Os comerciantes em Leiria no fim do seculo XIX

EstóriaydanossaHistória Ricardo ChartersdÁzevedo Segundaparte

Os comerciantes em Leiria no fim do século XIX | Continuando a descrição, que iniciamos na semana passada, dos estabelecimentos comerciais de Leiria e de seus proprietários nos finais do século XIX, mas não mencionando os industriais com exceção das barbearias, encontramos na rua de D. Diniz os de José Maria Pereira, José Lopes Goines, Manuel Pinto da Silva e a barbearia de José Bento da Silva. No largo dos Banhos, depois largo de Paio Guterres e mais tardé, de S. João, existiam os estabelecimentos de José Guilherme dos Reis, de Manuel do Nascimento Fernandes, de Carlos Lòpes Teriaga e o armazém «Rodrigues», propriedade dos irmãos Manuel e António José Rodrigues. No largo da Sé a antiga e acreditada «Farmácia Paiva» ou melhor Farmácia de Leonardo da Guarda e Paiva como está registado nos azulejos, cujo proprietário era José de Paiva Cardoso. Na rua da Graça a loja de José Leitão, a loja da Sebastiana, a barbearia de Manuel Silvestre e ao fundo, abrindo também para o largo do mesmo nome, o estabelecimento de Manuel Vieira Repolho. Nesse mesmo largo havia ainda o armazém de móveis de José Jacinto de Assunção. Na rua da Misericórdia, fronteiro aó estabelecimento de Manuel Joaquim Hènriques, citado acima, o estabelecimento de José Gaudêricio Barreto, tendo sido este comerciante primeiro caixeiro do referido Manuel Joaquim Henriqués. Na rua Mestre de Avis, a loja de fenragens de José Carlos Pessoa, o “Pera Parda”, que depois foi do seu genro António Carlos de Oliveira, aloja do “Frade”, mais tarde adquirida pelos irmãos Rodrigues, e a mercearia de Manuel da Silva Camide. Na rua do Comércio n.°s 6 a 12, o grande armazém de Miguel Joaquim Leitão, que tinha como guarda-livros seu filho Adolfo Augusto Leitão, que foi professor do liceu e seu reitor, e como primeiros empregados e mais

[Jornal de Leiria 14 de Abril de 2016

tarde societários Frutuoso da Silva Neto e Eduardo Martins da Cruz. A firma Leitão &C.a, era sobretudo um armazém de fazendas, embora também se vendessem móveis de ferro, petróleo, sabão, livros, candeeiros e

No largo da Sé funcionava a Farmácia Páiva

outros produtos. Chegava a importar do Reino Unido barricas de flor de enxofre da “acreditada fábrica Brandram Brothers &Company”. Ainda na mesma rua o estabelecimento de ferragens de José Carreira Pequeno, que comunicava com o outro do mesmo dono e que abria para os Balcões (as arcadas na praça Rodrigues Lobo), e á loja de fazendas de José de Sousa Monteiro e do irmão, meus tios bisavôs. Na travessa da Misericórdia havia o armazém de vinhos dos irmãos Rodrigues, dirigido pelo pai destes, o velho Manuel Rodrigues e de que era empregado técnico um tal Fonseca que depois esteve estabelecido com umas irmãs que se tomaram “célebres”, na loja, onde primitivamente foi a ourivesaria do compositor e músico Inácio Aires de Azevedo, meu trisavô, a que aludi na semana passada. Na travessa de Santana, o estabelecimento do Oliveira Simões, principal fornecedor do foguetório para as festas e que levava uma vida de asceta, sendo o primeiro comerciante a abrir as portas da sua loja ainda de madrugada. Finalmente, ao fundo do Campo de D. Luís I o importante anriazém de Joaquim Jorge da Silva Teixeira, que se dividia em duas secções: de panos e de vinhos. Entre os antigos leirienses este armazém era mais conhecido pelo “armazém do Santos”, do nome do seu primeiro proprietário, com a viúva do qual casou o dito Joaquim Jorge. Creio que também era sócio do armazém o enteado do Joaquim Jorge, José da Silva Santos, o Zezinho, para o distinguirem do seu pai com o mesmo nome. O Zezinho dedicava-se mais a desportos do que às lides comerciais: o seu prazer predileto consistia em montar cavalos de “purosangue”, caraColeando com aprumo e elegância pelas ruas da cidade. Herdou de seus pais, o edifício onde hoje se encontra a Zara.