval.
No caso dos franciscanos, esta narrativa estará presente na obra na
qual estamos nos debruçando, que de certa forma terá papel fundamental nos
primeiros tempos dos estudos dos menores. Não podemos perder de vista que o
frade português foi o principal mestre para os franciscanos que
implementaram o trabalho de combate aos cátaros e que esta pregação foi
usada inclusive para dissuadir bispos e demais autoridades eclesiásticas
que não zelavam por um modo de vida dentro do que a instituição entendia
como correta.
Segundo Antônio até as figuras mais odiadas da época tinham medo de tal
monstro, porém somente os "pobrezinhos de espírito" eram capazes de
destruir tal autoridade eclesiástica, pois pregavam uma reforma dos
costumes e eram enviados do papado, o que davam a eles uma força tremenda.
Inclusive quando ele diz que corrompe até a própria atmosfera, ou seja,
a vida dos religiosos, põe no céu da boca, e a língua passa-a para a terra,
podemos entender que esta figura prega e sua palavra, que parecia vir do
céu era ratificada pelos religiosos corrompidos, que a transmitiam para
toda a população, como se fosse a lei.
As doninhas, ou seja, os religiosos humildes que neste caso podemos
entender como os grupos de Irmãos Menores, que estão sendo utilizados pelo
papado para corrigir os excessos de algumas autoridades eclesiásticas,
entravam nas tocas destas bestas e as atacavam. Iam em suas comunidades, em
suas paróquias e apoiados por aqueles que entendiam que era necessária uma
mudança no modo de vida destas, apoiavam ainda dos pequenos, pois sabiam
que suas vozes não seriam ouvidas por ninguém.
Constatamos, através desta citação, que o clima entre os franciscanos e
as autoridades eclesiásticas de alto escalão, nos locais onde se pregava a
reforma eclesiástica através da promoção dos cânones aprovados pelo
Lateranense IV, não estava nada fácil e que a tarefa dos membros destas
novas ordens era árdua, já que podiam ser atacados e pressionados muitas
vezes de forma violenta.
Desta forma entendemos que alguém, bispo ou arcebispo, não tinha uma
conduta exemplar e dominava a região através do medo e para o povo em geral
a única saída era a força que os menores tinham em sua pregação e em seu
exemplo. Principalmente, quando o autor afirma que, ao serem postos em grau
superior suas vozes, que anteriormente eram humildes, passam a alterar-se e
adquirem um tom de ameaça.
Na tarefa de reformar a postura dos eclesiásticos estabelecidos a muito
tempo nas regiões onde os franciscanos foram mandados para missão, podemos
constatar que o frade português lançou mão dos Bestiários Medievais ao
descrever e construir uma analogia a partir do basilísco.
O que Antônio quer combater em seu sermão é a postura violenta e
dominadora das autoridades eclesiásticas da região. Que além de serem
tiranas não atentavam para as orientações da Sé Romana, constantes
principalmente nos cânones do IV Concílio de Latrão. Quando os frades
adentravam algumas localidades e paróquias portando a autorização papal,
para que fossem recebidos pelos prelados e pudessem pregar, tornavam-se os
únicos capazes de condenar e denunciar a estas autoridades sem sofrer
sansão oficial. O que não quer dizer que não fossem hostilizados.
Vemos que quando fala do basilísco, frei Antônio procura mostrar que as
autoridades espirituais locais com as suas práticas não poderiam
representar a voz de Deus e sim a do Diabo. Como tudo que esta besta
tocava, mordia e tinha contato morria ou contaminava aos outros, estes eram
os responsáveis pela crise e ataque dos grupos contestatórios da qual a
Igreja era vítima nestas localidades.
Desta forma ele conclamou aos prelados e pregadores a que ensinassem a
"ciência da doutrina", corrigissem aos que tinham seus governo eclesiástico
baseado no terror, fossem mansos e misericordiosos e mantivessem fortes os
vínculos da disciplina. Tal apelo tinha como objetivo principal tornar os
membros da Igreja Romana pessoas onde os fiéis pudessem encontrar aquela
abundante justiça, a que se refere o Senhor no Evangelho.
Referências Bibliográficas:

CAEIRO, F. da Gama. Santo Antônio de Lisboa. Introdução a Obra Antoniana.
Lisboa: Casa da Moeda, 1968.

MALAXECHEVERRIA, Ignacio. Bestiário Medieval. Madrid: Edições Siruela,
1986.
PELLEGRINI, Luigi. Los Cuadros y Tiempos de la Expansion de la Ordem. In:
Francisco de Asís y el primer siglo de historia franciscana. Oñati:
Editorial Franciscana Arantzazu, 1999. p. 194-205.
REMA, Henrique Pinto. Santo Antônio: Obras Completas. Porto: Lello & Irmão,
1987.
RIGON, Antonio. Hermanos Menoresy Sociedades Locales. In: Francisco de Asís
y el primer siglo de historia franciscana. Oñati: Editorial Franciscana
Arantzazu, 1999. p. 289-300.
-----------------------
[1] (Do hebr. = senhor). Nome frequente de divindade nas regiões sírio-
fenícias nos tempos do AT, ligado geralmente a um lugar de que Baal era
dono, p.ex., "Baal-Fegor". Tais divindades constituíam tentação forte para
os Hebreus quando ocuparam a Palestina, pelo que foram fortemente
combatidas pelos profetas de Israel, especialmente por Elias (2Rs 18).
consulta feita ao site www.agencia.ecclesia.pt/catolicopedia.
[2] De acordo com Ignacio Malaxecheberría, Pierre de Beauvais , ou Pierre
le Picard, como lo llama el P. Cahier, fue probablemente clérigo, y gozo de
la protección de dos miembros, al menos, de la família de Dreux: Felipe,
obispo de Beauvais, impulsor de lãs letras em su corte episcopal, y su
Hermano Roberto. Este bestiário cierra, em todo caso, la serie de los
"bestiarios franceses tradicionales"; no tendra mas continuación que el
Bestiaire d'amour de RF, impregnado ya de espíritu laico. `Para la vesión
corta, sigo la adaptación de Bianciotto, más fiable que la edición Mermier;
para la versión larga, solo existe la vieja edición del P. Cahier.
[3] Segundo Ignacio Malaxecheberría, de bestiis et aliis rebus es uma
compilación híbrida reeditada em la Patrologia latina hace más de um siglo.
Los cuatro libros que comprende la obra fuerom respectivamente atribuídos
por los benedictinos a Hugo de Folieto (Aviarium, o libro I), Enrique de
Gante y Guillelmus Peraldus (III y IV). Pero la segunda parte ha sido
erroneamente atribuída a Hugo de Saint Victor, y la autoria sigue siendo
problemática.
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.