Os Desafios da Tradução de Um Poema Surrealista - The Challenges of the Translation of a Surrealist Poem

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UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

TRADUÇÃO LITERÁRIA

Docente:

Prof. Dr. Alberto Pimenta

Discente:

Jorge Ramos

Curso:

Linguística

Ano:

2.º

Cadeira:

Teoria da Tradução

Data:

06-01-2000

Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas TEORIA DA TRADUÇÃO

INTRODUÇÃO Para uma compreensão mais efectiva do poema de Robert Desnos, Comme, considerou-se importante uma abordagem à biografia do autor bem como à corrente literária onde esteve inserido, o surrealismo. SURREALISMO, A VOZ E A MÃO DO BIZARRO A palavra surrealismo foi usada pela primeira vez pelo poeta Guillaume Apollinaire em 1912 na apresentação de um ballet de Jean Cocteau e Erik Satie, intitulado Parade, referindo-se a uma arte que ultrapassava as aparências, desobrigada de fidelidade para com o real. Entre 1920-1924, André Breton (pai do Surrealismo) dela iria apropriar-se para rotular o movimento, aconselhando os seus adeptos, através de seu famoso manifesto, a deixar a essência pela sombra, e começar a viagem. Ao escrever uma apresentação para uma exposição de colagens do pintor alemão Max Ernst em 1921, Breton parecia deter poderes mentais que impeliam a imagem poética surrealista; primeiro, comparou a uma centelha eléctrica as duas realidades separadas da pintura e da colagem; depois viu nas colagens o equivalente plástico de uma famosa frase de Lautréamont - "o encontro casual de uma máquina de costura com um guarda-chuva numa mesa de dissecar cadáveres". Residia aí o preceito estético que expulsava qualquer tipo de premeditação no processo de criação da obra de arte, literária ou visual. "A desorientação do espectador constitui um passo em direção à destruição das maneiras convencionais de apreender o mundo e de manipular as próprias experiências, de acordo com padrões preconcebidos. Os surrealistas acreditavam que o homem se encerrava na camisa-de-forças da lógica e do racionalismo, o que mutilava a sua liberdade, atrofiando a imaginação", (Dawn Ades, 1976). Verbete - O primeiro Manifesto de 1924 lançava o apontamento que pretendia definitivo: "Surrealismo, substantivo. Puro automatismo psíquico através do qual se deseja exprimir, verbalmente ou por escrito, a verdadeira função do pensamento. Pensamento ditado na ausência de qualquer controle exercido pela razão, fora de qualquer preocupação estética ou moral". E advertia que filosoficamente "o surrealismo se baseia na crença da realidade superior de certas formas de associação até então negligenciadas, na omnipotência do sonho, no jogo desinteressado do pensamento". O surrealismo começa e finda-se com o francês André Breton, que formou com Louis Aragon, Paul Éluard e Philippe Soupault os chamados "quatro mosqueteiros" do movimento, ou um quinteto, a estes se acrescentando o poeta Benjamin Péret. Porém, a base francesa predominante incluía mais gente, como René Crevel, Jacques Prévert, Jean Cocteau, Robert Desnos, Roger Vitrac, Raymond Roussel, o teatrólogo Antonin Artaud, e outros tantos, que se encarregaram (com os estrangeiros) de firmar, consolidar, difundir e expandir o movimento, na literatura, nas artes, no mundo das ideias e na Docente: Dr. Alberto Pimenta Discente: Jorge Ramos – n.º 6645

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política, arrastando um exército de escritores, poetas, pintores, fotógrafos, cineastas e agitadores por toda parte. ROBERT DESNOS - SÍNTESE BIOGRÁFICA Robert Desnos nasceu em Paris em 1900. Aos 19 anos de idade relacionou-se com o primeiro grupo surrealista e aos 22, era o médium predilecto do grupo nas sessões de escrita automática. Separou-se dele, por divergências políticas, em 1929. Durante a década de 30 desenvolveu um importante trabalho radiofónico. Durante a ocupação Alemã foi membro da Resistência Francesa. Foi preso pela Gestapo em Fevereiro de 1944 e deportado para Auschwitz, para posteriormente ser trasladado para o campo de Terezin na Checoslováquia, onde faleceu com um esgotamento (ou de tifo segundo documentos encontrados recentemente) dias depois da libertação preconizada pelas forças aliadas em 8 de Junho de 1945. Em l944, contemplando então o futuro que se lhe avizinhava, Desnos em "Reflexões sobre a Poesia", escreveu: «Poetry can be this or it can be that. (But) it ought not to be restricted to being necessarily this or that... except perhaps for being both delirious and lucid... It seems to me that beyond Surrealism, there is a mysterious something that has yet to be isolated; beyond automatism, there is intent, beyond poetry there is the poem, beyond passive poetry there is deliberate poetry, beyond liberated poetry there is the liberated poet... try now and then, young poets, my beloved friends, to see that you are not yet really free...» O POEMA COMME O poema "Comme" de Robert Desnos é parte integrante do livro "Les Sans Cou" editado em 1934 que compreende dezasseis poemas: "Apparition", "Hommes", "Les quatre sans cou", "La ville de Don Juan", "Mi-route", "La furtive", "Fête-Diable", "Le boeuf et la rose", "Comme", "La bouteille à la rivière", "Vers le piton noir", "Camarades", "Aux sans cou", "Ma gosse", "Coucou", "Baignade". Este poema ("Comme") é citado por alguns autores como um exemplo de intraduzibilidade. Concorda-se por um lado, mas discorda-se por outro. É certo que um trabalho literário não tem tradução possível, é uma elaboração única, tal como disse Fernando Namora: «Cada homem e tudo o que ele cria, cada língua e tudo o que ela veicula, são únicos - "traduzi-los" comprometerá irremediavelmente tais especificidades. Para quê então traduzir?»; mas ao não traduzirmos uma poesia não estaremos a incorrer num erro: a abdicação do conhecimento de outra cultura? Fernando Namora dá-nos a resposta na conclusão da reflexão supracitada: «... com todos os seus senões, vale a pena correr os riscos, aceitar as desfigurações, Docente: Dr. Alberto Pimenta Discente: Jorge Ramos – n.º 6645

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e assim, facilitar, através da passagem para outra língua, ... dizer não apenas a alguns homens mas a todos eles». Porque julgamos valer a pena correr alguns riscos, claro que sempre devidamente dentro de certos limites, apresenta-se de seguida uma proposta de tradução, recriada em determinadas partes dado o diacronismo cultural e simbólico.

PROPOSTA DE TRADUÇÃO COMME Come, diz o Inglês ao Inglês, e o Inglês vai. Côme1, diz o chefe da estação, e o viajante com ledo semblante desce do vagão de malita na mão. Come, diz o outro, e ele alimenta-se. Comme, digo comme e tudo se transforma, o mármore em água morna, o céu em laranja, o vinho em planura, o fio em franja, o coração em amargura, a consternação em clausura. Mas se as, diz o Inglês, vê ele por sua vez o mundo comutar ao seu paladar. E eu não vejo senão um único símbolo numa carta, O ás de copas se é Fevereiro, O ás de paus e o ás de ouros, terramoto nos Açores, O ás de espadas em mãos ousadas. E caso me apeteça, sou homem para vou dizer coiso, Potássio, mousseline e cd-rom Que o Inglês diga coiso, Que diga coiso o chefe da estação, Coiso. Diz o outro, E eu também. Coiso. E mesmo coiso coisa. É verdade que vocês estão-se nas tintas Que não compreendem a razão deste poema. Tão pouco eu o entendo. Poema, peço-te um pouquinho ? Poema ? peço-te um pouco de doce, Mais um pedaço de pernil,

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Côme é uma localidade francesa (Nota do tradutor).

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Mais um jarrito de vinho P'ra beber p'lo caminho... Poema, eu não te pergunto que horas são. Poema, não te pergunto se a tua sogra é má como uma cobra. Poema, eu não te peço um pouco... ? Poema, não te peço uma esmola, Eu é que a faço. Poema, eu não te pergunto que horas são. Eu é que as dou. Poema, eu não te pergunto se estás bem, Isso é obvio. Poema, poema peço-te um pouco... Peço-te um pouco de ouro para ser feliz com aquela que amo. ANÁLISE Enumeraram-se os versos com o intuito de facilitar as justificações do discente relativamente às opções que tomou bem como do docente na correcção e consequentes comentários. COMME COMME 1. Come, dit l'Anglais à l'Anglais, et l'Anglais vient. Come, diz o Inglês ao Inglês, e o Inglês vai. 2. Côme, dit le chef de gare, et le voyageur qui vient dans cette ville descend du train sa valise à la main. Côme, diz o chefe da estação, e o viajante com ledo semblante desce do vagão de malita na mão. (Aqui depreende-se que Desnos tivesse intenção de aplicar um pequeno efeito jocoso com as aliterações "descend du" e "train sa ... la main" para retratar o frenetismo característico dos franceses, em confronto com a rigidez dos ingleses estampada no primeiro verso e a bulimia portuguesa traduzida no terceiro; o efeito saltitante dado por estas aliterações foi reproduzido por outras com sons diferentes, [t] em "viajante ... semblante", e [u] em "vagão ... na mão" numa tentativa de não desligar demasiadamente da semântica do verso; pensou-se numa alternativa para "... do vagão de malita na mão" que seria: "... da carruagem de mala de viajem" mas concluiu-se que Docente: Dr. Alberto Pimenta Discente: Jorge Ramos – n.º 6645

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se desperdiçaria um pouco o grotesco (sugerido pelo som [u]) útil à ilustração pretendida, mantendo-se assim as primeiras formas; de referir ainda que se colocou uma nota de pé de página relativamente a "Côme" por se tratar de uma localidade francesa desconhecida para a maioria dos portugueses e que poderia levar a uma compreensão menos efectiva do poema). 3. Come, dit l'autre, et il mange. Come, diz o outro, e ele alimenta-se. 4. Comme, je dis comme et tout se métamorphose, le marbre en eau, le ciel en orange, le vin en plaine, le fil en six, le coeur en peine, la peur en seine. Comme, digo comme e tudo se transforma, o mármore em água morna, o céu em laranja, o vinho em planura, o fio em franja, o coração em amargura, a consternação em clausura. (Nos primeiros 4 versos mantiveram-se as formas paronomásicas - "Come" do inglês, "Côme" do francês (que é o nome de uma localidade), "Come" do português e "Comme" igualmente do francês - porque não faria qualquer sentido traduzi-las dado são elas a chave do poema. Especificamente neste quarto verso onde se dá uma metamorfose do poema em si, dada a dificuldade em manter o ritmo, tentou-se pelo menos manter a rima com o cuidado também de não nos afastarmos semanticamente; achou-se oportuno em função do efeito sinestésico das formas "eau", "orange", "vin" a inserção de mais um adjectivo para caracterizar a água ("morna") contribuindo assim não só para alargar o efeito sinestésico mas também para prolongar o continuum sonoro provocado pelo som [m] em "comme", "transforma", "mármore", "morna" que, simultaneamente com as restantes aliterações ilustram a metamorfose sugerida pelo poeta). 5. Mais si l'Anglais dit as, c'est à son tour de voir le monde changer de forme à sa convenance. Mas se as, diz o Inglês, vê ele por sua vez o mundo comutar ao seu paladar. (Apesar deste verso estar desprovido de rima, decerto Desnos perdoar-nos-ia o arrojamento desta tradução, dada a manutenção do seu conteúdo semântico). 6. Et moi je ne vois plus qu'un signe unique sur une carte E eu não vejo senão um único símbolo numa carta, 7. L'as de coeur si c'est en février, O ás de copas se é Fevereiro, 8. L'as de carreau et l'as de trèfle, misère en Flandre, O ás de paus e o ás de ouros, terramoto nos Açores, (Em função do símbolo aqui introduzido por Desnos: "misère en Flandre" (miséria em Flandres) e tendo em consideração o desfazamento cultural entre França e Portugal bem Docente: Dr. Alberto Pimenta Discente: Jorge Ramos – n.º 6645

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como a diacronia patente, considerou-se pertinente a transposição da conotação negativa apresentada pelo simbolo de Desnos para uma realidade cultural portuguesa (as adversidades decorrentes dos terramotos que assolam a região autónoma dos Açores continuamente), amplificando consequentemente a inteligibilidade do poema; por casualidade (ou não), originou-se um ténue efeito rimático que decerto não deixaria desgostoso o poeta francês). 9. L'as de pique aux mains des aventuriers. O ás de espadas em mãos ousadas. (Neste verso optou-se mais uma vez pela fuga à tradução literal em prol da poesia) 10. Et si cela me plaît à moi de vous dire machin, E caso me apeteça, sou homem para vou dizer coiso, 11. Pot à eau, mousseline et potiron. Potássio, mousseline e cd-rom (A partir deste verso, o poema entra em aparente delírio estando o surrealismo bem patente, pois o autor parece dizer o que lhe apetece; mas, visto segundo outra perspectiva, também podemos estar perante um quadro impressionista. A tradução apresentada, leva assim em conta as duas panorâmicas bem como a procura da manutenção da fidelidade ao estilo original, não descurando ainda uma contextualização com o mundo contemporâneo; assim as palavras cujo conteúdo semântico em nada parece convergir (tal como as sugeridas por Desnos), formam uma imagem brilhante sugerida pelos objectos em si digna de um quadro dominado pela cor: o brilho do metal alcalino, a textura luminosa do tecido e o cintilar da superfície do disco compacto). 12. Que l'Anglais dise machin, Que o Inglês diga coiso, 13. Que machin dise le chef de gare, Que diga coiso o chefe da estação, 14. Machin. dise l'autre, Coiso. Diz o outro, 15. Et moi aussi. E eu também. 16. Machin. Coiso. 17. Et même machin chose. E mesmo coiso coisa. 18. Il est vrai que vous vous en foutez

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É verdade que vocês estão-se nas tintas 19. Que vous ne comprenez pas la raison de ce poème. Que não compreendem a razão deste poema. 20. Moi non plus d'ailleurs. Tão pouco eu o entendo. 21. Poème, je vous demande un peu ? Poema, peço-te um pouquinho ? 22. Poème ? je vous demande un peu de confiture, Poema ? peço-te um pouco de doce, 23. Encore un peu de gigot, Mais um pedaço de pernil, (Neste verso estamos de novo perante um problema cultural, pois "gigot" - perna de borrego - é bastante comum em França, mas não em Portugal; por conseguinte houve necessidade de encontrar um equivalente semântico para os portugueses: "pernil"; deparámo-nos assim mais uma vez com o facto de as línguas representarem a sua realidade social, que é quase sempre distinta, como se de mundos diferentes se tratasse). 24. Encore un petit verre de vin Mais um jarrito de vinho 25. Pour nous mettre en train... P'ra beber p'lo caminho... (Houve mais uma vez necessidade de fugir à literalidade porque se achou que era importante manter, neste verso, a rima embora, pensa-se, não se tenha apartado o sentido) 26. Poème, je ne vous demande pas l'heure qu'il est. Poema, eu não te pergunto que horas são. 27. Poème, je ne vous demande pas si votre beau-père est poilu comme un sapeur. Poema, não te pergunto se a tua sogra é má como uma cobra. (Aqui escolheu-se uma opção algo ousada uma vez que se deu um desvio quase integral à tradução literal, e ele deu-se por uma razão muito simples: infere-se que Desnos utilizou a expressão "votre beau-père est poilu comme un sapeur" desprovida de qualquer sentido simbólico mas atendendo somente à rima que proporcionava; por conseguinte, fez-se a mesma opção, embora utilizando lexemas com semas diferentes). 28. Poème, je vous demande un peu... ? Poema, eu não te peço um pouco... ? 29. Poème, je ne vous demande pas l'aumône, Docente: Dr. Alberto Pimenta Discente: Jorge Ramos – n.º 6645

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Poema, não te peço uma esmola, 30. Je vous la fais. Eu é que a faço. 31. Poème, je ne vous demande pas l'heure qu'il est, Poema, eu não te pergunto que horas são. 32. Je vous la donne. Eu é que as dou. 33. Poème, je ne vous demande pas si vous allez bien, Poema, eu não te pergunto se estás bem, 34. Cela se devine. Isso é obvio. 35. Poème, poème, je vous demande un peu... Poema, poema peço-te um pouco... 36. Je vous demande un peu d'or pour être heureux avec celle que j'aime. Peço-te um pouco de ouro para ser feliz com aquela que amo.

CONCLUSÕES Gostar-se-ia de salientar que a tradução pode dar grande prazer, quando se toma consciência que se respeita o estilo do autor e ao mesmo tempo se alarga os horizontes literários, aos leitores da língua de chegada duma forma o mais inteligível possível. Tudo isto é somente possível através de um estudo profundo das culturas em questão, dum conhecimento técnico considerável das línguas envolvidas, através dum esforço de interpretação da personalidade do autor por intermédio do estudo da sua obra e biografia bem como de uma sensibilização à corrente literária onde o texto se insere com todas as suas envolventes. Somente na posse de todas estas ferramentas, se poderá dar início à descoberta da subtileza de ideias, subjacente à elaboração de determinado trabalho literário. Resta acrescentar que com a elaboração deste trabalho desfrutou-se, a espaços, de um pouco do imenso prazer supracitado ficando a ideia de que a tradução é um grande desafio pois é um trabalho infindável; nunca se fica contente com o resultado obtido: após outra leitura há sempre algo para polir, um sinónimo mais contextualizado, um símbolo preferível, uma tradução melhor, um regozijo superior... mas sempre falível na tradução da alma, como tão bem ilustra o poeta Romeno Marin Sorescu num poema intitulado "Tradução": Docente: Dr. Alberto Pimenta Discente: Jorge Ramos – n.º 6645

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"I was sitting an exam In a dead language And I had to translate myself From man into ape. I played it cool, First translating a text From a forest. But the translation got harder As I drew nearer to myself. With some effort I found, however, satisfactory equivalents For nails and the hair on the feet. Around the knees I started to stammer. Towards the heart my hand began to shake And blotted the paper with light. Still, I tried to patch it up With the hair of the chest, But utterly failed At the soul" (T. Cribb's translation)

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ÍNDICE INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 2 SURREALISMO, A VOZ E A MÃO DO BIZARRO ................................................ 2 ROBERT DESNOS - SÍNTESE BIOGRÁFICA ......................................................... 3 O POEMA COMME ......................................................................................................... 3 PROPOSTA DE TRADUÇÃO ........................................................................................... 4 ANÁLISE ............................................................................................................................ 5 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 9 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 11

BIBLIOGRAFIA 

George Steiner, "After Babel", New Edition, 1992.



Mário Vilela, "Tradução e Análise Contrastiva: Teoria e Aplicação", Caminho.



Fernando Namora, "Sentados na Relva", 1986, 70.



Peter Newmark, "A Textbook of Translation", New York, Prentice Hall, 1988.



Susan Bassnet, "Translation Studies", London, 1980.



Reflexões de Autores Franceses Contemporâneos sobre Tradução, "Tradutor Dilacerado", Lisboa, Edições Colibri, 1997.



Florisvaldo Mattos, "A Tarde", Salvador, BA, 28-12-96.

Nota: Foi ainda consultado um site Francês na Internet, dedicado a Robert Desnos: http://www.cyber-espace.com/desnos/

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