Os “estudos de laboratório” do final do século XX e opções de construção de conhecimento no Brasil

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Por favor referencie: MARQUES, I. D. C. Os "estudos de laboratório" do final do século XX e opções de construção de conhecimento no Brasil. Tempo Brasileiro, v. 189/190 (Aproximações Interdisciplinares), p. 253-270, 2012. ISSN 0102-8782. (pode haver pequenas diferenças de edição e paginação em relação ao texto publicado referenciado acima)

Os “estudos de laboratório” do final do século XX e opções de construção de conhecimento no Brasil Ivan da Costa Marques* Introdução O livro intitulado “a construção social de sistemas tecnológicos” (Bijker, Hughes et al., 1987), com o audacioso subtítulo “novas direções na sociologia e na história da tecnologia”, descortina com clarividência um quadro de mudanças que ocorreram no saber sobre o saber, especialmente sobre o saber científico, nas últimas décadas do século XX. Certamente houve movimentos antecedentes ou precursores importantes, tais como Karl Mannheim (Mannheim, 1936/1986), Ludwick Fleck (Fleck, 1935/2010), Thomas Kuhn (Kuhn, 1969/1992) e mesmo (Foucault e Gordon, 1980:109), mas foi nas últimas décadas do século XX, e principalmente depois dos “estudos de laboratório” do final dos anos 1970 e começo dos 1980, que novos óculos foram adotados para examinar o conhecimento científico-tecnológico. São quatro os mais conhecidos “estudos de laboratório” embora só um deles tenha sido traduzido para o português: (Latour e Woolgar, 1979/1997).1 Em estilo esquemático é possível dizer que os “estudos de laboratório” representam a entrada da antropologia nos lugares onde supostamente nasce o conhecimento científico moderno, ou seja, nos laboratórios. Adotando uma abordagem etnográfica criada visando inicialmente, no século XIX, o estudo de outras culturas pelo “homem europeu”, a antropologia entrou no laboratório e provou-se capaz de mostrar toda a cadeia de atividades que estabelece e mantém um fato científico ou um artefato tecnológico, envolvendo constante interação e justaposição de elementos materiais heterogêneos. A partir dos “estudos de laboratório” o saber sobre o saber científico tem se afastado da noção de autonomia (para não dizer de transcendência, de absoluto, de essência) que até poucas décadas construía uma muralha que justificava uma diferenciação entre o trabalho do cientista e o trabalho dos demais trabalhadores. Perdeu força a noção de que a ciência visaria estabelecer uma verdade sobre o mundo tal qual ele é, o mundo das “coisas-em-si”, independente do mundo dos “homensentre-si”. A antropologia, ao entrar no laboratório, revelou que esses mundos, tanto o das “coisas-em-si” quanto o dos “homens-entre-si”, não fazem parte do mundo tal qual ele é ou pode ser, mas são sim resultados estabilizados e mantidos através de constantes atividades envolvendo acordos, convenções, negociações de que participam elementos heterogêneos ditos naturais e ditos sociais. As últimas décadas de Estudos das Ciências e Tecnologias fizeram aparecer os limites da pressuposição de formas dadas a priori, seja na Natureza, seja na Sociedade. Mesmo a metáfora de Harry Collins, “as crenças institucionalizadas sobre o mundo natural são como o navio na garrafa,” lembrada por (Shapin e Schaffer, 1985/2005:34), atingiu seus limites. Se, por um lado, ver o navio pronto dentro da garrafa nos faz reconhecer que antes ele era um monte de pauzinhos e uma massa de cola, ainda sem forma, fora da garrafa, e portanto facilita ver “a gênese e o desenvolvimento de um fato científico” (Fleck, 1935/2010), por outro lado, a imagem do navio na garrafa é demasiadamente *

Professor Associado. Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia (HCTE). Universidade Federal do Rio de Janeiro. [email protected] 1 Além deste, os “estudos de laboratório” mais conhecidos são: (Knorr-Cetina, 1981), (Lynch, 1985) e (Traweek, 1988).

estática para evocar o trabalho constante que é necessário para manter o fato ou o conhecimento científico como tal. Esta breve comunicação tem dois objetivos. O primeiro é apresentar de forma sucinta, certamente esquemática, as “novas direções na sociologia e na história da tecnologia” (não mais separável da história das ciências). O segundo é re-configurar as relações entre a ciência e os saberes locais levando adiante, mesmo que modestamente, a idéia de que essas “novas direções” apontam a oportunidade de revitalização, pela via da respeitabilidade advinda da legitimação filosófica, de novas políticas públicas, locais e diferenciadas, de construção e organização de saberes na América Latina, especialmente no Brasil. As “novas direções” problematizam a atribuição de universalidade, neutralidade e ausência de valores aos conhecimentos científicos ou tecnológicos. Embora a lebre tenha sido levantada no âmbito euro-americano (do Norte), destituir a ciência e a tecnologia moderna dos atributos de universalidade e neutralidade abre um novo espaço de negociação e convivência para os saberes científicos e os saberes locais no Brasil, mesmo que estes ocasionalmente possam parecer estranhos aos cientistas. A sugestão que faço é que as “novas direções” podem ser traduzidas e modificadas pelos brasileiros para eles, em sua diversidade, estarem melhor preparados para lidar com questões que envolvem ciências e políticas públicas, especialmente aquelas questões condicionadas pela universalidade e neutralidade atribuídas às ciências e às tecnologias modernas em oposição aos conhecimentos locais, quase sempre relegados a um espaço de desvalor. (Já não tão) “novas direções” na sociologia e na história da tecnologia Como tenho que arbitrar um começo, escolho as décadas de 1970 e 1980 que, principalmente nos EUA e na Europa, trouxeram configurações ou estilos de pensamento que podem ser apropriados de modo a favorecer os latino-americanos em negociações que envolvam ciência e políticas públicas. Naquelas décadas europeus e americanos adentraram os laboratórios mobilizando técnicas de construção de conhecimento que haviam desenvolvido para estudar a “cultura” de comunidades denominadas “primitivas”, propondo-se estudar como os conhecimentos científicos nascem e se desenvolvem na vida cotidiana dos laboratórios. A época é marcada pelos chamados “estudos de laboratório”, estudos em que, como indiquei acima, os laboratórios foram descritos e analisados com o auxílio de métodos antropológicos. Foram abertas então “novas direções” que levaram a um campo fértil e novo de pesquisas onde as ciências humanas e sociais se voltaram para contemplar, analisar e descrever o fazer dos conhecimentos científicos. As “novas direções” das ciências humanas e sociais foram abordadas em um encontro “ocorrido em 25 de setembro de 1982, em Burg Landsberg, um castelo remoto, afastado das tentações mundanas, no topo de uma íngreme colina, em Deutschlandberg, Aústria, e que não deixava aos participantes do pequeno grupo reunido logo após a fundação da EASST2 outra opção a não ser manterem-se juntos e trabalhar duro” (Bijker, Hughes et al., 1987:1). Entre os 29 participantes estavam 2

Associação Européia para o Estudo de Ciência e Tecnologia (European Association for Studies of Science and Technology: http://www.easst.net/)

Wiebe Bijker, Michel Callon, Harry Collins, Thomas Hughes, Bruno Latour, John Law, Donald MacKensie, Trevor Pinch e Arie Rip entre outras hoje referências luminares no campo dos Estudos dde Ciências e Tecnologias. Essas “novas direções” levaram a entendimentos bastante diferenciados sobre a tecnologia e a verdade científica, sua universalidade e sua neutralidade, se comparados aos entendimentos até então oferecidos pela sociologia, filosofia e história da ciência. A tomada dessas “novas direções,” se por um lado leva ao afastamento do determinismo técnicocientífico, por outro lado não conduz à negação das verdades e fatos científicos (ou tecnológicos) tal como acontece no relativismo de um construtivismo social absoluto. A abordagem proposta humaniza as verdades e fatos científicos (ou tecnológicos) e os torna relativos na multiplicidade de versões de realidade possíveis em um mundo em fluxo, onde entidades híbridas, simultaneamente coletivas, materiais e discursivas, mas sem formas predefinidas, configuram-se em relações de apoio ou oposição. As “novas direções” apontam para um lugar do saber sobre o saber científico onde a autoridade absoluta das “coisas-em-si” em nome das quais falam os cientistas torna-se histórica e relativa; um lugar ou um mundo, como diz Richard Rorty, “completamente desplatonizado onde a idéia de seres humanos deverem respeito a uma autoridade independente chamada ‘como as coisas são nelas mesmas’ torna-se obsoleta” (Rorty, 1999:121). Dito de outra maneira, as “novas direções” qualificam a ciência ocidental e dela subtraem o caráter universal e neutro a ela associado nos últimos séculos, mas o fazem não negando os fatos ou as verdades das ciências modernas (ocidentais, globais), mas transformando-as em configurações ou objetos históricos. Se, como diz Gilles Deleuze, as coisas começam pelo meio, haverá sempre uma ontologia que nos precede. Cada um percebe o mundo como um espaço habitado por entidades identificáveis, tais como gravidade, oxigênio, democracia, mercado, arbítrio, deuses. Essas entidades se configuram (ou não) na rede em que cada um vive e, em certa medida, escolhe viver, e nos constitui a nós próprios. Tanto o oxigênio quanto a democracia, assim como todas as demais entidades que habitam um mundo, se configuram em referenciais e enquadramentos (frames)3 que estabelecem fronteiras que não são naturais mas sim convencionais, embora complexas e móveis e às vezes estabelecidas de maneira não explícita, entre o que se reconhece e o que não se reconhece, entre o presente e o ausente, entre o manifesto e o latente, entre o “inhere” e o “out-there”, em suma, entre o que é e o que não é, por exemplo, oxigênio ou democracia. Cabem neste momento pelo menos três observações: 1) mesmo entre os participantes de um mesmo coletivo ou rede, a percepção das entidades que habitam o mundo comum por eles formado não é idêntica e sim aproximada ou semelhante; 2) redes ou coletivos (ou, digamos, comunidades e etnias) diferentes vivem os efeitos de ontologias diferentes, ou seja, compõem mundos habitados por entidades diferentes e portanto colocam em cena realidades ou, precisamente, versões de realidade diferentes; 3) redes e coletivos diferentes não se interceptam necessariamente, podem 3

As relações entre essas entidades relacionais são provisionalmente estabilizadas por convenção e coesão em um coletivo de humanos e coisas (teoria ator-rede). Ver (Law e Hassard, 1999). (Law, 2004) fala de uma “hinterlândia”. Aqui utilizo repetidamente as palavras “referenciais e enquadramentos” para me referir a um conjunto provisional de entidades através das quais um coletivo cria e sustenta uma versão de realidade. Para uma apresentação exemplar de “referenciais e enquadramentos” (frames) ver (Callon, 1998).

compor mundos ou universos disjuntos, que não se tocam, que podem existir um independentemente do outro. No entanto, embora vivendo versões de realidade diferentes, indivíduos, redes ou coletivos distintos podem vir a interceptarem-se, ter encontros harmoniosos, agressivos, perigosos ou forçados. Cabe ressaltar que quando se fala de ciência e política pública, algumas versões de realidade, especialmente aquelas que poderíamos reunir em uma unidade complexa associando-as à chamada globalização (ou, historicamente, ao Ocidente colonizador), expandiram-se tanto que interceptam versões de realidade nos mais recônditos cantos do globo. Para dar um passo em direção ao segundo objetivo desta comunicação – mostrar uma re-configuração das relações entre a ciência e os saberes locais – destaco dois planos de interceptações entre as ciências e tecnologias modernas e a outras vivências de conhecimento mundo afora. Como exemplo de algo que acontece no primeiro plano, pode-se observar que a versão de realidade de saúde e doenças que a medicina ocidental põe em cena vai de encontro a outros conhecimentos, interceptando outras experiências, práticas, hábitos e costumes de todos os povos da Terra. O saber da medicina ocidental ganha força praticamente invencível para interceptar outros saberes ao demonstrar suas conquistas tecnológicas, por certo muitas vezes espetacularmente eficazes embora não raras vezes tardando a revelar quais serão seus efeitos deletérios, dos quais não são completamente separáveis, como nos casos dos inseticidas e dos antibióticos postos em cena no século XX. A eficácia espetacular as ciências e as tecnologias modernas algumas vezes alcançam, seja na medicina, nos armamentos ou em muitos outros campos, dá-se justamente no primeiro plano onde a equação conhecimento = poder torna-se imediata e propriamente visível.4 Laboratórios, contra-laboratórios e disputas pela “realidade” Mas quero especialmente chamar atenção para um segundo plano do encontro das ciências e tecnologias modernas com o poder: o poder de definir uma versão de realidade como “a” realidade. É justamente aí que as novas direções postas em evidência pelos Estudos de Ciências e Tecnologias ( e também Estudos CTS – Ciências-Tecnologias-Sociedades) a partir dos “estudos de laboratório” das décadas de 1970 e 1980 podem vir auxiliar a re-configuração das relações entre os saberes locais e a ciência, retirando desta, sem negá-la, o poder de definir “a” realidade. Segundo o olhar antropológico, nos laboratórios e nos centros de cálculo, quando uma proposição é posta em circulação como candidata a fato científico no fazer dos conhecimentos científicos, ela só se tornará um fato cientifico se ela provar-se suficientemente robusta ou dura para vencer as situações em que é posta à prova. Essas provas são geralmente feitas em condições de laboratório, isto é, elas são montadas em processos em que se controla o que entra e o deixa de entrar em consideração, ou seja, criam-se referenciais e enquadramentos nos quais se estabelece em que ponto de um contínuo ou espaço de possibilidades fato-ficção (verdadeirofalso) a proposição candidata a fato está naquele momento. Nesse processo, à medida 4

Há muito escrito sobre o encontro do Brasil com a medicina moderna. Gostaria de destacar aqui as recentes publicações dos trabalhos de Henrique Cukierman (Cukierman, 2007) e Simone Kropf (Kropf, 2009).

que a proposição se robustece ou endurece como fato, ela se modifica e também se modificam os referenciais e enquadramentos em que ela se mantém como fato. Os estudos etnográficos da construção do conhecimento científico mostram que junto com um fato científico são também estabelecidas as condições de sua validade, isto é, os referenciais e enquadramentos em que o fato se estabiliza. No entanto, mesmo as entidades globais, como os inseticidas e antibióticos, ou os mercados, só se configuram em referenciais e enquadramentos e todo referencial ou enquadramento tem transbordamentos, o que os economistas conhecem bem e chamam de “externalidades”. Além disso, as “novas direções” conduzem a evidências materiais de que as proposições que se estabilizam como fatos científicos atuam e fortalecem seus construtores-inventores-descobridores e todos aqueles que os compartilham (como divulgadores, além dos consumidores usuários), concedendo-lhes um privilégio epistemológico e ontológico que se traduz em privilégio político, pela via da atribuição de universalidade e neutralidade àquelas proposições que se estabilizam como fatos científicos. Com o apoio de suas verdades ou fatos científicos, os construtores-inventores-descobridores-divulgadores dos conhecimentos científicos modernos se fortalecem nas disputas que ocorrem durante o trabalho de divisão do mundo, ou seja, de criação e negociação de categorias que estabelecem a versão de realidade que se torna “a” realidade, uma vez que a ciência moderna só aceita discutir uma (versão de) realidade, aquela que ela própria estabelece em seus próprios termos. Uma vez que uma proposição se obdura em fato, isto é, consolida-se como verdade científica que passa a aparecer como uma entidade natural (não histórica), ela se torna capaz de conferir uma espécie de auto-evidência sem escape ao que se consiga fazer em nome ou decorrência dela (“a questão é técnica”, “a questão não é ideológica” – é o que mais se vê nos jornais contemporâneos). E aí está o segundo plano que mencionei acima, um outro tipo de poder da ciência, seja da Biologia ou da Economia, associado aos que colocam os fatos científicos em cena; não se trata mais de interceptar outras vivências pelos efeitos explícitos do conhecimento científico moderno, já de resto avassaladores, mas de interceptar a capacidade das outras vivências de conhecimento de criar suas próprias versões de realidade. Nesse segundo plano encontra-se, especificamente, o poder de afirmar e tornar evidente que uma versão de realidade é “a realidade”, o que confere aos que compartilham um fato científico uma espécie de missão ética com que adentram de maneira especialmente importante mas sorrateira e sub-reptícia o campo que diz respeito às questões públicas, dito propriamente político. Uma proposição que circula estabilizada como fato científico pode ser desestabilizada por uma controvérsia. Como, no entanto, na contemporaneidade, a estabilização se dá em uma rede onde os laboratórios são elementos cruciais, o poder de abrir uma controvérsia depende da mobilização dos recursos para montar um laboratório capaz de questionar os resultados (as inscrições) do laboratório que atua para manter a proposição estabilizada como fato científico. Isto vale para os fatos tanto das ciências ditas naturais como das ditas sociais ou humanas, embora os laboratórios e centros de cálculo possam diferir em sua equipagem. Sem uma equipagem pode-se acompanhar mas não efetivamente participar de uma discussão dita “científica” ou “técnica,” seja ela sobre os limites da velocidade da luz ou sobre quem ganhou as últimas eleições.

Esse conjunto organizado de recursos necessários para abrir ou manter controvérsias denomina-se “contra-laboratório”. 5 Na contemporaneidade, conhecimento confiável, um conhecimento capaz de colocar e manter em cena uma versão de realidade a ponto de torná-la “a” realidade, e fazer com que as decisões públicas se submetam a ele em nome de necessário realismo, é cada vez mais identificado com conhecimento científico. A maioria esmagadora dos fatos e artefatos científicos, no entanto, são produzidos no chamado “Norte Global” e chegam já em suas formas estáveis (como objetos prontos, embora transformados localmente) em regiões como as do Brasil, onde passam a usufruir as vantagens dos atributos de universalidade e neutralidade (apesar dos resultados dos Estudos CTS). Nesses termos é possível afirmar que as ciências modernas do “Norte global” configuram uma área ou mesmo prisão que limita o espaço disponível para os brasileiros buscarem soluções para seus problemas práticos, já que não faria sentido experimentar espaços e tempos ou propor entidades (objetos, leis, valores) fora do conhecimento universal e neutro – elas estariam simplesmente “erradas” dado que aos brasileiros faltam usualmente os recursos para construir “contra-laboratórios.” De modo geral, os coletivos, quando não estão em posição de construir seus contralaboratórios ou mobilizar os recursos cognitivos e políticos envolvidos na construção de referenciais e enquadramentos (versões de realidade) que lhes favoreçam, têm suas vidas, ao menos relativamente, dificultadas. Quando surge o encontro de ciências com políticas públicas, os referenciais e enquadramentos científicos estabilizados entram em cena usualmente como entidades naturalizadas, isto e, estabilizadas como objetos ou leis universais e neutras, independentes dos humanos, compondo uma parte de uma natureza, seja o Sol como um aglomerado de partículas ou as leis ferrenhas da sociedade e da economia. Colonizadores e colonizados – interceptações / encontros diversos No que segue, ao invés de usar as palavras “colonizador” e “colonizado” com seus variantes significados historicamente específicos, busco outro sentido. Busco associar “colonizar” a uma assimetria que pode ser encontrada a cada instância, macro ou micro, no processo de construção do assim chamado mundo moderno global. Em termos gerais, esta assimetria permite a identificação (sempre provisional) daqueles que são capazes ou se sentem mais propensos a marcar o ritmo das construções modernas em contraposição àqueles que são percebidos como mais compelidos ou inclinados a seguir seu ritmo, aqueles que são tomados como dominantes em oposição àqueles que são tomados como dominados. Focalizo a dicotomia “colonizadorcolonizado” não como uma oposição entre entidades de fronteiras bem definidas mas como uma tensão, e tento torná-la problemática nas redes que vinculam entidades (objetos, pessoas, instituições práticas, teorias, fatos) heterogêneas. Da maneira como a configuro nesta comunicação, a tensão colonizador-colonizado pode ressoar com e, em instâncias diversas, tornar-se similar a muitas das tensões contemporâneas, a saber, entre Norte e Sul, europeus e não europeus, brancos e negros ou índios, ou até com a divisão de gêneros.

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Ver (Callon, 1989), (Latour, 1998).

Nos exemplos seguintes, Richard Morse sugere que um tipo de resistência aos conhecimentos estabilizados nos laboratórios do “Norte global” poderia ser exercida pela recusa em fazer “um investimento substancial em honorários para consultores de renomadas universidades estrangeiras” (Morse, 1990:194). São justamente esses acadêmicos-colonizadores, estrangeiros ou latino-americanos, os que melhor situados estão para, segundo Morse, “[configurar] as tendências faraônicas dos colonizados em casuísmos elaborados, transformados em axiomas, necessários para engendrar a tradução da racionalidade da ciência econômica no credo eufórico do triunfalismo do colonizado: [1] construir um imenso trevo de viadutos na cidade para que burocratas possam economizar dez minutos no caminho de seus escritórios, onde realizam trabalho não produtivo, é um investimento melhor do que 50 mil bicicletas para camponeses; [2] a escassez crônica de produtos alimentares básicos é menos importante que poder sempre adquirir uísque J&B, discos( Vivaldi e rock), aparelhos de TV a cores, fuscas e traduções de Lênin e Milton Friedman; [3] o dinheiro enviado de Tucson ou Los Angeles para suas famílias no país de origem é gasto de modo menos eficiente que as doações intergovernamentais filtradas por duas burocracias nacionais; [4] os consumidores que se devem ter em mente num país latinoamericano em processo de industrialização são as elites guatemaltecas e boliviana e não os cidadãos mais pobres dos seus países.” (Morse, 1990:194) As relações entre ciências e políticas públicas na América Latina nos remetem às relações da América Latina com a modernidade: “A significação do caso ibérico se faz evidente quando consideramos que as revoluções religiosa e científica, em suas trajetórias de incidência, não dividiram claramente a Europa em duas. O protestantismo prosperou ao longo de um eixo setentrional leste-oeste, enquanto a ‘ciência’ desenvolveu-se num eixo norte-sul inclinado para a península italiana.”(Morse, 1988:36) Darcy Ribeiro fala da configuração primeira do brasileiro como “povo novo”, aquele que não é português (europeu, colonizador) porque sua mãe é índia (nativa, colonizada), mas não é índio porque seu pai é português. (Ribeiro, 1995) Em ressonância, Paulo Emilio Salles Gomes, ao pensar o processo de colonização no Brasil, escreveu que “[a]s peculiaridades deste processo, no qual o colonizador criou o colonizado à sua própria imagem, fez o colonizado, até certo ponto, seu igual. Psicologicamente, o colonizado e o colonizador não se vêem em seus papeis.” (Gomes, 1982:245)

Os Estudos CTS das últimas décadas mostram que as decisões políticas tomadas no processo que estabelece os referenciais e enquadramentos considerados confiáveis são apagadas pois o que aparece como arbitro final das disputas, quando preponderam os argumentos científicos, é a grande entidade coletora denominada “Natureza”.6 Nos últimos séculos, os modernos (colonizadores) convenceram-se e lograram convencer muita gente mundo afora que a Natureza é uma entidade neutra e universal, que existe e tem formas próprias independentes da outra grande entidade por eles criada, a Sociedade. Ao dividir os fenômenos e entidades entre aqueles que acontecem ou existem na Natureza e aqueles que acontecem ou existem na sociedade (elétron na Natureza, mercado na Sociedade) os colonizadores modernos beneficiam-se duplamente: 1) ao fazer o divisor onde lhes parece mais adequado a partir de suas contingências locais que, no entanto, apareceram como universais e neutras ao final da divisão; 2) são eles próprios, os colonizadores modernos, que falam em nome da Natureza dita universal e neutra que eles próprios criam, pois são eles que, ao longo dos últimos séculos, detiveram e acumularam os recursos7 para estabelecer as verdades científicas e colonizar o resto do mundo. Além disso, a própria Sociedade foi dotada de uma Natureza, de leis que independem dos indivíduos. E a ciência dos colonizadores modernos só aceita discutir a realidade em seus próprios termos em um processo em que a razão apóia a força e a força apóia a razão.8 Explorar as possibilidades de abrir controvérsias, saídas e linhas de fuga dos referenciais e enquadramentos naturalizados é precisamente o uso de maior rentabilidade que hoje colonizadores-colonizados podem fazer dos conhecimentos já estabelecidos no campo dos Estudos CTS após as “novas direções” anunciadas nas últimas décadas do século XX. Abrindo a unidade da entidade complexa (dicotômica) colonizador-colonizado, pode-se dizer que esse é o uso de maior rentabilidade para os colonizados justamente porque pode lhes permitir achar, construir, legitimar e adotar saídas dos referenciais e enquadramentos que chegam dos laboratórios e centros de cálculo dos colonizadores como se dotados de universalidade e neutralidade, o que estabelece uma desvantagem para os conhecimentos locais (dos colonizados). E quanto aos colonizadores, os Estudos CTS lhes permitem sair da prisão que sua própria racionalidade cria no momento em que é tratada como se ela fosse a única racionalidade possível e ganhar flexibilidade para estabelecer um diálogo explícito com os colonizados, habilitando-os a negociar sem exigir que todos aceitem a realidade que trazem centrada em seus próprios termos.9 Escapar dos referenciais e enquadramentos naturalizados tende a provocar surpresa.Vou apresentar quatro exemplos de escape ou rompimento, muito diferentes em calibre, mas todos evocando uma desterritorialização, uma fuga de um ambiente regulamentado e esperado.

Ver “O apelo (à/da) Natureza” em (Latour, 1998:155-166) Tais recursos emanam dos laboratórios que, dizem, “descobrem” a Natureza, mas que os Estudos CTS das últimas décadas mostraram ser mais preciso dizer que a “criam-inventam-descrevem-descobrem” a Natureza. 8 (Latour, 1991/1994) 9 Se todos os movimentos são historicamente contingentes, é plausível a hipótese de que as “novas direções” na Europa aconteceram justamente no momento de crise da ciência européia cuja epistemologia e ontologia já não mais a sustentam como universal e neutra, dada a emergência de colonizados, sendo aqui os casos da China e da Índia especialmente ressaltáveis. 6 7

1º exemplo: O referencial e enquadramento é uma aula de matemática no Rio de Janeiro. O professor (colonizador) expõe uma situação em que uma senhora atleta tinha 69 anos de idade e havia praticado natação durante um terço de sua vida. O referencial e enquadramento da aula desdobram um território onde está implícito que os alunos (colonizados) perguntem e concluam que a senhora atleta nadou durante 23 anos de sua vida . Mas um aluno escapa do enquadramento da aula e pergunta: “quantas medalhas ela ganhou?”10 2º exemplo: Uma mulher pobre (colonizada), residente de uma favela no Rio de Janeiro, ganha um prêmio de aproximadamente R$ 3.000,00 e uma emissora de TV em cadeia nacional vai ao seu barraco entrevistá-la. A jornalista (colonizadora) pergunta “O que vai fazer com o dinheiro do prêmio?” A mulher responde: “Vou comprar uma televisão”. A câmera faz uma tomada circular de todo o barraco. A jornalista interpela “Mas você não tem uma geladeira!...” A mulher retruca: “Eu não preciso de geladeira para conservar o tipo de comida que eu como”. A resposta desterritorializa pré-acordos ou enquadramentos implícitos (e morais) da racionalidade relativos, no caso, às necessidades de consumo vistas das por um ângulo imediato das pessoas mais escolarizadas  (geladeira ‘deve’ vir ‘antes’ de televisão).10 3º exemplo: 50 anos atrás... Os empregados de uma serraria na região do Pantanal entre o Brasil e o Paraguai são todos índios (colonizados). Todo ano, ao redor de novembro, é época de guavira, uma fruta silvestre muito apreciada por eles. Sem exceção eles abandonam o trabalho para se embrenharem no mato à cata da saborosa frutinha. O gerente da serraria (colonizador), genuinamente desesperado com a situação, tenta envergonhar um índio velho: “Até você, Clemêncio, índio velho, deixa o trabalho para ir para o mato catar guavira. Você não tem vergonha?” Ao que Clemêncio simplesmente responde: “Guavira acaba, trabalho nunca acaba!”, desfazendo o referencial e o enquadramento da situação feito pelo gerente.10 Note-se que o operário europeu (colonizado), se não se pode dizer que tenha conseguido manter aberta essa linha de fuga, também não deixou de perceber as limitações do tipo de restrição do campo de visão que vitima o gerente em sua atuação especializada (colonizador). Richard Morse lembra como o proletário perplexo de Hard times, Stephen Blackpool, personagem de Charles Dickens (1854), para quem a economia era “uma trapalhada só”, via seu destino: “Sim, senhor, diabo de trapalhada que a gente se meteu [...] O senhor veja só o jeito que a gente vive, e o lugar que a gente mora, tudo amontoado, e a mesmice dessa vida, sem futuro; e veja como que a fábrica não pára nunca, e nunca leva a gente mais pra perto de coisa nenhuma – quer dizer, só da Morte” (Morse, 1990:170) 4º exemplo: A partir da década de 1970 uma mistura composta por partes usualmente não consumidas de alimentos (folhas, cascas e farelos), denominada Multimistura, foi adotada em creches no Pará, inicialmente em escala reduzida, como suplemento alimentar no combate à desnutrição infantil. A Multimistura, como programa de distribuição de um suplemento alimentar desenvolveu-se em grande parte devido à 10

(Marques, 2010)

iniciativa da pediatra Clara Brandão. Durante a década de 1980 a escala da rede da Multimistura ampliou-se e alcançou dimensão nacional, tendo sua expansão em parte financiada pela Fundação Banco do Brasil e sendo institucionalmente adotada pela Pastoral da Criança. A escala cresceu e Clara Brandão vislumbrou a possibilidade de integrar a Multimistura ao programa da merenda escolar. Ela argumenta que a Multimistura possibilita uma economia enorme de recursos e considera “um crime substituir a Multimistura por produtos industrializados.” Mas a partir de 1990 o conhecimento científico sobre nutrição entrou em cena e instalaram-se controvérsias envolvendo as qualidades nutricionais da Multimistura e os benefícios decorrentes de sua adoção. De um lado, Clara Brandão e os milhares de voluntários adeptos da Multimistura e, do outro lado, os nutricionistas diplomados. O conhecimento científico foi mobilizado como arma crucial do arsenal dos envolvidos nas disputas. Contra as ditas crenças populares e/ou afirmações e relatos imprecisos dos voluntários de que “as crianças melhoram e engordam” lançaram-se os resultados obtidos em condições reivindicadamente controladas e reproduzíveis em laboratórios que estabelecem “verdades confiáveis” ou “fatos e não meras ficções.” Entraram em cena as construções de fatos científicos sobre as condições higiênico-sanitárias e o valor nutricional da Multimistura, assim como sobre de que maneira e com que efeitos estão presentes ali compostos considerados anti-nutrientes e toxigênicos. Pesquisadores nutricionistas nas universidades brasileiras analisaram os componentes da Multimistura em seus instrumentos e concluíram que ela não tinha os nutrientes em qualidade e quantidade suficientes para gerar os efeitos benéficos anunciados, embora Clara Brandão e milhares de voluntários continuassem a atestar a melhora nas condições de saúde das crianças. No entanto, a partir de uma campanha do Conselho Federal de Nutricionistas contra a Multimistura, quando foram divulgados fatos científicos negando a capacidade alimentar da Multimistura, muitas vias de expansão do programa alimentar se fecharam. A própria Pastoral das Crianças retirou seu apoio. Apesar disso, a Multimistura continua adotada por uma rede de voluntários que assiste centenas de milhares de crianças no Brasil. A Multimistura é um exemplo de resistência a restringir as possibilidades de lidar com uma questão prática (a alimentação das crianças pobres) ao espaço delimitado pelos referenciais e enquadramentos em que os cientistas a colocam. A verdade científica hoje é que a Multimistura não alimenta, mas essa verdade é estabelecida a partir das inscrições que os nutricionistas obtêm em seus laboratórios. Essa verdade científica, no entanto, segundo os voluntários, não é a verdade da alimentação das crianças que fazem uso da Multimistura. É concebível que, se tivessem recursos para montar um contra-laboratório, Clara Brandão e os voluntários adeptos da Multimistura fossem bem sucedidos em abrir controvérsias que poderiam desestabilizar a verdade científica ou fato estabelecido pelos cientistas de que a Multimistura não alimenta. Não estariam os voluntários empenhados em colocar em cena uma outra versão de realidade no que diz respeito à alimentação infantil, uma versão de realidade estranha à ciência, mas nem por isso necessariamente ineficaz? Será assim tão seguro descartar o testemunho da própria pediatra Clara Brandão e de milhares de voluntários, relegando-os a condição de ignorantes, fanáticos ou charlatães? Será sábio relegar a tal espaço de desvalor o conhecimento de um coletivo pelo fato dele se interceptar mal como o conhecimento científico moderno do Norte global?11 11

Agradeço a Lucimeri Ricas Dias pela utilização de material de pesquisa para o seu mestrado. Há farto material sobre o caso da Multimistura, inclusive o site http://www.multimistura.org.br/. Para

Já concluindo Esses exemplos, embora incomensuráveis, trazem questões em comum às quais as “novas direções” propostas para a história, a sociologia, a filosofia e a antropologia das ciências e das tecnologias podem emprestar respeitabilidade. Elas podem ter contribuído para que talvez hoje finalmente, e ainda com enormes dificuldades, seja reconhecida o que Darcy Ribeiro aponta como a “inovação principal de Rondon”: o “direito à diferença” (Ribeiro, 1995:147) E, embora a lebre tenha sido levantada no Norte global, eis aí um bom motivo para explorarmos as “novas direções” em nossas construções brasileiras de conhecimento, evidentemente que por nossa conta, o que não quer dizer isoladamente. (Bonemy, 2001:137) nos lembra que “[a] lição poética do (grande filósofo do pragmatismo americano) Dewey pode ser entendida nessa dimensão: se o senso comum e as ações cotidianas parecerem impróprios à ciência, não os culpe; culpe o cientista em seu limite formalista por não conseguir descobrir neles a vitalidade e os impulsos criativos que lhes dão substância.” Bibliografia Bijker, W. E., T. P. Hughes, et al. The Social construction of technological systems: new directions in the sociology and history of technology. Cambridge, Mass.: MIT Press. 1987. x, 405 p. p. Bonemy, H. Darcy Ribeiro: sociologia de um indisciplinado. Belo Horizonte: Eidtora UFMG. 2001. 284 p. Callon, M. L'agonie d'un laboratoire. In: M. Callon (Ed.). la science et ses réseaux genèse et circulation des faits scientifiques. Paris: Éditions La Découverte / Conseil de l'Europe / UNESCO, 1989. L'agonie d'un laboratoire, p.173-214 ______. The laws of the markets. Oxford; Malden, MA: Blackwell Publishers/Sociological Review. 1998. 278 p. p. Cukierman, H. Yes, nós temos Pasteur - Manguinhos, Oswaldo Cruz e a história da ciência no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará - Ediouro Publicações S.A. 2007. 439 p. Dias, L. R. O conhecimento científico versus o conhecimento leigo: o caso do Programa Alimentar Multimistura. Programa de Pós-Graduação em Informatica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2010. 128 p. Fleck, L. Gênese e desenvolvimento de um fato científico - introdução à doutrina do estilo de pensamento e do coletivo de pensamento. Belo Horizonte: Fabrefactum. 1935/2010. 205 p. (Ciência, Tecnologia e Sociedade) Foucault, M. e C. Gordon. Power/knowledge: selected interviews and other writings, 1972-1977. New York: Pantheon Books. 1980. xii, 270 p. p. trabalhos que analisam as controvérsias ver (Velho e Velho, 2002), (Marques e Dias, 2008), (Marques, 2009), (Dias, 2010), (Marques, 2011).

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